segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O conjunto de "quebra-cabeças" da vida

Um quebra-cabeça... ou um conjunto de quebra-cabeças, é assim que me ponho a olhar a vida atualmente.

Tantas peças todas misturadas esperando que, com atenção, sensibilidade e inteligência, possamos observar detalhes de formas e nuances de cores. Com habilidade e destreza, possamos buscar o encaixe adequado entre as mesmas para atingir o todo previamente configurado. Grande é a satisfação interna ante o alcance do prazer por atingir seu "todo", que implica no entendimento de sua sistematização e completude. Sendo assim essa compreensão só pode ser vislumbrada ante nossa perspicácia de perceber a conexão entre as peças, e ante nossa capacidade intuitiva aberta a visão abstrata do conjunto das mesmas.

Cada peça de um quebra-cabeça, ou cada evento de nossas vidas, depende da escolha acertada, possibilidade única entre tantas oportunidades com que nos deparamos. No entanto, como acertar ante tantas peças ocultas e embaralhadas no meio de tantas outras que lhe são semelhantes? Mais ainda, como distinguir o acerto das decisões, ante peças ainda não tão visíveis na parcialidade do cenário que se constroe gradativamente. Sua construção depende das relações entre elas e o contexto global, para que possamos obter a engrenagem perfeita, que lhe permita sua sustentabilidade, inclusive ante imprevistos que surgem quando menos esperamos.

Cada situação de vida representa uma vivência, cuja qualidade depende da forma que a assimilemos. Experiência positiva ou negativa, sempre fará parte de nossa vida, sempre terá seu espaço nesse quebra-cabeça. Nele não existe lacuna. O que poderia ser chamado de lacuna, ou espaço vazio, já se constitui numa peça a ser considerada como tal. A firmeza de um ponto central está atrelada a nossa qualidade de caráter auto-referencial, que permite conviver por um tempo com a ansiedade do vácuo inicial até a percepção da integração com a plenitude do todo.

Vamos nos imaginar montando o que nos parece um belo quebra-cabeça, de muitas e muitas peças. Particularmente eu gosto de montá-los e ver as imagens se delineando pouco a pouco. Demanda muita paciência e perseverança. Uma paradinha aqui, um cafezinho ali, uma leitura acolá, e uma nova aproximação da mesa onde as peças estão espalhadas. Sob novo prisma, como por encanto, no meio de tantas uma peça se sobressai dentre as demais. E eis o encaixe perfeito, imperceptível a nossos olhos até então focados atentamente e a toda nossa concentração mental, visando o controle sobre todo aquele contexto desmanchado e borrado. E com que orgulho ouvimos de nosso interior: "Puxa, até que enfim, consegui!" Nosso peito se enche pela auto-admiração com tão simples vitória.

Novamente em minha lembrança surgem cenas nubladas de um filme, que sempre retorna a minha mente - o nome de seu título já se esvai, "Júlia" talvez - mas ainda se conservam bem nítidas as sensações que me despertaram logo no seu início. A solidão do barco, a tristeza do entardecer, a quietude do lago, a serenidade do contexto...De repente, o apagar da cena e a destreza do artista na busca de novas imagens, mais condizentes com seu aqui e agora, com o estado momentâneo de seu mundo interno. Determinado ele se esforça por encobrir a paisagem anterior. Porém na tela permanecem impressos os traços já delineados, por mais que somente a ele se tornem visíveis. Os demais poderão contemplar um belo trabalho, expressão de seu ser. Não imaginariam o que o mesmo encobre.

Como a vida nos prega uma peça. Anseios e aspirações, desejos e fantasias... Quantos sonhos e ideais imaginados! Quantas peças mal escolhidas, muitas tendo que ser desprezadas pois nas tentativas de encaixes acabam sendo deterioradas, de tal forma, que aquele quebra-cabeça não tem mais serventia.

Frustrações, raivas, brigas inúteis com a vida, aceitação do que nos impõe, tristeza profunda, resignação e sábia percepção de que na luta com a vida sempre saímos perdendo. A partir daí, "humildade" e "coragem" para novas negociações diplomáticas sobre "como viver"com a intensidade das rupturas bruscas e com o abandono das dolorosas perdas, sobre "como vislumbrar" novas formas prazerosas de vida, utilizando todas as experiências passadas. E eis que a vida nos brinda com um novo quebra-cabeça. E nos retorna a nossa capacidade de escolher montá-lo com alegria, ou ficar nos consumindo ante o que ela nos retirou e não tem retorno.

