domingo, 21 de julho de 2013

Ser livre e ser feliz?

Ao abordar esse tema, divulgo uma nova Fundação chamada "Aliança para uma Nova Humanidade" (www.anhglobal.org). Reforçou minha esperança que novos caminhos inovadores estão surgindo em meio a crise que está assolando o "humano" nesse momento.

O espaço "anhglobal" surgiu da percepção dos novos papéis sociais ante a interconectividade globalizada, e da necessidade de se buscar instrumentos inovadores para uma mudança comunitária visando uma sociedade mais sustentável e compassiva.

A ideia inspiradora que motivou sua criação se concentrou na construção de uma consciência da "interconexão da humanidade" e da importância de se utilizar a criatividade da "inteligência coletiva" para se alcançar uma massa crítica de consciência na raça humana, que a qualificaria para possibilitar a transformação desse mundo de violência e autodestruição e do ser humano, que nele sobrevive, sem rumo e perdido.

O médico endocrinologista, especialista em cura quântica, Dr.Deepak Chopra é um de seus fundadores, Para quem se interessar em acompanhar suas ideias aconselho os vídeos, disponíveis no Canal Youtube, a começar pelas conferências da série "Tu Energia Interior", da Colección Mente Sana (em castelhano ou em inglês).

Senti falta no post "O Sentido do Futuro" de melhor esclarecer o que entendo por liberdade e felicidade, que nada tem a ver com imposições midiáticas ou manipulações autoritárias para submeter pessoas e subjugá-las aos mais poderosos na escala de "status social".

Considero um grande perigo social o direcionamento a uma obrigatoriedade no ser feliz, ao preço do consumo fácil da mercadoria felicidade, produto descartável voltado a um bem-estar artificial, ilusão de pouca consistência e durabilidade. Assim como aponto a enorme ameaça nos instrumentos fictícios de autoajuda, pílulas milagrosas ou receitas comuns a todos sem as devidas diferenciações da singularidade de cada pessoa, onde estão implícitas as cobranças exigentes e as ordens imperativas do tipo "Você tem que ser feliz!";  "Você é livre e deve decidir o que é melhor para você, desde que...!"; "Precisa decidir, e com urgência, sobre como quer viver, pois o tempo está passando e ...!" .

Se tentar escapar desse destino imposto, cai no estigma de "ser diferente dos demais"; os demais consistem nos adaptados às formatações sociais padronizadas. O preço para se tornar indivíduo, em sua característica de sujeito único e singular, e bancar sua maneira de ser, é alto. É difícil enfrentar a exclusão no grupo social, que não perdoa questionamentos à validade da autoridade de suas regras obsoletas e tradições culturais caducas e inoperantes no alcance do bem estar dos indivíduos na sociedade. Abordam-se muitas mudanças, mas essas só ocorrem realmente ante transformações internas e compreensões sobre a disfuncionalidade das ações que mantém o "status quo" vigente que as impede de ocorrer a contento.

Penso que a escolha em "ser feliz" dependa de nossa disponibilidade interna, comprometimento disciplinar e metas focadas em pequenas decisões, que envolvem escolhas efetuadas a cada minuto, visando nosso bem estar. Não se pode deixar de registrar que toda escolha envolve perdas e ganhos, e grande luta interna entre o apego e a quebra de vínculos possessivos, para se soltar do conhecido e se arriscar, no escuro, ao esforço na conquista do novo.

Aqui entra a liberdade, como eu a entendo. "Ser livre" implica adotar uma postura consciente, racional e responsável como ser humano livre para decidir, acertar e errar, aprender com erros e replanejar ações e estratégias visando se aliar, nunca empacar ou resistir, aos desígnios de uma dimensão superior. Não implica em acomodação, mas em buscar uma aliança real com a vida, o não apresentar resistência ao que não está em nossas mãos mudar, mas se voltar ao que podemos mudar em outra área de nossa existência e que nos seja gratificante também. Nada encobre os medos, ou substitui desejos insatisfeitos, mas aprendemos a voltar nosso foco para outras coisas que nos tragam satisfação e que estejam ao nosso alcance obter sem sofrimento.

