quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cinquenta Tons de Liberdade

Encerro a leitura da trilogia "Cinquenta Tons" de E.L.James e me ponho a digerir sobre o que ficou dentro de mim.

Começo por três pontos, a meu ver, básicos:

Primeiro, dou ênfase à qualidade da publicação da editora Intrínseca e à escolha das capas, não só pelas imagens, mas pela textura das mesmas.

Segundo, realço o estilo de escrever de James com sua objetividade, frases curtas, indo direto ao que quer transmitir, sem a necessidade que o leitor tenha muitas elucubrações e interrogações do tipo "o que será que o autor quís dizer com isso?". Acredito que, além do conteúdo instigante, essa forma suscinta e direta, tenha atraído tantos leitores "internautas do mundo atual", que se dispuseram a comprar seus livros e a seguir avidamente suas idéias, bem articuladas dentro do que a autora se propôs.

Terceiro, leitores em busca de pornografia, podem ter se deparado com muitas lições de como atuar sexualmente, ante descrições tão detalhadas e ricas sobre a relação sexual entre duas pessoas "afins uma da outra", que se perceberam com uma química semelhante, com seus corpos respondendo a estimulações específicas de forma idêntica - sintonia que aumentou a atração entre eles - e com suas mentes se permitindo  se embalarem no aumento de prazer, pela excitação advinda da atuação da faculdade de imaginar, fervilhante de inovações consensuais impeditivas a que o tédio da mesmice contamine o tesão que  apimenta a relação; digo melhor, que poderia apimentar o tesão de qualquer relação humana nesse sentido.

Agora chego ao que me causou grande surpresa: Quanta coisa sobre o "amor" , para os que se dispuserem a ver +além das meras aparências!

"Data venia" aos que tenham opinião contrária, chamou minha atenção, logo no início da leitura da trilogia, a autora usar a expressão "fazer amor" em vez de fazer sexo. No sexual temos o êxtase do prazer orgástico, explosão de energias através da entrega a uma união de corpos que se abre ao estímulo de áreas eróticas e à excitação pela fricção das mesmas. No "fazer amor" temos a entrega ao prazer de duas almas afins, o "sentir", em breves momentos, o clímax (apogeu) de energias em campo que irradia paz, aconchego, amor.

Refletindo sobre a repercussão e o estouro nas vendas da trilogia "Cinquenta Tons", mais me convenço sobre a pobreza da fantasia no erotismo atual. Ao ler não se sobressaiu o encontro sadomasoquista e a relação de prazer ante dores físicas e/ou psíquicas, mas o consenso e a curtição de um casal no encontro de jogos eróticos, que liberam a sintonia da excitação de suas libidos. Inclusive, quem se dispôs a ler e confrontar a obra com tantas críticas cruéis, deve ter notado que entre o casal existia um código: o uso da palavra "vermelho", indicava o 'Pare!', simbolizando, naquele momento, a interrupção de como chamavam de seu "desafio de limites". Meu foco recaiu na preocupação de um com o bem-estar do outro, na enorme vontade de agradar e preservar, no afetuoso e raro cuidar das respectivas integridades psíquicas.

Notem como a autora articulou suas idéias, sempre mobilizando o interesse para o "quero saber mais" e a curiosidade no "e agora, o que vem?" , dentro de situações banais que poderiam ocorrer com qualquer um, e sob uma abordagem bem passo a passo da relação sequencial das cenas, que levam a seguir seu pensamento e o desenrolar das ações dos protagonistas.

Analisem o "subjugar": não implica em causar sofrimento, mas aumentar o prazer da entrega, após o jogo da resistência e controle das reações imediatistas, impulsivas. Verifiquem a "função da submissão" onde o aumento do tesão vem do tentar se esquivar, sem impedir a ação restritiva do outro, mas encorajando-a. É incrível como os casais menosprezam suas capacidades de imaginar e fantasiar, apimentando a vida sexual, e  se permitem cair no marasmo tedioso da mesmice.

A expressiva vendagem dos livros ("pornografias para mamães?", subtítulo que receberam) e o interesse de tantos jovens, podem sugerir a possibilidade de maior união da "sensualidade" à "sexualidade", ou seja, que a mera satisfação dos instintos sexuais se acopla à grandeza das descobertas dos prazeres sensuais, pela entrega gradual aos estímulos sensoriais: aumento da percepção sobre as sensações físicas. O que me parece um bom sinal para impedir a alienação do mundo da ilusão,  com suas criações em que impera a falácia fantasiosa sobre as sensações reais.

Termino a leitura e me recordo que a autora se permitiu "criar", concretizar suas idéias, sob o som da música clássica, fato que também atraiu minha atenção. Minhas pesquisas sobre os dinamismos energéticos de nossa energia psíquica, os associando a processos bio-quânticos (bio-eletromagnéticos) estavam sendo direcionadas para os efeitos internos da acústica dos sons: de um som lírico e suave (mais atrativo à nossa alma) e sua diferenciação com um rock da pesada ( mais estimulante a movimentos corporais). Começo a ler de Otto Maria Carpeaux, "O Livro de Ouro da História da Música", onde o autor "traça a história da música erudita através de sete séculos.

Ao fechar "Cinquenta Tons de Liberdade" e me por a pensar sobre o trajeto dos personagens, vejo delineado o caminho por onde a autora impulsiona seus personagens a percorrer, que pode ser experienciado por duas pessoas viventes quaisquer. No possibilitar essa identificação também reside parte do sucesso da obra.

Mentalmente faço um retrospecto das articulações das idéias de James, que me levaram a refletir sobre:

* "a arte de amar", ou o respeito pelo cuidar das diferenças individuais e o encontro do prazer no ser diferente do outro e crescer nessa relação, preservando as individualidades;

* "a arte de fantasiar em consenso" como fator enriquecedor da relação;

* "a arte de criar expectativas", ou saber aguçar o prazer da espera de algo imprevisível e fora de controle;

* "a arte da entrega", ou o de se capacitar para o relaxar necessário a que a mesma ocorra com prazer;

* "a arte de confiar", de confiar no próprio taco para manter a relação e na capacidade do outro para lidar com adversidades circunstanciais do cotidiano, ambos preservando a relação para que não se contamine.

Essas reflexões me levam a recordar como algumas pessoas - como os personagens de James - ao se encontrarem circunstancialmente têm algum tipo de conexão energética ativada. É um reconhecimento inexplicável : "Não me pergunte o porquê, mas sinto nele a dignidade do diamante; se algum dia o souber 'solitário' e 'só'. vou estar por perto"; contrapondo a um " Ou ela é muito boa, ou muito..." já permitindo antever suas ansiedades antecipatórias, seus "cinquenta tons" a serem acolhidos.

Aqui já tirei da prateleira os "Diálogos de Platão" : "Banquete" ( com todo seu louvor ao amor) e "Fedro" (que prolonga o Banquete e vai +além) . Li o "Banquete" em 1976. Só de folhear percebo sua importância pessoal, por me permitir observar meu caminhar em relação ao fenômeno amoroso. Mas, de repente, em Fedro, do "mito do carro alado, no qual o cocheiro é a razão e os corcéis, a vontade e a concupiscência", me surge a percepção de que ansiedades antecipatórias em suas roupagens de medos do porvir, não só serão afastadas pela oposição ao que é no presente e pelo reforço ao confiar na própria capacidade de atuar sobre circunstãncias "conforme forem se concretizando no real", mas quando se alçar a categoria do cocheiro: da "razão" para a da "sabedoria".

Os mitos dispersos pela obra de Platão me fascinam. Talvez ouse estabelecer um código secreto, para quando se possa, ou se queira, acolher a privacidade de uma relação a dois, e falar "me too" (eu também).

Aurora Gite






segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Violência da vida, será? "Eu desisto...desisto!"

Tinha como certo que iria revê-la antes do ano terminar. Tudo indicava que as circunstâncias ao redor dela a mobilizassem a chegar até mim. Esse fato não é raro de acontecer com antigos pacientes. Também não implica necessariamente em retrocessos e demanda de novos períodos de psicoterapia. Todos nós, em constante e dinâmico processo de autoconhecimento, nos deparamos com circunstâncias adversas de vida, que vão demandar um maior esforço de nossa parte, para nos mantermos centrados em um protetor eixo interno autoreferencial.

Lá estava ela, na sala de espera, segurando um vasinho de flores, presença constante nos finais de ano quando ainda tínhamos um vínculo profissional-paciente. Não se esquecera de como eu gostava de flores e da representação do vaso nas variadas relações, cujo cultivo depende de constantes cuidados dos envolvidos para florescer e desabrochar. Então procurava manter acesa a chama do afeto aproveitando essas datas festivas.

Dessa vez, no entanto, seu semblante trazia um misto de tristeza, apreensão... agonia? Será que estava perdendo minha sutileza de apreender seu estado de espírito? Que projeções transferenciais e contra-transferenciais estariam atuando entre nós? Reconhecia que meu peito se enchia de angústia... por que?

De repente, em um sussurro gutural, grito doído quase silencioso vindo da profundidade do peito, aproveitando um  resquício de ar inalado, ouvi: seu: "Eu desisto... eu desisto... eu tenho que desistir... agora não tem jeito. São projetos, planos de vida, cultivados desde 1976. Acredita? Como soltar tudo isso?

Mudei para esta casa em 21 de agôsto de 1976. Casa bonita... o que atraiu de inveja, a senhora não vai acreditar! E eu firme, recebendo a rajada de toda essa energia negativa. Em 1979 me separei. Fiquei firme dentro dela! Voltei à minha faculdade, sabia que iria precisar de trabalhar para mantê-la. Meu sonho era transformá-la em um clínica e montar uma equipe transdisciplinar. Na época tinha até escolhido o nome: TEHPPP (Terapia e Estudos Humanísticos em Psiquiatria, Psicologia e Pedagogia). Só não contava que era filha que casava e se separava e para lá voltava com netos; genro desempregado e eram acolhidos por mim, o casal, mais um bebê e um dentro da barriga; genro que falecia decorrente de um invasivo câncer e filha viúva estava de volta com dois netos até se reestruturar. Aí ex-marido avisa que vem mais um filho a caminho... e imagine se a mulher não ía querer que mexesse em pensão e coisa e tal. é a hora em que compromisso legal, honra pessoal, dignidade de caráter vão para o lixo.

Não sou muito boa para lidar com dinheiro, a senhora deve se lembrar. A falta de dinheiro embalou meu nascimento. Meus pais moravam com minha avó. Cheguei na hora errada, no momento errado, e ainda vim com o sexo errado para minha mãe ter que se confrontar com o fato de ser mulher e com a relação conturbada com minha avó. Meu pai só veio me conhecer quando já tinha uns 20 dias. Ante o vício do jogo, sumiu muitas vezes por semanas. Essa época foi uma delas. Na mesa de jogo se esquecia de tudo. Na maioria das vezes perdia tudo. Aí vinha a vergonha de voltar para casa, sem o sustento da família. Desde pequena convivi com a percepção do poder do dinheiro, ou de sua ausência, e das fantasias queimando as mãos da gente. E como queimam! Hoje reconheço a barra que minha mãe enfrentou sozinha.

