domingo, 16 de setembro de 2018

Vida e Morte: Processos Dialéticos, Trocas de Relações de Forças e Alquimias Energéticas

Atualmente acredito que o viver e o morrer impliquem em processos dialéticos espontâneos, alquimias ou transformações dialéticas de forças orgânicas e espirituais - energia biofisicoquímica em energia biomagnetocósmica. Penso que a morte corresponda à ruptura da primeira com a segunda que, a meu ver, corresponde à interrupção do mundo físicoquímico molecular e atômico com o mundo subatômico quântico, que, ante o morrer, projeta nossa energia espiritual ao mundo de vibrações cósmico.

Penso que a energia psíquica faça parte do mundo quântico, e que Freud foi o pioneiro a operacionalizar a "energia psíquica quântica", nomeando esse mundo desconhecido observado como "inconsciente". Constatou a presença de mecanismos psíquicos defensivos e a passagem  a estados alterados de consciência (saltos quânticos?) nomeados por ele de "insights", que propiciavam amplitudes no mundo psíquico dos pacientes e nos campos compreensivos ao redor dos mesmos.

Penso que é nesse tecido cósmico que se insiram os registros mnemômicos das lembranças no campo nomeado como "memória", mas esses dados passam a ser vertentes para novas pesquisas, que na certa incluirão patologias como o Mal de Alzheimer e seus esquecimentos, onde o existente passa a não mais existir na categoria dos vivos, mas de mortos em vida.

Embora a única certeza que temos, como seres humanos mortais que somos, é que desde o nascimento convivemos com este fenômeno natural e com a ideia de que o viver e o morrer equivale à imagem do verso e reverso de mesma moeda. Não temos conhecimento de quando acontecerá o encerramento de nossa existência física, e isso acarreta angústia. No entanto, existe uma dificuldade para reconhecer a morte como fenômeno natural, fazendo parte intrínseca do processo de viver; com isso nossa imaginação contribui para aumentar fantasias catastróficas ou apaziguadoras das ansiedades, que este conceito pode acarretar a cada um.

A visão subjetiva, ou representação interna da morte, depende de aspectos sociais, culturais e religiosos entre outros. Desde tempos remotos existe o questionamento linear sobre a origem e o destino dos homens e sobre a morte (passagem?, fim?, início?). O ser humano é obrigado a conviver com a morte e se defrontar com um dilema misterioso e desconhecido.

A qualidade dessa vivência vai depender em parte de sua história de vida, dos padrões familiares e culturais que o influenciaram, dos valores aprendidos socialmente, mas também de uma escolha pessoal sobre a forma de lidar com a morte. Cabe ao indivíduo, organizar e administrar seu mundo psíquico, para melhor ajustar suas emoções e conferir seu colorido intransferível à representação e significação atribuída a ela.

A temática da morte desperta emoções e fantasias de grande intensidade como impotência, frustração e raiva; dor, tristeza, sofrimento e culpa; vivência de desamparo e solidão, de aniquilação e alienação; medo do que vem após a morte; medo da  morte em si e da morte do outro; insegurança e fragilidade frente a falta de controle sobre a matéria; temores irracionais (desejos mágicos e onipotentes); chegando a grande alívio, como aceitação do sofrimento e angústia e resignação frente ao destino pessoal.

O conceito de morte se desenvolve em função da idade, maturidade psíquica e da inteligência de cada um. Está ligado a aquisições due padrões comportamentais, reações ou respostas que cercam o ambiente, e a experiências diretas, que possam envolver perdas afetivas traumáticas.

Com o desenvolvimento cognitivo ocorre o reconhecimento de que a morte é definitiva, não mais reversível, e que no viver está implícita a morte não só do outro, mas a própria. Pode ser reconhecida como o desconhecido que causa medo, o mistério que fascina, o descanso que tranquiliza, a punição por pecado moral, o mal que ameaça. Muitos evitam qualquer contato com ela, com a ilusão e fantasia que pode cercá-la, considerando-a um tabu, algo a ser negado, escondido, não nomeado.

Os próprios rituais de muitas culturas causam grandes desconfortos com as visões distorcidas, inclusive pela mídia, de caixões, velórios, enterros, túmulos, cemitérios. O contato com essas realidades deveria mobilizar grande angústia (sofrimento psíquico) , acionando as operações mentais adequadas para neutralizar essa dor psíquica e manter o equilíbrio mental.