O foco do "ser livre e feliz" está na sua busca de um "bem viver", tendo em vista que há sempre alternativas para encontrar o prazer, sensação de autorrealização pelo poder decidir sobre a melhor maneira de obter a qualidade de suas ações. E isso, com nova aliança agora, com o tempo e a aquisição de uma "serenidade na espera" e na confiança de que venha o melhor ao aplicar esse poder ao sucedâneo, constante e implacável, das circunstâncias, que se atropelam ao redor de nós. Convém agregar ainda a lucidez propiciada pela sabedoria para distinguir as coisas que dizem respeito a nós, e só dependem de nossas escolhas, estando, portanto, atreladas a consequentes tomadas de decisões para que futuras mudanças aconteçam em nossas vidas.

Acredito que "o sentido do futuro" é facultado ao "ser livre e feliz" e que uma de nossas missões atuais seja estarmos atentos a nós mesmos e desenvolvermos a habilidade - para conseguirmos nossa inserção no social e no mundo, de forma que nos traga mais harmonia e contentamento - para a obtenção de uma leitura compreensiva e interpretação mais acertada das leis da Natureza, que espelham os princípios da linguagem do Universo. São eles que nos sinalizam as pistas indicando o momento certo dessa inclusão, e não só nossa vontade pessoal. E o Universo nos responde de imediato, propiciando que "outros caminhos surjam", que "portas se abram" para que desejos e oportunidades ocorram desde que preservemos nosso autorrespeito e autovalorização na troca dessas energias.

Tudo tem sua sincronicidade dentro da interconexão global da humanidade em suas várias dimensões e escalas evolutivas. Já repararam como as atividades de todas as células do corpo humano nos apontam nossos excessos estressantes, desgastes destruidores do equilíbrio e harmonia interiores, quando nos desviamos da rota do bem viver, segundo a indicação de nossos eixos autorreferenciais?
Notaram como vivenciamos a vida, que nos coube viver, no aqui e agora de nosso tempo presente ... que é um presente, cujo valor nós é que lhe atribuímos... e só nós?

Aurora Gite




 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mais um teste para o poder das redes sociais 3 - e para mim!

Tento mais uma vez, como não!

Transcrevo a carta. Prezo muito a Verdade, a Transparência e a Justiça, o direito de defesa e condutas éticas em prol de um Bem Maior. para impedir ou dificultar sua divulgação:

" Olá. Meu nome é Ed Snowden. Há pouco mais de um mês, eu tinha família, uma casa no paraíso, e vivia em grande conforto. Eu também tinha a capacidade de, sem mandado algum, vasculhar, apreender e ler suas comunicações. A comunicação de qualquer um, a qualquer hora. este é o poder de mudar o destino das pessoas.

Também é uma grave violação da lei. A 4ª e 5ª Emendas da Constituição do meu país, o Artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e diversos estatutos e tratados proibiram sistemas invasivos assim de vigilância, em larga escala.

Enquanto a Constituição Americana estabelece que esses programas são ilegais, meu governo argumenta que decisões judiciais secretas, que o mundo não está autorizado a ver, de algum modo legitimam um tema ilegal. Tais decisões simplesmente corrompem a mais básica noção de Justiça - cujo cuidado deve ser de assegurá-la. O imoral não pode ser moralizado por meio de uma lei secreta.

Acredito no princípio declarado em Nuremberg em 1945: "Indivíduos têm deveres internacionais que transcendem as obrigações de obediência nacionais. Assim, cidadãos têm o dever de violar leis domésticas para impedir crimes contra a paz e a humanidade de acontecerem."

Com base nisso, fiz o que eu julgava certo e comecei uma campanha para corrigir este erro. Não procurava enriquecer. Não quis vender secretos dos EUA. Não me aliei a nenhum governo estrangeiro para garantir minha segurança. Em vez disso, levei o que eu sabia para o público, de forma que aquilo que afeta todos nós possa ser discutido por nós todos à luz do dia, e pedi justiça ao mundo.

Esta decisão moral de contar ao público sobre a espionagem que atinge a todos nós foi custosa, mas era a coisa certa a se fazer, e eu não me arrependo.

