sábado, 4 de dezembro de 2010

O direito de ter direitos,ou como exercer a cidadania

Muito se fala em "cidadania", "cidadão participativo, comprometido com o coletivo"... e por aí vai. Resolvi nesta postagem desviar o foco para "o direito de ter direitos" e como exercer a cidadania. Durante a leitura desse e-mail, enviado a uma empresa, vão entender o porquê. Como seu conteúdo e o papel das lideranças é o que devem ser enfatizados, optei por omitir nomes de empresa, das pessoas que o receberam, do remetente. Foco: o ser humano ainda tem alternativas para se posicionar como cidadão, mesmo ante um sistema desumanizado encoberto por robotizações abstratas como estamos vivendo.


Diretoria Geral
........... Brasil
a/c .....................................


Depois de várias tentativas inúteis, relatando ocorridos e mostrando evidências na expectativa de providências, bem como da consideração através de retornos, por escrito, das medidas tomadas, chego a essa Diretoria.

Proprietária da residência sita à rua ........ nº....., portanto vizinha direta da A. , estou na mesma desde 1975, quando ainda tinha como vizinha a P., logo comprada pela A. Nessa época, o cartão de visitas da A. era a excelência da qualidade de seus serviços e, em particular, de seu atendimento ao público e ao social. A receptividade de sua recepção chamava a atenção: pronta a atender quaisquer transtornos sociais, inclusive com seu livro preto aberto a reclamações e sugestões, e seu empenho em adotar uma transparência ética no retorno, por escrito, das soluções adotadas. Hoje, fico surpresa ao ver a recepção A. estar encoberta por vidros espelhados escondendo a pessoa que nos atende, que se permite até a omissão de seu nome, ao lhe ser perguntado. Robotização empresarial que obriga a que nos relacionemos com uma voz microfonizada: gutural, fria e desumana; e que, para sermos atendidos pessoalmente, tenhamos que pressionar insistentemente o botão vermelho de uma campainha. Em vão se procura uma caixa de sugestões ou endereço de ouvidorias oficiais, ligadas a uma administração geral, e não a chefias de setores específicos. E ficamos nos perguntado qual será atualmente a visão, valores e missão dessa empresa A. ... não a política aparente, colocada a céu aberto, mas a aplicada e vivenciada na prática cotidiana.

Apelo também ao Sr. J. que se una à diplomacia e honestidade ética do Sr. W. que, por diversas vezes, tem tentado nos auxiliar. Atualmente, embora sua enorme boa vontade e prontidão, o vemos impotente ante atuações antiéticas e desinformações, que encobrem o que verdadeiramente ocorre, e agregamos a isso a falta de fiscalização e responsabilização dos funcionários envolvidos. Até a qualidade de serviços terceirizados depende da firmeza e seriedade ética das chefias dos setores em que prestam serviços; sendo assim é difícil aceitar a justificativa de esquecimentos como, por exemplo, de acender luzes nas dependências nos finais de semana, ou ante telefonemas, no meio da noite, sobre barulho, receber como resposta que o mesmo não ocorre nas dependências A. , sem ao menos ir verificar. E ocorriam mesmo, pois existem equipes selecionadas para esses trabalhos "contínuos" e "extras ", que perduram a noite, finais de semana e feriados.

Aproveitamos para agradecer a disponibilidade e prontidão do Sr. W. para receber mensagens em seu celular, ou telefonemas nos mais diversos horários, até de madrugada, em feriados e finais de semana ( tudo então registrado) e que, de longe, com sua boa vontade em busca de interações harmônicas, tenta tomar providências à distância - ressaltamos tal fato - pela falta de comando do responsável em serviço na A. no momento.

Mesmo tendo sido por nós encaminhado Boletim de Ocorrência de Roubo sofrido por familiar, assediado por um motoqueiro em frente de nosso portão, nenhum resguardo foi observado, quanto a vigilância das calçadas, nos horários em que vários motoqueiros se aglomeram na frente da entrada da garagem dessa empresa, muitos até deitando na calçada. Pela intercorrência registrada é fácil comprovar no dia a dia: o horário, a entrada pela contramão na rua ... e o embicar na entrada A. Desse ponto veio, pela calçada, o motoqueiro que assaltou nosso familiar, trazendo grande prejuízo material.

Seus funcionários continuam parando em frente à nossa garagem, o que seria dificultado se houvesse essa vigilância. Não se observa mais nenhum funcionário no setor externo. Locais foram reservados com cones, ampliando a abertura do espaço para parada de motoqueiros. Ousamos propor uma sugestão: que seja demarcado espaço, por tempo limitado, na frente da A. para atender a funcionários "especiais", e mesmo aos que venham em busca de papeletas ou ordens de serviço, justificativas dos que param na frente de nossa residência. Talvez até pudesse haver vaga para deficientes em suas dependências.

Novamente galhos de nosso lado, sobre nosso muro, foram arrancados - enfatizo do nosso lado - como na 6ª e 4ª feiras passadas. Alegação que há tempos nos é dada: praga de planta. Refutamos! Como encontrar praga tão potente que em prazo de pouco mais de 12 horas consiga sumir com galhos cheios de folhas verdes, muitos brotos nascendo, com até 1,5 cm de diâmetro e por volta de 1.5 m de comprimento? Não conseguimos mais entrelaçar essa primavera nas três fileiras de arame que colocamos, e que nos serviriam de segurança, pois ela contém espinhos em seus galhos. Houve época em que essa trepadeira atingia a parede, perto da janela de nosso quarto, chegando até o teto.

Sobre os transtornos, continuamos nos perguntando:
- De quem parte a orientação para seu material de manutenção ser "jogado" embaixo da janela de nosso quarto? Desagradáveis sons de madeiras e metais sendo ouvidos, inclusive em horário noturno, como no caso de ontem após 22 horas, quando enviamos mensagem ao Sr. W.
- Por que a necessidade de utilizar nossa parede, trincada - e já mostrada há tempos a seus responsáveis, sem providências efetivas tomadas - em vários locais, pelas perfurações nela efetuadas? Até que ponto as trincas diagonais acima dos caixilhos de portas e janelas, bem como a dificuldade atual no encaixe das mesmas nos trilhos de alumínio, não se devem a ampliação de andares em suas constantes construções internas verticais?
- Por que esse pequeno espaço a descoberto, comparado ao terreno tão grande de suas dependências, precisa ser ocupado por vários materiais jogados, como calhas com sua canaleta voltada para cima? Por que não limpar o telhado da casa das máquinas com suas canaletas de escoamento constantemente bloqueadas por folhas caídas de árvore de seu próprio terreno? Tantas campanhas de advertência e esses locais podem se constituir em focos de dengue, pelo não escoamento adequado de águas da chuva. Por que mesmo com nossos avisos anteriores nada foi feito até a presente data?
- Por que suas máquinas são ligadas de madrugada, ininterruptamente, como no caso dos motores da bomba de água? A construção de uma caixa de água subterrânea de 75 mil litros de água passou a nos obrigar a conviver com o transtorno noturno de trepidação semelhante ao barulho do motor de uma máquina de lavar roupa ligada; e nosso organismo reage com as devidas alterações metabólicas ante o chacoalhar constante de água. Não pudemos excluir a hipótese dessa caixa estar ligada diretamente ao veio de água do córrego existente embaixo das residências construídas no local, pois através dela encontraríamos explicação para diversas alterações estruturais observadas na nossa residência - e já mostradas a responsáveis de altas escalas em sua empresa. Sem retorno!
- Por que suas máquinas, próximas à janela de nosso quarto, são ligadas, em altas voltagens, por volta de 4:00h, alarmes disparados por volta de 6:00h e só desligados às 6:45h como nessa segunda-feira? Que funcionário seria responsável por esse setor? Qualquer um tem acesso a essas ligações elétricas?
- Por que utilizar essas dependências tão perto de nossa residência para seus serviços de serralheria e pintura, sendo que é do conhecimento de suas chefia que em nossa residência transitam de idosos a recém-nascidos?

Não estamos conseguindo que o bom senso e o respeito à condição humana no reconhecimento de necessidades, voltadas à qualidade de vida ao redor, predominem na política da A. no que nos diz respeito. Agora nos sentimos mais enganados, pois no início de suas reformas foi-nos dado prazos para términos dos incômodos, e até garantido a mudança do local das máquinas. Falsa informações para ganhar tempo para a concretização das mesmas?

Acabamos ficando na mão de múltiplas "autoridades anônimas", com as medidas irracionais que podem implicar tal posição. Sem ninguém corporificado para assumir um comando, o descaso e falta de comprometimento, bem com a impunidade, se alastram. E o que nos parece pior, não estamos tendo registro de onde tem chegado nossas reclamações, pois medidas que bons funcionários, como Sr.W. tentam implementar, não são mantidas, caindo suas vozes no vazio da desconsideração de escalas inferiores e desinteresse de escalas superiores.

Tudo isso só nos deixa a alternativa de nos unir à reportagens midiáticas, buscando alianças com Prefeitura, Sabesp, Cetesb... e órgãos afins, que possam nos auxiliar a sanar os problemas e, de igual importância, que nos acompanhem na eficiência, eficácia e efetividade das soluções então encontradas.