Paramos por aqui? Não!
A grandiosidade da vida é que após o término desse novo quebra-cabeça nos possibilita apreciarmos tudo que aprendemos com o anterior.
Seu jogo perverso é que o mesmo não perdura, qualquer esbarrão o desmonta e demanda nova construção, testando nossas forças internas, valores e virtudes, na leitura e interpretação do que nos ocorre com os conhecimentos e sabedoria adquiridos.

O presente da vida é a sábia vivência dando qualidade ao que nos ocorre no momento presente, sem nos prendermos ao que já foi, ou nos lançarmos avidamente ao que está por vir. Porém o desejoso desembrulhar desse "presente", não é tão simples, acarreta nova ultrapassagem, desvendando o "enigma das esfinges", para atingir o desconhecido dentro de nós mesmos, e reconhecer a validade do que recebemos da vida.

Por mais que tenhamos o relógio do tempo da vida como objeto de estimação, o mesmo não nos está disponível a nosso bel prazer, a espera de nossas opções de vida. Vale a pena esperar, mais ainda, para alterar algumas decisões desconfortáveis já tomadas?

Aurora Gite
(postado às 19:05h)

P.S. Obrigada, recebi o email e divulgo. O filme a que me referi nesse texto é "Julia" de Fred Zinnemann. Data de 1977. Jane Fonda foi a atriz principal.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Do mesmo autor anônimo: "O Amor"

Eis o conteúdo que estava no verso do texto, colocado no blog anterior, sob o título de "Medo de Amar", de autoria desconhecida para mim. Achei que valia a pena compartilhar pela simplicidade da verdade que contém.

"O Amor"
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga.
Tudo o que todos querem é amar.
Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado.
Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que?
O amor.
Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor!
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue... a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram: Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável!
O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência...

Amor, só, não basta! Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar.
Amor, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas prá pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, ter amigos de infância, vida própria, um tempo para cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes, fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar. somente, não basta!
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que, sozinho, não dá conta do recado.
O amor é grande, mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor, que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.
Aurora Gite
P.S. : E aí? Leram também o blog anterior "O Medo de Amar" ?
Não servem como lições para uma boa convivência?
Agradeço a quem me enviou, embora no anonimato.

De um anônimo: "Medo de Amar"

Recebi de um anônimo e compartilho com vocês esse texto sob o título "Medo de Amar".

Aliás recebi dois textos. O segundo "O Amor", coloco no próximo blog.

Não são meus, não sei de quem são, mas gostei de lê-los e busco divulgá-los em seus conteúdos.