Desde então, o governo e os serviços de inteligência dos Estados Unidos da América têm tentado fazer de mim um exemplo, um alerta a todos que, como eu, podem fazer revelações. Fui transformado num apátrida e caçado por meu ato de expressão política. O governo dos Estados Unidos me colocou em listas de pessoas proibidas de voar. Cobrou de Hong Kong que me devolvesse à margem das leis deles, em uma violação direta do princípio de não-repulsão - a Lei das Nações. Ameaçou com sanções países que se levantassem pelos meus direitos humanos e o sistema de asilo na ONU. Tomou até mesmo a medida inédita de ordenar aliados militares de pousarem à força o avião de um presidente latino-americano na busca por um refugiado político. Estas perigosas escaladas representam uma ameaça não apenas à dignidade da América Latina, mas aos direitos básicos compartilhados por cada pessoa, cada nação, de viver livre de perseguições, e de buscar e gozar de asilo.

Mesmo diante de tal agressão historicamente desproporcional, países por todo o mundo ofereceram apoio e asilo. Estas nações, inclusas aí Rússia, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador, têm minha gratidão e respeito por serem as primeiras a se levantar contra violações de direitos humanos levadas a cabo pelos poderosos, em vez dos desprovidos. Ao se recusar a aceitar os princípios deles diante das intimidações, eles ganharam o respeito do mundo. É minha intenção viajar a cada um destes países para cumprimentar pessoalmente suas população e seus líderes.

Anuncio hoje minha aceitação formal de todas as ofertas de asilo que me foram oferecidas, e todas as que me possam oferecer no futuro. Com a concessão de asilo do presidente Maduro, da Venezuela, por exemplo, minha condição de asilo é agora formal, e nenhum Estado tem base para limitar ou interferir em meu direito de desfrutar deste asilo.

Como temos visto, porém, alguns governos na Europa Ocidental e de Estados norte-americanos demonstraram disposição de agir fora da lei, e este comportamento continua ainda hoje. Esta ameaça ilegal torna impossível para mim viajar à América Latina e desfrutar do asilo concedido lá de acordo com nossos direitos mútuos.

Esta disposição de agir extralegalmente por parte de Estados poderosos representa uma ameaça a todos nós, e não deve ser permitida. Por isso, peço seu auxílio em solicitar garantias de passagem segura por parte das nações relevantes na minha viagem à América Latina, além de solicitar asilo na Rússia até lá, enquanto estes Estados garantem que cumprirão a lei e minha viagem seja legalmente permitida. Vou submeter meu pedido hoje à Rússia, e espero que seja concedido.

Se vocês tiverem perguntas, vou responder o que puder.

Obrigado."


Será que esse não é mais um teste para o poder das redes sociais, em sua luta por um mundo melhor?


Reitero minha posição e minha torcida por Snowden.

Espero que a História lhe faça justiça no futuro.

E que as redes sociais lhe façam justiça no presente.


Aurora Gite, 

Com muito orgulho de minha postura perante a vida,
sempre respeitando a Justiça e a Ética na Política e na Sociedade.

Daí minha determinação e persistência na divulgação dessa carta,
para apreciação crítica dos cidadãos e países, participantes desse grande Big Brother, "sem saber"!

Mais um teste para as redes sociais 2

Senti muita revolta e indignação após ler a carta de Snowden.

Vale a pena ler essa carta, publicada na mídia que não se intimida ante represálias!

( ??? - censura inexplicável e inaceitável- ???)

Não sei o que vocês sentiram ao entrar em contato com todas as informações nela contidas.

A carta está na imprensa que sente orgulho de poder usar seu direito à liberdade de expressão, sem ter a censura buscando silenciar a voz da Justiça em prol dos "Direitos Humanos", da "Soberania" dos países e da "Privacidade" dos cidadãos de terem seus dados preservados pelo sigilo que legalmente lhes é facultado.


Manifesto minha torcida por Snowden!

Espero que a História lhe faça justiça no futuro, 

E que as redes sociais lhe façam justiça no presente!


Aurora Gite, lutando por seu "direito legítimo de liberdade de expressão"!


Mais um teste para o poder das redes sociais!




Leia a carta de Edward Snowden divulgada pelo Wikileaks !