Embora sem a mesma esperança inicial, ainda conservamos a expectativa de que essa Diretoria Geral, tomando ciência de tais fatos, possa nos auxiliar a sanar os transtornos; e nos encaminhar, por escrito, as providências tomadas, para que possamos também verificá-las na prática. Torcemos para que uma voz de comando, firme e incisiva, possa ser ouvida entre seus colaboradores internos, principalmente chefias mediatas e imediatas. O respeito a um líder vem da coragem em adotar e se bancar numa postura transparente e justa, que envolve o se nomear e assumir responsabilidades no comando de equipes de controle e fiscalização das medidas, para que não caiam no esquecimento ante o anonimato e abstração de comando empresarial.

L.T.

Data do envio do e-mail? Dia 02/12/2010 às 11:31h .
Até a presente data , dia 04/12/2010, não foi acusado nem o recebimento do mesmo, fácil de comprovar, pois foi enviado a/c de mais de uma pessoa em setores diferentes.

Vamos considerar pouco tempo para resposta?
Já pensaram se muitos assim exercessem sua cidadania e cobrassem seus direitos ante a desumanização, burocratização, anonimato e robotização empresarial?
Aurora Gite

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quer um filho assim de presente de Natal?

Tenho abordado muito que o "estar bem espiritualmente" e "autocentrado" propicia mais recursos mentais para o império da "razão", e maior presteza para discriminá-la de raciocínios lógicos egóicos. A meu ver, reconhecendo e aceitando os pontos fracos e fortes, se pode optar por superá-los, buscando equilibrar a energia entre essas forças internas. Fraquezas sempre vão existir. No entanto, podem não implicar em vulnerabilidade, se buscar manter um centro de auto-referências transparente e fortalecido.

Na opção pela energia das virtudes ( e o "amor" me parece a maior delas) como fontes psíquicas integradoras, uma boa dica é buscar responder: "Será que eu mereço isso?". O critério do merecimento vale para auto-avaliação reflexiva e coragem para mudanças, tanto quanto para dar um basta a interações desgastantes.

Tudo isso parece "fácil" e "lindo" estando no papel? Quer um exemplo prático? Então leia essa carta, de um filho (18 anos) dirigida a uma mãe, de tal grandiosidade que merece ser compartilhada com todos vocês. Expressão de amor genuíno, acredito que possa "servir de empurrão" para muita gente. Foi transcrita literalmente:


" Mamãe linda,

Acho que um problema que herdei do vovô foi a baixa eloquência para lidar com pessoas muito próximas. O J. e o F. têm trabalhado isso em mim, com ótimos resultados, mas ainda é difícil. Tem algumas coisas que eu quero te falar. A primeira, que é a mais importante, é que eu te amo DEMAIS e não quero que você jamais chegue a sonhar em duvidar disso.

Se eu me afasto de vez em quando é porque não estou muito bem e não quero passar essa energia ruim pra você, afinal você precisa estar 100% positiva pra passar E superar essa fase.
Não tô muito legal porque o meu lado emocional, que sempre sustentou a falta financeira e as brigas em casa, deu uma batida MUITO forte, e está começando a cicatrizar agora. Não adianta insistir que eu não vou compartilhar isso com você; você tem muitas outras coisas em que eu preciso que você foque.

Mas essa minha fase me mostrou como é importante a gente estar sempre com os amigos, mais próximos e parecidos, BEM próximos de nós. Liga mais pra tia V., veja mais ela, marque um filme de vez em quando (mesmo que seja de dia de semana ou, quando estiver sem dinheiro, só um DVD mesmo). Você talvez não perceba, mas ela sempre te faz muito bem. Se abra mais com ela também, não tem ninguém que vai te entender melhor, já passaram por muitas coisas parecidas.

Não deixe a peteca cair. A mãe da minha irmã diz sempre pra ela que é ela a única pessoa que não acredita no próprio potencial, e vejo você com o mesmo problema. Tenha mais certeza do seu próprio talento na hora de falar.

Nunca apele pra sua situação, não é problema de ninguém como sua vida está; as pessoas só se preocupam com sua experiência e capacitação. Vale muito mais citar seus anos de administradora de consultório e ... do que sua vida sofrida de viúva com dois filhos. E isso vale pra QUALQUER lugar. Se correr atrás não tá adiantando, aprenda a voar. Sonhe cada vez mais alto, mas bata as asas para ir subindo atrás dele. Mexa-se mais! Não importa o quanto você esteja fazendo, SEMPRE é possivel fazer mais. Tente diferente! Teclar a mesma tecla quebrada não vai resolver, pense em comprar outro teclado, nem que pra isso você tenha que vender, tudo o que der, do quebrado.

NUNCA diga que uma porta está trancada sem girar a maçaneta; é o que você mais tem feito ultimamente e isso me decepciona muitíssimo. Se, mesmo girando, a porta não abrir, empurre um pouco com muita força. Por fim, se ainda estiver fechada, procure nos seus bolsos, muitas vezes a chave está com você mesmo. Depois de ter certeza que aquela porta não vai te levar a lugar nenhum, sente...SÓ pelo tempo necessário para respirar fundo 10 vezes. É o suficiente para repor as energias. Se achar que não, tome um energético e lembre que tem gente te esperando no fim do caminho. Levante e vá em FRENTE. Para trás só haverão portas fechadas; você já testou todas.

Cuida do seu corpo. Você já dorme demais; se obrigue a deitar sempre às 23h e acordar às 6h, você vai ver como rende muito mais seu dia. No começo ( três primeiros dias) vai ser difícil, mas garanto que vale a pena. Faça sexo (nem acredito que tô falando isso pra minha mãe), definitivamente não quero saber quando e nem com quem, mas isso estimula a cabeça a trabalhar melhor e libera hormônios que nos dão ânimo pra tudo. Você é linda e interessantíssima, não tem dificuldades pra achar alguém pra um passatempo.

PARE de procurar alguém para ser sua base! Você só vai achar um amor quando tirar da cabeça que precisa de alguém pra por sua vida em ordem! Você é capaz e "vai ter que" fazer isso SOZINHA! Precisa de um amor pra compartilhar suas felicidades e aliviar as tristezas dele. Isso é que realmente nos faz bem num relacionamento. Se não tem alegrias para dividir, procure quem precisa de um ouvido, e ouça todos seus problemas. Pode parecer estranho, mas quando nos despertamos para ajudar alguém nossos problemas se mostram pequenos, como realmente são perto desse mundo todo.

Ouça seus próprios conselhos! Nem todos são propriamente bons, mas os melhores são os que você menos segue. Quando estiver sozinha, repasse tudo que você disse aos outros e aplique TUDO a você mesma. PARE de citar exemplos e SEJA você o exemplo. Procure cada vez menos dizer "Olhe como fulano está fazendo" e busque cada vez mais poder falar "Olhe como EU estou fazendo".

Quando precisar de dinheiro, ao invés de bater na porta de seu pai, bata na porta de alguma clínica e veja se não há alguma vaga. NÃO, você NÃO pode ter certeza de que a porta está trancada antes de girar a maçaneta, empurrar com força e procurar a chave. Pare de deixar as coisas passarem batidas, tudo, por menor que seja, deve ser levado em conta e analisado com muita cautela, a repercussão pode ser maior do que se espera.

Você definitivamente não precisa e nem vai ter quem te ajude a andar, você já aprendeu a fazer isso sozinha! Não procure bengalas, mas caminhos! Se parecer que não há nenhum, ache um facão e desbrave um. Uma mulher que passou pelo que você passou tem força pra isso. Não evite chorar, é um bem imenso lavar o que nos incomoda. No entanto, busque sorrir mais, veja vídeos engraçados, ouça piadas ou ligue para conversar com alguém cuja voz lhe agrada.

E, sempre que precisar de um abraço, você tem um filho, que te ama demais, de braços abertos pra te apertar bem forte. e dar uma chacoalhada nessa tua cabeça instável.

F.
05.10.10

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Novas descobertas demandam nova visão de mundo

"Potencial é o mesmo que possibilidades não vistas. Ou você vê que algo é possível, ou não vê. Impossível é apenas outro nome para o que não é visto." ... " Não podemos negar o fato de que as formas de vida estão constantemente evoluindo, passando a níveis mais altos de abstração, imaginação, perspicácia, inspiração." (Chopra,Deepak. "O Efeito Sombra", p.84 e p.82)

Considero importante realçar que um conhecimento científico deve ser compartilhado e que pesquisas devem ser embasadas em amostras representativas. Não devem ser manipuladas em prol de resultados imediatos e interesses pessoais. Nesse sentido, a honestidade dialética é que permite o agregar de forças, visando a evolução da ciência. Caminhamos juntos?

Vou tentar me posicionar, para que possa ser entendido meu trajeto pessoal e formação profissional. O início de meus interesses pelo bioeletromagnetismo teve como marco a busca de entender algumas experiências, ocorridas no final da década de 70, do "segundo milênio". Ainda estranho essa colocação.

