quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Passaporte à mão... foi entregue para ida e volta!

Peço licença às Parcas Romanas ou Moiras Gregas, também designadas de Fates, de onde advém Fatalidade... Relembro que eram três deusas, que determinavam o curso da vida humana, "de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões.

Faço jus à Mitologia, nomeando-as e deixando registrada as atribuições dessas três deusas, que me ajudarão a desenvolver o tema dessa postagem :"Passaporte de ida e volta". São elas "Nona", que tecia o fio da vida; "Décima" que cuidava de sua extensão e caminho; "Morta", que cortava o fio.

Abro espaço para citar ainda essa associação, que me propiciou boas reflexões:" A gravidez humana é de nove luas, não nove meses. portanto "Nona" tece o fio da vida no útero materno, até a nona lua. "Décima" representa o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, o indivíduo definido, a décima lua. "Morta" é a outra extremidade, o fim da vida terrena, que pode ocorrer a qualquer momento" (Wikipedia)

Enfatizo ainda o significado de "Parcas", que vem do verbo parir, dar à luz. Acredito que nosso passaporte se estenda ao encontro com as forças quânticas de nosso sistema bioeletromagnético, que bem se equivale ao "se dar a luz", sensação que ocorre ante a assimilação de outras formas de conhecimento. Novas dimensões da inteligência, aqui não foco na cognição somente, mas na aquisição de outros estados de consciência  que demandam do ser humano, cônscio de seu processo evolutivo, o estabelecimento de uma nova linha coerente de opções na vida prática, e o constante alinhamento de forças buscando unir as diretrizes de sua essência à sua existência.

Confesso meu desvio para me inteirar dos instrumentos da via xamânica, apometrista, espírita. O caminhar por elas exige enorme controle da condição humana, domínio constante sobre as áreas de conflito que ainda atingem o homem ininterruptamente ( as exceções são raríssimas, como Chico Xavier, por exemplo), encontro da harmonia e serenidade advindos da vitória sobre o animismo e vis sentimentos (vaidade, ambição, orgulho, inveja, ódio, rancor, vingança...) que ganham outra dimensão após serem ultrapassados como vias de aprendizagem evolutiva. Hoje em dia podem ser constatados cientificamente os potenciais de cura humana, através da aplicação adequada das energias espirituais mais elevadas, mais radiantes e... segundo penso pertencentes ao potencial humano quântico. Poucos, no entanto,  nesse momento de nosso social, se enquadram dentro desse perfil de evolução.

Acredito que as "senhas" para a ultrapassagem dos diferentes patamares de consciência (ou dos diferentes sistemas energéticos humanos), advenham do "uso adequado da razão" em seu emprego de variadas logísticas. Essas envolvem o alinhar as conexões de forças conscientes do agir, do pensar, do sentir, do intuir espiritual,  para tomadas de decisões mais sábias. A análise do feedback positivo obtido é que vai servir de parâmetro para os prosseguimentos na mesma via, ou para os devidos reajustes no percurso.

Penso que, em um primeiro momento, cabe ao homem se capacitar para resolver os enigmas existenciais, pois em um segundo, com o predomínio da razão "apriori" , intuitiva, com sua outra leitura e interpretação, o esforço estará voltado para a compreensão dos mistérios metafísicos, que cercam o sentido da vida. Como ocorrem nos mitos, a ultrapassagem dos heróis pelos obstáculos, como no caso da passagem incólume pelas esfinges, vai depender de sua habilidade para desvendar enigmas. E nesse caso a comunicação, que mais se presta para propiciar a compreensão, é a linguagem figurada com suas metáforas e parábolas. Sendo assim, é nelas que me apoio nesse texto. Cada um vai perceber seu grau de evolução pela facilidade compreensiva e interesse em cada estágio evolutivo focado. Ah! Não tem retorno para o estágio anterior, mas pode ocorrer intercâmbio entre diferentes idéias e posturas já ultrapassadas.

A trilha, que procuro descrever com mais detalhes a seguir, envolve a busca da transcendência na condição humana e o alcance do compromisso interno com valores humanos, inicialmente incorporados levando-se em consideração referencias externas, depois assimilados ao se misturarem ao centro auto-referencial de cada sujeito em formação e em busca de forças diretrizes, que permitam uma convivência pacífica e respeitosa nas divergências pessoais.

Diferencio desse estágio a luta heroica pela superação, visto já contar com a sabedoria e a serenidade de uma coragem e de uma astúcia inteligentes, pela aproximação com o mundo interno das virtudes. A perspectiva da consciência volta-se a auxiliar o homem a suplantar as enormes dificuldades para a inserção das ações virtuosas em suas vivências diárias, e a fortalecer e valorizar sua responsabilidade sobre a liberdade (livre-arbítrio e decisões conscientes e coerentes com um potencial interno) e harmonia (convivência pacífica e respeitosa consigo mesmo e com o mundo ao redor) conquistadas.