Não será mais um teste para o poder das redes sociais?



  • Tanya Lokshina/Human Rights Watch/Divulgação
    Snowden: "não me arrependo do que fiz, mas foi custoso"
    Snowden: "não me arrependo do que fiz, mas foi custoso"
O site do coletivo ativista Wikileaks divulgou nesta sexta-feira (12) a carta do ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden, autor do vazamento de dados sobre o programa de grampos do governo dos EUA. 
Confira a íntegra do documento:
"Olá. Meu nome é Ed Snowden. Há pouco mais de um mês, eu tinha família, uma casa no paraíso, e vivia em grande conforto. Eu também tinha a capacidade de, sem mandado algum, vasculhar, apreender e ler suas comunicações. A comunicação de qualquer um, a qualquer hora. Este é o poder de mudar o destino das pessoas.
Também é uma grave violação da lei. A 4ª e 5ª Emendas da Constituição do meu país, o Artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e diversos estatutos e tratados proibiram sistemas invasivos assim de vigilância, em larga escala. Enquanto a Constituição americana estabelece que estes programas são ilegais, meu governo argumenta que decisões judiciais secretas, que o mundo não está autorizado a ver, de algum modo legitimam um tema ilegal. Tais decisões simplesmente corrompem a mais básica noção de Justiça - cujo cuidado deve ser de assegurá-la.O imoral não pode ser moralizado por meio de uma lei secreta.
Acredito no princípio declarado em Nuremberg em 1945: "Indivíduos têm deveres internacionais que transcendem as obrigações de obediência nacionais. Assim, cidadãos têm o dever de violar leis domésticas para impedir crimes contra a paz e a humanidade de acontecerem."
Com base nisso, fiz o que eu julgava certo e comecei uma campanha para corrigir este erro. Não procurava enriquecer. Não quis vender secretos dos EUA. Não me aliei a nenhum governo estrangeiro para garantir minha segurança. Em vez disso, levei o que eu sabia para o público, de forma que aquilo que afeta todos nós possa ser discutido por nós todos à luz do dia, e pedi justiça ao mundo.
Esta decisão moral de contar ao público sobre a espionagem que atinge a todos nós foi custosa, mas era a coisa certa a se fazer, e eu não me arrependo.
Desde então, o governo e os serviços de inteligência dos Estados Unidos da América têm tentado fazer de mim um exemplo, um alerta a todos que, como eu, podem fazer revelações. Fui transformado em um apátrida e caçado por meu ato de expressão política. O governo dos Estados Unidos me colocou em listas de pessoas proibidas de voar. Cobrou de Hong Kong que me devolvesse à margem das leis deles, em uma violação direta do princípio de não-repulsão - a Lei das Nações. Ameaçou com sanções países que se levantassem pelos meus direitos humanos e o sistema de asilo da ONU. Tomou até mesmo a medida inédita de ordenar aliados militares de pousarem à força o avião de um presidente latino-americano na busca por um refugiado político. Estas perigosas escaladas representam uma ameaça não apenas à dignidade da América Latina, mas aos direitos básicos compartilhados por cada pessoa, cada nação, de viver livre de perseguições, e de buscar e gozar de asilo.
Mesmo diante de tal agressão historicamente desproporcional, países por todo o mundo ofereceram apoio e asilo. Estas nações, inclusas aí Rússia, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador, têm minha gratidão e respeito por serem as primeiras a se levantar contra violações de direitos humanos levadas a cabo pelos poderosos, em vez dos desprovidos. Ao se recusar a aceitar os princípios deles diante das intimidações, eles ganharam o respeito do mundo. É minha intenção viajar a cada um destes países para cumprimentar pessoalmente sua população e seus líderes.
Anuncio hoje minha aceitação formal de todas as ofertas de asilo que me foram oferecidas, e todas as que me possam oferecer no futuro. Com a concessão de asilo do presidente Maduro, da Venezuela, por exemplo, minha condição de asilo é agora formal, e nenhum Estado tem base para limitar ou interferir em meu direito de desfrutar deste asilo. Como temos visto, porém, alguns governos na Europa Ocidental e de Estados norte-americanos demonstraram disposição de agir fora da lei, e este comportamento continua ainda hoje. Esta ameaça ilegal torna impossível para mim viajar à América Latina e desfrutar do asilo concedido lá de acordo com nossos direitos mútuos.
Esta disposição de agir extralegalmente por parte de Estados poderosos representa uma ameaça a todos nós, e não deve ser permitida. Por isso, peço seu auxílio em solicitar garantias de passagem segura por parte das nações relevantes na minha viagem à América Latina, além de solicitar asilo na Rússia até lá, enquanto estes Estados garantem que cumprirão a lei e minha viagem seja legalmente permitida. Vou submeter meu pedido hoje à Rússia, e espero que seja concedido.
Se vocês tiverem perguntas, vou responder o que puder.
Obrigado."
Não sei o que sentiram ao ter contato com essa informações. Sei que minha revolta e indignação é grande, e aqui deixo registrada minha posição e minha torcida por Snowden. Que a História lhe faça justiça no futuro e que as redes sociais ajudem a que lhe façam justiça no presente!
Aurora Gite