"Medo de Amar"
Um cientista coloca um ratinho numa gaiola. No ínício, ele ficará passeando de um lado para outro, movido pela curiosidade. Quando sentir fome, irá na direção do alimento. Ao tocar no prato, no qual o pesquisador instalou um circuito elétrico, o ratinho levará um choque forte, tão forte que, se não desistir de tocá-lo, poderá até morrer.
Depois do choque, o ratinho correrá na direção oposta ao prato. Se pudéssemos perguntar-lhe se tem fome, certamente responderia que não, porque a dor provocada pelo choque faz com que despreze o alimento. Depois de algum tempo, porém, o ratinho entrará em contato com a dupla possibilidade da morte: a morte pelo choque ou pela fome. Quando a fome se tornar insuportável, o ratinho, vagarosamente, irá de novo em direção ao prato.
Nesse meio tempo, no entanto, o pesquisador desligou o circuito e o prato não está mais eletrificado. Porém, ao chegar quase a tocá-lo, o medo ficou tão grande que o ratinho terá a sensação de que levou um segundo choque. Haverá taquicardia, seus pelos se eriçarão e ele correrá novamente em direção oposta ao prato. Se lhe perguntássemos o que aconteceu, a resposta seria: "Levei outro choque". Esqueceram de avisá-lo que a energia elétrica estava desligada!
A partir desse momento, o ratinho vai entrando numa tensão muito grande. Seu objetivo, agora, é encontrar uma posição intermediária entre o ponto da fome e o do alimento que lhe dê uma certa tranquilidade. Qualquer estímulo súbito, diferente, que ocorrer por perto, como barulho, luminosidade ou algo que mude o ambiente, levará o ratinho a uma reação de fuga em direção ao lado oposto do prato.
É interessante observar que ele nunca corre em direção à comida, que é do que ele realmente precisa para sobreviver Se o pesquisador empurrar o rato em direção ao prato, ele poderá morrer em consequência de uma parada cardíaca, motivada pelo excesso de adrenalina, causado pelo medo de que o choque primitivo se repita.
É provável que você esteja se perguntando: "Muito bem, mas o que isso tem a ver com o medo de amar?".
Tem tudo a ver.
Muitas vezes, vemos pessoas tomando choques sem sequer tocar no prato.
Quantas vezes, esta semana, você teve vontade de convidar alguém para sair, para conversar, para ir à praia ou ao cinema, e não o fez, temendo que a pessoa pudesse não ter tempo ou não gostasse de sua companhia e, desse modo, acabou sentindo-se rejeitado - sem ao menos ter tentado?
Quantas vezes você se apaixonou sem que o outro jamais soubesse do seu amor?
Quantas vezes você abandonou alguém, com medo de ser abandonado antes?
Quantas vezes você sofreu sozinho, com medo de pedir ajuda e ficar "dependente" de alguém?
Quantas vezes você se afastou de um grande amor, com medo de se comprometer?
Quantas vezes você não se entregou ao amor por medo de perder o controle de sua "liberdade"?
Quantas vezes você deixou de viver um grande amor com medo de sofrer de novo?
Quantas vezes você tomou um choque sem tocar no prato?
Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer nossas expectativas, assim como não estamos aqui para satisfazermos as delas. Temos que nos bastar.
E nos bastar sempre! Quando procurarmos estar com alguém, fazer isso cientes de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam. Elas se completam, não por serem metades, mas por serem pessoas inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.


Aurora Gite

Vamos ao próximo blog para lermos o verso desse texto intitulado "O Amor". que acredito ser do mesmo autor?
Agradeço ao desconhecido que me enviou.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Leram essa de Arnaldo Jabor?

Leram essa de Arnaldo Jabor sobre "O Sentido da Vida"?
Já ouviram falar do Big Bang e do Big Crunch ?
Ou tentaram verificar como seria uma aliança entre as idéias de Jabor e Marcelo Gleiser?

Então, vamos lá, nos preparar para a leitura desse texto de Jabor.
O problema é refletir e em vez do contar carneirinhos, entrar no "Durma com essa!"


Em primeira mão: o ‘sentido da vida’... ("O Estado de São Paulo", 20/07/2010)

As notícias, aqui e no mundo, estão repugnantes: mulheres apedrejadas, atiradas aos cães, a lama habitual da política...

Daí, pensei em me jogar num buraco negro – sem duplo sentido, por favor – e sumir entre as galáxias.

Sou um idiota em cosmologia mas, li um artigo do Marcelo Gleiser no qual citava que a matéria escura compõe cerca de 23% da densidade de energia do universo. O restante seria constituído de energia escura, 73% e da matéria bariônica (a que nós vemos normalmente no céu e na Terra), 4%. Essas forças escuras seriam formadas pelos neutrinos estáveis e as WIMPs – partículas massivas.

Então, deprimido com a realidade, resolvi filosofar...
Repito coisas que disse num artigo 10 anos atrás, refletindo sobre a repercussão dessas forças ocultas em nossa vida aqui em baixo.

Diz o Gleiser: “o vácuo não é vazio...(...) “o nada determina talvez o comportamento do universo”...

E foi aí que tive a iluminação!
Se existe a matéria/energia escura com massa, os tijolos que preenchem o universo, desfaz-se a antiquíssima noção de “sim” e de “não”.
Melhor dizendo, se o invisível tem massa, se os espaços siderais estão ocupados, é sinal que não há o “nada”.
Nada não há.

A ideia de “nada” e de “tudo” seria uma ideia de viventes.
Como você vai morrer, o seu cérebro se programa para imaginar que “há” uma coisa e “não há” outra. De que há o “cheio” e o “vazio”, de que há o vivo e o morto.
Ideia de viventes.

Muito bem, se a “matéria/energia escura” está em “tudo”, há um espantoso “continuum” que nos liga a todos, os seres “em si” e os seres “para si” – coisas e homens.

