segunda-feira, 16 de julho de 2018

Longo caminho de estudos e pesquisas...

Longo caminho de estudos e pesquisas, até perceber que estava me posicionando sob uma perspectiva que distorcia minha compreensão sobre o que buscava. Defendia e me orgulhava de adotar uma postura eclética, buscando melhor entendimento sobre a condição humana e a utilização dos diferentes recursos encontrados em várias escolas psicoterapêuticas. visando o bem estar mental e existencial de meus pacientes. Minha postura deveria ser 'integrativa' se alinhasse com minha forma de atuar como terapeuta e com minhas opções de como viver uma vida mais qualificada com dignidade interna e serenidade.

O reencontro com as ideias de Ken Wilber ( O Espectro da Consciência, São Paulo,Cultrix, 2007) me foi muito importante para adotar uma postura compreensiva mais abrangente do ser humano, que inclusive incluísse sua dimensão espiritual, dentro dos diferentes níveis ou faixas de frequências de um espectro da consciência - o que explicariam minha experiência* em final da década de 70.

Segundo Ken Wilber (2010), "Espiritualidade e religião estão cada vez mais separados: 'Sou espiritual, mas não religioso!' Espiritualidade significa consciência mística de uma experiência imediata* , que passa diretamente por alguma forma de experiência que não pode ser descrita como parte de alguma mitologia ou dogma, mas (somente) como pura e simplesmente uma experiência imediata... parte de um processo que emerge na consciência pessoal (de cada um).

Wilber nos informa que escreveu este livro no inverno de 1973. Suas ideias originais, baseadas numa visão holística da Consciência, acerca da Psicologia do Espectro, Unicidade da Consciência e Psicologia Integral propostas principalmente nessa época, ocasionaram que a publicação das mesmas ocorresse em 1977. A tese que defendia era, segundo suas palavras, que " a consciência é pluridimensional, ou aparentemente composta de muitos níveis; cada escola importante de psicologia, psicoterapia e religião se dirige a um nível diferente; essas diversas escolas, portanto, não são contraditórias, mas complementares, sendo cada abordagem mais ou menos correta e válida quando se dirige ao próprio nível. Dessa maneira, pode efetuar-se uma verdadeira síntese das principais abordagens da consciência - uma síntese, não um ecletismo, que valoriza igualmente os modos de ver de Freud, Jung, Maslow, May, Berne (análise transacional) e outros eminentes psicologistas, assim como dos grandes sábios espirituais, de Buddha a Krishnamurti."

Wilber é reconhecido como "um importante representante da Psicologia Transpessoal, que surgiu da Psicologia Humanista no final da década de 1960, e que se interessa fundamentalmente pela inclusão da dimensão espiritual do ser humano." Porém se dissociou dela, após 10 anos, ao constatar que não abria espaço para incluir muitas verdades importantes das outras escolas da época (Psicanalítica, Behaviorista,  Humanista e Transpessoal). Buscava uma psicologia que integrasse as visões ocidentais e orientais sobre o ser humano, e que lhe facultasse desenvolver modelos compreensivos e terapêuticos mais abrangentes. Partindo desse movimento integrativo, criou a Psicologia Integral.

Ufa, que alívio! Na década de 70, vivenciei algumas experiências (nossas palavras não a abarcam para que eu possa descrevê-la, mas, no enquadre de Wilber, foi uma experiência de um nível mental da faixa de consciência cósmica). A sensação de mola propulsora, como um ímã elevando minha mente a um outro estado de consciência de muita serenidade, luz, calor, quietude... não me permitiam negar a percepção da existência de um biomagnetismo e de uma energia quântica biológica, mobilizada pelo alinhamento de minhas forças existenciais com uma instância ética inata endógena, não observada por Freud (o foco psicanalítico se fixou no dinamismo psíquico do superego freudiano). Percebi que quando ajustávamos as energias psíquicas de nosso ser e de nosso existir, alcançávamos outra dimensão consciente, que parecia coincidir com o chamado "salto quântico", ocorrendo uma assustadora imantação subatômica para outro nível mental distinta por minha consciência anterior que persistia atuante dentro de minha mente.

Questão que me intriga, considerando a consciência sob prisma quântico, como ocorre o fenômeno da telepatia, em sua sintonia e sincronicidade mental? E o fenômeno do amor teria a ver com a interação de elétrons, partículas subatômicas? A leitura sobre o humano, após comprovações quânticas, envolve propagação de energias, processos ondulatórios, vibrações, emanações de intenções... A qualidade vibracional consciente da energia emanada  ao se 'pensar sobre...' e 'sentir o pensado...", vai interferir na direção da vibração, como ocorre na 'experiência da dupla fenda', como situar os fenômenos mentais?

Freud pegou as metáforas da Física e as empregou para compreender os processos psíquicos. Como desconsiderar isto? Minha hipótese é que tenha sido o primeiro a operacionalizar nossas energias quânticas. Para mim, nosso dinamismo psíquico envolver processos subatômicos ou quânticos.

Jung levou o individual para patamar consciencial maior: "O que o terapeuta faz é colocar o paciente em contato com sua 'intuição'. E eu me permito acrescentar e indagar... com a dimensão de sua espiritualidade, ou sua 'razão espiritual'?

Buscava, como terapeuta, que meus pacientes alcançassem liberdade interna, conquista de responsabilidade sobre suas decisões, alegria e serenidade em seu 'agora existencial', vivência única ao integrar suas energias psíquicas ... atuando dentro de uma linha fenomenológica.


Vale rever minhas publicações sobre Ken Wilber nos blogs de 20 de novembro de 2017.