Sentimentos desagradáveis têm que ser experienciados, não se pode poupar essa vivência dolorosa, sob a pena de que ocorra a banalização da morte e um embotamento afetivo.


terça-feira, 7 de agosto de 2018

Assustador sem dúvida... formação de uma civilização planetária?

Acompanhando as ideias de Yuval Noah Harari expressas em seus dois livros, "Sapiens: uma breve história da humanidade" (33ª edição- Porto Alegre, RS: L&PM, 2018) e "Homo Deus: uma breve história do amanhã" (1ª ed.- São Paulo: Companhia das Letras, 2016), me vi tentada a retirar da estante de livros "A Física do Futuro: como a ciência moldará a destino humano e o nosso cotidiano em 2100", de autoria do físico quântico Michio Kaku (Rio de Janeiro: Rocco, 2012).

Como sempre faço em livros que classifico como "de estudo", grifo algumas frases que,  a meu ver, demandariam posteriores reflexões, e com um x chamo minha atenção para articular com ideias de outros pensadores.  Desta feita, prefiro transcrever este trecho da "orelha do livro" que busca cativar o interesse dos leitores:

"Em A Física do Futuro, Michio Kaku, nos dá uma visão estonteante do próximo século, baseada em entrevistas com mais de trezentos dos principais cientistas mundiais. O resultado é a mais autorizada e cientificamente apurada descrição dos avanços revolucionários que estão ocorrendo na medicina, na informática, na inteligência artificial, na nanotecnologia, na produção de energia e na astronáutica.

Com toda a probabilidade, em 2100 controlaremos computadores por meio de minúsculos sensores no cérebro e, como mágicos, moveremos objetos de um lado para outro com o poder da mente. A inteligência artificial espalhada por todo o ambiente, e lentes de contato conectadas à Internet nos permitirão acessar a base mundial de informações ou evocar qualquer imagem que desejemos com um piscar de olho.

Usando a medicina molecular, os cientistas serão capazes de desenvolver qualquer órgão e curar doenças genéticas. Milhões de minúsculos sensores de DNA e nanopartículas patrulharão nossas células sanguíneas e examinarão silenciosamente nosso corpo em busca do primeiro sinal de doença, enquanto rápidos avanços na pesquisa genética nos permitirão retardar ou talvez até reverter o processo de envelhecimento... "

O autor aborda ainda a criação de novas formas de vida com robôs emocionais, foguetes antimatérias e as consideradas "magia ou bruxaria científicas", quando "aviões a jato se elevam até as nuvens, foguetes exploram a Lua e os planetas, aparelhos de ressonância magnética podem espiar dentro do corpo vivo e telefones nos colocam em contato com qualquer pessoa no planeta... Se mostrassemos a antigos ancestrais computadores laptops que enviam imagens em movimento e mensagens instantâneamente de um continente a outro, eles veriam isso como feitiçaria" (pág. 26)... Assustadoramente, estamos formando uma "civilização planetária".

Kaku realiza profunda análise das previsões para este milênio e coloca algumas explicações racionais sobre "Por que as previsões, às vezes, não se realizam?". Aborda a série de transformações com futuristas prevendo  que com o computador o papel se tornaria obsoleto, com teleconferências via internet  pessoas trabalhariam em casa e escritórios se esvaziariam e passaríamos a ter "cidades-fantasmas". Futuristas enfatizam que veríamos a ascensão de "turistas cibernéticos","compradores cibernéticos", "estudantes cibernéticos"...ensino à distância, negócios fechados via videoconferências. No entanto, mídias se expandem, mas perduram radio, tv, teatro ao vivo; educação à distância não ocasionam o esvaziamento de universidades; ensino com uma didática que se volta a facultar aos alunos um aprender a pensar e articular suas ideias e pensamentos. Com todas as mudanças sociais e educacionais observadas perdura, se adequadamente estimuladas, a vontade intrínseca de aprender, a curiosidade inata dos alunos em conhecer, tudo dentro de um ambiente olho a olho, com toque humano direto. Por que? É o que se propõe Kaku a descobrir.

Tudo passaria a ser via on-line, da concretização das compras à formação e implantação de desejos? Uma vida robotizada substituiria as interações humanas diretas? Por que aconteceu o inverso? São razões que Kaku se propõe a detalhar. Descreve como nos apontam o caminho futuro da população do milênio, a formação de uma "civilização planetária"... hum, hum!