O leitor dirá: como este leigo ousa filosofar?
Respondo, com o lábio trêmulo de ousadia: ‘se o PT e o PMDB se uniram para fundar a república “corrupto-sindicalista”, por que não posso ser um cientista amador e metafísico?”

Os neutrinos, os WIMPs o provam: tudo está preenchido.
Assim sendo, o universo não está se expandindo na direção de um outro lugar, pois não há “outro lugar”.
O universo está se expandindo em relação a si mesmo, para um dia chegar a si mesmo, se bem que não ao ponto de partida, pois não houve partida.

O tal Big Bang faria parte do Big Crunch, o colapso do universo sobre si mesmo, recomeçando eternamente.
O universo seria aquilo que existe entre o Big Bang e o Big Crunch.

Mas, continuando este brilhante raciocínio, vemos que a ciência já deve estar desistindo de chegar a um fim, a uma espécie de “revelação”, como se, seguindo a “estrada de tijolo amarelo” , chegássemos a Deus, ou, pelo menos, ao Mágico de Oz.

E não só não encontraremos ninguém, nem nada, porque o “nada” não há, nem “ninguém” não há, como também nada se definirá, nem energia nem matéria, pois ambas são parte da mesma “substância”.

Se não vamos chegar a nada, podemos descansar, pois nosso labor diminui; não temos de descobrir resposta para nada, não porque Deus não exista, porque obviamente, Deus existe sim; ou melhor, Deus existe não como coisa a ser “atingida”.
Deus é a Substância e nós, humanos, somos atributos dela.

Substância é aquilo que eterna e imutavelmente é. Logo, Deus (substância) é a única coisa que existe.

Necessariamente, as outras coisas só existem em Deus mesmo, como parte d'Ele e, nele existimos, se é que essa palavra se aplica a algo, como descobriu para sempre o Einstein da filosofia que foi Baruch Spinoza...
Nada “ex-iste”, no sentido de estar ‘fora’ de algo: “ex-sistere” (estar em pé, do lado de fora) - fora de quê, saiu “de dentro” de onde?).
Por isso, em verdade, em verdade, vos digo, oh, irmãos, que Deus existe, mas não é pai.
É tão órfão quanto nós, um Deus-matéria, órfão de si mesmo.

A única coisa que nos resta não é o desespero, esta carência de viventes em crise; o que nos resta é a paz da ausência de esperança.

A razão humana devia se redesenhar, não em um Big Bang indo em direção a um futuro.
A razão tinha de ser um Big Crunch, mordendo o próprio rabo, voltada para dentro, para nós, os homens, para nosso prazer e saúde. A ciência como arte.

Este é o sentido da vida, não há mais desculpa.
Somos todos iguais; sejamos felizes!

Big Crunch não é nome de um sanduíche do McDonald’s – é o destino do universo.

Arnaldo Jabor


Por que o "durma com essa..."?
Veja se consegue continuar entorpecido pela fantasia ideológica de poderosos grupos em diferentes instituições sejam religiosas, sejam políticas!
Sinta dentro de si que o ópio do fanatismo não funciona mais.
Como estaria Niezsche após a leitura de um texto desse?

Aurora Gite

Ops! Lembram de minha postagem em 05/11/2008 "Quer receber um presente meu?" Novamente a ampulheta invertendo sua posição, deixando de lado o mundo fantasioso das crenças e comportamentos condicionados, em prol do mundo da matéria psíquica e energia cósmica.

Obs: Marcelo Gleiser em seu twitter também fez menção a esse texto de Jabor. Visitem o blog de Gleiser.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Que Deus proteja a Justiça!

Parece que só nos resta esse apelo: "Que Deus proteja a Justiça!" após ler o artigo de Arnaldo Jabor.

Opps! Parabenizo o avô do Pedro, nesse dia 13 de setembro, pois sei que as palavras de Arnaldo Jabor no presente artigo, bem representam as suas. Aproveito para dizer que não me esqueci também do "niver" do Pedro, dia 10.


http://www.jornaldapaulista.com.br/site/page.php?key=215


A verdade está na cara, mas não se impõe
Acontecimentos explicáveis não derrubam as mentiras (Arnaldo Jabor)

O que foi que nos aconteceu?