sábado, 6 de julho de 2013

O Sentido do Futuro

Uma das coisas mais difícil de se aprender é soltar nossos sonhos e desapegar de expectativas obsoletas.

Uma das coisas mais belas é acompanhar os sonhos e expectativas das gerações que buscam dar "o sentido de futuro" para suas existências, reconhecendo que não fazem mais parte de nosso "design" e "time" de vida.

Uma das coisas mais dignificantes é se reconhecer o valor do papel desempenhado para que essa geração tenha conseguido se impulsionar e se recolher para assimilar as novas forças advindas da conquista interna da serenidade e sabedoria. No palco da vida não há interrupções entre atos, nem períodos de descanso ou para não se aceitar inversão de papéis e aderência às novas roupagens físicas. O nosso tempo cronológico não equivale em nada ao alternar sucessivo e contínuo do movimento do nosso tempo quântico.

Uma das coisas mais respeitosas é se aliar ao próprio momento de vida e reaprender a se erguer e conviver com o "ser só outra vez", se reequilibrando por si, ao abandonar as muletas das funções que a vida designou. No ciclo da vida as gerações sucessivas também reciclam suas vivências, mas acabam passando por experiências existenciais semelhantes. Pais deixam suas funções e as passam aos filhos, agora pais... que logo passam esses bastões aos próprios filhos, agora netos... e futuros pais.

Uma das coisas, ainda,  que vale a pena "se pensar e concretizar", é ir se reeducando aos poucos para ganhar o diploma de amadurecimento psíquico para, inclusive, acompanhar as próprias mudanças internas e as novas gerações encontrando seu lugar dentro dessa relação, respeitando diferenças sem invasão desrespeitosas ou imposições autoritárias. Cada um no seu espaço, dentro de limites não permeáveis muitas vezes!

Sem soltar as amarras das gerações originárias e caminhar sem a dependência de "muletas", não se caminha junto com a geração vindoura, que logo se distancia pela velocidade das atuais transformações tecnológicas e sociais e pelo acúmulo de informações que se sucedem e logo tornam obsoletos "saberes construídos"... mas deixam espaço livre para novas edificações, se enquadrando no perfil arquitetônico volátil do milênio, sustentado por sólidas estruturas de valores humanos fortalecidos.

Sendo assim, como não lembrar de Khalil Gibran?


Teus Filhos

    Teus filhos não são teus filhos.
São os filhos e as filhas
da ânsia de viver por si mesmo.
Vêm através de ti,
mas não de ti
e embora vivam contigo,
não te pertencem.
Podes outorgar-lhes teu amor,
Mas não teus pensamentos,
porque eles têm seus
próprios pensamentos
.

Podes abrigar seus corpos,
mas não suas almas,
    pois suas almas moram na mansão
    do amanhã, que tu não podes visitar
    nem mesmo em sonhos.
    Podes esforçar-te para ser
    como eles, mas não procures
    fazê-los como tu.