Uau, assustador sem dúvida! Consigo vislumbrar algumas de suas propostas científicas para nosso futuro, vocês não? Muitas já estão vigentes entre nós.

Relendo as ideias de Kaku, fico imaginando as "transformações no modo de ser dos humanos", em como suas personalidades terão que se reestruturar para conseguir coexistir e se educar para conviver de maneira harmônica com tudo que ainda está por vir... desconhecido que ameaça nossa segurança e se camufla a cada instante por nós vivido, aumentando nossa estranheza "paranóica" e desconfiança contínua ante nosso mutável porvir existencial.

Penso que tudo aponta para enfatizar o "papel do novo homem", ser humano tendo que contar consigo mesmo, mantendo suas forças internas em equilíbrio, para lhe facultar a firmeza de vislumbrar um rumo menos turbulento em seu existir futuro.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Longo caminho de estudos e pesquisas...

Longo caminho de estudos e pesquisas, até perceber que estava me posicionando sob uma perspectiva que distorcia minha compreensão sobre o que buscava. Defendia e me orgulhava de adotar uma postura eclética, buscando melhor entendimento sobre a condição humana e a utilização dos diferentes recursos encontrados em várias escolas psicoterapêuticas. visando o bem estar mental e existencial de meus pacientes. Minha postura deveria ser 'integrativa' se alinhasse com minha forma de atuar como terapeuta e com minhas opções de como viver uma vida mais qualificada com dignidade interna e serenidade.

O reencontro com as ideias de Ken Wilber ( O Espectro da Consciência, São Paulo,Cultrix, 2007) me foi muito importante para adotar uma postura compreensiva mais abrangente do ser humano, que inclusive incluísse sua dimensão espiritual, dentro dos diferentes níveis ou faixas de frequências de um espectro da consciência - o que explicariam minha experiência* em final da década de 70.

Segundo Ken Wilber (2010), "Espiritualidade e religião estão cada vez mais separados: 'Sou espiritual, mas não religioso!' Espiritualidade significa consciência mística de uma experiência imediata* , que passa diretamente por alguma forma de experiência que não pode ser descrita como parte de alguma mitologia ou dogma, mas (somente) como pura e simplesmente uma experiência imediata... parte de um processo que emerge na consciência pessoal (de cada um).

Wilber nos informa que escreveu este livro no inverno de 1973. Suas ideias originais, baseadas numa visão holística da Consciência, acerca da Psicologia do Espectro, Unicidade da Consciência e Psicologia Integral propostas principalmente nessa época, ocasionaram que a publicação das mesmas ocorresse em 1977. A tese que defendia era, segundo suas palavras, que " a consciência é pluridimensional, ou aparentemente composta de muitos níveis; cada escola importante de psicologia, psicoterapia e religião se dirige a um nível diferente; essas diversas escolas, portanto, não são contraditórias, mas complementares, sendo cada abordagem mais ou menos correta e válida quando se dirige ao próprio nível. Dessa maneira, pode efetuar-se uma verdadeira síntese das principais abordagens da consciência - uma síntese, não um ecletismo, que valoriza igualmente os modos de ver de Freud, Jung, Maslow, May, Berne (análise transacional) e outros eminentes psicologistas, assim como dos grandes sábios espirituais, de Buddha a Krishnamurti."

Wilber é reconhecido como "um importante representante da Psicologia Transpessoal, que surgiu da Psicologia Humanista no final da década de 1960, e que se interessa fundamentalmente pela inclusão da dimensão espiritual do ser humano." Porém se dissociou dela, após 10 anos, ao constatar que não abria espaço para incluir muitas verdades importantes das outras escolas da época (Psicanalítica, Behaviorista,  Humanista e Transpessoal). Buscava uma psicologia que integrasse as visões ocidentais e orientais sobre o ser humano, e que lhe facultasse desenvolver modelos compreensivos e terapêuticos mais abrangentes. Partindo desse movimento integrativo, criou a Psicologia Integral.

Ufa, que alívio! Na década de 70, vivenciei algumas experiências (nossas palavras não a abarcam para que eu possa descrevê-la, mas, no enquadre de Wilber, foi uma experiência de um nível mental da faixa de consciência cósmica). A sensação de mola propulsora, como um ímã elevando minha mente a um outro estado de consciência de muita serenidade, luz, calor, quietude... não me permitiam negar a percepção da existência de um biomagnetismo e de uma energia quântica biológica, mobilizada pelo alinhamento de minhas forças existenciais com uma instância ética inata endógena, não observada por Freud (o foco psicanalítico se fixou no dinamismo psíquico do superego freudiano). Percebi que quando ajustávamos as energias psíquicas de nosso ser e de nosso existir, alcançávamos outra dimensão consciente, que parecia coincidir com o chamado "salto quântico", ocorrendo uma assustadora imantação subatômica para outro nível mental distinta por minha consciência anterior que persistia atuante dentro de minha mente.

