sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um reencontro com Ouspensky e Gurdjieff

Lendo o título vai saber que me dirijo a você. A não ser que não se lembre mais das reuniões de muitos anos atrás, onde discutiamos em grupo as idéias deles, buscando vivenciá-las.

Você não vai acreditar onde tudo tem me encaminhado!
Para encurtar passei por várias "Escolas" com suas divergentes bases teóricas e linhas de atuação conflitantes, chegando à Psicologia Transpessoal, e ao vasto campo de saber que me proporcionou, como "Psicologia dos Estados Alterados de Consciência", ligados a dimensões energéticas, não patológicas.

Minha busca tinha dois objetivos:

O primeiro consistia no encontro da unidade em meio a tanta diversidade teórica (já que o objeto de estudo era o homem, sua alma, seu funcionamento psíquico, seu mundo intra e inter-relacional).

O segundo se prendia aquele afã de elevar a Psicologia à categoria e amplitude, que lhe cabe (etimologicamente significa o "Estudo da Psique"), retirando-a do lugar reducionista de terapias e aplicação de testes.

E quer saber onde ventos solares e pássaros quânticos me encaminharam?
Esses termos não são meus.
Gostei muito de seu emprego por um físico, que me encaminhou um comentário.
Continuo a usá-los, na espera de que os requisite para seu uso pessoal.


Vou dar as pistas de meu caminhar, citando três livros, seus autores e suas temáticas:

O primeiro é "O Espectro da Consciência", de Ken Wilber, onde compara a consciência ao espectro eletromagnético e por aí vai.

O segundo é "A Janela Visionária: um guia para a iluminação por um físico quântico", de Amit Goswami, onde defende um novo paradigma "introduzindo na ciência a idéia de consciência como o fundamento de todo o ser" e a base metafísica de um novo modelo integrativo entre ciência e espiritualidade, duas faces da mesma moeda.

E veja aonde me levaram!

O terceiro, que "retirei do baú" essa semana ( guardado há trinta anos, não é?) :" Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido (em busca do milagroso)" de P.D.Ouspensky, que em suas buscas de sentido para a vida, narra suas vivências com Gurdjieff, com seus ensinamentos sobre o "Quarto Caminho", seu foco na consciência (energia e estados vibratórios), e na "alquimia ou química que leva em conta não só propriedades físicas e químicas, mas também as propriedades psíquicas e cósmicas".

E eis o círculo se fechando em torno da espiral ascendente da parte superior de minha ampulheta ( vide postagem : Você quer receber um presente meu?).

Seus comentários não chegaram mesmo. Se puder reenviá-los gostaria muito de lê-los.

Recordando velhos tempos, abraços
Aurora Gite

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A importância de uma estrofe

" Ver o mundo num grão de areia,
E o céu numa flor silvestre,
Prender o infinito na palma da mão,
E a eternidade numa hora."
( Blake )

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Consciência, criatividade, salto quântico?

Novos rumos, ventos solares e pássaros quânticos...e minha mente borbulhando de idéias, esperando "trocas"!

E lá vou eu, outra vez, me debruçar na "janela visionária" de meu castelo profissional, observar a natureza, os novos paradigmas envolvendo o ser humano, e contar com a aproximação de um físico quântico, na iluminação desse novo alvorecer. tal a proporção das novas descobertas. Dessa vez, me faço acompanhar por Amit Goswami e seu livro "A Janela Visionária" (Cultrix 2006).

Não posso negar o misto de tesão e ansiedade na retomada desse trilhar. Alguns pacientes surgem em minha memória e minha "consciência", lhes dá a condição de presença viva em meu aqui e agora.

Recordo nosso caminhar juntos. Ao me permitirem a entrada em sua mente, buscando a compreensão do funcionamento de seu mundo psíquico e da dinâmica mobilizadora de suas ações, eles também foram incorporados em meu mundo interno e me facultaram muitas auto-descobertas. E assim se ultrapassa a ponte do mundo físico (material) ao psíquico (energético), num constante ir e vir.

Quantas vivências compartilhadas... transferências e contratransferências... energias se misturando e se separando ante insights que ocorriam... quantas mudanças contínuas e descontínuas.

Para quem não sabe, transferência se refere aqui aos sentimentos que o paciente inconscientemente vincula (transfere) ao terapeuta, mas que, na verdade, se originam de relacionamentos anteriores. Contratransferência é o reverso, ou seja, sentimentos irracionais que o terapeuta tem em relação ao paciente. Esses fenômenos inconscientes também fazem parte de nosso dia-a-dia e são muito comuns na vida de relação, ocasionando grandes distorções na realidade dos envolvidos.

Mas lá estava eu surfando, no encontro terapêutico, entre as ondas de possibilidades e probabilidades, contando com minha intuição e criatividade, para ajudar cada paciente em seu encontro com sua consciência auto-referente.

E lá estava eu buscando, através de uma observação consciente e atenção flutuante, provocar o colapso da onda de possibilidades passadas e futuras, trazendo o paciente para seu aqui e agora, integrando-o ao seu propósito criativo de vida, criatividade que lhe é imanente.

E lá estava eu questionando, tanto o efeito temporário de mudanças contínuas ( de causas e efeitos em espaço e tempo definidos), quanto as interpretações que vinculavam os pacientes à cabeça (ao pensar) de seu terapeuta. Não desconsidero a importância do espaço terapêutico e da qualidade do vínculo estabelecido, mas eu almejava a integração da pluralidade de teorias, para que o homem em si emegisse em sua unidade, e fosse compreendido sob vários pontos de vista.