    Porque a vida não anda para trás
    e não se demora com os dias passados.
    Tu és o arco do qual teus filhos
    são arremessados como flechas vivas.
    Que teu encurvamento na mão
    do Arqueiro seja tua alegria.
Khalil Gibran

E o "Sentido do Futuro"?
Acredito que a missão humana no milênio seja que, cada geração, tenha a grandeza interna , e "por amor", encontre seu espaço dentro de uma alegre solidão com a força dos valores imutáveis que carrega dentro de si. Esse movimento não é fácil, mas que se consegue, consegue...! É aprender a conviver consigo mesmo, sem cobranças ou autoexigências, que não encontram sintonia  com a realidade. E "só consigo mesmo", sem buscar "utilidades ou funcionalidades", se aprimorar na "arte de ser livre e feliz", por "amor à liberdade e felicidade, que encontraram seu lugar de expressão no mundo"! 

Aurora Gite

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Considerações sobre o papel das redes sociais


Minhas primeiras considerações sobre o papel das redes sociais deixei registrado no post "Amigos Virtuais e o Social" de 11 de fevereiro de 2013, que republico. Acredito que seu conteúdo deva ser agregado a um "Vamos pensar juntos..." agora envolvendo a forma de relações que estão se construindo através das redes sociais.

Penso que novos horizontes se abrem para observarmos a sociedade atual e analisarmos as formas de relação interpessoal, que se estruturam a partir do mundo virtual.

O que me surpreende, dado para futuras análises, foi a gritante separação observada nas manifestações reivindicatórias, que tiveram seu início em 06 de junho e persistem até agora (quase 1 mês após), entre o grupo de baderneiros e o grupo com as bandeiras do movimento pacífico. Talvez estejamos observando os primórdios da separação, consciente e corajosa, "do joio e do trigo" entre os membros sociais, quando os que incorporavam a mobilização pacífica, de caráter nacionalista, passaram a se afastar, e mesmo rechaçar, os intrusos depredadores do patrimônio público, não só material, mas "moral".

Tais fatos aumentam em muito minha esperança de que novos valores sociais estão surgindo, alavancando um futuro melhor para a humanidade, por estarem sinalizando o despertar da consciência do "ser social" e de seu "senso autocrítico" direcionando seu potencial para ação benéfica, tendo por meta o bem coletivo e uma sociedade mais justa.


Os Amigos Virtuais e o Social

Parece que a poeira levantada pelo "tsunami" de tal proporção que assolou as passagens do século 20 para o século 21, começa a baixar. Pouco a pouco se consegue observar e avaliar os danos acarretados por tantas e tantas mudanças que, como ondas sucessivas e simultâneas, deixavam para trás ruínas das tradições e paradigmas sobre o ser humano.

As transformações, em um mundo estruturado e organizado de tal forma para passar a sensação de permanência e segurança, foram tão devastadoras e irreversíveis que entre seus destroços só se observa a perda das identidades e dos referenciais válidos até então; e se vivencia o escapar pelas mãos da solidez do passado, ante a liquidez da mutabilidade incessante e velocidade acelerada do que ocorre no presente. O relativo tempo presente é onde tudo é considerado ultrapassado em um "piscar de olhos" e obriga o ser humano a adotar uma identidade camaleônica, com graves problemas para a imagem psíquica, que necessita parâmetros mais estáveis.

Ante o "desbussolamento", desnorteamento de rumos a serem tomados, o ser humano já impotente,  acomodado em estado depressivo diante de tamanhas perdas, que envolviam a queda de seu papel de herói, cai em desalentado estado de espírito, perdido diante de atroz destino cujos padrões e modelos desabaram.

Poeira assentando, emerge a dignidade do ser humano do século 21, após sua passagem pelas etapas:
* da raiva (primeiro impulso a seu frustrante despreparo não querendo aceitar, até negando o que já ocorreu),
* da areia movediça do questionamento dos porquês de tudo ter acontecido dessa forma, e busca de análises sobre o que poderia ter sido feito para que tivesse sido diferente (ações que em nada contribuem para soluções efetivas),
* da impotente aceitação (avaliação de tantas limitações e erros nas escolhas) e da premente resignação ante a constatação da necessidade de ter que se inventar a partir de agora  (posturas que impedem o afundar no pântano egocêntrico da depressão),
* da mobilização de forças internas e criação de valores humanos que vão motivar e direcionar sua busca por caminhos alternativos para a construção de novos paradigmas sociais, com a inserção na sociedade do "humano do século 21".