Questão que me intriga, considerando a consciência sob prisma quântico, como ocorre o fenômeno da telepatia, em sua sintonia e sincronicidade mental? E o fenômeno do amor teria a ver com a interação de elétrons, partículas subatômicas? A leitura sobre o humano, após comprovações quânticas, envolve propagação de energias, processos ondulatórios, vibrações, emanações de intenções... A qualidade vibracional consciente da energia emanada  ao se 'pensar sobre...' e 'sentir o pensado...", vai interferir na direção da vibração, como ocorre na 'experiência da dupla fenda', como situar os fenômenos mentais?

Freud pegou as metáforas da Física e as empregou para compreender os processos psíquicos. Como desconsiderar isto? Minha hipótese é que tenha sido o primeiro a operacionalizar nossas energias quânticas. Para mim, nosso dinamismo psíquico envolver processos subatômicos ou quânticos.

Jung levou o individual para patamar consciencial maior: "O que o terapeuta faz é colocar o paciente em contato com sua 'intuição'. E eu me permito acrescentar e indagar... com a dimensão de sua espiritualidade, ou sua 'razão espiritual'?

Buscava, como terapeuta, que meus pacientes alcançassem liberdade interna, conquista de responsabilidade sobre suas decisões, alegria e serenidade em seu 'agora existencial', vivência única ao integrar suas energias psíquicas ... atuando dentro de uma linha fenomenológica.


Vale rever minhas publicações sobre Ken Wilber nos blogs de 20 de novembro de 2017.


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Supervisão em Psicologia no Hospital Geral, no novo milênio?

Como premissa básica para se abordar o tema da "Supervisão em Psicologia" e se tentar falar em construção de um "modelo de supervisão", não se poderia deixar de focalizar a importância dos profissionais envolvidos terem bem definida sua visão de "um psicólogo em suas funções" e da "própria Psicologia". Tal fato influenciará na formação de sua conduta profissional, assim como a visão de cada autor, sobre o "Homem" e o próprio "Mundo", contribui com as diretrizes de suas construções teóricas.


Este texto foi enviado para a Divisão de Psicologia (USP) em julho de 1998. Não houve nenhum debate sobre as ideias contidas no mesmo, nem sobre sua aplicabilidade nesta data. Ocorreu o fenômeno conhecido por "engavetamento" sempre atendendo "disputas egóicas visando o poder", deixando de lado a evolução institucional e o crescimento meritório de seus colaboradores internos e equipes de trabalho. Na apresentação de algo novo, imperava a ameaça de "Nem pense em tomar meu lugar!".


Continuando o texto de 98: "Atualmente com a expansão da globalização, a transformação cultural dela decorrente e o acelerado processo tecnológico e informativo, torna-se imprescindível uma constante reavaliação de posturas fechadas e individualistas, e de teorias e técnicas menos abrangentes e sem embasamento científico, em prol de atitudes profissionais mais flexíveis e integradoras, e propostas de atuação dentro de perspectivas teóricas diversificadas."


Faço a ressalva que das 53 psicólogas que constavam do quadro oficial, a maioria era de psicanalistas (freudianas, lacanianas, uma seguindo a Teoria dos Campos - e desconsiderada por isso); uma fazia sua leitura dentro da linha analítica junguiana, uma atuava dentro da teoria cognitivo-comportamental...   Notava que as psicanalistas sempre se digladiavam na defesa de seus pontos de vista, deixando de lado, na discussão de casos clínicos, a colocação dos efeitos de suas atuações nos pacientes atendidos. Nessa época, eu era a única que defendia a adoção de uma linha compreensiva eclética, podendo o profissional se deslocar para várias perspectivas na escolha dos recursos de interpretação e instrumentação, conforme o quadro clínico demandasse. Ansiava pela introdução de um "jogral científico", substituindo painéis temáticos, onde profissionais, com a devida seriedade que a ciência demanda, expusessem sua diversidade de leitura e atuação, na análise do mesmo quadro clinico. Não havia interesse na introdução dessa inovação!