Com o falecimento de meu avô (não conheci nenhum deles) minha mãe, como irmã mais velha, teve sua vida interrompida e se viu tendo que trabalhar para ajudar no sustento de quatro irmãos. Embora reconhecessem seu papel de liderança, nas constantes brigas familiares deixavam entrever o misto de admiração e raiva. Ah... um agravante, minha avó desenvolveu verdadeira obsessão pelo filho caçula, mais carinhoso. Todos os demais preteridos.Nossa, lembra quando me falava dos estudos de três gerações? Prato cheio, a minha família! Não deu outra ao meu redor. Meu irmão como o preferido (assim, como o foi, meu tio para minha mãe) e eu ocupei o lugar de preterida . Uma diferença , que só vim a saber após sua morte, foi que ao estar longe de mim ela expandia sua admiração... parecia saber quão semelhantes éramos: duas mulheres guerreiras! Mas perto de mim sempre ironizava que eu tinha o sangue de barata de meu pai. Fazem parte dos desencontros afetivos na vida: ela... meu irmão que não vejo, nem falo, há uns 3 anos.

Pouco antes dela morrer fiquei sabendo que vim num período ruim, em que a união dela com meu pai não estava legal, como viciado em jogo que era perdera muito dinheiro e estava até foragido ainda mais que era procurador do Estado. Era a ovelha negra da família, neto de baronesa, tem nome dele em bairro e avenida famosa daqui... cara bonachão, querido de todos, sempre procurando ajudar os outros... mas consumido pelo vício do jogo. Tornou a vida da família um inferno ... era sempre em busca de dinheiro para comer, pois jogava tudo que ganhava. Ainda me lembro de subir uma escadaria escura, atrás de um senhor judeu, de onde emprestava o dinheiro para nos alimentar e com altos juros... mas era a fonte que contava. Minha infância sempre foi com medo de tudo, até se instalar a raiva inoculada por minha mãe contra a falta de dinheiro e culpa por ter acompanhado suas frases impulsivas desejando a morte de meu pai. Foi assim que Crime e Castigo já faziam parte de minha vida, antes que lesse essa obra de Dostoiévski.

Na época não o via como irresponsável, assim como até pouco tempo não via o pai de minhas filhas como tal. Indício de que não são os conceitos que mudam de significados, nós é que nos posicionamos sob outra perspectiva e renomeamos as percepções de nossas experiências. Não é?

Epa! Parece que abri uma comporta interna e agora as lembranças esquecidas jorram. Nossa! Detesto lidar com dinheiro, me sentir morta em vida no meio, quer seja em idéias, de partilhas entre filhas. Queria a presença de meu genro morto, com ele me sentia um pouco mais protegida. Puxa, tô trazendo perdas e mais perdas... medos e mais medos... mortes e mais mortes. Sinto que estou morrendo por dentro, ao me voltar a um desapego para desmontar o lugar onde vivi por tanto tempo, coisas tristes misturadas com alegria também. Agora abandono meus dois cachorros, o ouvir o cantar de pássaros sob minha janela, o contemplar direto o verde e acompanhar o desabrochar das flores coloridas.

Tô gritando dentro de mim. com os braços levantados, em vias de ser fuzilada: desisto, desisto! Meu coração sangra. Minha alma sente a dor e a agonia da tristeza profunda. Minha razão tenta me convencer com frases como: a desistência encerra uma triste lição de vida, e grande aprendizado ao se acompanhar da sabedoria de ser acolhida pela dignidade. Mas como me agarrar à chama e aos sonhos da juventude? E a razão em meu ouvido: eles é que vão trazer esperança, garra e coragem para iniciar um novo ciclo de vida; e não esqueça que tem no caráter a dignidade, que dá uma qualidade nobre a decisões sofridas e a escolhas virtuosas.

Reconheço que quero correr contra o tempo, pular esses obstáculos, até enfrentar outros ... mas não esses! Sinto que quero o controle das circunstâncias, desejo uma varinha de condão para transformar seus efeitos em minha vida. Percebo que estou dando as costas à vida... tô brigando com ela, não aceitando o que tenho pela frente. Sei que vou perder nessa luta e que a ordem é me resignar. Mas que não precisava mais essa agora. Detesto lidar com dinheiro, com perdas, com todos esses medos que ressurgem através dessa menininha insegura e amedrontada, que pensei não precisasse mais retornar. De braços levantados, surpresa com todas essas sensações dentro de mim, ouço meu próprio sussurro: Eu desisto... desisto. Eu me entrego ao meu viver!"

Dessa vez senti que não podia deixar de acolher sua angústia, abrindo espaço em minha agenda para uma outra sessão antes do final do ano. Não a sinto desamparada, embora só. Aprendeu a conviver com sua solidão real. Mas, ante a realidade adversa, ela teve aberta uma comporta de energias afetivas reprimidas e nesse despejar de fantasmas através das lembranças de um passado, contar com um apoio impede qualquer possibilidade do rompimento indesejável do dique, construção humana no mundo psíquico de todos nós.

Quando saiu não pude deixar de me lembrar do filme "Duas Vidas". Acho até que vou revê-lo hoje à noite.
Também nós, terapeutas, somos assombrados pelas crianças que fomos no passado! Penso que, depois de assistir à mensagem contida nesse filme, seja difícil não serem bem acolhidas.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Passaporte à mão... foi entregue para ida e volta!

Peço licença às Parcas Romanas ou Moiras Gregas, também designadas de Fates, de onde advém Fatalidade... Relembro que eram três deusas, que determinavam o curso da vida humana, "de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões.

Faço jus à Mitologia, nomeando-as e deixando registrada as atribuições dessas três deusas, que me ajudarão a desenvolver o tema dessa postagem :"Passaporte de ida e volta". São elas "Nona", que tecia o fio da vida; "Décima" que cuidava de sua extensão e caminho; "Morta", que cortava o fio.

Abro espaço para citar ainda essa associação, que me propiciou boas reflexões:" A gravidez humana é de nove luas, não nove meses. portanto "Nona" tece o fio da vida no útero materno, até a nona lua. "Décima" representa o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, o indivíduo definido, a décima lua. "Morta" é a outra extremidade, o fim da vida terrena, que pode ocorrer a qualquer momento" (Wikipedia)

Enfatizo ainda o significado de "Parcas", que vem do verbo parir, dar à luz. Acredito que nosso passaporte se estenda ao encontro com as forças quânticas de nosso sistema bioeletromagnético, que bem se equivale ao "se dar a luz", sensação que ocorre ante a assimilação de outras formas de conhecimento. Novas dimensões da inteligência, aqui não foco na cognição somente, mas na aquisição de outros estados de consciência  que demandam do ser humano, cônscio de seu processo evolutivo, o estabelecimento de uma nova linha coerente de opções na vida prática, e o constante alinhamento de forças buscando unir as diretrizes de sua essência à sua existência.

Confesso meu desvio para me inteirar dos instrumentos da via xamânica, apometrista, espírita. O caminhar por elas exige enorme controle da condição humana, domínio constante sobre as áreas de conflito que ainda atingem o homem ininterruptamente ( as exceções são raríssimas, como Chico Xavier, por exemplo), encontro da harmonia e serenidade advindos da vitória sobre o animismo e vis sentimentos (vaidade, ambição, orgulho, inveja, ódio, rancor, vingança...) que ganham outra dimensão após serem ultrapassados como vias de aprendizagem evolutiva. Hoje em dia podem ser constatados cientificamente os potenciais de cura humana, através da aplicação adequada das energias espirituais mais elevadas, mais radiantes e... segundo penso pertencentes ao potencial humano quântico. Poucos, no entanto,  nesse momento de nosso social, se enquadram dentro desse perfil de evolução.

Acredito que as "senhas" para a ultrapassagem dos diferentes patamares de consciência (ou dos diferentes sistemas energéticos humanos), advenham do "uso adequado da razão" em seu emprego de variadas logísticas. Essas envolvem o alinhar as conexões de forças conscientes do agir, do pensar, do sentir, do intuir espiritual,  para tomadas de decisões mais sábias. A análise do feedback positivo obtido é que vai servir de parâmetro para os prosseguimentos na mesma via, ou para os devidos reajustes no percurso.

Penso que, em um primeiro momento, cabe ao homem se capacitar para resolver os enigmas existenciais, pois em um segundo, com o predomínio da razão "apriori" , intuitiva, com sua outra leitura e interpretação, o esforço estará voltado para a compreensão dos mistérios metafísicos, que cercam o sentido da vida. Como ocorrem nos mitos, a ultrapassagem dos heróis pelos obstáculos, como no caso da passagem incólume pelas esfinges, vai depender de sua habilidade para desvendar enigmas. E nesse caso a comunicação, que mais se presta para propiciar a compreensão, é a linguagem figurada com suas metáforas e parábolas. Sendo assim, é nelas que me apoio nesse texto. Cada um vai perceber seu grau de evolução pela facilidade compreensiva e interesse em cada estágio evolutivo focado. Ah! Não tem retorno para o estágio anterior, mas pode ocorrer intercâmbio entre diferentes idéias e posturas já ultrapassadas.

A trilha, que procuro descrever com mais detalhes a seguir, envolve a busca da transcendência na condição humana e o alcance do compromisso interno com valores humanos, inicialmente incorporados levando-se em consideração referencias externas, depois assimilados ao se misturarem ao centro auto-referencial de cada sujeito em formação e em busca de forças diretrizes, que permitam uma convivência pacífica e respeitosa nas divergências pessoais.

Diferencio desse estágio a luta heroica pela superação, visto já contar com a sabedoria e a serenidade de uma coragem e de uma astúcia inteligentes, pela aproximação com o mundo interno das virtudes. A perspectiva da consciência volta-se a auxiliar o homem a suplantar as enormes dificuldades para a inserção das ações virtuosas em suas vivências diárias, e a fortalecer e valorizar sua responsabilidade sobre a liberdade (livre-arbítrio e decisões conscientes e coerentes com um potencial interno) e harmonia (convivência pacífica e respeitosa consigo mesmo e com o mundo ao redor) conquistadas.

Penso que o paradigma obsoleto do ser humano como "ser unicamente biopsicosocial" já foi ultrapassado. Além da dimensão física, psíquica, social (pública ou coletiva) não se pode mais negar já que cientificamente comprovada, está a existência de uma matéria mais volátil, não visível aos olhos, mas perceptível, dentro de seu espectro vibracional, por outros sentidos humanos mais apurados, mais sensitivos a essa energia... e isso demanda nova aprendizagem para sua captação, leitura e interpretação. Acredito que ao homem "bioneuro-químico, com todos seu fisiologismo orgânico e suas alterações energéticas metabólicas"  deva ser acrescentada sua dimensão "física-psíquica e seu metabolismo biomagnético quântico com suas potencialidades também de transformações energéticas".

Considero importante, a partir de agora, não afastar a perspectiva da capacidade de influência dialética, ou seja, de contínuas trocas energéticas entre esses sistemas energéticos humanos, pois demandam novas posturas do homem para alcançar o equilíbrio dentro do caos energético do fluxo dinâmico de conflitos constantes, pertencentes às forças pulsionais inatas, que ascendem para se expressar diretamente, ou para atuarem por meio de formação de compromissos psíquicos. Isso implica, para o homem, na necessidade de desenvolver constantes e atualizadas estratégias de vigilância em suas fronteiras psíquicas, e disciplina interna, para manter ativo, por todo seu viver, seu controle sobre os processos de autoconhecimento e autogestão de suas fontes energéticas.