Dos ensinamentos dos Vedas e do Budismo, passando por Krishnamurti e pela meditação na yoga, por um vértice; Carl Sagan e Fritz Capra, por outro; Fromm e Rogers, Fritz Perls e Stevens, Maslow e Forghieri, em outro; Laing, Horney, Klein, Adler e Jung, fechando outro vértice de uma pirâmide evolutica. Em seu cume, permitindo a passagem para a parte superior dessa figura geométrica e o amplo vislumbrar de novas perspectivas, coloco a Psicologia Transpessoal com seu corpo teórico que sintetiza algumas dessas visões, integrando conhecimentos de escolas psicológicas ocidentais com elementos das tradições esotéricas. dando espaço para a inclusão da dimensão espiritual do ser humano. Em sua proposta holística da consciência, Wilber considera-a una, e por sua multiplicidade de aspectos, defende a idéia da existência de um espectro da consciência, de maneira análoga às radiações eletromagnéticas e seus diversos comprimentos de ondas.

O contato com filósofos e pensadores ocorreu bem antes; dei a mão para Plotino e Platão, Aristóleles e Kant, Schopenhauer e Nietzsche...Sempre os considerei como alimento para minha alma. Em cada um encontrava elementos que me possibilitavam maior autoconhecimento e melhor compreensão do que ocorria com meus pacientes - e, com isso, meios mais efetivos de ajudá-los terapêuticamente.

Vou me permitir fazer um parêntese. Olhando para trás, deixando a mente vagar por recordações longínquas, desde criança minhas inquietudes se voltavam aos "Por que o ser humano não consegue se enxergar, e só vê sua imagem refletida num espelho?"; "Por que ficamos presos no globo pela força da gravidade e se pensarmos no planeta Terra estamos soltos no espaço?"; "Por que nossa mente é povoada de pensamentos e idéias? O que surge antes?" Por aí se vê que minhas interações prazerosas não foram tão fáceis, e trocas de idéias que pudessem aplacar minhas curiosidades e angústias foram raras.

Cada vez mais me distanciava da Psicanálise Freudiana ou de como foi usada por muitos psicanalistas tradicionais, e mais me aproximava da liberdade terapêutica de adotar várias perspectivas, bem como de interações dialéticas socráticas substituindo o divã, a falta de visão e o silêncio das técnicas analíticas. Não gosto de me sentir "engessada" em regras e julgamentos preconceituosos, tendo que me obrigar a segui-los para ser aceita por grupos ou pessoas. Continuo hoje questionando o saber fechado, baseado em interpretações subjetivas e a complexidade de conceitos, que dificultam a leitura psíquica e compreensão de relatos casuísticos, em momentos de discussão interdisciplinar. Aliás, relendo Freud, tenho dúvidas sobre muitas posturas que lhe foram atribuídas por seus seguidores mais fanáticos. Adotei uma postura mais eclética a nível teórico e instrumental, onde o paciente não era engessado em molduras teóricas e como terapeuta, senti-me mais livre ante o uso dessa instrumentação técnica mais diversificada.

Após essas premissas procurando uma frequência comunicativa mais alinhada e afinada, vamos lá, deixar registradas as considerações abaixo.

Continuo minhas pesquisas sobre a relação entre as vias de canalizações de energias sexuais orgásticas e energias psíquicas mais sutis, extrafísicas. Foco, atualmente, o sistema endócrino e os novos estudos sobre a glândula pineal, as descobertas sobre a melatonina e as pesquisas sobre as interações entre elas. Nesse campo experimental vale se inteirar da evolução em Radiologia Médica e na área da Imagiologia, graças a alta tecnologia desenvolvida pela Física. Não vou ser repetitiva sobre o papel desempenhado pelas descobertas da Física Quântica no descortinar desse novo mundo.

Gosto de imaginar o paciente em terapia trilhando os patamares de uma pirâmide. Na base inferior suas angústias, seus conflitos, sua patologias... ou como diz Chopra, sua sombra que necessita ser ultrapassada para alcançar a plenitude da liberdade integradora. Também constato, como ele, que nosso lado sombrio defende as riquezas do inconsciente, e que a plenitude e a cura estão intimamente ligadas. Ainda, podemos apreender muitas técnicas de cura, de uma observação atenta sobre os sistemas do corpo físico e seu funcionamento integrado. O difícil é integrar um self dividido. Desafio que me impulsiona a buscar estímulo na famosa frase: "Mãos à obra!". A observação e comprovação de bom prognóstico, e mesmo cura, em pacientes, que conservam dentro de si a esperança e fortalecem sua fé intuitiva, é um grande incentivo.

Como propiciar o "contato consciente" com a espontaneidade de sua essência e potencial criativo, a não ser por uma reavaliação do que serve ou não dos valores "incorporados sem pensar" familiares e culturais? Como conquistar sua autovalorização pessoal? É um árduo caminho que tem como primeiro passo o seu libertar do que não pertence a sua personalidade; depois o conviver com o desamparo e o vazio internos e com a dor do parto por ele mesmo induzido; a seguir entrar em contato com o seu nascer como pessoa, com a livre expressão de sua potencialidade e da responsabilidade de tornar-se indivíduo e cidadão participativo do social onde está inserido. É fácil se perceber como é importante uma aliança terapêutica baseada em relação de aceitação incondicional, de confiabilidade e fidelidade, que possa vir a se constituir em experiência emocional corretiva.

Volto a imagem da pirâmide e a observação de um novo patamar de canalização de energias internas. A manutenção do ser humano no caminho das virtudes - qualidades morais que lhe são inerentes e que podem se constituir em campo de forças integradoras no mundo psíquico -impulsiona a uma convivência interativa interna e externa, dentro de uma honestidade ética dialética, que culmina num evoluir e se autorrealizar espiritualmente.

As dimensões físicas do agir, pensar e sentir não mais comportam essa qualidade energética.
Ao se chegar a uma compreensão holística de seu papel no mundo dos paradoxos, a serem aceitos e ultrapassados, surge uma unicidade compreensiva que dá um significado diferente ao momento vivido em plenitude, sentido e não julgado, apreendido por uma sabedoria intuitiva, que se une ao bom senso racional e à razão pura kantiana. Vale conferir as correlacões entre esse estado e as descobertas científicas citadas por Eduardo Augusto Lourenço em seu livro "O Ser Consciencial: na busca do auto-conhecimento"(2009).

Essa nova dimensão do ser humano é atingida por um caminhar solitário nesse deserto de desapegos, único e pessoal. Consiste em experiência individual difícil de abarcar por relatos pois ainda é indescritível em palavras. Atualmente, muitas pessoas ousam relatar experiências semelhantes e, ante a proximidade dos conhecimentos advindos através da Física Quântica, algumas hipóteses já podem ser traçadas.

Algumas idéias já coloquei em blogs anteriores. Defendo que a Psicologia é grandeza física do campo do biomagnetismo, e que as interações da energia psíquica fazem parte do mundo das partículas subatômicas, demandando de leitura da Nova Física para adquirir status de ciência, como ambicionava Freud ( aliás deixou esse anseio em seus registros escritos).

Atuais experiências já constatam transmutações de energias captadas por ondas vibratórias (pensamentos) em mensagens fisicoquímicas, unindo eletricidade, magnetismo e neuroquímica. Dica para quem tenha interesse: buscar no Google e se inteirar das pesquisas de Vollrath e Semm; Philip Lansky e seus fármacos; neurocientistas do Instituto de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo; estudos em Radiônica; Aguilera, físico-espiritualista... e por aí vai. É montarem seu próprio quebracabeça com a configuração de peças de seu interesse pessoal.

No meu caso, me interessei pelo estado de relaxamento que permitia um campo mental mais aberto e receptivo a ocorrência de um "processo de imantação", semelhante a uma mola (salto quântico?), onde a consciência humana não se desconecta da atividade corporal, mas se vê puxada por uma força, num "religar" que lhe permite atingir um campo com outras grandezas. Sensações de paz e amor/aconchego; luz e calor; ausência de palavras e um silêncio interior comunicativo/um pensar sem palavras; plenitude contemplativa e estado de êxtase/orgasmo espiritual (não físico) único e duradouro. A experiência não se apaga com o passar dos anos.

Confiram os avanços das pesquisas relacionadas ao nosso DNA: descobertas de Fritz-Albert Popp e de Burr; de Gregg Braden; de Vladimir Poponin... entre outras.

Cabem muitas reflexões ao se adotar postura aberta e receptiva a essas novas informações, resignação ante a queda de paradigmas obsoletos e aceitação dos novos conhecimentos advindos da era tecnológica e digital do Terceiro Milênio. Acredito que as profecias de Nostradamus não estavam tão erradas em suas incisivas afirmações de "fim de mundo", linguagem simbólica para expressar transformações, da grandiosidade que estão sendo presenciadas, cuja compreensão não mais cabe dentro da visão de homem e de mundo que predominou até agora.

Ante todas as informações que chegam a uma velocidade assustadora, só se pode entoar o pedido de: "serenidade e paz interior para aceitar o que não pode ser mudado... e sabedoria e coragem para alterar o que tem que ser mudado".