Convém deixar registrado que, como profissional concursada da Instituição Hospitalar, eu vinha de dois anos de Grupos de Estudos sobre Melanie Klein, encontrando mais facilidade na leitura das angústias e fantasias dos pacientes e no trabalho das mesmas no aqui e agora de cada sessão de atendimento aos mesmos. A Gestalt atraía minha atenção, bem como a linha humanista rogeriana e seu tripé para abordagem do paciente levando em conta a compreensão empática, congruência de postura e aceitação incondicional. Não foi difícil, com esta disponibilidade interna, após uma palestra proferida pela Prof. Dra.Yolanda Forghieri sobre Fenomenologia Existencial, discorrendo sobre o ser humano e seu "tornar-se" na plenitude de seu existir, de verificar ser este o espaço que me facultava a leitura do ser humano e seu sintoma, preservando minha liberdade e minha responsabilidade ética como profissional da área psíquica, sem pressões para rígidos enquadres teóricos emoldurarem meros casos clínicos. Indico: "Psicologia Fenomenológica: fundamentos, método e pesquisas", Yolanda Cintrão Forghieri. São Paulo: Pioneira, 1993, com conteúdos ainda atuais, é ler e conferir!


Já notava a necessidade de compreensão do ser humano em suas três dimensões (temporal, espacial e transcendental) que exclui visões psicológicas mais estáticas e voltadas para uma única direção humana. Haverá momentos terapêuticos, onde torna-se mister uma leitura no "eixo temporal", que envolve predominantemente aspectos passados, presentes e futuros, com a devida utilização de técnicas psicológicas e estratégias de determinadas linhas teóricas. Em outros contextos, a demanda inicial pode reportar a uma leitura no "eixo espacial", necessitando o psicólogo de novas instrumentações para possibilitar que seu paciente possa aliviar ou bloquear situações ambientais, que estejam interferindo negativamente em sua vida. Na época atual (julho, 1998) as necessidades do "eixo transcendental" - não confundir com crenças místicas ou superstições criadas por religiões fixadas em seus dogmas milenares - adquirem grande destaque, pois o homem encontra-se sob enorme pressão ante a acelerada mudança social, política e econômica, que o põe em contato com grande impotência e insegurança, e com as angústias e doenças, que esse quadro acarreta.. O confronto com questionamentos existenciais torna-se obrigatório. O resgate do sentido da vida e da importância do viver, para esses pacientes, novamente impele o profissional a buscar novos instrumentos técnicos, e a trabalhar, cada vez mais, a qualidade das relações internas e externas, a nível de energia física, psíquica e metafísica - aspecto que ganhou maior amplitude graças às descobertas da Física Quântica.


Ante o exposto, urge a reflexão sobre um modelo de supervisão embasada na Ciência e seu constante dinamismo. Algumas características como as humanistas, holísticas e sistêmicas, poderiam permeá-la, constituindo-se em pilares para a construção de um modelo aberto de supervisão. Esses pilares possibilitariam o respeito às individualidades e potencialidades tanto do supervisor, quanto do supervisionado, e inclusive do próprio paciente, cujo caso é trazido para a supervisão.


Registro minha decepção, então, ao ter diante de mim um supervisionado com bloquinho de papel, sem nenhuma leitura do quadro clínico ou interesse em uma forma pessoal de atendimento condizente à demanda particular daquele paciente, sem procurar se ater aos recursos de atenção flutuante sobre as configurações dos sintomas como formação de compromisso; nem da escuta da associação livre e encadeamento de ideias e representações, que lhe trariam dados sobre o inconsciente do paciente - já que lhe era direcionado pelas aulas curriculares do próprio Centro de Aprimoramento (CAP) e pela Divisão de Psicologia (DIP) para seguir a linha psicanalítica, que representava, e ainda representa, "discurso de poder" dentro da Instituição.

O que fazia como supervisora? Pedia registro das sessões, forma para que o supervisionando se ativesse à uma escuta psicanalítica e mantivesse sua atenção flutuante, indispensáveis no campo psicanalítico: já que não, naquele momento da supervisão, ele não se atinha à associação livre trazida pelo paciente, muito menos ao conteúdo latente em seu discurso, mas se fixava ao conteúdo manifesto, ao concreto do que era dito por ele. Ante o registro, por vezes, o supervisionando, surpreso, estabelecia correlações entre as falas, que lhe escapavam, ao relatar oralmente suas impressões sobre o paciente trazido para discussão de caso clínico, durante a sessão de supervisão.



domingo, 7 de janeiro de 2018

Físicos, Psicólogos e Psicanalistas: afiem suas ferramentas de trabalho!

