domingo, 8 de agosto de 2010

Automatismo Cibernético X Raça Humana

Não sei quem, entre vocês leitores, teve a oportunidade de visitar a Bienal de Arte e Tecnologia em São Paulo cujo tema é "Autonomia Cibernética". Aqueles que não tiveram essa oportunidade em "g1.com.br/globonews" podem conferir a reportagem em "Espaço Aberto: Ciência e Tecnologia". Vale a pena!

Só não se espantem ao constatarem que o que era ficção ontem já está na categoria de realidade hoje. "Máquinas interativas se autorreprogramam." É isso mesmo. Máquinas já estão reescrevendo seus programas sem a intervenção do homem.

A ciência já comprova o surgimento de uma neo-consciência robótica. Preocupada, lanço um alerta de perigo. Se essas máquinas interagem entre si, dialogam, ganham a habilidade de alterarem suas programações a ponto da raça humana não mais saber como vão reagir, em que lugar estamos nos colocando em futuro próximo?

Lembram da história da criação se tornar superior ao criador? Trouxemos ao mundo a raça robótica que cada vez mais ganha autonomia e nos colocamos em sua dependência. Essa raça vai entrelaçando seus conhecimentos computadorizados e, em ritmo acelerado, vai construindo uma inteligência e poder superior a própria raça humana. Humanóides sem a capacidade de se humanizar. Seus sensores, inclusive, captando uma aproximação humana, podem agredir as pessoas, como podem verificar no site acima citado.

Já não me sentia bem com a ocultação do humano em atendimentos eletrônicos na maioria das instituições, terapias virtuais, cirurgias à distância, comandos automáticos computadorizados em vários meios de transportes terrestres, aquáticos, aéreos. Agora então me sinto lesada em minha privacidade e direito de ir e vir, ante o mau uso e perversa fiscalização instalada por um manipulado "Big Brother" visível nos sistemas de GPS, câmeras espalhadas em diversos locais - inclusive em banheiros escolares femininos, ato que veio a público em reportagem de semanas atrás, tendo como justificativa controle do uso de drogas -, sistemas de telefonia e registros de locais de onde a pessoa possa estar pela consulta a antenas de telefonia celular; instalação de microships, dispositivos intervencionistas que deixam muito atrás George Orwell e seu "1984".

Paramos por aí? Não. Tecnologia e autonomia cibernética estão ficando muito a frente da Justiça e das virtudes, que acoplariam a salvação do "humano" contendo o homem e seu lado sombrio de serem solapados pela frieza robótica.

Os psicoterapeutas que estejam a postos! Só vai dar terapia ante essas novas formas de coexistência. Não há psíquico que aguente ter máquina como chefe. Ou há? Não se esqueçam que são sensores que vão detectar os movimentos humanos, já tendo prévio conhecimento da ação humana pois surgiram das idéias e suas sinapses interativas colocadas nos programas digitais e se insurgiram ao comando computadorizado, criando novas sinapses cibernéticas. "Novos padrões de comportamento nascem das relações entre as máquinas, que dialogam entre si, com aquilo que as cercam, já interpretam e ditam regras". Epa! E nós como ficamos?

Gostaria de destacar ainda desse site, no que se refere a pesquisas de ponta, a entrevista com o neurocientista Dr. Miguel Nicolelis, sob o título " Cientistas trabalham para fazer ligações diretas do cérebro a artefatos robóticos".

Visando a área da saúde, pesquisas estão aceleradas, inclusive comprovando que o cérebro independe dos limites do corpo, da interpretação corpórea de sinais advindos dos órgãos dos sentidos e das mensagens musculares, para "atuar no mundo" . Já está constatada a força do pensamento e seu controle, inclusive a distância, de vestes robóticas. É interessante o relato de Nicolelis sobre a macaca "Aurora" (podem rever a entrevista no site) . O nome é mera coincidência. Vejam o vídeo da experiência. Vale a pena!

No entanto, ouso pontuar outro perigo ante o despreparo ético de nossa sociedade. Nicolelis fala sobre seu ideal e expõe seu projeto pessoal, já em andamento com algumas parcerias governamentais e alianças com instituições hospitalares. "Ciência como agente transformador do social, catalizador do potencial humano". Formação da geração do novo milênio com acompanhamento gestacional e posterior educação continuada de mães e crianças. Em seu desenvolvimento estariam em contato direto com laboratórios de computação, criações robóticas, com ambientes estimulantes a despertar a curiosidade científica. Para tal coloca a necessidade de treino de professores para esses alunos inquiridores.

Tal projeto me fez retroceder na História e me assustou. Ainda é grande a relativização da ética por grupos que colocam em primeiro plano seus interesses particulares e acima de tudo financeiros, e que poderiam se apropriar do modelo de Nicolelis. E quantos projetos não surgem de boas intenções e acabam se transformando em verdadeiras "bombas atômicas"!

Novas formas de coexistência... novas formas de interação com o cérebro... novos modelos de existir para o ser humano... "enquadramento de nova geração" em "moldes educacionais"...

E eu fico na torcida para que as investigações espiritualistas consigam acelerar suas pesquisas e registrar suas constatações para que ganhem embasamento científico a ação e o poder da "mente", e que ganhe em plenitude sua diferenciação do "cérebro" e nosso grande mas humilde papel dentro da raça humana.

Ops! Tem mais... Em cartaz até dia 15, no Itaú Cultural, a peça " O Nascimento do Robô". O que tem de diferente? Humanos e robôs, ambos como atores, contracenando juntos em uma peça de teatro. E não é ficção científica, mas realidade. Essa notícia apareceu em VEJA.com.
Pode ser conferida em http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/robos-atores-assumem-papeis-pela-primeira-vez

Será que estavam duvidando dessa interação tão próxima?

Aurora Gite
postado às 19:40