Eis como visualizo, hoje, o ser humano que, ao receber seu passaporte já carrega um potencial inato volitivo e operacional, do qual tem que apreender os sinais e desenvolver espaços para sua expressão, em todo seu trajeto de vida. No nascimento já entra na vida berrando, gritando por atenção e aconchego afetivo, e quando não o faz recebe um suave (?) toque para que se pronuncie e abra seus pulmões, enchendo-os de ar para sobreviver por si, a partir de agora. Contrastando, deixa a vida no suspiro silencioso, no desapego com sabedoria ou na violência da interrupção forçada de vínculos afetivos dependentes, mas sempre atinge a frieza distante da quietude mortal, ante o corte, salvo raras exceções imprevisível, do fio da vida.

Associo, aplicando metáforas, a máquina humana a um motor que é acionado pela angústia sistêmica (física, psíquica e/ou espiritual) e pela mobilização da vontade, como querer genuíno; o melhor óleo do motor é o composto pela razão e livre arbítrio (melhor qualidade decorre do uso adequado de decisões racionais firmes e ponderadas emocionalmente); a seleção do combustível deve envolver a opção pelo que lhe propicia maior potência para as tomadas de consciência e o uso racional de suas forças; às diferentes marchas que impulsionam ao movimento associo os estados diferentes de consciência com novos conhecimentos e amplitude de rotações.

Abro a porta a quem tiver obtido sua carta de motorista nestes termos, e tiro o chapéu, se estiver no comando, tendo aprendido a pilotar e direcionar seu bem viver rumo ao "amor fati" (Nietzsche), amor ao destino e envolvimento com aquilo que é, assumindo compromisso com a aceitação do presente que a vida lhe oferece, já que dias como ontem e amanhã não existem no real mesmo, portanto "não servem de referências concretas no aqui e agora decisivo".

O mapa de seu trajeto já descrevo aqui.
Vale reflexão ante cada tópico, para não se perder no meio do caminho e reforçar o papel de seu centro auto-referencial.
Atenção às encruzilhadas, se atenha ao roteiro! Também se enveredar por atalhos e se perder, sempre é tempo de encontrar o caminho certo. A vida é pródiga de oportunidades, é aprender a se aliar à ciência da paz, para ter paciência na espera do tempo certo e do momento certo para saber aproveitá-las!

* Vai ter que partir do estado de "não ser" ou de "ser através do outro" pela "via da existência", buscando "estar no mundo" de forma independente ... sobreviver... viver buscando sua "transcendência" e sua "singularidade". Ao ir se tornando indivíduo, vai se tornando o único responsável por sua subjetividade, ou seja, pela sua inserção como sujeito agente ativo, construtor da sua história na linha da vida.

* Nesse "afunilamento existencial", que equivale a um pedágio na vida espiritual, vai ter que apresentar seu passaporte para ser carimbado, se for comprovado ter atingido a categoria de "ser Humano". Aqui já adquiriu a habilidade de interações humanistas (autoestima valorizada e amor ao semelhante).

* O desapego e conquista da independência pessoal conscientes, a consciência da mensagem contida no jogo de palavras do "dome o medo" ou "o temor da morte",  a atribuição a si do comando sobre seu próprio querer essencial, o adestramento de sua capacitação para a escuta das mensagens originais, contidas na bagagem de seu potencial inato, é que vão possibilitar o acesso à "via essência", onde vai colocar seu "ser no mundo", além de nele existir.

* A forma de se equilibrar e se harmonizar com a diferença climática dessa via, tem que ser experienciada através de aproximações gradativas . É preciso certa adequação para se "respirar vida". O ar é mais arejado, no sentido literal de purificado, ante a aquisição e manutenção de sentimentos mais elevados, preparando a ejeção humana  rumo ao alcance do lugar interno de "Ser no Universo", percepção racional de pertencer à raça humana e ao "Uno", princípio cósmico considerando a relatividade tempo/espaço.

Ops, associei a ejeção humana do "Ser no Universo" à ejaculação física e prazer sexual, difuso e orgástico, pois minha hipótese é que as energias de ambas se cruzem. Esse campo mental inconsciente ainda é desconhecido, ainda foge ao conhecimento científico até agora alcançado sobre o homem. É só uma questão de tempo para novos paradigmas serem construídos, possibilitando a amplitude compreensiva do homem, nesse sentido.

* Na interação cósmica a força do amor nas interações é percebida através de renúncias prazerosas, onde a alegria do outro é fonte de prazer de quem cuida por amor. A habilidade de superação pessoal, traz consigo sensações de gratidão por existir e paz no se permitir assim expressar sua essência.

* Nova apresentação do passaporte por ter alcançado a categoria de "Ser na plenitude de suas energias  químicas e quânticas". Novo carimbo com acesso ao mundo metapsíquico, metafísico, ou mundo superior quântico que lhe permite atingir capacidades sensitivas e intelectivas de captação de energia por afinidades vibracionais (por exemplo, telepáticos).

* Em seu cume, o acesso às trocas mediúnicas com os chamados mundos de inteligências paralelas. São imãs atuando por forças magnéticas de atração em frequências vibratórias semelhantes.^Mundos desconhecidos, mas cada vez mais desvendados pela ciência, e cujo conhecimento se aproxima de forma acelerada da compreensão racional humana.

* Próximo passo?
Retorno ao encontro de outros seres humanos que ainda não tiveram condições de atingir esses estágios evolutivos, sem tentar convencer, seduzir, impor idéias... simplesmente se permitindo ser um testemunho vivencial da grandeza dessa outra dimensão do viver, sofrido e solitário como não, mas que se reveste de esperança e fé laica (não vinculada a nenhuma instituição religiosa), de um crer para ver... discrepante com a  adoção de uma única perspectiva de vida voltada ao ver para crer.

* Mais algum passo?
Talvez o mais importante, pois envolve a entrega do passaporte ao se despedir da vida com a qualidade do adeus que ela merecer, ou com os "apegos e desapegos afetivos necessários", que cada um tiver imprimido em seu trajeto para "se sentir livre e feliz".

Aqui só posso agregar o "Mito da caverna" (Banquete, de Platão) e o papel do filósofo... mito e utopia?
Quer concretizar tudo isso?
Quer racionalmente comprovar como o "Humano" pode renascer das cinzas?
Peço para quem quiser conferir, que verifique as idéias inéditas e ousadas, de desconstrução da sociedade atual e construção proposta pelo filósofo Luc Ferry , reflita sobre suas indicações práticas para a "boa vida"; sua sinalizações sobre a importância de implantação imediata de um "novo humanismo" cuja premissa está na "revolução do amor por amor"; analise suas pistas de como vencer os medos, que impedem o correr riscos e alçar voos no "alcance da sabedoria no viver" ... e, para quem quiser saber mais, é procurar na constatação e confrontação direta com suas idéias, na observação profunda da coerência ética entre seu pensamento e seu modo pessoal de agir.

Separem os passaportes. Vão ser carimbados em qualquer pedágio. E vão ter que ser devolvidos na volta mais cedo ou mais tarde.

Aurora Gite

P.S.: Para onde vou agora?
Meu "querer um grande prazer" me leva, nesse momento, a reler e refletir sobre algumas passagens da obra de Platão. E eu me submeto ao império de minha vontade, que, da profundidade de meu mundo interior, clama pela realização desse desejo. Se tenho condições, por que não atendê-la a contento?



domingo, 7 de outubro de 2012

"Data Venia", Cinquenta Tons Mais Escuros...

Início meu comentário com "data venia", termo da linguagem jurídica, expressão latina que significa "com todo respeito",  pelas minhas argumentações divergirem de tantas opiniões contrárias à trilogia "Cinquenta tons...", tantas desqualificações à obra de E.L.James, tanta inveja nas entrelinhas de algumas considerações que li e ouvi, tanto preconceito dificultando críticas impessoais . Muito me assustou diversos profissionais, em entrevistas televisivas realizadas em vários canais, começando seus comentários com frases do tipo "Nem li, só me bastou o que ouvi falar de negativo!", "Comecei a ler e logo abandonei!", evitando exposições outras. Mais chocante foi a frase: "Uma bosta, só esse termo define Cinquenta tons mais escuros", expressão emitida em programa televisivo de domingo à noite, e assim continua essa profissional da área de saúde mental e das artes: "Não gostei e não entendi nem o porquê dos títulos da trilogia" (?!).

O que senti ouvindo tudo isso? "Vergonha!". Quando muito um escritor, que dá sempre a cara à tapa, expondo suas ideias e sua pessoa através de sua obra, deveria merecer consideração respeitosa por parte de um leitor, ainda mais da área da psicologia, do teatro, ou colega da área literária. Repito: "Senti vergonha!"

Como coloquei ao comentar "Cinquenta tons de cinza" procurei, como leitora, não me envolver nos tentáculos da mídia, que promoviam a obra como atraente pornografia, que se espalhava numa velocidade alucinante. Realmente logo se tornou  um "best seller", fato inexplicável (?) segundo os profissionais citados.

Em "Cinquenta tons mais escuros" acompanhei o personagem central ao lado mais obscuro de seu mundo interior, escuridão onde os demônios pessoais de todos nós, humanos, se escondem. James nos leva a reflexões sobre como essas sombras fantasmagóricas sempre vão existir dentro de nós, interferindo em nossas reações afetivas presentes, em nossos medos e angústias. Ao mesmo tempo, nos confronta com o fato de que podem se constituir em oportunidade para um repensar escolhas e tomadas de decisão. James coloca, inclusive, na trama de seu romance, a possibilidade de discipliná-los e, talvez, soltá-los rumo ao passado ao qual pertencem, e assim alcançar um estado interno de liberdade.

Um casal construindo sua relação afetiva com os obstáculos e dúvidas que atingem a qualquer um que inicie essa trajetória amorosa: Como conviver com o passado do outro do qual não se fez parte? Como controlar a vontade de impor limites ao contato do outro com as pessoas que fazem parte do patrimônio afetivo de vida? Como integrar o outro ao próprio existir, respeitando sua história pregressa?

O conteúdo do baú subjetivo contendo vivências afetivas e experiências pessoais em variadas áreas, sempre vai poder ser ativado se for estimulado por circunstâncias externas, que fogem ao controle do sujeito em questão. Não há relação a dois que se sustente se os envolvidos permitirem que fantasias e medos contaminem a qualidade de vida do presente existencial. O casal, a meu ver, surge como o terceiro elemento  a ser considerado e fortalecido sempre que necessário. Já leram "A Matemática de um Casal", postagem de maio 2009, abordando essa temática?

Acredito que a linha divisória de invasões desrespeitosas aos limites do outro é sutil, quer sob a forma de controles, quer sob falseta do relevar/tolerar. O fato de ser outorgado ao outro a função de "cuidador" e por ele for assumido esse papel, já traz consigo grande armadilha; ainda mais se for delegada a ele fazer escolhas e tomar decisões por você, saber o que é melhor para você,  Uau! "Vou cuidar de você... por amor!" suscita dentro de mim a imagem de uma enorme pata de elefante sobre minha cabeça, e eu sem saída.