Lembram do papel atribuído ao observador consciente pela física quântica, que ocasiona o afunilamento do espectro das possibilidades, para sua convergência num ato ou objeto único?
Segundo Goswami, toda escolha a partir das possibilidades, vem da intervenção de nossa "consciência" . Sendo assim, ela é que cria a realidade. E eis minha intuição gritando: "É por aí, vai atrás desse conhecimento!"

E lá estava eu enfatizando a vida relacional como experiência emocional corretiva, buscando saber mais sobre a dinâmica energética da rede inter-relacional.

Faço minhas algumas das indagações de Goswami:
Que força imaterial poderia interagir com a matéria?
Como obter essa interação imaterial?
Empatia e aversão...atração e rejeição...campos de energia e de força? Integração do indivíduo com o cosmo?

Tudo me encaminhava para uma leitura energética dentro de uma visão holística ( integrada) de mundo. O ser humano é bem mais que um sintoma. Seu sintoma é um ato criativo para indicar alguma disfunção. E essa, na maioria das vezes traduz seu sofrimento existencial.

Com avidez fui em busca dos conhecimentos da física quântica. Queria mais que o contato entre intelectos. Já reconhecia que a consciência tem um papel decisivo na configuração da realidade. Mas queria a experiência, queria através de uma vivência pessoal comprovar.

E lá estava eu não atrás do silêncio, mas do diálogo. Não buscava monólogos e atitudes separatistas. Meu coração me integrava na relação (eu-outro se transformando em "uno"). Não me bastava minha capacidade racional ou facilidade no cruzamento de dados. E o diálogo interno no contato com o paciente se aquietou, e se estendeu para a vida pessoal de relação.

A palavra "diálogo" deriva de "dia" ( palavra grega que significa "por meio de") e de "logos" que significa palavra) e vai além da comunicação por meio de palavras, envolve uma troca de sentido entre os que se comunicam, outra dimensão do psíquico humano.

E é aqui que tudo se complica. Querem ver?
Eis um fato que poderia ocorrer no cotidiano de qualquer um.

Lá estava eu numa sala de espera, quando uma mulher se aproximou e começou a se queixar da relação com o marido, onde não havia diálogo, embora muita tentativa da parte dela para que ele ocorresse. E ela continuou, ao me perceber como ouvinte atenta: " Imagine que hoje pela manhã, ele pediu a minha opinião sobre se devia ir ou não no casamento de um parente. Logo retruquei, que agora é que ele queria saber o que eu achava? Por que não me consultou quando o parente ligou há dois dias? E ficou em silêncio, veja só! Nem continuou a conversa. Ele não sustenta um diálogo."

Que diálogo? Existiu uma comunicação, um fluxo de sentido entre eles?
Em que clima transcorreu o contato? Existiu um campo energético entre eles que propiciasse um vínculo aconchegante a uma cumplicidade na comunicação?

Ele chega e se aproxima, de peito aberto a coloca na relação. Ela "pisa na bola, dentro de seu egocentrismo", o exclue da relação. E ainda reclama da atitude defensiva dele e de seu afastamento.

Haja "Física Quântica" para iluminar nossa rede de convivências, ou como muitos a consideram, de conveniências!
Aurora Gite

Lembram de Drumond " Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra". Pois é ao reler esse texto me veio: "E lá vou eu, buscando, surfando, questionando, enfatizando... e no buscar, surfar, questionar, enfatizar ... lá estava eu (Consciência)".

Em tempo:
As constatações de Jill Bolte Taylor, expressas em seu livro "A cientista que curou seu próprio cérebro", são muito importantes. Novas perspectivas se abrem ante a nova comprovação científica das funções dos dois hemisférios cerebrais.
No entanto, coloco mais um patamar, que acredito advir da desativação das funções do hemisfério esquerdo e predomínio total operacional do hemisfério direito.
A sensação foi de uma mola elevando, não o meu corpo, mas a minha mente (salto quântico?). O impulso de propulsão não foi voluntário. Uma conexão foi estabelecida. O outro polo é que direcionava esse movimento interno. A percepção do real não desapareceu, mas perdeu o foco. Eu sabia onde estava, mas intuitivamente, não pela via perceptível que nos é conhecida. Tempo e espaço se diluem. Fui tomada por uma sensação de prazer intenso, calor e claridade, paz e harmonia, quietude e suavidade, plenitude e infinito - sensações de uma amplitude diferente da que captamos através dos sentidos que nos são conhecidos. Experiência indescritível. Nossa compreensão não abarca com palavras. De repente, a imagem de minhas filhas, precisava voltar (intervenção do hemisfério esquerdo). E o brusco rompimento da conexão.
O que me restou? As sensações paradoxais de uma perda feliz e de uma saudade alegre, e a constatação de muita força interna ( sensação de um recarregar de pilhas). Anos e anos se passaram, e essas sensações persistem.
Por que comigo? Porque estava num momento existencial, que correspondia ao cume da parte superior da ampulheta. Lembram da postagem anterior "Quer receber um presente meu?"
Por que só ocorreu uma vez? O caminho está na postagem acima e a dificuldade de se manter íntegra para o estabelecimento da conexão também. Agora é correlacionar na história quem conseguiu atingir esse estágio.
Após 30 anos, só agora estou chegando mais próximo de entender o que ocorreu. De duas coisas tenho certeza: a humanidade entrou em "nova era", e que se preparem os "físicos quânticos"!