No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, "explicáveis" demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.

Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe.

Isto é uma situação inédita na História brasileira. Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas.

A verdade se encolhe, humilhada, num canto.

E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de "povo", consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações "falsas", sua condição de cúmplice e comandante em "vítima". E a população ignorante engole tudo.

Como é possível isso?

Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF. Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização.

Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.

Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito....
Está havendo uma desmoralização do pensamento.
Deprimo-me:"Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?".
A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua.
Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios.
A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo.
A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos!
Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.

No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.
Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República. São verdades cristalinas, com sol a pino. E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de "gafe".
Lulo-petistas clamam: "Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara!
Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?".
Sempre que a verdade eclode, reagem. Quando um juiz condena rápido, é chamado de "exibicionista". Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de "finesse" do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando...

Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido.

Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para coonestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte.

Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo.
Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em "a favor" do povo e "contra", recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual.
Teremos o "sim" e o "não", teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional.
A esquematização dos conceitos, o empobrecimento da linguagem visa à formação de um novo ethos político no país, que favoreça o voluntarismo e legitime o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.

Assim como vivemos (por sorte...) há três anos sem governo algum, apenas vogando ao vento da bonança financeira mundial, só espero que a consolidação da economia brasileira resista ao cerco político-ideológico de dogmas boçais e impeça a desconstrução antidemocrática. As coisas são mais democráticas que os homens.
Alguns otimistas dizem: "Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!". Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos. Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros.
O Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade, e a novi-língua estará consagrada.

É amigos. Este texto deve se transformar na maior corrente que a internet já viu.

Talvez assim, possamos nós, que não somos burros, mais uma vez salvar o Brasil. Passe para quantas pessoas você puder.

Se você é brasileiro e gosta de seu País, faça algo por ele. Essa é a hora.

Arnaldo Jabor


Parabéns Jabor, deu mais uma dentro, com sua facilidade de articular palavras e coragem de focar verdades !
Eu me orgulho de ser brasileira, sem ter-me permitido entorpecer, como cidadã, pelo fascínio do crescimento econômico atual. Engrosso a sua corrente!
Aurora Gite

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Circuitos abertos e fechados

Continuo sentindo muita falta da troca de idéias com profissionais afins ou pessoas com interesses em pesquisas semelhantes.

Ainda manifesto minha vontade de convencer um físico especial para esse intercâmbio, na certeza de que:

*sua inteligência multifocada acompanharia a minha, inclusive por sua capacidade de articulação de argumentos científicos com novas hipóteses a serem confirmadas ou refutadas;

*graças a sua percepção aberta a inovações sem críticas preconceituosas, e a uma forte angústia inata, poderia, canalizando essa energia, convertê-la como impulso a um empreendedorismo nas analogias entre o campo psíquico e o físico, entre as energias mentocriativas e as forças eletromagnéticas;

*sua ousadia em expor sua capacidade de escrever frases de trás para frente em seu blog possibilitaria que aceitasse o desafio de caminhar comigo, na trilha das idéias, desbravando, com a espada dos argumentos, compreensões ainda difíceis de serem aceitas pelo entendimento comum;

*sua sensibilidade conseguindo dedilhar pedindo a benção da "Nona", olhando "estrelas" ou as expondo através de seus poemas - ou, ainda, conversando com as mesmas em razão de suas inquietudes universais - conseguiria agregar forças às minhas, nas buscas de verdades contidas no mundo microfísico não tão distante, a meu ver, da esfera "fisicapsiquicassomática";

*seu reconhecimento de sua singularidade, que o leva, no mais das vezes, a fazer-se acompanhar pela solidão ermitã, mudez das palavras pensadas e parto silencioso das idéias intuídas;

*sua depressão advinda da dificuldade de conseguir a expressão e aceitação de sua autenticidade (associo de imediato, por isso coloco a lembrança da fábula do patinho feio que se percebeu cisne ante sua família verdadeira).

Só queria que soubesse que preciso de seus conhecimentos e de sua facilidade por transitar em seus circuitos internos abertos voltados às interações sociais e culturais, e fechados atrelados às intuições criativas.

E aproveito para responder a alguns que não sou contra pessoas. Dedico minha vida a elas. Sou contra a hipocrisia dos grupos sociais. Podem até dizer que sou antissocial. Eu me preservo. Do quê? Da dor da solidão em grupo, da tentação de reagir semelhante por pertencer a ele, do desgaste inútil da energia de minha alma.