Percebem a enorme diferença com "Vou cuidar de nossa relação"? Ops! "Vou cuidar de nossa relação, dentro do limite do que me cabe dentro dela". O parceiro é sempre responsável por sua parte dentro do "nós". O terceiro elemento da relação, o "nós", é corporificado pelo "consenso de escolhas e decisões do casal" em prol do bem comum visando a qualidade da vida a dois.

James coloca a descoberta por seus personagens das afinidades que os cercam, sejam relacionadas às fantasias ou formas de se satisfazerem sexualmente, sejam em seu modo de existir aventureiro assumindo riscos como pilotar planador, andar de helicóptero, exposições abertas a terceiros ...etc. Realça esses aspectos que constituem particularidades específicas desse casal. Essa atração por afinidades logo se faz sentir em pessoas onde a sintonia é quase que intuída no primeiro encontro. A autora, nesse volume, propicia que seus personagens reflitam tal fato, sobre como e quando começou seu envolvimento.

Aqui faço um parentese, realçando como é preciso estar atento para esses encontrões entre afins, onde se mesclam características positivas e negativas não tão comuns. Por exemplo, não gosto de altura, seja em planador, roda gigante, mesmo em elevador panorâmico não me coloco na linha de frente; não tenho preferência por estímulos a minha adrenalina, seja em rachas ou montanhas russas; gosto de uma vida pacata, busco um bem-estar sereno, circunstâncias que aumentem minha serotonina...mas meu mundo das ideias, minha capacidade de imaginar e fantasiar alça voos ... Nesse sentido, ocorre uma solidão muito sofrida quando na parceria não existe campo para troca de fantasias! Compartilhar vivências é bem diferente  de partilhar afinidades.

Agrego à "arte de amar" e à "arte da entrega", trabalhadas em Cinquenta tons de cinza com suas múltiplas facetas de duas personalidades, duas maneiras de ser a se engrenar respeitando suas diferenças, a necessidade agora de aprimorar a "arte de criar expectativas" ou "arte de fantasiar em consenso", tempero apimentado da vida a dois.

Pontos importantes que não aconteceram, mas que podem ser inferidos nas descrições de James,  nesse momento da formação do casal, na trama desse romance Cinquenta tons mais escuros:
- a grande frustração quando sobre fantasias ocorrem julgamentos de valores ou críticas, amordaçando a espontaneidade de expressão afetiva do outro na relação dual
- o se deixar levar pela sinfonia tediosa da mesmice na relação cotidiana, sem atenção ao fato de que seu contraponto está na atenção ao prazer dos acordes da sintonia na fantasia criada a dois.

Estou curiosa para ver como James vai articular esse casal que após o encontro e enfrentamento com seus demônios e medos, adotaram nova visão de mundo e da própria vida a dois.  Ouso inferir que passe a nos confrontar com o novo homem e a nova mulher lutando pelo espaço de seu "ser" dentro do "existir a dois".
Agora é aguarda o lançamento de "Cinquenta tons de liberdade".

O termo "liberdade", a meu ver, envolve o respeito de cada um e do outro pela capacidade de fazer escolhas e de tomar decisões a partir delas. Sendo assim, "ser livre" traz consigo a "responsabilidade sobre as consequências" das escolhas, quaisquer que sejam, e a "maturidade" para conviver e ultrapassar possíveis frustrações. O "ser livre" se envolve em seu viver pleno e gratificante, se afasta de toda estagnação nesse fluir; sua energia sempre se renova. Enquadre perfeito para a ousadia e coragem do casal delineado pela autora,

Ops! Relações de casais unidos por conveniência prática, baseadas em consenso e sem a presença de grandes conflitos internos, são "livres opções de vida".

Aurora Gite

Obs: http://auroragite.blogspot.com
        postagem de maio de 2009
        "A Matemática de um Casal"
     




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mais sobre sexo virtual?

Indico o video sobre Sexo Virtual , palestrista : Contardo Calligaris
(disponível no YouTube ou Cpflcultura  vídeo14/09/12) .

"Contardo Calligaris",
psicanalista,
nos conduz a uma série de reflexões
sobre as mudanças nas interações sexuais decorrente da entrada da Internet:
em nossa sociedade contemporânea,
em nosso grupo famíliar,
na relação de um casal,
em nossa individualidade.

Achei muito interessante sua perspectiva para análise sobre possíveis mudanças nas interações pessoais afetivas e sexuais, a partir de agora.

Vale conferir!
Qualquer dificuldade, cheguem até ele pelo www.google.com ou www.cpflcultura.com.br/2012/09/14

Aurora Gite

domingo, 16 de setembro de 2012

Cinquenta tons de cinza ou Aprendizagem da "arte da entrega"

Confesso minha enorme surpresa ante o movimento social ao redor de E.L.James e sua Trilogia de livros   (Cinquenta tons de cinza, Cinquenta tons mais escuros, Cinquenta tons de liberdade).

Acredito que esteja estabelecendo um marco nas relações atuais, tão desvirtuadas por tantas pessoas mascararem que, para sentir o amor, temos que desenvolver as habilidades da "arte de amar"; tanto quanto, para sentir o prazer, temos que conquistar a aprendizagem da "arte da entrega".

Os casais continuam a conservar o silêncio entre si a respeito dessas conquistas. Têm preferido se desinteressar, ante se esforçar e investir no "casal", e continuar ruminando suas decepções (mágoas/raiva contra o parceiro) e crises depressivas (raivas contra si mesmo/ impotência). Não há "sintonia química" que resista ao convívio de um cotidiano, onde ocorra a camuflada esgrima entre a liberdade individual e a comunhão de almas.

Outro grande obstáculo está atrelado à perda, por parte de muitas pessoas, do contato com o próprio corpo. É fácil constatar o fato de terem distanciado de si a escuta das próprias sensações, "enclausurando seu livre sentir" às jaulas de uma moral preconceituosa restritiva e de um impiedoso raciocínio lógico controlador e castrador.

É interessante observar as reações contraditórias que eclodiram, ante a publicação dessa trilogia, em uma sociedade contemporânea como a nossa, que brande a bandeira da liberdade individual, do respeito às diferenças, do rompimento com valores morais obsoletos e massificadores, do alcance do amor, plenitude e serenidade de espírito... e por aí vai.

De repente, muitas máscaras caíram, obrigando que essas pessoas revejam suas estruturas básicas, se questionem sobre o tipo de relações que almejam para si dentro das interações sociais que idealizaram; ou que desejam  e se vejam em condições de conquistar dentro de suas realidades atuais. É o homem se deparando consigo mesmo, com suas escolhas, que não mais condizem com sua evolução como ser humano, que busca ser livre e feliz, dentro de convivências pacíficas e respeitosas.

Penso que a autora, sem premeditar tal efeito social, atingiu a tecla de fantasias imagísticas, obrigando uma contemplação no espelho do real das interações, ditas amorosas, em suas muitas distorções. Essa, a meu ver, é uma das causas da desumanização que se alastrou no mundo contemporâneo, que acolhe, e até certo ponto incentiva, relações tediosas e estilos de convivência a dois robotizados, referenciados por valores sociais padronizados, mais manipuláveis sem grandes questionamentos.

E.L.James já declarou estar surpresa com o fenômeno de revolução social  decorrente de sua obra, e com o sucesso literário mundial que se tornou em tão curto tempo. Acredito que muitos autores ao se tornarem figuras públicas não fazem ideia do furacão que os envolvem, e da dificuldade de continuarem donos de seu espaço físico e preservarem sua privacidade pessoal.

A necessidade do reequilíbrio interno, ante o ofuscar midiático, ocorre principalmente entre os que, vaidosos, se encantam com o fato de serem notados e reconhecidos, esquecendo que a saída da postura narcisista que os envolve, está atrelada a formação do tripé: ser notado, ser reconhecido e "ser acolhido". A busca do acolhimento pressupõe a preocupação pela forma de ser recebido pelo outro, como fonte de prazer também. É a inclusão do outro na relação. Consiste na abertura para um "cuidar do outro além de si mesmo",  posição indispensável para "sentir amor".

Comecei a ler o primeiro livro de James, "Cinquenta Tons de Cinza". sem aceitar me enquadrar no leitor que a mídia maldosa buscava agregar. Queria acompanhar a "dança das ideias" da autora. Sua postura audaciosa e corajosa já tinham me atraído a ler o ousado conteúdo de sua trama.

A imagem da capa do livro, a qualidade de sua textura, a delicadeza da graduação da cor me cativaram. Gostei do estilo da autora, detalhista, me permitindo acompanhar minhas reações (corporais e psíquicas) ante o passo a passo em que colocava suas ideias. Suas frases curtas se tornaram um convite a "quero mais". Por diversas vezes, minhas mãos se movimentaram para sentir a textura da capa do livro enquanto lia seu conteúdo, imaginando a graduação da energia do tesão que provocava. Curti isso! James estava prendendo minha atenção. Em comunhão com suas ideias, eu vasculhava minhas sensações. Gosto do que a leitura me fazia sentir. Uau!

Foi chamando minha atenção a luta dos protagonistas pela construção da dimensão da cumplicidade, mediante os acordos consensuais, recíprocos no realizar suas fantasias, e na busca constante e gradativa de um querer agradar ao outro. Esta perspectiva foi me cativando. O pano de fundo para mim foi se destacando brilhando ante a percepção da eclosão do amor, visível pela postura questionante de ambos "se seriam dignos um do outro", da admiração mútua que contaminava a interação, da sintonia no sentir e fantasiar. Sem esses pilares surgem pseudos amores, monótonas e tediosas relações afetivas de sobreviventes em seu viver a dois.

Não é fácil o encontro para o "amor". A autora relata os passos para a difícil construção da convivência amorosa.  Quero crer que o feedback positivo, ante a grande vendagem de seus livros, deveria ser motivo de grande reflexão sob esse prisma, mais do que sobre o foco em uma pornografia sem maldade, que se torna possível a todos a partir de agora. Atentem ao compromisso mútuo, acordo "consensual" estabelecido com plena consciência entre eles, visando a busca dos limites de seus prazeres através do "aberto jogo de controle e de entrega ao outro", voltados ao prazer corporal do outro e à obtenção da própria satisfação.

A "pornografia sem maldade", como passou a ser chamada, a meu ver, aparece nesse momento como contraponto ao sexo virtual, fenômeno que destaca a importância de nossas fantasias, para o alcance do prazer sexual através do contato com o próprio corpo, ou seja, através do auto-toque. Sendo assim, quanto mais apurado o conhecimento - a autopercepção corporal - sobre as áreas que levam a maior gratificação sensorial, mais gratificante será a expectativa e o envolvimento de nossa imaginação em cima de possíveis variações prazerosas.  

Atualmente, existem até sites, tipo chats de bate papo, em que cada participante escolhe um avatar para representá-lo (?) em relações sexuais, evitando exposição por demais concretas através de câmeras. No mundo dos anônimos internatizados, nada precisa necessariamente ser internalizado. O encontro sexual ocorre através da projeção de nossas sensações nessas  figuras robotizadas, possível via para futuras distorções viciantes, até entregas futuras patológicas. Convém sempre estarmos conscientes de que nosso psiquismo é intrigante em seu labirinto de ações, que fogem ao nosso domínio, quando menos esperamos que tal ocorra.