Uma das maiores angústias a enfrentar ante esse mundo desconhecido é a sensação de estranheza que advém. Um dos maiores obstáculos a ser enfrentado é lutar para "se manter inserido no mundo novo como cidadão participativo" e não espectador passivo, patinando no velho que, na realidade, não existe mais, a não ser na memória de cada um.

Aurora Gite

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um pouco mais de Andréa em sua solidão

"Receio"

É tao bom a gente sentir,
Eu sei, um amor maior que nós.
Mas, eu também dei de muito sentir,
Ao ver minha dor não sair.

E ao fugir deste meu amor,
Sentir uma dor maior.
E maior que a dor de um grande amor,
Só mesmo a dor da solidão.

Esta dor que está sempre,
Sempre a me perturbar.
Com um temor que não tem fim,
Quando eu viver o amor final.

E, ao sentir nosso amor terminar,
Vou saber me encontrar,
Pois só é pior que a dor de uma paixão,
A dor de ser tão só.


"Rua da Solidão"

Não tenho amor pra viver,
Não tenho com quem falar.
Tudo perdeu o prazer
E agora eu vivo a chorar.
Agora eu sou tão calada,
Ninguém mais me faz sorrir.

É triste não ser amada,
É duro não se iludir.
Fico fugindo da noite
Somente pra não lembrar,
Que tudo isto é um açoite,
Que sabe onde me encontrar.

Assim eu vou me acabando,
Sempre fugindo da dor.
Ninguém mais está me amando,
Tudo perdeu o valor.
Nem sei mais onde encontrar
Animação pra viver.

De tanto que eu quero amor,
Eu só consigo sofrer.
Não encontro passagem,
Vou ter que ficar aqui.

Pois que me levem, me matem,
Mas me tirem daqui.
A rua está muito escura.

Eu quero sair daqui!
Se eu sair esta dor cura,
E nunca mais vou me iludir.


É isso aí, Andréa, nos momentos difíceis, a melancólica solidão de sua alma tem grande chance de aparecer. O importante é você se permitir ouvi-la e não abafá-la, ou fazer de conta que nada diz. O que sua alma grita, com perspicácia e coragem, você conseguiu apreender e colocar no papel através das poesias.

Você já sabe que esse é o instrumento para se aproximar de seu íntimo, de sua alma tão só... dar o aconchego que ela pede e possibilitar a expressão da dor, que é o que ela demanda... para ser "curada".

Talvez seu caminho possa servir de exemplo a muitas outras pessoas por aí, com suas almas perdidas dentro de si.

Aurora Gite

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Supervisão em Psicologia em Hospital Geral (3ªparte)

Acredito que com mais essa parte tenha contribuído para sanar algumas de suas dúvidas. Pincelei alguns aspectos de meu projeto com tal intuito. Então vamos lá?

A própria busca de qualidade exige uma revisão constante nas formas de avaliação e na metodologia, que envolve esse processo. Tal procedimento é que poderá embasar programas de treinamento e reciclagens, devendo para isso não possuir caráter punitivo, ou mesmo premiativo, não culminando com demissões ou exclusões, mas com a inserção dos profissionais -efetivos e estagiários - em programas específicos a cada um, que ocasionem seu desenvolvimento mais adequado, visando sempre, em virtude da própria prioridade institucional, também a produtividade da organização hospitalar e a qualidade dos serviços supervisivos oferecidos.

A avaliação mais condizente, ao exposto nos dois blogs anteriores, deveria abranger o todo da atuação dos elementos envolvidos numa supervisão, e efetuada longitudinalmente. Deveria levar em consideração não só aspectos da competência e destreza clínica, mas também a própria qualidade dos vínculos relacionais e éticos estabelecidos durante o período. As avaliações das capacitações, que envolvem o próprio processo cognitivo, bem como as motivações, interesses, intervenções e leituras de feedbacks, seriam adaptados a qualquer linha teórica.

Mediante o preenchimento de um questionário padronizado a supervisores e supervisionados, em quatro fases distintas, poderíamos obter uma avaliação longitudinal qualitativa das motivações e interesses que o cercam. Suas possíveis alterações nos possibilitariam efetuar um levantamento situacional de prováveis momentos dentro do próprio estágio, que demandariam um planejamento supervisivo diferenciado. Haja visto a grande mudança, na área afetiva e comportamental, observada nos estagiários ante a elaboração da monografia, por exemplo.

Levando-se em consideração que o estagiário deve apresentar uma postura ético-profissional, estruturas cognitivas adequadas, unidas a condições emocionais mínimas e habilidades específicas, os aspectos avaliados envolveriam como ele usufrui e busca conhecimentos, as ferramentas utilizadas, e se a forma como as usou demonstrou eficiência e foi, portanto, eficaz.

Sintetizando, poderíamos classificar essas avaliações em quatro categorias:

a) Quanto às relações estabelecidas:
1- avaliações longitudinais qualitativas das motivações e interesses, tanto do supervisor, quanto do supervisionado, e possíveis alterações
2- avaliações qualitativas das interações interdisciplinares
3- avaliações ante feedbacks e tipos de mudanças dos próprios pacientes
4- posturas perante o paciente
5- posturas ético-profissionais gerais

b)- Quanto às correlações da teoria e da prática:
1- avaliação de mudanças no que se refere a assimilações teóricas de novos contextos, e da própria didática, que a envolveu na instituição hospitalar com as especificidades de UTIs, PS, Clínicas Médicas, Enfermarias...
2- como articula o pensamento
3- como utiliza os conceitos
4- como interage teoria e prática
5-coerência de atuação com a linha adotada

c)-Quanto ao amadurecimento profissional:
1- avaliação da autonomia e discernimento do estagiário
2- como o supervisionando enfrenta problemas pontuais, situacionais
3- como concebe soluções ou sugere procedimentos
4- como define prioridades, avaliação da capacidade seletiva
5- segurança na atuação, avaliação da habilidade na tomada de decisões
6- flexibilidade e maleabilidade adaptativa
7- tolerância a frustrações profissionais

d)- Quanto à destreza clínica:
1- avaliação da capacidade de sistematização e análise dos dados obtidos
2- avaliação da capacidade de síntese e interpretação do material coletado
3- capacidade de diagnosticar
4- capacidade de estabelecer hipóteses e objetivos dentro da linha teórica adotada
5- avaliação da capacidade de elaborar e planejar estratégias e/ou intervenções
6- clareza e objetividade de expressão

Tal método de avaliação envolveria aspectos evolutivos e de aprendizagem, mais do que conteúdos e fórmulas padronizadas. Seria sistemático, objetivo, com caráter científico, pois envolveria dados concretos e registrados, não apenas relatos de sessão e observação de aspectos transferenciais e contra-transferenciais, mas os aspectos vivenciais dessa relação que deverão ser registrados, obrigatoriamente, em relatórios, independentemente da linha teórica adotada. Cada ítem, acima mencionado, se dividiria, ainda, em subítens específicos. No espaço reservado para observações, caberiam justificativas pertinentes.

Além da relação, por escrito, da bibliografia lida durante o estágio, haveria um fichamento das leituras. Ele seria uma das fontes para serem avaliados os aspectos mencionados. Esses materiais seriam arquivados em pasta e comparados, no final do estágio, pelo supervisor e supervisionado. Consideramos esse tipo de documentação importante para o acompanhamento objetivo das mudanças, quebrando o processo unicamente subjetivo de avaliação por parte do supervisor, e possibilitando uma auto-avaliação realista, por parte do supervisionado. Cada clínica poderia montar assim um tipo de biblioteca específica. Ao aprimorando caberia não somente receber e acumular, mas já haveria um aprendizado de troca, de registrar suas idéias e soltá-las, posturas indispensáveis a um cientista.

Omitimos nesse post algumas partes sobre a necessidade inicial de caracterização da clínica de atuação, sobre monografias, só realçando que seus temas deveriam estar vinculados às demandas da própria clínica, da Divisão de Psicologia, ou sugeridos pelo próprio supervisor, e não soltos, unicamente de interesse do estagiário pois muitos trabalhos se tornam repetitivos ou aleatórios ao local de atuação no período de aprimoramento.

Enfatizamos a necessidade de modelos de supervisão baseados em moldes científicos, onde basicamente registros, comprovações por escrito, possibilitariam suas próprias reciclagens, num processo de retroalimentação, ocasionando redimensionamentos da própria supervisão e do teor do vínculo supervisor-supervisionado, ante observações concretas, mesmo posteriores. de quando e porque algumas modificações ocorreram e em que âmbito se deram.

Terminamos pontuando que um modelo de supervisão, assim estruturado, já estaria buscando a inserção do estagiário no âmbito científico, além da motivação para um crescimento pessoal e desenvolvimento profissional pós-estágio.

Obs: Entregue na década de 90, nunca mais vi meu projeto. Retorno via diretoria: bom projeto que estava sendo encaminhado á psicóloga responsável pelo setor de aprimorandos. Nenhum contato foi estabelecido pela mesma. Retorno de colegas: que era uma visionária, que esse projeto seria para instituições de primeiro mundo e não para aquele complexo hospitalar iniciando seu processo de transformação também administrativa, decorrente de sua parceria com entidades do ramo.