Penso que o paradigma obsoleto do ser humano como "ser unicamente biopsicosocial" já foi ultrapassado. Além da dimensão física, psíquica, social (pública ou coletiva) não se pode mais negar já que cientificamente comprovada, está a existência de uma matéria mais volátil, não visível aos olhos, mas perceptível, dentro de seu espectro vibracional, por outros sentidos humanos mais apurados, mais sensitivos a essa energia... e isso demanda nova aprendizagem para sua captação, leitura e interpretação. Acredito que ao homem "bioneuro-químico, com todos seu fisiologismo orgânico e suas alterações energéticas metabólicas"  deva ser acrescentada sua dimensão "física-psíquica e seu metabolismo biomagnético quântico com suas potencialidades também de transformações energéticas".

Considero importante, a partir de agora, não afastar a perspectiva da capacidade de influência dialética, ou seja, de contínuas trocas energéticas entre esses sistemas energéticos humanos, pois demandam novas posturas do homem para alcançar o equilíbrio dentro do caos energético do fluxo dinâmico de conflitos constantes, pertencentes às forças pulsionais inatas, que ascendem para se expressar diretamente, ou para atuarem por meio de formação de compromissos psíquicos. Isso implica, para o homem, na necessidade de desenvolver constantes e atualizadas estratégias de vigilância em suas fronteiras psíquicas, e disciplina interna, para manter ativo, por todo seu viver, seu controle sobre os processos de autoconhecimento e autogestão de suas fontes energéticas.

Eis como visualizo, hoje, o ser humano que, ao receber seu passaporte já carrega um potencial inato volitivo e operacional, do qual tem que apreender os sinais e desenvolver espaços para sua expressão, em todo seu trajeto de vida. No nascimento já entra na vida berrando, gritando por atenção e aconchego afetivo, e quando não o faz recebe um suave (?) toque para que se pronuncie e abra seus pulmões, enchendo-os de ar para sobreviver por si, a partir de agora. Contrastando, deixa a vida no suspiro silencioso, no desapego com sabedoria ou na violência da interrupção forçada de vínculos afetivos dependentes, mas sempre atinge a frieza distante da quietude mortal, ante o corte, salvo raras exceções imprevisível, do fio da vida.

Associo, aplicando metáforas, a máquina humana a um motor que é acionado pela angústia sistêmica (física, psíquica e/ou espiritual) e pela mobilização da vontade, como querer genuíno; o melhor óleo do motor é o composto pela razão e livre arbítrio (melhor qualidade decorre do uso adequado de decisões racionais firmes e ponderadas emocionalmente); a seleção do combustível deve envolver a opção pelo que lhe propicia maior potência para as tomadas de consciência e o uso racional de suas forças; às diferentes marchas que impulsionam ao movimento associo os estados diferentes de consciência com novos conhecimentos e amplitude de rotações.

Abro a porta a quem tiver obtido sua carta de motorista nestes termos, e tiro o chapéu, se estiver no comando, tendo aprendido a pilotar e direcionar seu bem viver rumo ao "amor fati" (Nietzsche), amor ao destino e envolvimento com aquilo que é, assumindo compromisso com a aceitação do presente que a vida lhe oferece, já que dias como ontem e amanhã não existem no real mesmo, portanto "não servem de referências concretas no aqui e agora decisivo".

O mapa de seu trajeto já descrevo aqui.
Vale reflexão ante cada tópico, para não se perder no meio do caminho e reforçar o papel de seu centro auto-referencial.
Atenção às encruzilhadas, se atenha ao roteiro! Também se enveredar por atalhos e se perder, sempre é tempo de encontrar o caminho certo. A vida é pródiga de oportunidades, é aprender a se aliar à ciência da paz, para ter paciência na espera do tempo certo e do momento certo para saber aproveitá-las!

* Vai ter que partir do estado de "não ser" ou de "ser através do outro" pela "via da existência", buscando "estar no mundo" de forma independente ... sobreviver... viver buscando sua "transcendência" e sua "singularidade". Ao ir se tornando indivíduo, vai se tornando o único responsável por sua subjetividade, ou seja, pela sua inserção como sujeito agente ativo, construtor da sua história na linha da vida.