Acredito, pelo que pude apreender e analisar até agora, que a autora esteja abrindo uma comunicação mais humana entre as pessoas. Interpreto a mensagem das entrelinhas como : ' Para sentir o amor em sua serenidade madura é preciso que desenvolvamos as habilidades da "arte de amar" ; para sentir o prazer, da proximidade e do contato com outro ser humano, em sua plenitude, é necessário que conquistemos a aprendizagem da "arte da entrega".'

Para tal, torna-se mister o enfrentamento de vários medos já delineados, para poder suportar a "fantasia de vulnerabilidade psíquica" por sentir a própria individualidade sendo perdida ante a grande dependência ao outro, que o fenômeno amoroso e a entrega ao amado trazem consigo. Penso ser por aí o tônus do segundo volume da trilogia.

Agora é ler e conferir! Acabei de ler "Cinquenta Tons de Cinza" e já me encaminho para a leitura de "Cinquenta Tons Mais Escuros", com tesão ( por que não? )  e curiosidade ( por que não? ) .
Como pontuei anteriormente. acompanho a autora na "dança de suas ideias" e meu corpo segue  sua "linguagem do tesão" ou da "deusa interior", como a mesma o denomina.

Ops... E.L.James até permite que a protagonista estabeleça breves diálogos com essa "deusa", após maior conhecimento e receptividade auto-perceptiva em relação a sua excitação. O tesão possui suas graduações ao se manifestar e sua proximidade, que pode ser detectada pelas alterações nas sensações corporais é fonte de desequilíbrio e ansiedade. No entanto, pode se tornar cada vez mais aconchegante e prazeroso, pela familiaridade com suas formas de expressão. Nesse sentido, é necessário grande amadurecimento emocional baseado na "confiabilidade em si e no parceiro", e na "fidelidade amorosa à relação casal", para  que o tipo de entrega, que vai se estabelecendo no decorrer da trama, ocorra.

Bem, lá vamos nós para os "tons mais escuros"! Acredito que abordem esses medos e obstáculos, pontuando algumas saídas para o casal e para a manutenção menos angustiante do "amor" entre eles. O acolher  a liberdade dos "modos de ser individuais" na relação livre de um "existir cotidiano a dois", a meu ver, deverá ser a temática delineada no terceiro volume "cinquenta tons de liberdade".

 Não é que já estou até direcionando o romance? É hora de me voltar para minha deusa interior e dizer "gentilmente" que se contenha... e continue a "acolher a excitação da espera de futuro reencontro" com as ideias de E.L.James.

Aurora Gite
De volta, após longa ausência...


domingo, 22 de julho de 2012

"O que fazer com minha neta?"

Fazia tempo que não tinha notícias dessa paciente. Sem dúvida, o fato de tê-la acompanhado por um bom tempo, ter contribuído para sua busca de autoconhecimento, ter presenciado seu grande esforço em seu processo de individuação e busca de um aprimoramento evolutivo constante, lhe abriu um espaço perene em minha memória. Seria difícil não me recordar dela. Como foi difícil não me envolver como ser humano em sua busca de resposta para a questão "De onde o homem extrai sua dignidade?", segundo ela fonte da autovalorização e auto-estima do homem.

Lá estava ela na minha frente com o problema trazido por sua filha: "Não sei o que fazer com minha filha. Você precisa falar com ela!".

Agora procuro usar as palavras da própria paciente:
"Minha filha falava de minha neta, uma adolescente de 17 anos. Perdeu o pai de câncer aos 4 anos de idade. Perdeu sua idealização de proteção com o irmão, quando com sua idade atual, ele escolheu quebrar tradições  e ser feliz ante opção sexual, que ela ainda não aceitava, e com isso ambos se excluíram de uma convivência fraternal. Não quero trazer nessa sessão a relação dela com a mãe, ambas precisam vivenciar o papel de filha, ambas estão presas ainda a essa teia de dependência e falta de dignidade que as impede de se construir como pessoas. Acho que é daí que vem a dificuldade de lidarem com os problemas atuais.Mas não quero ir por aí não!

Muitas vezes me perguntei "Por que minha neta teve que passar tanta coisa com tão pouca idade?"
Parei quando percebi que estava misturando minha vida com a dela; os argumentos dentro de minha cabeça com os que íam dentro da cabeça dela - tão distantes da minha linha de raciocínio; os desejos, que só podiam pertencer a mim, sendo projetados nela; a motivação pessoal e busca de concretizar sonhos - desenhados por mim - graças a minha imaginação, estendidas quase que simbioticamente a imaginação dela.

Dezessete anos... se considerando um "nada", confronto direto com uma das mais sofridas angústias existenciais... não desejando nada, na evitação com quem se é realmente, com a própria alma, fonte dos sonhos, das alegrias, do ser em sua singularidade e autenticidade. Parece que está prestes ao "encontro marcado com ela mesma", inevitável a todo ser humano, dentro do sofrimento da solidão. Tudo encaminha para ela se ver como é no espelho da vida, só... e nessa solidão encontrar seu real potencial a ser desenvolvido em seu viver no mundo. Coisa que só ela pode fazer, ninguém mais pode ajudá-la em sua missão de "viver sua vida" dentro da angústia de um livre arbítrio, pois são muitas possibilidades para que haja a responsabilidade sobre a decisão mais acertada. É conviver com o saber que se não der certo, pode-se tomar outros caminhos, sempre à nossa disposição, se quisermos enxergar outras alternativas de vida.

Reconheço que é difícil, ante o crescimento, os pais soltarem os filhos, para o aprendizado com a vida; mais difícil ainda são os filhos soltarem os pais. Ainda mais quando os pais jogam sobre eles as expectativas frustradas para se realizarem através deles. O sofrimento de ter que se enquadrar na moldura social imposta pelos pais, ou ser quem se é realmente e conviver com a rejeição deles, entendida como falta de amor e aceitação pela pessoa que se é, não é fácil de ser enfrentado.

Minha vontade é gritar que os pais não são responsáveis pelos filhos, que proclamam independência em alguns aspectos, mas querem continuar a ser dependentes em outros. Quando os pais reconhecem que os filhos têm condições de serem criados pela vida, sua função não é mais de controle diretivo e exigências castradoras. É passar a tutela para a vida.

A tutela da vida é vitalícia. É confiar na capacidade dos filhos se tornarem responsáveis pelos acertos e erros de decisões tomadas por eles. É acreditar que se tornem hábeis para lidar com frustrações ante desejos não realizados e tolerantes o suficiente para postergar sua satisfação, buscando substituir suas fontes de prazer. É entregá-los e soltá-los para a vida. Isso implica que se a vida decidir que, para aprender, vão ter que cair, se ajoelhar, se machucar... os pais não vão impedir, aliás não vão poder evitar. E se tentar vão se "ralar", por si mesmo.

Pais e filhos, no momento certo, depositando essas funções, que deverão ser  entregues à tutela da vida. Não podem ser responsáveis pelo "viver" do outro. Minha filha e minha neta estão com as próprias vidas parada nesse turbilhão, onde uma tenta viver e comandar a vida da outra. Nessa eterna disputa, o tempo passa como um trem segue rumo às próximas estações... entrou, entrou... perdeu a hora, perdeu a oportunidade que a vida oferece... e o preço de futuras passagens é alto, talvez não tenham cacife depois para embarcar rumo ao lugar que gostariam. Ninguém consegue pular de um patamar a outro sem cair nos trilhos e ter que conviver com as consequências de tal queda, sejam quais forem.

O que fazer com dezessete anos vividos? É confiar nos valores que foram passados. É torcer para que tenha forças de sair do "nada", areia movediça na qual está mergulhando. Não quer mais estudar... nada mais a fazer, para que continuar pagando se recusar a ir a escola, se está descontente com a forma de ensino... Não quer trabalhar... desejo da filha ou receio da mãe? Quer ficar enfurnada no quarto...vai fazer o quê, além de se apoiar em diagnóstico médico sobre depressão primária ou secundária. Não quer ir ao médico para essa avaliação? Ah, nessa consulta vai! Como? Zere qualquer ajuda financeira! Liberdade ou livre arbítrio também tem seu limite, quando esbarra em prejuízo ao outro, ou a própria vida física.

Eu me sinto triste por não poder fazer nada concreto. Não tenho como ajudar sem cair nas malhas da relação dual delas, tão conflitiva há tantos anos. Não quero nem proximidade com o problema das duas. Sinto que nesse envolvimento posso me machucar, pelo vínculo afetivo que me prende às duas.

Agora sou eu comigo mesma... não na função mãe, não na função avó, não na função humana de ter empatia, ter simpatia, ou dever de cuidar de deficientes físicos ou mentais... mas como ser humano que tem por obrigação se autoproteger, se disciplinar para ter coragem e correr o risco da audácia de se dizer: "Basta! Não é com você. Não é sua vida!" . E ousar soltar, sem culpa, o que não é meu!

Antes de sair deixou no ar a questão: "Continuo lutando pela minha dignidade como ser humano. Se me envolvesse perco meu autorrespeito, pois invado duas vidas que têm que viver por si, encontrar dentro de si mesmo seus talentos, seus dons, seu sentido na vida e buscar desenvolvê-los por si mesmo, encontrando seu espaço para viver dentro do que a vida tá direcionando e ainda não perceberam, não estabeleceram relações com o que lhes ocorre. O mais difícil é ler, interpretar e compreender os fatos que nos cercam, principalmente aqueles dos quais não podemos fugir ou evitar, e que não são tão por acaso assim."

Aurora Gite

P.S. : Indico, para leitura e muitas... muitas reflexões, o livro "A revolução do amor: por uma espiritualidade laica", do filósofo francês Luc Ferry (Rio de Janeiro: Objetiva, 2012)

domingo, 24 de junho de 2012

Cruzando dados...

Ainda fico fascinada com a forma mágica de obtenção de dados nesse milênio. É digitar uma palavra-chave, clicar e logo aparecem na tela vários links, para serem selecionados conforme o interesse do pesquisador. Agora como mobilizar esse interesse, incentivar a curiosidade e o processo autodidata na obtenção de novos conhecimentos é outra questão, a ser tratada em outra postagem.


Ao abrir o leque de fontes que me motivou continuar na mesma trilha, não posso deixar de citar:
*  livros como "A Memória das Células" (sobre transplantes e inteligência celular); 
* dos vários trabalhos da Neurociência cito relato da cientista Jill BolteTaylor após ter tido um AVC, acompanhado todos os movimentos de sua mente e sua aprendizagem sobre como a mente tem poder de trazer uma nova vida (livro: "A cientista que curou seu próprio cérebro"-2008 e palestra disponível em vídeo no Youtube)
* séries de vídeos disponíveis no Youtube, apresentadas por Morgan Freeman sob os títulos de "De qué estamos hechos", e outras como "O que ainda não sabemos", "Lugares Aún Inexplorados"...
* livros como "O Ser Quântico: uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física" (Danah Zohar, 2008) , "A Cura Quântica: o poder da mente e da consciência na busca da saúde integral" (Dr.Deepak Chopra, copyright 1989). Destaco palestras de Chopra também disponíveis em vídeo pelo Youtube
* "Física Quântica e Espiritualidade", curso ministrado pelo físico Laércio B. Fonseca, aulas em vídeos no Youtube
* Vídeos do espiritualista Luiz Gasparetto sobre sua técnica de atendimento a nível metafísico, e os que revelam sua capacidade de pintura de quadros, cópias de pintores famosos, em transe mediúnico com olhos fechados, com uma ou duas mãos sincronizadas, com os pés, tarefa desempenhada em alguns minutos apenas ... Observem bem e tentem entender o mecanismo psíquico envolvido com os recursos teóricos das teorias psíquicas desenvolvidas até agora!
* Poderia me alongar com novas descobertas científicas e experiências seguindo essa linha, mas acredito que os interessados encontram vasto material para ampliar seus conhecimentos e atualizações no próprio Youtube, dentre os vídeos oferecidos ...
* Enfatizo agora o trabalho realizado por apometristas


Meu contato com a Apometria foi recente.
(do grego, "apo" significa "além de", "fora de"; "metron" é relativo a "medida")


Querem ver como surgiu? Tive curiosidade de saber e passo para vocês.
Como colocado no post anterior, não se constitui em uma ciência, filosofia, doutrina, religião. Adota leis da Física Quântica em suas técnicas. Em seus procedimentos vai "além da" Doutrina Espírita, embora embasada no Amor e vibrações amorosas como potencializadoras energéticas do ser humano; vai "além da" Medicina Clássica unindo matéria física e mental com elementos energéticos cósmicos.