Porém o pior, foi o contato com assessores e chefias inseguras, e seu constante "não sei como me relacionar com você" e sentindo-se ameaçados foram retirando sala, contato telefônico, computador, materiais de trabalho, bloqueio de pacientes e interações com área médica; avisos de reuniões chegavam com datas e horários errôneos, bem como impedimento de participação em reuniões científicas multidisciplinares. Foi o período em que aprendi como pode ser maldoso o ser humano, perversa a interação grupal às voltas com interesses pessoais e elementos algemados por gratidão manipulada, e o quanto temos que caminhar até uma sociedade mais ética e justa.

Aurora Gite

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Supervisão em Psicologia em Hospital Geral (2ªparte)

Para se pensar em modelo de supervisão em Psicologia em Hospital Geral há que se considerar também os aspectos abordados no blog anterior, do qual este representa sua continuidade.

Ao abordarmos a demanda hospitalar, estamos nos reportando a uma demanda médica, dos pacientes e também da instituição. A busca da saúde mental adquire urgência capital, não se esquecendo da inserção do recurso humano organizacional e sua adequação à visão, missão e valores da referida instituição.

Ante as novas descobertas da grande integração "psiconeuroimunoendócrina", e a adoção de atitudes médicas mais humanistas, holísticas e psicossomáticas, as técnicas adaptativas, que envolvam a diminuição de ansiedade, a adequação à situação momentânea do tratamento e a adesão a ele, tornam-se prioritárias ( não excludentes necessariamente) à própria investigação clínica do que pode estar ocorrendo com o mundo fantasmagórico do paciente.

Comunicações teóricas mais abrangentes, e que possibilitem maior facilidade de decodificação, tornam-se imprescindíveis nesse mundo, predominantemente científico e de interações interdisciplinares. Citamos o caso de uma criança de 10 anos. Quando assumimos o setor, na primeira entrevista, observamos claros sintomas de epilepsia. A mesma estava em tratamento há quase um ano pela profissional que nos antecedera. Nesse período todo, ela continuava a investigar a interação mãe-filho, e a repercussão do super-protecionismo sobre o comportamento ansioso do filho. Após a nova leitura colocada em reunião interdisciplinar de discussão de casos, o paciente foi encaminhado para uma avaliação por profissionais da área médica, na clínica neurológica, e foi constatada sua patologia. Devidamente tratado com medicamentos, seu quadro evoluiu satisfatóriamente em pouco tempo.

Independente dos parâmetros referenciais, que facultem a compreensão de um fenômeno, em virtude da grande demanda hospitalar e da alta rotatividade dos pacientes, o psicólogo hospitalar tem que se adequar às técnicasque envolvam psicoterapias breves, de tempo limitado e com objetivo determinado. Nesse sentido, a eficácia de um diagnóstico mais preciso está atrelada ao conhecimento do que fazer. para traçar uma linha de ação psicoterapêutica.

A imprevisibilidade da possibilidade do retorno dos pacientes, por fatores, muitas vezes, independentes de sua vontade, nos impele a tratar cada sessão como unidade; a refletir sobre o cuidado com o material que possa aflorar, pois sua elaboração pode demandar tempo, que não pode se estender conforme a demanda do paciente. Sendo assim, as intervenções devem instrumentalizar o paciente, tanto quanto possível, para que possa lidar melhor com suas angústias, inclusive. O enfrentamento do paciente com sua realidade pessoal e social adquire prioridade sobre trabalhos unicamente com suas fantasias.

Embora se conte com o vínculo terapêutica como "experiência emocional corretiva", as intervenções do psicólogo hospitalar são mais interativas e focais.

Resumindo, esses aspectos nos indicam a importância da adoção pelo psicólogo hospitalar de:
1- uma linguagem mais adequada, buscando a quebra da "Torre de Babel", que se expandiu, dentro da própria comunicação psicológica;
2- seleção de técnicas que permitam a visualização de um resultado mais rápido no que se refere a minorização das ansiedades observadas ( pacientes, cuidadores e equipes), mesmo com a união de várias linhas teóricas;
3- testes aplicados em vários níveis, não somente projetivos, que possibilitem pontes de contatos mais objetivos, com suas interpretações colocadas de formas mais compreensíveis à equipe como um todo;
4- maiores registros das atividades desenvolvidas, para que a Psicologia passe a ter reforçado seu cunho científico, nesse tipo de instituição.

Modelos teóricos surgiram tendo como alicerce a visão, de homem e de mundo, de seus autores; da mesma forma, não poderíamos abordar a construção de um modelo de supervisão, como o pretendido, sem enfocarmos a visão do psicólogo - não usamos o termo psicanalista propositadamente - e do mundo hospitalar, enlaçados pelo cunho humanista e científico que lhes dá sustentação.

Sendo assim, um modelo de supervisão psicológica hospitalar já pode ir-se delineando. Portador de um caráter sempre dinâmico, portanto funcional e mutável, deveria apresentar algumas características constantes, tais como:
1- visão holística e global do psicólogo em si e de sua função dentro de uma instituição hospitalar;
2- adaptabilidade a regras e conceitos institucionais, a necessidades emergentes e técnicas adequadas;
3- flexibilidade e adoção de posturas mais ecléticas, pertinentes à demanda e não a uma linha teórica específica;
4- versatilidade e preparo do profissional para atuar em várias áreas para as quais se capacitou como psicólogo, e não acatamento de desejos específicos de atuação limitada -no caso psicanálise;
5- interatividade sistêmica, propiciadora de equipes mais harmônicas e conjuntos de ensinamentos e práticas mais integrados;
6- comunicabilidade acessível aos diferentes níveis de interações hospitalares.

Aqui você tem mais dados para cruzar com os seus e refletir em cima deles. No próximo coloco as formas de avaliação propostas, nesse projeto elaborado em setembro de 1998. Acho que abarquei o que me foi pedido.
Aurora Gite

sábado, 2 de outubro de 2010

Supervisão em Psicologia em Hospital Geral (1ªparte)

Espero que esse material lhe sirva. Foi parte de um projeto elaborado visando a construção de modelo de supervisão e de processos avaliativos em Psicologia, em um Hospital Geral.

Refletindo sobre a função da supervisão psicológica hospitalar, podemos observar sua dupla tarefa, formativa e informativa.

Propiciar ao supervisionando uma aplicação prática de teorias, que se supõe assimiladas em sua formação acadêmica; abrir espaço física para tal aprendizagem prática, unida à própria integração dentro de equipes multidisciplinares. orientar leituras pertinentes à atuações específicas, possibilitando essa correlação e interação da teoria com a prática. supervisionar as atuações do estagiário, são ações pertinentes ao ato de supervisionar.

Contribuir para que o supervisionando capacite sua observação. desenvolva um tipo de atenção específica. uma escuta adequada ao paciente e à própria equipe. maior agilidade na percepção dos aspectos transferenciais e contra-transferenciais, ou dos aspectos indiscriminados em sua vida de relação profissional; um melhor lidar com as inseguranças e as ansiedades, oriundas, inclusive, do próprio fato de atuar no ambiente hospitalar, onde a doença, a dor, o sofrimento, as deformações e a morte são constantes, também fazem parte desse quadro.

Indepente da linha teórica mais familiar a ambos, supervisor e supervisionado, possível união em torno desse conceito (supervisão) inclue, portanto, aspectos clínicos, voltados sempre ao autoconhecimento e crescimento interno, que envolvem o amadurecimento profissional do aprimorando para conter as enormes angústia e as reações emocionais, que podem eclodir, nesse contexto. Uma coisa é "saber-se" um psicólogo, outra coisa é "tornar-se" um psicólogo hospitalar, finalidade dessa formação educativa e clínica, durante o período de estagiário nesse tipo de instituição.

Um dos maiores obstáculos constatados concentra-se na má formação acadêmica atual dos profissionais particularmente nessa áreal. Tal fato interfere, inclusive, na expectatica e idealização do papel e dos limites de um supervisor. Muitas vezes, esse é colocado, erroneamente, no lugar daquele que detém um saber absoluto, o certo e o errado, devendo manter as rédeas diretivas. Ou então, podemos observar um "outro profissional, embora estagiário", dentro de uma passividade, se impedindo de atuar, de se instrumentalizar e aprimorar seu próprio potencial, na espera de modelos de atuação estáticos, que possam ser copiados.

Parece-nos que um dos trabalhos primordiais que atualmente, nós, supervisores, temos que desempenhar é ensinar ao estagiário como "aprender a aprender", como realmente "incorporar conhecimentos teóricos" e "adaptá-los em sua prática clínica", valorizando-se como profissional que também já é. talvez indo, inclusive, mais além, dentro de um método socrático, "ensiná-lo a pensar".

Ferramentas mudam, conforme o avanço tecnológico, porém necessitam e podem ser bem utilizadas, quaisquer que sejam, por aquele profissional que tiver, além de formação básica consolidada, autoconfiança, senso crítico e discernimento suficientes. Nesse sentido, a postura do supervisor seria fundamental, para que tal ocorresse.

