domingo, 16 de setembro de 2018

Vida e Morte: Processos Dialéticos, Trocas de Relações de Forças e Alquimias Energéticas

Atualmente acredito que o viver e o morrer impliquem em processos dialéticos espontâneos, alquimias ou transformações dialéticas de forças orgânicas e espirituais - energia biofisicoquímica em energia biomagnetocósmica. Penso que a morte corresponda à ruptura da primeira com a segunda que, a meu ver, corresponde à interrupção do mundo físicoquímico molecular e atômico com o mundo subatômico quântico, que, ante o morrer, projeta nossa energia espiritual ao mundo de vibrações cósmico.

Penso que a energia psíquica faça parte do mundo quântico, e que Freud foi o pioneiro a operacionalizar a "energia psíquica quântica", nomeando esse mundo desconhecido observado como "inconsciente". Constatou a presença de mecanismos psíquicos defensivos e a passagem  a estados alterados de consciência (saltos quânticos?) nomeados por ele de "insights", que propiciavam amplitudes no mundo psíquico dos pacientes e nos campos compreensivos ao redor dos mesmos.

Penso que é nesse tecido cósmico que se insiram os registros mnemômicos das lembranças no campo nomeado como "memória", mas esses dados passam a ser vertentes para novas pesquisas, que na certa incluirão patologias como o Mal de Alzheimer e seus esquecimentos, onde o existente passa a não mais existir na categoria dos vivos, mas de mortos em vida.

Embora a única certeza que temos, como seres humanos mortais que somos, é que desde o nascimento convivemos com este fenômeno natural e com a ideia de que o viver e o morrer equivale à imagem do verso e reverso de mesma moeda. Não temos conhecimento de quando acontecerá o encerramento de nossa existência física, e isso acarreta angústia. No entanto, existe uma dificuldade para reconhecer a morte como fenômeno natural, fazendo parte intrínseca do processo de viver; com isso nossa imaginação contribui para aumentar fantasias catastróficas ou apaziguadoras das ansiedades, que este conceito pode acarretar a cada um.

A visão subjetiva, ou representação interna da morte, depende de aspectos sociais, culturais e religiosos entre outros. Desde tempos remotos existe o questionamento linear sobre a origem e o destino dos homens e sobre a morte (passagem?, fim?, início?). O ser humano é obrigado a conviver com a morte e se defrontar com um dilema misterioso e desconhecido.

A qualidade dessa vivência vai depender em parte de sua história de vida, dos padrões familiares e culturais que o influenciaram, dos valores aprendidos socialmente, mas também de uma escolha pessoal sobre a forma de lidar com a morte. Cabe ao indivíduo, organizar e administrar seu mundo psíquico, para melhor ajustar suas emoções e conferir seu colorido intransferível à representação e significação atribuída a ela.

A temática da morte desperta emoções e fantasias de grande intensidade como impotência, frustração e raiva; dor, tristeza, sofrimento e culpa; vivência de desamparo e solidão, de aniquilação e alienação; medo do que vem após a morte; medo da  morte em si e da morte do outro; insegurança e fragilidade frente a falta de controle sobre a matéria; temores irracionais (desejos mágicos e onipotentes); chegando a grande alívio, como aceitação do sofrimento e angústia e resignação frente ao destino pessoal.

O conceito de morte se desenvolve em função da idade, maturidade psíquica e da inteligência de cada um. Está ligado a aquisições due padrões comportamentais, reações ou respostas que cercam o ambiente, e a experiências diretas, que possam envolver perdas afetivas traumáticas.

Com o desenvolvimento cognitivo ocorre o reconhecimento de que a morte é definitiva, não mais reversível, e que no viver está implícita a morte não só do outro, mas a própria. Pode ser reconhecida como o desconhecido que causa medo, o mistério que fascina, o descanso que tranquiliza, a punição por pecado moral, o mal que ameaça. Muitos evitam qualquer contato com ela, com a ilusão e fantasia que pode cercá-la, considerando-a um tabu, algo a ser negado, escondido, não nomeado.

Os próprios rituais de muitas culturas causam grandes desconfortos com as visões distorcidas, inclusive pela mídia, de caixões, velórios, enterros, túmulos, cemitérios. O contato com essas realidades deveria mobilizar grande angústia (sofrimento psíquico) , acionando as operações mentais adequadas para neutralizar essa dor psíquica e manter o equilíbrio mental.

Sentimentos desagradáveis têm que ser experienciados, não se pode poupar essa vivência dolorosa, sob a pena de que ocorra a banalização da morte e um embotamento afetivo.