terça-feira, 14 de setembro de 2010

Leram essa de Arnaldo Jabor?

Leram essa de Arnaldo Jabor sobre "O Sentido da Vida"?
Já ouviram falar do Big Bang e do Big Crunch ?
Ou tentaram verificar como seria uma aliança entre as idéias de Jabor e Marcelo Gleiser?

Então, vamos lá, nos preparar para a leitura desse texto de Jabor.
O problema é refletir e em vez do contar carneirinhos, entrar no "Durma com essa!"


Em primeira mão: o ‘sentido da vida’... ("O Estado de São Paulo", 20/07/2010)

As notícias, aqui e no mundo, estão repugnantes: mulheres apedrejadas, atiradas aos cães, a lama habitual da política...

Daí, pensei em me jogar num buraco negro – sem duplo sentido, por favor – e sumir entre as galáxias.

Sou um idiota em cosmologia mas, li um artigo do Marcelo Gleiser no qual citava que a matéria escura compõe cerca de 23% da densidade de energia do universo. O restante seria constituído de energia escura, 73% e da matéria bariônica (a que nós vemos normalmente no céu e na Terra), 4%. Essas forças escuras seriam formadas pelos neutrinos estáveis e as WIMPs – partículas massivas.

Então, deprimido com a realidade, resolvi filosofar...
Repito coisas que disse num artigo 10 anos atrás, refletindo sobre a repercussão dessas forças ocultas em nossa vida aqui em baixo.

Diz o Gleiser: “o vácuo não é vazio...(...) “o nada determina talvez o comportamento do universo”...

E foi aí que tive a iluminação!
Se existe a matéria/energia escura com massa, os tijolos que preenchem o universo, desfaz-se a antiquíssima noção de “sim” e de “não”.
Melhor dizendo, se o invisível tem massa, se os espaços siderais estão ocupados, é sinal que não há o “nada”.
Nada não há.

A ideia de “nada” e de “tudo” seria uma ideia de viventes.
Como você vai morrer, o seu cérebro se programa para imaginar que “há” uma coisa e “não há” outra. De que há o “cheio” e o “vazio”, de que há o vivo e o morto.
Ideia de viventes.

Muito bem, se a “matéria/energia escura” está em “tudo”, há um espantoso “continuum” que nos liga a todos, os seres “em si” e os seres “para si” – coisas e homens.

O leitor dirá: como este leigo ousa filosofar?
Respondo, com o lábio trêmulo de ousadia: ‘se o PT e o PMDB se uniram para fundar a república “corrupto-sindicalista”, por que não posso ser um cientista amador e metafísico?”

Os neutrinos, os WIMPs o provam: tudo está preenchido.
Assim sendo, o universo não está se expandindo na direção de um outro lugar, pois não há “outro lugar”.
O universo está se expandindo em relação a si mesmo, para um dia chegar a si mesmo, se bem que não ao ponto de partida, pois não houve partida.

O tal Big Bang faria parte do Big Crunch, o colapso do universo sobre si mesmo, recomeçando eternamente.
O universo seria aquilo que existe entre o Big Bang e o Big Crunch.

Mas, continuando este brilhante raciocínio, vemos que a ciência já deve estar desistindo de chegar a um fim, a uma espécie de “revelação”, como se, seguindo a “estrada de tijolo amarelo” , chegássemos a Deus, ou, pelo menos, ao Mágico de Oz.

E não só não encontraremos ninguém, nem nada, porque o “nada” não há, nem “ninguém” não há, como também nada se definirá, nem energia nem matéria, pois ambas são parte da mesma “substância”.

Se não vamos chegar a nada, podemos descansar, pois nosso labor diminui; não temos de descobrir resposta para nada, não porque Deus não exista, porque obviamente, Deus existe sim; ou melhor, Deus existe não como coisa a ser “atingida”.
Deus é a Substância e nós, humanos, somos atributos dela.

Substância é aquilo que eterna e imutavelmente é. Logo, Deus (substância) é a única coisa que existe.

Necessariamente, as outras coisas só existem em Deus mesmo, como parte d'Ele e, nele existimos, se é que essa palavra se aplica a algo, como descobriu para sempre o Einstein da filosofia que foi Baruch Spinoza...
Nada “ex-iste”, no sentido de estar ‘fora’ de algo: “ex-sistere” (estar em pé, do lado de fora) - fora de quê, saiu “de dentro” de onde?).
Por isso, em verdade, em verdade, vos digo, oh, irmãos, que Deus existe, mas não é pai.
É tão órfão quanto nós, um Deus-matéria, órfão de si mesmo.

A única coisa que nos resta não é o desespero, esta carência de viventes em crise; o que nos resta é a paz da ausência de esperança.

A razão humana devia se redesenhar, não em um Big Bang indo em direção a um futuro.
A razão tinha de ser um Big Crunch, mordendo o próprio rabo, voltada para dentro, para nós, os homens, para nosso prazer e saúde. A ciência como arte.

Este é o sentido da vida, não há mais desculpa.
Somos todos iguais; sejamos felizes!

Big Crunch não é nome de um sanduíche do McDonald’s – é o destino do universo.

Arnaldo Jabor


Por que o "durma com essa..."?
Veja se consegue continuar entorpecido pela fantasia ideológica de poderosos grupos em diferentes instituições sejam religiosas, sejam políticas!
Sinta dentro de si que o ópio do fanatismo não funciona mais.
Como estaria Niezsche após a leitura de um texto desse?

Aurora Gite

Ops! Lembram de minha postagem em 05/11/2008 "Quer receber um presente meu?" Novamente a ampulheta invertendo sua posição, deixando de lado o mundo fantasioso das crenças e comportamentos condicionados, em prol do mundo da matéria psíquica e energia cósmica.

Obs: Marcelo Gleiser em seu twitter também fez menção a esse texto de Jabor. Visitem o blog de Gleiser.

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