Outro ponto nodal se situa, justamente, em algumas posturas que, de certa forma cerceiam o próprio desenvolvimento do aprimorando, que será livre "desde que" siga às orientações pertinentes à linha teórica do supervisor; ou desenvolva sua identidade, como psicólogo hospitalar, "desde que" se amolde a padrões de atuação rotineiros já estabelecidos. Esbarramos aqui numa grande questão ética, que vai mais além do englobar, em sua conceituação, a responsabilidade de cada profissional por seus atos. Permeia a própria formação do ser humano livre e autônomo, com um sistema de valores próprios e sociais a serem respeitados, só assim lhe possibilitando ser responsável por si, por suas escolhas e atuações supervisionadas, por suas posturas perante seus pacientes, a instituição e demais membros de uma equipe. "Ética" subentende, assim, julgamento valorativo, que permite discriminar e hierarquizar ações intencionais, envolvendo a capacidade crítica e o bom senso, para que tal ocorra.

Refletindo sobre os diversos aspectos, que envolvem uma supervisão, poderíamos até abordar a existência de uma "ética supervisiva", obtendo novo ponto de união independente de divergências teóricas. Ao tentarmos situar o profissional "psicólogo" e delinearmos o perfil de um "psicólogo hospitalar", observamos grande barreira advinda da própria relação Psicologia-Psicanálise e dos profissionais envolvidos por ela. É inegável o papel da Psicanálise, mãe e matriz das demais teorias surgidas. Quer por afinidades, quer por oposição, profissionais da área de Saúde Mental nela se alicerçam. Haja visto seu caráter abrangente, não só a psicólogos, mas a diversos profissionais de outros cursos superiores, desde que tenham passado por uma formação psicanalítica específica, com a inclusão da própria análise pessoal e supervisão clínica. Muitos "psicólogos psicanaliticos" preferem omitir sua primeira formação.

Não podemos desconsiderar a amplitude do campo de atuação do "profissional psicólogo", que se especializou na técnica psicanalítica, com sua escuta apurada, sua atenção flutuante, o aprimoramento de sua capacidade de análise e síntese dos processos psíquicos, ansiedades e defesas, dos aspectos transferenciais e resistenciais, sua criatividade elaborativa, sua adequação interpretativa ao momento ideal; bem como a extensão nosográfica das classificações e sub- classificações freudianas sobre a doença mental. Porém, também não podemos deixar de realçar a importância de outras teorias e técnicas, e a necessidade de conhecê-las, e porque não, dentro de nossa "identidade hospitalar" reconhecer as limitações da técnica psicanalítica e sua não abrangência a algumas patologias mentais. E, sendo assim, ante a emergência da demanda observada, utilizar instrumentações mais adequados ao "paciente", ao "existir de um doente". ao próprio "existir no meio hospitalar"

Paro por aqui. No próximo coloco novas propostas para comunicação em reuniões de equipes interdisciplinares, e para um modelo de supervisão psicológica hospitalar de caráter sempre dinâmico.

Aurora Gite

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O conjunto de "quebra-cabeças" da vida

Um quebra-cabeça... ou um conjunto de quebra-cabeças, é assim que me ponho a olhar a vida atualmente.

Tantas peças todas misturadas esperando que, com atenção, sensibilidade e inteligência, possamos observar detalhes de formas e nuances de cores. Com habilidade e destreza, possamos buscar o encaixe adequado entre as mesmas para atingir o todo previamente configurado. Grande é a satisfação interna ante o alcance do prazer por atingir seu "todo", que implica no entendimento de sua sistematização e completude. Sendo assim essa compreensão só pode ser vislumbrada ante nossa perspicácia de perceber a conexão entre as peças, e ante nossa capacidade intuitiva aberta a visão abstrata do conjunto das mesmas.

Cada peça de um quebra-cabeça, ou cada evento de nossas vidas, depende da escolha acertada, possibilidade única entre tantas oportunidades com que nos deparamos. No entanto, como acertar ante tantas peças ocultas e embaralhadas no meio de tantas outras que lhe são semelhantes? Mais ainda, como distinguir o acerto das decisões, ante peças ainda não tão visíveis na parcialidade do cenário que se constroe gradativamente. Sua construção depende das relações entre elas e o contexto global, para que possamos obter a engrenagem perfeita, que lhe permita sua sustentabilidade, inclusive ante imprevistos que surgem quando menos esperamos.

Cada situação de vida representa uma vivência, cuja qualidade depende da forma que a assimilemos. Experiência positiva ou negativa, sempre fará parte de nossa vida, sempre terá seu espaço nesse quebra-cabeça. Nele não existe lacuna. O que poderia ser chamado de lacuna, ou espaço vazio, já se constitui numa peça a ser considerada como tal. A firmeza de um ponto central está atrelada a nossa qualidade de caráter auto-referencial, que permite conviver por um tempo com a ansiedade do vácuo inicial até a percepção da integração com a plenitude do todo.

Vamos nos imaginar montando o que nos parece um belo quebra-cabeça, de muitas e muitas peças. Particularmente eu gosto de montá-los e ver as imagens se delineando pouco a pouco. Demanda muita paciência e perseverança. Uma paradinha aqui, um cafezinho ali, uma leitura acolá, e uma nova aproximação da mesa onde as peças estão espalhadas. Sob novo prisma, como por encanto, no meio de tantas uma peça se sobressai dentre as demais. E eis o encaixe perfeito, imperceptível a nossos olhos até então focados atentamente e a toda nossa concentração mental, visando o controle sobre todo aquele contexto desmanchado e borrado. E com que orgulho ouvimos de nosso interior: "Puxa, até que enfim, consegui!" Nosso peito se enche pela auto-admiração com tão simples vitória.

Novamente em minha lembrança surgem cenas nubladas de um filme, que sempre retorna a minha mente - o nome de seu título já se esvai, "Júlia" talvez - mas ainda se conservam bem nítidas as sensações que me despertaram logo no seu início. A solidão do barco, a tristeza do entardecer, a quietude do lago, a serenidade do contexto...De repente, o apagar da cena e a destreza do artista na busca de novas imagens, mais condizentes com seu aqui e agora, com o estado momentâneo de seu mundo interno. Determinado ele se esforça por encobrir a paisagem anterior. Porém na tela permanecem impressos os traços já delineados, por mais que somente a ele se tornem visíveis. Os demais poderão contemplar um belo trabalho, expressão de seu ser. Não imaginariam o que o mesmo encobre.

Como a vida nos prega uma peça. Anseios e aspirações, desejos e fantasias... Quantos sonhos e ideais imaginados! Quantas peças mal escolhidas, muitas tendo que ser desprezadas pois nas tentativas de encaixes acabam sendo deterioradas, de tal forma, que aquele quebra-cabeça não tem mais serventia.

Frustrações, raivas, brigas inúteis com a vida, aceitação do que nos impõe, tristeza profunda, resignação e sábia percepção de que na luta com a vida sempre saímos perdendo. A partir daí, "humildade" e "coragem" para novas negociações diplomáticas sobre "como viver"com a intensidade das rupturas bruscas e com o abandono das dolorosas perdas, sobre "como vislumbrar" novas formas prazerosas de vida, utilizando todas as experiências passadas. E eis que a vida nos brinda com um novo quebra-cabeça. E nos retorna a nossa capacidade de escolher montá-lo com alegria, ou ficar nos consumindo ante o que ela nos retirou e não tem retorno.

Paramos por aqui? Não!
A grandiosidade da vida é que após o término desse novo quebra-cabeça nos possibilita apreciarmos tudo que aprendemos com o anterior.
Seu jogo perverso é que o mesmo não perdura, qualquer esbarrão o desmonta e demanda nova construção, testando nossas forças internas, valores e virtudes, na leitura e interpretação do que nos ocorre com os conhecimentos e sabedoria adquiridos.

O presente da vida é a sábia vivência dando qualidade ao que nos ocorre no momento presente, sem nos prendermos ao que já foi, ou nos lançarmos avidamente ao que está por vir. Porém o desejoso desembrulhar desse "presente", não é tão simples, acarreta nova ultrapassagem, desvendando o "enigma das esfinges", para atingir o desconhecido dentro de nós mesmos, e reconhecer a validade do que recebemos da vida.

Por mais que tenhamos o relógio do tempo da vida como objeto de estimação, o mesmo não nos está disponível a nosso bel prazer, a espera de nossas opções de vida. Vale a pena esperar, mais ainda, para alterar algumas decisões desconfortáveis já tomadas?

Aurora Gite
(postado às 19:05h)

P.S. Obrigada, recebi o email e divulgo. O filme a que me referi nesse texto é "Julia" de Fred Zinnemann. Data de 1977. Jane Fonda foi a atriz principal.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Do mesmo autor anônimo: "O Amor"

Eis o conteúdo que estava no verso do texto, colocado no blog anterior, sob o título de "Medo de Amar", de autoria desconhecida para mim. Achei que valia a pena compartilhar pela simplicidade da verdade que contém.