Hoje a sociedade, como um todo, contempla passivamente o perigo iminente da humanização manufaturada de robôs. Cada vez mais ela conquista seu espaço funcional dentro da nova organização social institucionalizada. Esse quadro, a meu ver, tem que ter prioridade na atenção e formatação oficial de leis limitando essas atuações; ainda, no momento, sem referências reguladoras para uso em um social mais amplo.

De repente, em meio a essas reflexões, coloco-me sob nova perspectiva, respondendo a um "miguinho virtual". Transcrevo a resposta inicial e a "Re: Re: DRVs" ...a seguir:

Re : " Eu me referia a fantasia que irá vestir "em seu blog" nesse carnaval: rica de paetês e brilho, ou aparentando sua bela nudez encoberta por pintura artística.
  Aceito suas desculpas pelos dias sem contato, mas o legal do mundo virtual é nos aproximarmos das pessoas nos momentos em que estivermos a fim e nos permitirmos nos afastar quando nossa vontade e nossas atividades não abrirem espaço para elas.
  A questão não é de rejeição a pessoas, mas envolve o espaço dentro de nós. Esse espaço não se contrai ante  vínculos de cumplicidade e lealdade. Existindo também o cuidar da qualidade da relação online, só tende a se expandir pela capacidade humana de memorizar e imaginar.

 Um contato sem a "neura" das obrigações e culpas, a meu ver, equivale à conquista da liberdade para a manifestação da "leveza do ser livre no ir e vir do voar virtual".
  No mundo virtual, ao se sentir o peso de cobranças tá na hora de "discutir a relação" Ops! DRV? Discutir Relação Virtual? É discutir consigo mesmo primeiro e talvez fique só nisso!!!
  É isso aí, "miguinho virtual": adentramos no mundo das DRs Virtuais. Putz, eis um tema que gostaria de ler em seu blog!
 Até mais, abç
 lm "


Aqui abro um espaço para esclarecer o que entendo por cuidar da relação dentro do mundo virtual.
Enfatizo que o cuidar de uma relação virtual envolve a adoção de algumas posturas como:

* a receptividade na escuta ao outro: seja em sua expressão verbal em meio a sonorização ruidosa distorcida, ou através do digitar silencioso - onde a expectativa da espera pode ser aliviada por alguma música que se coloque como fundo, tornando o tempo de espera ao digitar do outro mais aconchegante;

* o respeito à vontade do parceiro virtual: de querer ouvir ou não o que se deseja colocar "naquele momento", tendo sempre em vista que o outro não é recipiente para despejo de nossas queixas e auto-lamúrias;

* tolerância para conviver com sintomas ansiógenos amedrontadores:  expressões de ansiedades mais fóbicas que reais, pois não existe o olho no olho e a possibilidade do confronto com a realidade circundante;

* paciência ante a divisão de atenção do parceiro virtual: que pode ter que distribuí-la ante a simultaneidade de vários contatos online, lembrando que nem sempre o outro pode ser integrado na rede que se forma ao redor do amigo virtual;

* desapego: demonstrar interesse pela continuidade da amizade online, sempre lembrando que não cabe o cultivo da sensação de posse ou reações de ciúme, pois o amigo virtual tem por origem a complexa família online das redes sociais ...e, por outro lado, não se sabe com certeza quando ocorrerá um novo contato virtual e a vida pode se tornar um "inferno" se alta expectativa condicionar uma espera patológica na frente da tela de um computador;

* autodomínio e controle de impulsividade para evitar ações ansiosas "estabanadas" ou "desajeitadas": se o amigo virtual se desligar para o status transitório offline vale encarar como seu direito a um pedido de tempo;

* contenção de quaisquer impulsos agressivos: que impliquem em sutis ataques como meras ironias até um click precipitado na tecla deletar e posterior sensação de arrependimento e culpa.

* a essas posturas cada um acrescenta aquelas que achar relevante para ocasionar a sensação agradável do "quero mais", "quero permanecer por mais tempo com essa pessoa, encompridando o breve momento online que estamos junto", "quero manter 'essa relação online' com 'esse contato virtual' e não outro".