Obs: "Apometria Quântica: nova proposta de terapia energética". Pela internet podem encontrar a descrição da técnica de apometria e eteriatria quântica, no blog projetoamanhecer da apometrista Carina Greco (www.projetoamanhecer.blogspot.com.br) 


Apometria se constitui "em um conjunto de técnicas e procedimentos psíquicos ... desenvolvido, fundamentado cientificamente e instrumentado operacionalmente pelo médico espírita Dr. José Lacerda de Azevedo, a partir da década de 60.


Segundo relatado em seu livro "Espírito/Matéria: novos horizontes para a Medicina", em 1965, Dr. José Lacerda de Azevedo assistiu à palestra - realizada no Hospital Espírita de Porto Alegre - proferida por um farmacêutico bioquímico portoriquenho, residente no Rio de Janeiro, que se dizia espiritualista e estudioso do psiquismo humano: Luiz Rodrigues.


Rodrigues relata ter observado em enfermos desarmonias no "corpo astral" (energético) e descreve seu uso da técnica da "hipnometria", que levando a transes hipnométricos, alterava quadros sintomáticos desses enfermos. A técnica da hipnometria consistia na "aplicação de pulsos magnéticos concentrados e progressivos (por contagem e estalos de dedos) no corpo astral do paciente, ao mesmo tempo que, por sugestão, comandava o seu afastamento - desdobramento entre o corpo físico e os corpos espirituais do ser humano".


Obs: Como participei de grupos de estudo sobre o mecanismo psíquico durante o estado hipnótico, logo me vi atraída pela nova técnica. Ops! Também fiquei como observadora no curso de Acupuntura, ministrado por profissionais acupunturistas no HCFMUSP e constatei como, em uma só sessão de aplicação das agulhas, pacientes que chegavam com grave quadro de dor, saíam aliviados. Dr. Lacerda cita a circulação da energia pelas mesmas vias dos "nadis" ou "meridianos" da Acupuntura. Essa afirmação me é importante para o melhor entendimento de minhas vivências. Então, adivinhem se não vou atrás de mais dados a respeito!


A técnica de Rodrigues foi "aprimorada por Dr. José Lacerda, que a testou em sua esposa Yolanda, médium de grande sensibilidade". Assim a "célula-mãe da Apometria foi a entidade espírita assistencial Casa do Jardim, fundada pelo casal. A contrapartida no astral é o Hospital Amor e Caridade", visto que a Apometria utiliza-se da faculdade mediúnica (intuições direcionais) para entrar em contato com o mundo espiritual de onde vem auxílio e cobertura aos trabalhos assistenciais".


Vamos seguir no psíquico o que ocorre?
Segundo Carina Greco:
* "comandos mentais" direcionam a nossa energia psíquica
* "pulsos magnéticos" permitem que a energia (pensamento) se aglutine
* "ativação de mandalas ou símbolos" atuam como arquétipos codificadores de nossa energia
* "projeção" significa irradiação da energia
* "sintonização mental" permite a criação de campos de forças e potencialização de energias capazes de levar de levar equilíbrio e harmonia aos enfermos.


Aqui já tem bastante material para, quem se interessar, tomar conhecimento sobre a nova constituição do ser humano, cuja compreensão desponta nesse milênio.


Aurora Gite






sábado, 23 de junho de 2012

Mais difícil do que analisar é testemunhar!

Como profissional da área de saúde mental, sempre busquei preservar minha individualidade pessoal dentro de minha profissão, e evitei me enquadrar em sistemas teóricos fechados, bem como encapsular meu paciente dentro dos moldes patológicos propostos pelos mesmos. 


Essa postura me permitiu a liberdade de transitar com serenidade por diversas linhas teóricas, tendo como foco o paciente e sua demanda subjetiva. Teve como ônus (se posso considerá-lo assim) o afastamento e crítica de profissionais afins, defensores arraigados de teorias estáticas no tempo. Esses investiam contra qualquer atitude eclética no trato com um paciente e uma leitura sintomática de acordo com o caminho escolhido por ele para manifestar-se como sujeito, ou seja, sua doença física, mental... Hoje,com segurança, acrescento ... espiritual. 


Meu objetivo, nessa postagem, não é me enveredar por aí. A tarefa a que me propus não é fácil. É mais fácil analisar um fenômeno psíquico que ocorre com o outro, do que testemunhar uma vivência pessoal. Ainda mais quando diz respeito a uma experiência que nos faz repensar paradigmas do mundo psíquico, e com isso nos obriga a refletir sobre formas de terapias e tratamentos que envolvem a restauração, equilíbrio e harmonia das forças existentes nesse nosso universo interior.


Parto de algumas premissas como a existência outros sistemas psíquicos além dos pontuados por Freud e que demandam outra terminologia e nova perspectiva para sua compreensão. 


Há alguns  anos defendo que, assim como nosso sistema respiratório ou mesmo circulatório, também nosso sistema psíquico apresenta duas vias de passagem e concentração de energia psíquica. Acompanhando a dinâmica psíquica de meus pacientes, e a minha própria, observava um processo que partia da luta pela individuação proposta por Jung, iniciando-se aí um novo movimento interno. Acredito que no uso de sua grande intuição e sensibilidade, Jung se aproximou na tentativa de descrevê-lo. Mais ainda, relendo alguns de seus livros ( vide suas "Memórias"), penso que o tenha vivenciado, sem que houvesse na sociedade de então, ouvidos capazes de escutar compreensivamente suas idéias sem adotar postura de defesa de teorias , que na época estavam encouraçadas, consolidadas e comprovadas na prática terapêutica.


O encontro com a subjetividade e o alcance de uma serenidade, conquista percebida como luta a ser travada a cada minuto de vida, através de um adequado e firme gerenciamento dos impulsos psíquicos ( aqui incluo o jogo de pulsões inconscientes) passou a demandar fortalecimento de uma "psiquê" , de uma constituição psíquica humana mais integral. 


Ao ocorrer o acoplamento do "ser existencial" - harmonizado (sem desgaste energético em seu mundo psíquico) no trilhar o cotidiano de seu existir - com o "ser em essência", inicia-se novo processo psíquico. Metas internas buscam o alcance de novos valores internos, mais espiritualizados na evolução de um ser humano, rumo a conquista da própria dignidade. Além da conquista inicial de seu espaço como sujeito e depois inserção como cidadão perante a sociedade, surge a demanda pela ocupação de outro espaço no mundo interno como parte integrante de uma humanidade muito maior, envolvendo a energia intelectiva do próprio  universo cósmico. Esse dado, cada vez mais compreensível, ainda amedronta e é fonte de descrédito para muitos. Penso, no entanto, que tudo é questão de tempo para serem questionadas e constatadas em sua veracidade. A aceleração tecnológica está atropelando o mundo das idéias. Isso impede reflexões mais aprofundadas sobre novas descobertas que demonstram novos paradigmas sobre a constituição psíquica do ser humano. Novas teorias vão sendo apresentadas, sem o tempo adequado para assimilação das recém-propostas. Agora é questão de tempo...


Outro dado comprovado por minha vivência (por volta de 1979-1980) não me deixou dúvida quanto a existência de um biomagnetismo no espaço psíquico humano, e de diferentes níveis de consciência, bem "além de" nosso raciocínio com idéias concretas sobre a matéria visível através das reações comportamentais observados. Havia um fenômeno psíquico de imantação, processo de transformação da energia psíquica, pouco conhecido por muitos estudiosos e terapeutas. Como toda experiência psíquica, que se afaste do que se enquadre como "normalidade", o medo do estigma da loucura sempre se faz presente, ao tentar expô-la. E Nietzsche com sua proposta de um "Super Homem, Demasiado Humano" não nos deixa mentir! Tudo é questão de paciência e de buscarmos nos alicerçar na história das sociedades em suas culturas ou transformações que, no processo evolutivo propiciam compreensões outras, que revolucionam pela quebra de paradigmas radicais vigentes até então.


Dados descobertos pela Física Quântica, me possibilitaram o encontro de conceitos que me facultaram a descrição do fenômeno por mim vivenciado, o que me motivou a lançar a hipótese de que a Psicologia como ciência pertence ao campo da Física, assim como a Química está atrelada à disciplina médica. Não vou me ater aqui a desenvolver esses aspectos do mundo subatômico. Só pontuo minha outra hipótese, que mobiliza minhas pesquisas atuais, de que as forças do inconsciente freudiano são expressões desse mundo das sub-partículas.  Novas observações da matéria vísivel (partículas moleculares) através dos aceleradores de alta frequência vibratória remetem a constatação da matéria invisível (propagada por ondulações vibratórias) . Abrem-se as possibilidades de outras leituras e interpretações dos fenômenos psíquicos, até agora relegados ao campo da parapsicologia e da metafísica, e muito desacreditados. Um novo raciocínio abstrato se faz mister, bem como pesquisas sobre a faculdade de intuir, que nos faz retirar Kant e sua Razão Prática da prateleira. A necessidade de uma fé intuitiva para reforçar a esperança da eclosão de créditos a probabilidade do ser humano conseguir potencializar suas forças criativas e alcançar uma intercessão com novas fontes de energias psíquicas a nível espiritual e cósmico.


Aí me deparo surpresa com a "Apometria", dentro de um campo que transito mais fácil, em virtude de minha vivência e postura interna, mas trilho muito vagarosamente e ainda muito amedrontada pelo contato com energias psíquicas e forças não tão conhecidas. "Não se constitui em uma ciência, filosofia, doutrina, ou religião". Adota "leis da Física Quântica ao lidar com energias sutis subatômicas em suas técnicas e procedimentos". Permite se intitular como "Medicina Integral do Futuro", pois "vai além da Medicina Clássica", unindo matéria mental a elementos cósmicos, em sua prática terapêutica. Como "Medicina do Espírito", está voltada ao mundo espiritual, de onde virão as "intuições direcionais" para os trabalhos de estudo e socorro de enfermos. Vai "além da Doutrina Espírita de Kardec", embora leve em consideração o pensamento e codificação do mesmo, embasado no Amor, na energia radiante que o fenômeno amoroso faz vibrar e propagar até a longa distância, quebrando as barreiras de tempo e espaço, e o paradigma conceitual dos mesmos até agora.