Muitas descobertas advindas com a Física Quântica, sem dúvida clamando por novos paradigmas que envolvem a ciência, a psique humana, e nos mobilizando a novas visões e interpretações sobre o inconsciente freudiano e lacaniano. Muitos campos se expandindo no novo milênio,  com questionamentos sobre a validade de teorias reducionistas envolvendo o mundo psíquico. Urge a adoção de novas perspectivas e novas posturas na área de saúde mental, principalmente, com a relevância do foco eclético, que coloca no centro a condição humana do homem do século XXI, rejeitando procurar enquadrar seus sintomas em molduras teóricas estanques pré-existentes de anos. A meu ver, esse enquadramento, hoje em dia, representa mais uma afronta ao nosso dinamismo inconsciente (quântico?) e a nossa evolução adaptativa às interações ambientais.

Dezessete anos exercendo funções como psicóloga clínica na área de saúde mental em instituição hospitalar paulista de grande porte no que dizia respeito à tríade ensino-pesquisa-assistência, me senti frustrada por não ter conseguido alterar o paradigma dos seminários científicos com seus painéis sob tópicos com a mesma temática. Gostaria muito de ter assistido apresentações tipo jogral científico sobre um caso clínico, com a devida seriedade que caberia a profissionais de várias teorias, discorrendo sobre sua visão do mesmo, inclusive sobre suas ferramentas diversificadas de trabalho.

Há mais de 10 anos, essa proposta já envolveria conviver com diferenças ideológicas de forma tolerante e respeitosa. Para meu espanto, na época, vi a batalha de egos inflados, lutando por espaços de suas fanáticas convicções teóricas - muitas ultrapassadas por novos saberes. Para minha decepção, o império dentro da instituição hospitalar não estava voltado, na maioria de suas ações para os pacientes e colaboradores internos e externos, mas estavam debaixo de hierarquia de uma  organização burocrática. Acima da busca pela transparência das pesquisas inovadoras e de tratamentos alternativos produtivos, podia-se observar gestões ultraconservadoras buscando eficiência no acúmulo de patrimônio financeiro, acima do cultural e evolutivo que propiciasse "bem verdadeiro ao ser humano".

Regras morais buscavam manter rígidos padrões de conduta, afastando-se dos trâmites legais que preservavam a dignidade, honestidade, responsabilidade e liberdade de decisão de cada um dos envolvidos nas interações hospitalares em seus mais variados segmentos. Nesse ambiente deteriorado eticamente por competições acirradas onde pares eram denegridos, caluniados, difamados... como colocar questionamentos, dúvidas e vivências diferenciadas, sem sair ileso dos factoides e fake news, que facilmente eram espalhados dentro da instituição?

Indico um livro atual, que vai mais além da mera ficção, que descreve a fábrica de tramas conspiratórias e boatos especulativos, se utilizando da "manipulação de blogueiros" na criação de perfis falsos: "A Origem", de Dan Brown. São Paulo: Ed. Arqueiro, 2017. Todo processo difamatório descrito em detalhes, não difere muito do que ocorre na hipocrisia de instituições "robotizadas".

Interessante como Brown aponta o papel distorcido das tecnologias avançadas, da robótica, da ciência do cérebro, da inteligência artificial, da nanotecnologia... do inter-relacionamento de ideias e da função, por vezes nefasta, da mídia digital. Segundo ele, nos dias de hoje :"Quando um computador cria arte, quem é o artista? O computador ou o programador?" ... Se puder sobrepor a experiências passadas dentro da instituição hospitalar, quem cria o perfil dos colaboradores e as sinalizações de conduta a seguir?  Gestores desumanos em suas logísticas perversas ou seres humanos íntegros e dignos desempenhando funções burocráticas?

Muito me baseei em Amit Goswami, quando em entrevista no Canal Livre de anos atrás, enfrentando a jocosidade desrespeitosa de interlocutores que buscavam desconsiderar suas vivências, dissera que não estava ali para convencer ninguém, persuadir que acatassem as afirmações provindas de suas experiências diretas, muito menos demover alguém de suas convicções e crenças arraigadas. Indico seu livro "A Jornada Visionária: um guia para a iluminação por um físico quântico". Amit Goswami - São Paulo: Cultrix, 2006.