* Nesse "afunilamento existencial", que equivale a um pedágio na vida espiritual, vai ter que apresentar seu passaporte para ser carimbado, se for comprovado ter atingido a categoria de "ser Humano". Aqui já adquiriu a habilidade de interações humanistas (autoestima valorizada e amor ao semelhante).

* O desapego e conquista da independência pessoal conscientes, a consciência da mensagem contida no jogo de palavras do "dome o medo" ou "o temor da morte",  a atribuição a si do comando sobre seu próprio querer essencial, o adestramento de sua capacitação para a escuta das mensagens originais, contidas na bagagem de seu potencial inato, é que vão possibilitar o acesso à "via essência", onde vai colocar seu "ser no mundo", além de nele existir.

* A forma de se equilibrar e se harmonizar com a diferença climática dessa via, tem que ser experienciada através de aproximações gradativas . É preciso certa adequação para se "respirar vida". O ar é mais arejado, no sentido literal de purificado, ante a aquisição e manutenção de sentimentos mais elevados, preparando a ejeção humana  rumo ao alcance do lugar interno de "Ser no Universo", percepção racional de pertencer à raça humana e ao "Uno", princípio cósmico considerando a relatividade tempo/espaço.

Ops, associei a ejeção humana do "Ser no Universo" à ejaculação física e prazer sexual, difuso e orgástico, pois minha hipótese é que as energias de ambas se cruzem. Esse campo mental inconsciente ainda é desconhecido, ainda foge ao conhecimento científico até agora alcançado sobre o homem. É só uma questão de tempo para novos paradigmas serem construídos, possibilitando a amplitude compreensiva do homem, nesse sentido.

* Na interação cósmica a força do amor nas interações é percebida através de renúncias prazerosas, onde a alegria do outro é fonte de prazer de quem cuida por amor. A habilidade de superação pessoal, traz consigo sensações de gratidão por existir e paz no se permitir assim expressar sua essência.

* Nova apresentação do passaporte por ter alcançado a categoria de "Ser na plenitude de suas energias  químicas e quânticas". Novo carimbo com acesso ao mundo metapsíquico, metafísico, ou mundo superior quântico que lhe permite atingir capacidades sensitivas e intelectivas de captação de energia por afinidades vibracionais (por exemplo, telepáticos).

* Em seu cume, o acesso às trocas mediúnicas com os chamados mundos de inteligências paralelas. São imãs atuando por forças magnéticas de atração em frequências vibratórias semelhantes.^Mundos desconhecidos, mas cada vez mais desvendados pela ciência, e cujo conhecimento se aproxima de forma acelerada da compreensão racional humana.

* Próximo passo?
Retorno ao encontro de outros seres humanos que ainda não tiveram condições de atingir esses estágios evolutivos, sem tentar convencer, seduzir, impor idéias... simplesmente se permitindo ser um testemunho vivencial da grandeza dessa outra dimensão do viver, sofrido e solitário como não, mas que se reveste de esperança e fé laica (não vinculada a nenhuma instituição religiosa), de um crer para ver... discrepante com a  adoção de uma única perspectiva de vida voltada ao ver para crer.

* Mais algum passo?
Talvez o mais importante, pois envolve a entrega do passaporte ao se despedir da vida com a qualidade do adeus que ela merecer, ou com os "apegos e desapegos afetivos necessários", que cada um tiver imprimido em seu trajeto para "se sentir livre e feliz".

Aqui só posso agregar o "Mito da caverna" (Banquete, de Platão) e o papel do filósofo... mito e utopia?
Quer concretizar tudo isso?
Quer racionalmente comprovar como o "Humano" pode renascer das cinzas?
Peço para quem quiser conferir, que verifique as idéias inéditas e ousadas, de desconstrução da sociedade atual e construção proposta pelo filósofo Luc Ferry , reflita sobre suas indicações práticas para a "boa vida"; sua sinalizações sobre a importância de implantação imediata de um "novo humanismo" cuja premissa está na "revolução do amor por amor"; analise suas pistas de como vencer os medos, que impedem o correr riscos e alçar voos no "alcance da sabedoria no viver" ... e, para quem quiser saber mais, é procurar na constatação e confrontação direta com suas idéias, na observação profunda da coerência ética entre seu pensamento e seu modo pessoal de agir.

Separem os passaportes. Vão ser carimbados em qualquer pedágio. E vão ter que ser devolvidos na volta mais cedo ou mais tarde.

Aurora Gite

P.S.: Para onde vou agora?
Meu "querer um grande prazer" me leva, nesse momento, a reler e refletir sobre algumas passagens da obra de Platão. E eu me submeto ao império de minha vontade, que, da profundidade de meu mundo interior, clama pela realização desse desejo. Se tenho condições, por que não atendê-la a contento?