Pela extensão do texto, interrompo-o aqui,  dando continuidade na próxima postagem. 


Deixo algumas indicações para quem se interessar:


* Visita ao site do Projeto Amanhecer
e ao blog com o mesmo nome da apometrista e coordenadora de Apometria na UFSC, Carina Greco.


* Livro: "Espírito/Matéria - novos horizontes para a Medicina"
autor: médico Dr.José Lacerda de Azevedo
9ª  ed. rev. atual - Porto Alegre: Nova Prova, 2007




Aurora Gite


P.S. : Faço constar minha decepção por ser essa minha "segunda tentativa de postagem", visto a primeira ter sido violada com exclusão do site acima citado. Gostaria que me fosse facultada minha livre expressão de fazer constar "sites científicos de trabalhos sérios desenvolvidos em contexto aberto" e não sob sigilo, em universidades.



















sábado, 21 de abril de 2012

Minuta de Projeto de Saúde Mental ( 4ª e última parte ): faça uso dele com meu consentimento

( continuação da postagem anterior)


Área de Ensino


  • Aulas, ministradas por um ou mais profissionais
  • A programação temática deve privilegiar o interesse da instituição buscando seu diferencial para inserção ou permanência no mercado, sua excelência de qualidade
  • Criação de um banco de dados sobre temáticas já apresentadas
  • Criação de um arquivo com sinopses de aulas dadas, evitando repetição de conteúdo no mesmo bloco de aulas programadas
  • Seminários: ministrados pela equipe com seus representantes sendo um mesmo tema abordado sob a leitura das diferentes áreas. Apresentação estilo painel temático.
  • Mesa redonda com especialistas convidados. Dissipação de dúvidas e debates.
  • Apresentação de outros recursos, como filmes sobre a temáticas das aulas programadas. Reflexão sobre o conteúdo dos mesmos. Apresentação de sugestões sobre os problemas abordados sempre antes do encerramento dos programas, visando maior engajamento e valorização funcional do recurso utilizado.

Sugestões temáticas
(adaptáveis também às demandas específicas dos grupos)

  • "Ausência de um funcionário: riscos reais, legais e fantasiosos"
  • "O estresse na situação de trabalho e seu enfrentamento"
  • "Maior produtividade do funcionário: respeito a uma hierarquia de funções versus submetimento a uma autoridade"
  • "Adaptação do homem ao trabalho. Questão da satisfação e motivação, preguiça e produção, concorrência desleal e competição leal, rivalidade e inveja e respectivos antídotos"
  • "Organização burocrática trabalhista versus controle, medo e insegurança. Suas interferências na qualidade de vida institucional"
  • "Aposentadoria do trabalho versus aposentadoria da vida"

Área de Pesquisa


Dentro do campo epidemiológico, investigar na população de funcionários e levantar respectivas planilhas, para melhor visualização e leitura de suas implicações :
  • A prevalência quanto:
- a sexo, idade, estado civil, escolaridade, religião
- ao local de trabalho e função
- a carga horária e turno de trabalho
  • A incidência e recidiva das patologias
  • O grau de coerência entre as queixas e os diagnósticos
  • A prevalência dos tipos de tratamentos e encaminhamentos
  • Os tipos de licença médica e os diversos setores em que ocorrem afastamentos por saúde

Outros aspectos a serem investigados, inclusive através de questionários, que possibilitem categorizar as respostas e levantar gráficos pertinentes:

  • O significado da saúde, doença, qualidade de vida e trabalho para o funcionário.
  • A compreensão do funcionário sobre o que envolve a função assumida, estabelecendo uma comparação com o perfil profissiográfico exigido pela instituição.
  • As expectativas pessoais dos funcionários pareadas as expectativas das chefias e as condições reais de trabalho. Investigação das incongruências entre as idealizações. Possibilidade de elaborar programas de recompensas mais estimulantes ao funcionário.
  • As percepções dos funcionários sobre aspectos gerais de interesse da instituição e do pesquisador que poderiam alterar disfunções organizacionais e distorções informativas, visando melhorias para a instituição, para os pacientes (clientes externos) e para os funcionários (clientes internos) como "pessoas" exercendo determinadas funções ou cargos.

Espero ter alcançado minha intenção.
Agora é com cada um de vocês.
Apreciaria seu "feedback".

Aurora Gite

Minuta de Projeto de Saúde Mental ( 3ª parte ): faça uso dele com meu consentimento

( continuação de postagem anterior)

Área de Assistência


Objetivos gerais

Capacitar o funcionário a melhor utilizar seu potencial e expressá-lo, ao desempenhar suas funções, de forma mais satisfatória.


Objetivos específicos

1. Instrumentar o funcionário, para que possa obter:
  • Melhor auto-conhecimento
  • Maior contenção de impulsos
  • Melhor tolerância a frustrações
  • Maior operacionalidade de suas funções mentais
  • Maior eficácia na criação de estratégias psíquicas defensivas
  • Elaboração de conflitos bloqueadores de desempenho mais adequado
  • Maior eficiência na busca de soluções a problemas diagnosticados
  • Maior eficácia comunicativa
  • Melhoria da auto-estima
  • Maior motivação a um auto-cuidado
  • Maior auto-valorização e melhor relação com o trabalho
  • Maior auto-afirmação
  • Maior responsabilidade e adesão na construção de sua história de vida profissional
  • Maior equilíbrio entre uma ética interna de valores pessoais com a ética social, voltada a moral, aos costumes e às regras de convivência.
2. Buscar maior engajamento do funcionário com o trabalho, focando os seguintes aspectos:
  • O tipo de relação estabelecida com o trabalho: fonte de prazer ou de sofrimento
  • O motivo da opção profissional e a liberdade de escolha em trabalhar em um instituição hospitalar
  • A filosofia da instituição e do trabalho em si como expressão de produção
  • O processo de construção de uma identidade profissional
  • A importância da discriminação entre contrato formal e contrato emocional
  • A qualidade do envolvimento do funcionário com a função exercida
  • Os limites impostos pelo cargo ocupado
  • Melhor integração do funcionário em seu ambiente de trabalho
  • A percepção das descompensações físicas e psíquicas (do estresse emocional à "Síndrome de Burnout", cronificação do estresse ocupacional)
  • A aprendizagem de estratégias de enfrentamento mais adaptativas. A forma pessoal no manejo das relações de trabalho e sistemas hierárquicos
  • Maior participação e entrosamento ante melhor aceitação e respeito às diferenças individuais e grupais
  • O desenvolvimento do espírito de "equipe funcional", que envolve o compartilhar de um bem comum ao grupo
  • A interação sistêmica em equipes interdisciplinares, independentemente do padrão escalonar a que pertença.
Tipos de atendimentos
  • Individual (apoio ante crise emocional e encaminhamento)
  • Grupal ( grupo fixo ou rotativo)
  • Grupos de reflexão
  • Grupos de suporte ( orientação, readaptação ou treinamento)
  • Grupos de encontro (terapêuticos, psicoterapia breve)
Procedimentos efetuados
  • Avaliação situacional preliminar
  • Pronto atendimento
  • Psicodiagnóstico
  • Psicoterapia breve (individual ou grupal)
  • Interconsultas
  • Encaminhamentos
Outros:
  • Programas preventivos: informativos e educativos

  • Elaboração de "folders", juntamento com as chefias, do perfil profissiográfico relativo a funções específicas a cada sessão, que poderia ser usado como instrumento para alinhar o perfil do trabalhador aos requisitos exigidos pelo cargo ocupado.

  • Elaboração, em equipe, de "cartilhas sobre patologias e cuidados preventivos" a nível do trabalho inclusive (patrocinada por laboratórios).

  • Programas de Treinamento - Dinâmicas , a serem construídos após o levantamento dos limites funcionais e das regras a serem seguidas.

  • Programas de Reabilitação, visando minorizar estresse de readaptações funcionais.

  • Reuniões periódicas para discussões de casos com a equipe e chefias.


Término da terceira parte.
Área de Ensino e Área de Pesquisa constam da quarta e última parte da minuta do meu Projeto de Saúde Mental.

Aurora Gite


Minuta de Projeto de Saúde Mental ( 2ª parte ): faça uso dele com meu consentimento

( continuação do blog anterior)

A "Psicopatologia do Trabalho" é uma disciplina que teve um caminhar lento, tendo permanecido, segundo Dejours (1992), "em estado embrionário, apesar de alguns trabalhos importantes nos anos 50". seu objeto de estudo recai mais sobre as pressões que o trabalho exerce sobre o indivíduo, suas reações as mesmas e as devidas repercussões sobre seu bem estar como trabalhador, do que sobre doenças mentais descompensadoras, que interfiram negativamente nos desempenhos e produtividade. De acordo com este autor, "a insatisfação no trabalho, embora implicitamente designada em numerosos trabalhos foi, na verdade, bem pouco estudada. Se nos referirmos aos trabalhos sobre esse assunto constatamos que a maioria dos autores interessa-se mais pela questão da satisfação da motivação do que pela da insatisfação".

Estudos e pesquisas, atualmente, visam investigar as defasagens nas relações entre organização do trabalho e sofrimento psíquico. Nesse sentido, uma investigação sobre essa modalidade recairia, primeiramente, sobre a divisão do trabalho em si (divisão de tarefas, ritmos impostos, modos operatórios prescritos) e sobre a divisão de homens para garantir as tarefas (hierarquias, repartições de responsabilidades, sistemas de controle). Em um segundo momento, envolveria uma série de estudos sobre as soluções encontradas pelo funcionário para enfrentar o sofrimento psíquico, e as estratégias defensivas utilizadas para se proteger.

Cabe ao psicólogo, através de suas avaliações diagnósticas, de seu planejamento e escolha de técnicas e estratégias específicas de acordo com a demanda observada, realizar intervenções a nível assistencial efetivo ou preventivo, buscando minorizar o sofrimento psíquico, que entrava o bom fluxo organizacional produtivo, seja individual, grupal ou institucional.

Acompanhando a nova filosofia do Hospital ... da Faculdade ... da Universidade de ... e seu Projeto de Humanização, serão desenvolvidas, no presente projeto, atuações voltadas para as áreas de assistência psicológica, ensino e pesquisa.


Encerro a segunda parte.
A terceira estará na próxima postagem.

Aurora Gite

Minuta de Projeto de Saúde Mental ( 1ª parte ): faça uso dele com meu consentimento

Eis a minuta de projeto de saúde mental encaminhado para apreciação de um Diretoria Executiva de uma Instituição Hospitalar, mas que pode ser adaptado a outras organizações. Você pode fazer uso dela, com meu consentimento. Só não esqueça de "inovar em cima das idéias lidas". Crie sempre o "seu diferencial", para sentir orgulho de si mesmo como profissional.

Vou dividir "aqui" em partes sequenciais, para permitir uma leitura mais leve e breve, como demanda um blog, ok?


Projeto de Saúde Mental ( 1ª parte )


"O trabalho é uma dimensão da vida do homem, podendo se constituir em fonte de prazer ou de sofrimento, de acordo com o significado que ele lhe atribui e do uso que faz do mesmo.

A forma como o trabalho é assimilado e incorporado na vida do indivíduo depende muito das características de personalidade de cada um e do seu valor épico e familiar.