"O Amor"
Por mais que o poder e o dinheiro tenham conquistado uma ótima posição no ranking das virtudes, o amor ainda lidera com folga.
Tudo o que todos querem é amar.
Encontrar alguém que faça bater forte o coração e justifique loucuras. Que nos faça entrar em transe, cair de quatro, babar. Que nos faça revirar os olhos, rir à toa, cantarolar dentro de um ônibus lotado.
Depois que acaba esta paixão retumbante, sobra o que?
O amor.
Mas não o amor mistificado, que muitos julgam ter o poder de fazer levitar.
O que sobra é o amor que todos conhecemos, o sentimento que temos por mãe, pai, irmão, filho. É tudo o mesmo amor!
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue... a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.
Casaram: Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável!
O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência...

Amor, só, não basta! Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar.
Amor, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas prá pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, ter amigos de infância, vida própria, um tempo para cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes, fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar. somente, não basta!
Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que, sozinho, não dá conta do recado.
O amor é grande, mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor, que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.
Aurora Gite
P.S. : E aí? Leram também o blog anterior "O Medo de Amar" ?
Não servem como lições para uma boa convivência?
Agradeço a quem me enviou, embora no anonimato.

De um anônimo: "Medo de Amar"

Recebi de um anônimo e compartilho com vocês esse texto sob o título "Medo de Amar".

Aliás recebi dois textos. O segundo "O Amor", coloco no próximo blog.

Não são meus, não sei de quem são, mas gostei de lê-los e busco divulgá-los em seus conteúdos.


"Medo de Amar"
Um cientista coloca um ratinho numa gaiola. No ínício, ele ficará passeando de um lado para outro, movido pela curiosidade. Quando sentir fome, irá na direção do alimento. Ao tocar no prato, no qual o pesquisador instalou um circuito elétrico, o ratinho levará um choque forte, tão forte que, se não desistir de tocá-lo, poderá até morrer.
Depois do choque, o ratinho correrá na direção oposta ao prato. Se pudéssemos perguntar-lhe se tem fome, certamente responderia que não, porque a dor provocada pelo choque faz com que despreze o alimento. Depois de algum tempo, porém, o ratinho entrará em contato com a dupla possibilidade da morte: a morte pelo choque ou pela fome. Quando a fome se tornar insuportável, o ratinho, vagarosamente, irá de novo em direção ao prato.
Nesse meio tempo, no entanto, o pesquisador desligou o circuito e o prato não está mais eletrificado. Porém, ao chegar quase a tocá-lo, o medo ficou tão grande que o ratinho terá a sensação de que levou um segundo choque. Haverá taquicardia, seus pelos se eriçarão e ele correrá novamente em direção oposta ao prato. Se lhe perguntássemos o que aconteceu, a resposta seria: "Levei outro choque". Esqueceram de avisá-lo que a energia elétrica estava desligada!
A partir desse momento, o ratinho vai entrando numa tensão muito grande. Seu objetivo, agora, é encontrar uma posição intermediária entre o ponto da fome e o do alimento que lhe dê uma certa tranquilidade. Qualquer estímulo súbito, diferente, que ocorrer por perto, como barulho, luminosidade ou algo que mude o ambiente, levará o ratinho a uma reação de fuga em direção ao lado oposto do prato.
É interessante observar que ele nunca corre em direção à comida, que é do que ele realmente precisa para sobreviver Se o pesquisador empurrar o rato em direção ao prato, ele poderá morrer em consequência de uma parada cardíaca, motivada pelo excesso de adrenalina, causado pelo medo de que o choque primitivo se repita.
É provável que você esteja se perguntando: "Muito bem, mas o que isso tem a ver com o medo de amar?".
Tem tudo a ver.
Muitas vezes, vemos pessoas tomando choques sem sequer tocar no prato.
Quantas vezes, esta semana, você teve vontade de convidar alguém para sair, para conversar, para ir à praia ou ao cinema, e não o fez, temendo que a pessoa pudesse não ter tempo ou não gostasse de sua companhia e, desse modo, acabou sentindo-se rejeitado - sem ao menos ter tentado?
Quantas vezes você se apaixonou sem que o outro jamais soubesse do seu amor?
Quantas vezes você abandonou alguém, com medo de ser abandonado antes?
Quantas vezes você sofreu sozinho, com medo de pedir ajuda e ficar "dependente" de alguém?
Quantas vezes você se afastou de um grande amor, com medo de se comprometer?
Quantas vezes você não se entregou ao amor por medo de perder o controle de sua "liberdade"?
Quantas vezes você deixou de viver um grande amor com medo de sofrer de novo?
Quantas vezes você tomou um choque sem tocar no prato?
Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer nossas expectativas, assim como não estamos aqui para satisfazermos as delas. Temos que nos bastar.
E nos bastar sempre! Quando procurarmos estar com alguém, fazer isso cientes de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e sentimos bem, nunca por precisar de alguém.
As pessoas não se precisam. Elas se completam, não por serem metades, mas por serem pessoas inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.


Aurora Gite

Vamos ao próximo blog para lermos o verso desse texto intitulado "O Amor". que acredito ser do mesmo autor?
Agradeço ao desconhecido que me enviou.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Leram essa de Arnaldo Jabor?

Leram essa de Arnaldo Jabor sobre "O Sentido da Vida"?
Já ouviram falar do Big Bang e do Big Crunch ?
Ou tentaram verificar como seria uma aliança entre as idéias de Jabor e Marcelo Gleiser?

Então, vamos lá, nos preparar para a leitura desse texto de Jabor.
O problema é refletir e em vez do contar carneirinhos, entrar no "Durma com essa!"


Em primeira mão: o ‘sentido da vida’... ("O Estado de São Paulo", 20/07/2010)

As notícias, aqui e no mundo, estão repugnantes: mulheres apedrejadas, atiradas aos cães, a lama habitual da política...

Daí, pensei em me jogar num buraco negro – sem duplo sentido, por favor – e sumir entre as galáxias.

Sou um idiota em cosmologia mas, li um artigo do Marcelo Gleiser no qual citava que a matéria escura compõe cerca de 23% da densidade de energia do universo. O restante seria constituído de energia escura, 73% e da matéria bariônica (a que nós vemos normalmente no céu e na Terra), 4%. Essas forças escuras seriam formadas pelos neutrinos estáveis e as WIMPs – partículas massivas.

Então, deprimido com a realidade, resolvi filosofar...
Repito coisas que disse num artigo 10 anos atrás, refletindo sobre a repercussão dessas forças ocultas em nossa vida aqui em baixo.

Diz o Gleiser: “o vácuo não é vazio...(...) “o nada determina talvez o comportamento do universo”...

E foi aí que tive a iluminação!
Se existe a matéria/energia escura com massa, os tijolos que preenchem o universo, desfaz-se a antiquíssima noção de “sim” e de “não”.
Melhor dizendo, se o invisível tem massa, se os espaços siderais estão ocupados, é sinal que não há o “nada”.
Nada não há.

A ideia de “nada” e de “tudo” seria uma ideia de viventes.
Como você vai morrer, o seu cérebro se programa para imaginar que “há” uma coisa e “não há” outra. De que há o “cheio” e o “vazio”, de que há o vivo e o morto.
Ideia de viventes.

Muito bem, se a “matéria/energia escura” está em “tudo”, há um espantoso “continuum” que nos liga a todos, os seres “em si” e os seres “para si” – coisas e homens.

O leitor dirá: como este leigo ousa filosofar?
Respondo, com o lábio trêmulo de ousadia: ‘se o PT e o PMDB se uniram para fundar a república “corrupto-sindicalista”, por que não posso ser um cientista amador e metafísico?”

Os neutrinos, os WIMPs o provam: tudo está preenchido.
Assim sendo, o universo não está se expandindo na direção de um outro lugar, pois não há “outro lugar”.
O universo está se expandindo em relação a si mesmo, para um dia chegar a si mesmo, se bem que não ao ponto de partida, pois não houve partida.

O tal Big Bang faria parte do Big Crunch, o colapso do universo sobre si mesmo, recomeçando eternamente.
O universo seria aquilo que existe entre o Big Bang e o Big Crunch.

Mas, continuando este brilhante raciocínio, vemos que a ciência já deve estar desistindo de chegar a um fim, a uma espécie de “revelação”, como se, seguindo a “estrada de tijolo amarelo” , chegássemos a Deus, ou, pelo menos, ao Mágico de Oz.

E não só não encontraremos ninguém, nem nada, porque o “nada” não há, nem “ninguém” não há, como também nada se definirá, nem energia nem matéria, pois ambas são parte da mesma “substância”.

Se não vamos chegar a nada, podemos descansar, pois nosso labor diminui; não temos de descobrir resposta para nada, não porque Deus não exista, porque obviamente, Deus existe sim; ou melhor, Deus existe não como coisa a ser “atingida”.
Deus é a Substância e nós, humanos, somos atributos dela.

Substância é aquilo que eterna e imutavelmente é. Logo, Deus (substância) é a única coisa que existe.