Análises do comportamento humano permanecem, salvo raras exceções, com seus focos muito reducionistas, e debaixo de perspectivas viciadas sob as quais observam o "homem" perdem a compreensão do sublime prazer irradiado pelo prisma das virtudes. Virtudes, se olharem para o fenômeno onde estão inseridas, se constituem em forças internas que mobilizam o ser humano a lutar pelos princípios universais da liberdade, igualdade, fraternidade. Continuo afirmando que tudo pode ser visto de maneira diferente sob outra perspectiva. O que não pode ser perdido de vista é a idéia de "plenitude".

Enquanto tal não ocorre, indico aos que tem seguido minhas pesquisas no campo da intuição e sintonias do eletromagnetismo psíquico, o livro intitulado "Mecanismos da Mediunidade". Entendam mediunidade por capacidade de sintonia. Empatia é uma relação mediúnica.

Bem, o livro acima foi escrito em 1959, por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, compreensível agora ante as conquistas da Microfísica. Não é tão fácil de ser lido, por conter muitos dados científicos sobre eletricidade e magnetismo. Aborda imanização e ação magnetizante, circuitos elétricos e efeitos magnéticos do pensamento "força sutil e inexaurível", campo magnético e emoções... É importante que seja lido sem idéias preconcebidas. De qualquer forma nos surpreende com colocações sobre descobertas posteriores do mundo subatômico, e interessantes analogias entre as correntes mentais, elétricas e magnéticas. Traz material para muitas reflexões sobre o "cosmo fisicopsiquicossomático", a "corrente mentocriativa ou mental". o "campo de personalidade/magnetismo de resíduo".

Tocando em circuitos abertos e fechados, vou retornar a Nietzsche e indicar o texto de Suze Piza e Daniel Pansarelli, que pode ser encontrado em:
Filosofia/Em Debate Sentido ético do eterno retorno em Nietzsche
filosofia.uol.com.br/filosofia/ideo...via @ editoraescala

Destaco algumas frases, sobre as idéias de Nietzsche, enfatizadas pelos autores:

"A humanidade habituou-se a mentir em rebanho, a aceitar como verdadeiras construções falsas... por serem aceitas pelo conjunto da sociedade. A origem dessa aceitação parece estar, segundo Nietzsche, na própria distorção da humanidade do humano".

"Este ser mais racional que instintivo não representa o pleno desenvolvimento da potencialidade humana, mas a atualidade do homem (desumano)."

"A reflexão acerca da condição humana, segundo Nietzsche, leva à pergunta: Que homem é esse que vemos ao olhar no espelho?"

"Racionalizado historicamente além do que lhe é natural, de acordo com ele, estamos diante desse homem distorcido, amputado em sua plenitude."

O texto aponta o descompromisso de Nietzsche com a deformação racional coerente, em prol da honestidade humana e validação ética da vida, pelo qual esse pensador pagou um caro preço ao expor e bancar suas idéias na época e sociedade em que viveu.

O eterno retorno, validação da ética da vida, consiste - concordo plenamente com isso - no "eu viveria tantas vezes quanto fosse possível a mesma vida, pois ela foi de fato vivida por mim".

Após ler esse texto, relembrei-me das idéias intuídas e pensadas por Nietzsche, surgidas de parto silencioso dentro do turbilhão de sua mente, no isolamento sofrido em sua solidão ermitã e no reconhecimento de sua singularidade que tanto incomodava dentro de uma época, que se voltava a uma religiosidade monetária e adaptação maciça socializante. Como e quanto essa sociedade em seu circuito fechado perdeu, e o ser humano interceptou seu circuito aberto a um "ser individual mais livre" e a um "ser coletivo mais feliz"!

Mas não parei aí! Fui em busca de meus arquivos de CD, para rever "Feitiço do Tempo". Acho que vão se lembrar como Dia da Marmota. Comédia de grande significado a começar pelo nome da cidade, da marmota e do protagonista... todos em busca de resgatar a sombra. E assim vão ocorrendo intermináveis despertares. É um despertar de novo, de novo, de novo, de novo... até que... Quem se interessar que assista!


Aurora Gite
postado em 01 de setembro
às 13:25h