Mesmo com uma identidade individual bem estruturada - com a formação de uma organização mental adequada à administração de suas funções psíquicas, contenção dos impulsos e emoções e controle sobre suas ações - é indispensável para o homem expressar satisfatoriamente seu potencial e investir com êxito em seu crescimento e aprimoramento pessoal.

O fortalecimento das atividades psíquicas decorre da boa qualidade das primeiras relações e vivências emocionais, que possibilitaram o início das operações mentais, que constituem o psiquismo. São cruciais para o desenvolvimento da independência e autonomia, da livre expressão da espontaneidade e da criatividade, da percepção de limites e senso crítico, da continência aos próprios desejos e perseverança em alcançar as metas, da aquisição de tolerância e flexibilidade. Todos esses aspectos são indicadores importantes do alcance da maturidade emocional.

O enfraquecimento dos aspectos acima citados tende a dificultar o equilíbrio dialético, de trocas, entre a rede de relações que permeia o mundo do trabalho, contribuindo para a queda motivacional e para um desempenho insatisfatório.

O trabalho, entendido como "ato de produção" do ser humano, independente da tarefa realizada, tem importância fundamental no planejamento da organização do trabalho e em programas de prevenção e intervenção ao estresse do funcionário, particularmente naqueles focados em seu bem-estar institucional e na melhoria de sua qualidade de vida como trabalhador.

O "conceito de qualidade de vida" engloba não somente aspectos objetivos e concretos, portanto, observáveis e mensuráveis, ligados ao ambiente físico do trabalho e condições de risco, mas aspectos subjetivos sobrecarregados de experiências passadas e expectativas futuras, entremeados pelas percepções das faltas e desejos, convivências e carências, vivências imaginárias e fantasiosas, esperanças e idealizações. Sendo assim, o essencial da significação e valorização do trabalho, e respectiva função, é subjetivo, e só pode ser revelado por técnicas psicológicas particulares.

Segundo Pereira (2002): "Mais recentemente, as organizações têm revelado maior atenção quanto à significação e repercussão do trabalho sobre o trabalhador, assim como os efeitos dessa relação na instituição. Estudos demonstram que o desequilíbrio na saúde dos profissionais traz consequências na qualidade dos serviços prestados e no nível de produção. Os lucros também são afetados na medida em que os custos se incrementam em absenteísmo, auxílio-doença, reposição de funcionário, transferências, novas contratações e treinamento. Devido a estas e outras consequências, tem crescido a perspectiva de se investigar e se investir na qualidade de vida do trabalhador."


Aqui encerro a primeira parte.
A segunda parte fará parte da postagem a seguir.
Vale como "pausa para reflexão" sobre o que foi lido até agora.
Vale como "intervalo introspectivo" para associarem ao que ocorre em suas vivências diárias.

Aurora Gite

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Trabalho em equipe focado em "endomarketing"

Uma gestão organizacional não pode deixar de implicar neste "Terceiro Milênio", em bem administrar o capital financeiro, intelectual e emocional levando em consideração a promoção da dimensão espiritual das pessoas nos negócios. Esse é o foco que vai permitir uma participação colaborativa mais ativa e um envolvimento humanístico mais efetivo do capital humano que compõe a empresa.

Os programas de treinamento dentro de uma organização estão mais voltados para a transmissão de informações, desenvolvimento de habilidades e aquisição de "know-how", ainda dentro de um modelo que está mais para um adestramento do que para uma aprendizagem propriamente dita, voltada para obter maior "satisfação no trabalho". Essa envolve mudanças de atitudes.

Experiências reais ocasionam alterações internas afetando o desenvolvimento de valores e princípios, levando pessoas a alcançarem não só um conhecimento técnico, mas também "sabedoria interna", para usá-lo eficaz e eficientemente em prol de "um bem maior". Essa é a "dimensão espiritual da aprendizagem".

Sendo assim, espiritualidade nas empresas ou nos negócios consiste no "indivíduo ou organização conectar-se simultaneamente com sua força interior e com as forças ao seu redor, interagindo de forma consciente em proveito de todas as partes interessadas. É um processo de fortalecimento contínuo de si próprio, do contexto em que vive e para o qual vive."

Portanto, são espiritualidade e autoconhecimento que estimulam ações de transformação pessoal e transcendência ( superação). Essas ações são responsáveis pela qualidade do clima no ambiente organizacional, contaminando-o com valores essenciais para a existência humana: "servir a uma causa maior" e "existir como ser em processo de evolução interior".

Levando-se em consideração a adoção dessa atitude, algumas mudanças dentro da área empresarial vão abranger três pilares chaves para o mundo organizacional deste momento, que considero de transição para se atingir um capitalismo humanizado e não robotizado pela direção implacável de regras e normas visando resultados, fins obtidos empregando-se quaisquer meios, num "vale tudo"para se atingir essas metas.

As três áreas chaves que merecem constante atenção e atualizações inovadoras se concentram na aprendizagem organizacional, no planejamento estratégico e na gestão e fiscalização sistemática de negócios.

No que diz respeito ao planejamento estratégico, as empresas tendem a levar em conta somente a parte visível da organização (oportunidades de mercado e recursos, sistemas, produtos e serviços, tecnologias), desconsiderando a parte invisível (sentimentos, medos, crenças, valores e..."vontade"), que é a que realmente condiciona o comportamento das pessoas, interferindo em sua forma de reagir.

As reações humanas ocorrem de acordo com o "como as pessoas são afetadas" ante as situações mais variadas, são elas que mobilizam a volição (manifestação da vontade) do ser humano na adoção de várias novas ações.

O alinhamento das vontades das pessoas às oportunidades e recursos da empresa está intrinsecamente relacionado com:
  • a qualidade das relações humanas
  • a administração e resolução de conflitos
  • o desenvolvimento de valores e princípios
  • a criação de um espírito de equipe
  • o estímulo a um time fraterno
  • a importância de competir com lealdade ética
  • o fortalecimento e alinhamento das vontades coletivas e individuais.
Nesse sentido, destacamos a importância do trabalho em equipe focado em "endomarketing".
O que caracteriza o "endomarketing"(conjunto de estratégias internas empresariais) é seu objetivo de estabelecer um processo permanente de motivação do colaborador, tratando-o como cliente interno.

Dois tipos de ações caracterizam a instalação do espírito de equipe, visando a integração harmônica de seus membros e seu maior envolvimento na organização, tendo como resultado maior produtividade para a mesma:

1- Envolver, comprometer, valorizar e qualificar o colaborador, para que possa assumir responsabilidades e iniciativas dentro da empresa, com satisfação advinda de sentir sua participação como autorrealização também.

2- Estabelecer um sistema abrangente de integração de informações, capaz de ajudar a todos no cumprimento de suas tarefas com eficiência; com fluxo desobstruído, diminuem os ruídos na comunicação que desagregam a união e boa funcionalidade das equipes.

No processo de endomarketing, a leitura do ambiente deve recair nos valores compartilhados, suas ações devem focar um ambiente caracterizado pelo acesso a todos os conhecimentos, pela cooperação plena e efetiva, pela liberdade de iniciativa (espontaneidade inovadora), e por uma autonomia responsável e integrativa (reconhecimento individual na participação coletiva).

Convém esclarecer o significado do termo "cooperação plena". Acredito que Ruggiero (artigo in www.rh.com.br) bem o definiu. Cooperação plena consiste na atitude de "máxima cooperação e ausência de competição predatória, otimizando a qualidade dos relacionamentos e a força do grupo ou da equipe". Por si só essa afirmação já demanda profunda reflexão e vem a constituir-se em ótima temática para trabalhos grupais.

O trabalho em equipe e a importância do "endomarketing" não servem só para maior vinculação e comprometimento dos colaboradores na disseminação dos valores e objetivos da empresa, mas também para a instauração de um clima de apoio, confiança e ética, integrando pacientes e funcionários à filosofia e diretrizes da organização.

O grande problema que enfrenta é o mau uso do termo "espiritualidade nas empresas".

No meu caso, foi envolto em um clima de misticismo e religiosidade, pelo pouco conhecimento de assessorias para compreensões mais atualizadas e terminologias mais abrangentes ao setor organizacional.

Meu próprio diretor, na época, veio gentilmente elogiando a proposta, pedir permissão para entregá-la à "relações públicas", pois segundo sua assessora, seu conteúdo era mais pertinente a atuação dessa profissional. Assim, o trabalho desenvolveu-se com distribuição de cartazes com mensagens positivas voltadas à vantagens da união, equilíbrio e harmonia nas interações individuais e grupais.

Ah, e a referida assessora, estendeu a ela seus tentáculos, envolvendo mais uma aliada com as algemas da gratidão. Deve ter saído caro, pois a profissional responsável pelo setor de relações públicas, foi a primeira, quando cheguei ao setor, a me colocar que não concordava com a forma antiética de atuar dessa assessora. Conhecia sua forma de agir desde a gestão anterior.

E eu me recordei da primeira frase que me disse ao sermos apresentadas:"Não sei como agir com você. Só sei que não deve ser agradável nos sentirmos o tempo todo analisados," (?) . Façam uma leitura dessa frase como profissionais da área de saúde mental.

Dentro de mim ressoou assim: "Minha simples presença foi sentida como ameaça", portanto, tudo sugeria que estava com os dias contados. Busquei aproveitar bem o tempo que me restava no setor, procurando me aprimorar mais na área organizacional. Quando se lida com profissionais com traços perversos, não se tem muito o que fazer, seu modo de raciocinar e reagir ( se afetar emocionalmente) obedecem a outras leis incompreensíveis para a lógica da razão comum. Não existe agregação de conhecimentos em prol de um bem maior, muito menos somatória de saberes, diálogos são corrompidos, interações são manipuladas no limite de calúnias e difamações pessoais até segregação física. Qualquer sobrevivência psíquica num convívio desses depende de uma autoproteção contínua e manter sempre fortalecido e valorizado o eixo central psíquico, nosso centro de referências individuais.

Só podia contar com a liderança do diretor, que manifestava apreço por minha pessoa e reconhecimento por mim como profissional. Já me perguntava até quando o vínculo comigo não o prejudicaria. Ele tinha ciência que minha permanência ali era por curto período, que meus objetivos estavam voltados voltados para pesquisas sobre física quântica e biomagnetismo. Enfim, tem momentos na vida em que é preciso deixar as coisas acontecerem direcionadas pelo próprio viver, principalmente quando nos sentimos impotentes e impedidos de ações racionais.

E eu tinha acabado de chegar!
E ela... nunca concretizou nem minha apresentação oficial às diversas chefias, nos diferentes departamentos do Instituto, mesmo tendo eu protocolado tal pedido.
As lideranças não sabiam a que eu viera, e passaram a lidar com a imagem distorcida ameaçadora por ela disseminada. Como implantar minhas propostas nesse clima?

A cada projeto engavetado, que não chegava nem ao diretor para a devida análise, mais eu me desafiava a produzir mais. Ops! Agora mandando esboços de propostas, menos elaboradas ou detalhadas passo a passo.

Minha cabeça acalentava minhas idéias e eu me orgulhava delas. Meu capital intelectual estava guardado pela preservação de meu capital humano, não abandonado por um minuto sequer. Meu "endomarketing pessoal" se mantinha em constante atividade.

Aurora Gite