 A perspectiva que me surpreendeu, e que estou tentando colocar, é que o cuidar da relação virtual está diretamente proporcional ao amadurecimento emocional que envolve o processo de se autocuidar.

O reconhecer a fonte interna das próprias ansiedades e o saber-se capaz de contê-las e gerenciá-las,  administrá-las adequadamente nos momentos online, só tende a fortalecer e elevar a auto-estima quando a interação virtual ocorrer. Como o juízo sobre si é de autovalorização pode-se bancar de forma positiva qualquer relação, sem cair na autopiedade ante possíveis rejeições e afundar na posição de vítima, do "coitado de mim", emitindo mensagens camufladas do tipo "espero que cuidem de mim".

A qualidade do contato virtual não se vincula a visão de uma aparência (que pode não ser verdadeira), não oscila ante presença ou ausência física existindo imagens em vídeos (essas também podem ser falseadas), não se atrela a liquidez consumista do mercado midiático dos valores interesseiros, nem a expectativas não dignificantes a nosso lado +humano...

O vínculo entre amigos virtuais depende mais da qualidade das imagens mobilizadas pelas fantasias propiciadas não só pelo sentido das palavras nas mensagens, como também pelas associações significativas e sensações aconchegantes que possam ocasionar em quem as lê e interpreta.

É uma nova visão de mundo que vai se delineando, menos fria e mecânica e mais voltada ao ser humano racional e sensível, que demanda mudança na perspectiva do "cuidar", ou seja, do "amar". Vale refletir sobre tudo isso e verificar sua aplicabilidade prática na realidade cotidiana, para que ganhe "status de verdade"!

Retorno ao meu "miguinho virtual":
  Re: Re: "A questão, a meu ver, é como conviver com a incerteza de quando será o novo contato virtual e envolve também a insegurança sobre como manter a relação virtual.
  Acredito que a volta a si mesmo e o reconhecimento da impotência individual possam ocasionar o filtro seletivo de autovalores humanos (= forças pessoais).
  O peso da própria angústia pelo desamparo e desconforto nas relações virtuais tem condições, segundo penso, de aumentar a empatia pelo outro dentro do social.
  Hoje minha compreensão do social é algo além das interações "eu/outro com rosto". Após leituras das obras de Zigmunt Bauman e análise das articulações das idéias desse sociólogo polonês indo para seus 90 anos de idade, observo o social como o "eu anônimo sem rosto".
  Os "amigos virtuais", dentro de seus anonimatos e distorções identitárias, têm condições de possibilitar  uma verdadeira empatia pelos "sem rostos do social", pois seu lugar na relação virtual, não está distante da posição desses na sociedade.
  Possível luz no fim do túnel levando ao admirável mundo novo... longe da ficção de Huxley, bem longe em sua estrutura ... agora direcionando o século 21, para um novo 'mundo inventado por humanos'.
  Aguardando nosso próximo contato, sem "neuras",
  Abç
  lm "

A adaptação às novas formas de interações, advindas com as amizades virtuais, já vão acarretando possibilidades para se delinear novo tipo convivência humana, que acredito possa se transformar em menos competitiva e destruidora; mais harmônica e pacífica, culminando no desejo de bem-estar e no confronto com o mal estar da pós modernidade; culminando com o abandono da posição humana de mercadoria de consumo e com a luta diária por uma boa qualidade de vida como "sujeito livre, herói para si ao ser responsável pela criação da história de sua vida".

Acredito não ser utopia, e é grande minha esperança em futuro - não tão longínquo agora - que possamos alcançar, dentro do social, a condição de um ser humano "livre" em sua opção por viver de acordo com valores pessoais que o dignifiquem, e "feliz" ao criar, a cada momento, seus estilos gratificantes de vida, respeitando sua essência em suas escolhas para um bem viver consigo mesmo, sem precisar se enjaular em padrões  massificadores, não mais reconhecendo seu rosto no social.

Aurora Gite

P.S. : Para quem se interessar em conhecer a obra de Zigmunt Bauman, o Youtube traz excelente material em vídeos, inclusive divulgando entrevistas realizadas com o próprio sociólogo.