Na década de 70, vivenciei algumas experiências que Goswami descreve em seu livro e, ouso dizer, fui mais além, não tendo mais como negar dentro de mim, a existência do biomagnetismo e de uma energia quântica biológica. Não tinha como não reprimir minhas inquietudes e indagações, ante a arrogância narcísica de meus pares, "estudiosos" (?) dos processos psíquicos. Mas compartilhar como e com quem? A soberba de meus pares não os deixava disponíveis ao novo, que os fizesse refletir sobre a validade das convicções que embasavam suas ideias. Não suportavam pensar em adentrar no novo e ultrapassar os limites de ideias que na prática poderiam ser vislumbradas como obsoletas!

Continuo meus estudos seguindo minha hipótese de que Freud foi o primeiro a registrar a dinâmica quântica na mente do ser humano, e o pioneiro em manipular as operações quânticas que, a meu ver, constituem o mundo psíquico.

Acredito que a energia psíquica faz parte da Física Quântica (vide "O Tao da Física", de Fritjof Kapra, e "A Presença de Deus", de Viktor E. Frankl, fundador da Logoterapia). Há anos já deixara registrado que por auto-análise e observação na terapia de pacientes, inclusive fóbicos e terminais, notara a existência de uma instância inata endo-ética, além e aquém da instância superegóica freudiana. Percebia que, quando ajustávamos as energias psíquicas de nosso ser e de nosso existir, alcançávamos outra dimensão consciente, que me parecia coincidir com o chamado "salto quântico", uma imantação subatômica para outro nível mental (vide "As Memórias" de Cark G. Jung, em que narra sua trajetória e sua mediunidade, "O Espectro da Consciência" de Ken Wilber, filósofo com mais de 16 livros voltados para a espiritualidade e a ciência.

Acompanho o trajeto espiritual e a mobilização de nossa energia psíquica, relatado com detalhes por Goswami e fui além... observando a atuação da gravitação quântica, semelhante a uma mola imantada, que nos alça a atingir outra amplitude de consciência. Cito Wilber, que compara a consciência ao espectro eletromagnético e defende uma Psicologia Integrativa: " Tal como qualquer radiação eletromagnética, a consciência é uma, e se manifesta por uma multiplicidade de aspectos, de níveis ou de faixas, que correspondem aos diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas."
Assustada, confesso, acompanho também Wilber em sua compreensão da espiritualidade inerente ao ser humano e dos níveis diferenciados de consciência, como variação do comprimento de ondas eletromagnéticas (vide Ressonância Harmônica - videos YouTube - Hélio Couto).

No entanto, continuo não refutando minha hipótese inicial, que deixei registrada mais acima. Que será um "insight" freudiano a não ser um "salto quântico"? Que será um "orgasmo", a não ser um estado alterado de consciência? Onde atuará a 'Acupuntura", que alivia instantaneamente quadros de dor aguda? E por aí seguem meus questionamentos atuais...

Não nego minha surpresa, entretanto, com o entrelaçamento das ideias de Dan Brown, em seu livro de ficção "A Origem" na busca de resposta para as perguntas "De onde viemos?" e "Para onde vamos?" nos leva a refletir se a "Era da Religião" (institucionalizada) não está sendo absorvida pela "Era da Ciência"  (inteligência artificial computadorizada)! Uau... para onde vamos?


Para os que se interessam por futurologia cientificamente informada, indico a leitura de "A Física do Futuro: como a ciência moldara o destino humano e o nosso cotidiano em 2100", do físico Michio Kaku - Rio de Janeiro: Rocco, 2012"
"Com toda a probabilidade, em 2100 controlaremos computadores por meio de minúsculos sensores no cérebro e, como mágicos, moveremos objetos de um lado para o outro com o poder da mente. A inteligência artificial estará espalhada por todo ambiente, e lentes de contato conectadas à Internet nos permitirão acessar a base mundial de informações ou evocar qualquer imagem que desejemos com um piscar de olho... Minúsculos sensores de DNA e nanopartículas patrulharão nossas células sanguíneas e examinarão silenciosamente nosso corpo em busca do primeiro sinal de doença, enquanto rápidos avanços na pesquisa genética nos permitirão retardar ou talvez até reverter o processo de envelhecimento." E por aí vai Kaku! Uau... para onde vamos?