Necessariamente, as outras coisas só existem em Deus mesmo, como parte d'Ele e, nele existimos, se é que essa palavra se aplica a algo, como descobriu para sempre o Einstein da filosofia que foi Baruch Spinoza...
Nada “ex-iste”, no sentido de estar ‘fora’ de algo: “ex-sistere” (estar em pé, do lado de fora) - fora de quê, saiu “de dentro” de onde?).
Por isso, em verdade, em verdade, vos digo, oh, irmãos, que Deus existe, mas não é pai.
É tão órfão quanto nós, um Deus-matéria, órfão de si mesmo.

A única coisa que nos resta não é o desespero, esta carência de viventes em crise; o que nos resta é a paz da ausência de esperança.

A razão humana devia se redesenhar, não em um Big Bang indo em direção a um futuro.
A razão tinha de ser um Big Crunch, mordendo o próprio rabo, voltada para dentro, para nós, os homens, para nosso prazer e saúde. A ciência como arte.

Este é o sentido da vida, não há mais desculpa.
Somos todos iguais; sejamos felizes!

Big Crunch não é nome de um sanduíche do McDonald’s – é o destino do universo.

Arnaldo Jabor


Por que o "durma com essa..."?
Veja se consegue continuar entorpecido pela fantasia ideológica de poderosos grupos em diferentes instituições sejam religiosas, sejam políticas!
Sinta dentro de si que o ópio do fanatismo não funciona mais.
Como estaria Niezsche após a leitura de um texto desse?

Aurora Gite

Ops! Lembram de minha postagem em 05/11/2008 "Quer receber um presente meu?" Novamente a ampulheta invertendo sua posição, deixando de lado o mundo fantasioso das crenças e comportamentos condicionados, em prol do mundo da matéria psíquica e energia cósmica.

Obs: Marcelo Gleiser em seu twitter também fez menção a esse texto de Jabor. Visitem o blog de Gleiser.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Que Deus proteja a Justiça!

Parece que só nos resta esse apelo: "Que Deus proteja a Justiça!" após ler o artigo de Arnaldo Jabor.

Opps! Parabenizo o avô do Pedro, nesse dia 13 de setembro, pois sei que as palavras de Arnaldo Jabor no presente artigo, bem representam as suas. Aproveito para dizer que não me esqueci também do "niver" do Pedro, dia 10.


http://www.jornaldapaulista.com.br/site/page.php?key=215


A verdade está na cara, mas não se impõe
Acontecimentos explicáveis não derrubam as mentiras (Arnaldo Jabor)

O que foi que nos aconteceu?

No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, "explicáveis" demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas.

Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe.

Isto é uma situação inédita na História brasileira. Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata!!! Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão nas nádegas.

A verdade se encolhe, humilhada, num canto.

E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de "povo", consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações "falsas", sua condição de cúmplice e comandante em "vítima". E a população ignorante engole tudo.

Como é possível isso?

Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados - nos comunica o STF. Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização.

Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo.

Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito....
Está havendo uma desmoralização do pensamento.
Deprimo-me:"Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?".
A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua.
Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios.
A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo.
A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos!
Pior: que os fatos não são nada - só valem as versões, as manipulações.

No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.
Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República. São verdades cristalinas, com sol a pino. E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de "gafe".
Lulo-petistas clamam: "Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara!
Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?".
Sempre que a verdade eclode, reagem. Quando um juiz condena rápido, é chamado de "exibicionista". Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de "finesse" do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando...

Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido.

Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para coonestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte.

Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo.
Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em "a favor" do povo e "contra", recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual.
Teremos o "sim" e o "não", teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional.
A esquematização dos conceitos, o empobrecimento da linguagem visa à formação de um novo ethos político no país, que favoreça o voluntarismo e legitime o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.

Assim como vivemos (por sorte...) há três anos sem governo algum, apenas vogando ao vento da bonança financeira mundial, só espero que a consolidação da economia brasileira resista ao cerco político-ideológico de dogmas boçais e impeça a desconstrução antidemocrática. As coisas são mais democráticas que os homens.
Alguns otimistas dizem: "Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!". Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos. Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros.
O Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade, e a novi-língua estará consagrada.

É amigos. Este texto deve se transformar na maior corrente que a internet já viu.

Talvez assim, possamos nós, que não somos burros, mais uma vez salvar o Brasil. Passe para quantas pessoas você puder.

Se você é brasileiro e gosta de seu País, faça algo por ele. Essa é a hora.

Arnaldo Jabor


Parabéns Jabor, deu mais uma dentro, com sua facilidade de articular palavras e coragem de focar verdades !
Eu me orgulho de ser brasileira, sem ter-me permitido entorpecer, como cidadã, pelo fascínio do crescimento econômico atual. Engrosso a sua corrente!
Aurora Gite

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Circuitos abertos e fechados

Continuo sentindo muita falta da troca de idéias com profissionais afins ou pessoas com interesses em pesquisas semelhantes.

Ainda manifesto minha vontade de convencer um físico especial para esse intercâmbio, na certeza de que:

*sua inteligência multifocada acompanharia a minha, inclusive por sua capacidade de articulação de argumentos científicos com novas hipóteses a serem confirmadas ou refutadas;

*graças a sua percepção aberta a inovações sem críticas preconceituosas, e a uma forte angústia inata, poderia, canalizando essa energia, convertê-la como impulso a um empreendedorismo nas analogias entre o campo psíquico e o físico, entre as energias mentocriativas e as forças eletromagnéticas;

*sua ousadia em expor sua capacidade de escrever frases de trás para frente em seu blog possibilitaria que aceitasse o desafio de caminhar comigo, na trilha das idéias, desbravando, com a espada dos argumentos, compreensões ainda difíceis de serem aceitas pelo entendimento comum;

*sua sensibilidade conseguindo dedilhar pedindo a benção da "Nona", olhando "estrelas" ou as expondo através de seus poemas - ou, ainda, conversando com as mesmas em razão de suas inquietudes universais - conseguiria agregar forças às minhas, nas buscas de verdades contidas no mundo microfísico não tão distante, a meu ver, da esfera "fisicapsiquicassomática";

*seu reconhecimento de sua singularidade, que o leva, no mais das vezes, a fazer-se acompanhar pela solidão ermitã, mudez das palavras pensadas e parto silencioso das idéias intuídas;

*sua depressão advinda da dificuldade de conseguir a expressão e aceitação de sua autenticidade (associo de imediato, por isso coloco a lembrança da fábula do patinho feio que se percebeu cisne ante sua família verdadeira).

Só queria que soubesse que preciso de seus conhecimentos e de sua facilidade por transitar em seus circuitos internos abertos voltados às interações sociais e culturais, e fechados atrelados às intuições criativas.

E aproveito para responder a alguns que não sou contra pessoas. Dedico minha vida a elas. Sou contra a hipocrisia dos grupos sociais. Podem até dizer que sou antissocial. Eu me preservo. Do quê? Da dor da solidão em grupo, da tentação de reagir semelhante por pertencer a ele, do desgaste inútil da energia de minha alma.

Análises do comportamento humano permanecem, salvo raras exceções, com seus focos muito reducionistas, e debaixo de perspectivas viciadas sob as quais observam o "homem" perdem a compreensão do sublime prazer irradiado pelo prisma das virtudes. Virtudes, se olharem para o fenômeno onde estão inseridas, se constituem em forças internas que mobilizam o ser humano a lutar pelos princípios universais da liberdade, igualdade, fraternidade. Continuo afirmando que tudo pode ser visto de maneira diferente sob outra perspectiva. O que não pode ser perdido de vista é a idéia de "plenitude".

Enquanto tal não ocorre, indico aos que tem seguido minhas pesquisas no campo da intuição e sintonias do eletromagnetismo psíquico, o livro intitulado "Mecanismos da Mediunidade". Entendam mediunidade por capacidade de sintonia. Empatia é uma relação mediúnica.

Bem, o livro acima foi escrito em 1959, por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, compreensível agora ante as conquistas da Microfísica. Não é tão fácil de ser lido, por conter muitos dados científicos sobre eletricidade e magnetismo. Aborda imanização e ação magnetizante, circuitos elétricos e efeitos magnéticos do pensamento "força sutil e inexaurível", campo magnético e emoções... É importante que seja lido sem idéias preconcebidas. De qualquer forma nos surpreende com colocações sobre descobertas posteriores do mundo subatômico, e interessantes analogias entre as correntes mentais, elétricas e magnéticas. Traz material para muitas reflexões sobre o "cosmo fisicopsiquicossomático", a "corrente mentocriativa ou mental". o "campo de personalidade/magnetismo de resíduo".

Tocando em circuitos abertos e fechados, vou retornar a Nietzsche e indicar o texto de Suze Piza e Daniel Pansarelli, que pode ser encontrado em:
Filosofia/Em Debate Sentido ético do eterno retorno em Nietzsche
filosofia.uol.com.br/filosofia/ideo...via @ editoraescala

Destaco algumas frases, sobre as idéias de Nietzsche, enfatizadas pelos autores:

"A humanidade habituou-se a mentir em rebanho, a aceitar como verdadeiras construções falsas... por serem aceitas pelo conjunto da sociedade. A origem dessa aceitação parece estar, segundo Nietzsche, na própria distorção da humanidade do humano".

"Este ser mais racional que instintivo não representa o pleno desenvolvimento da potencialidade humana, mas a atualidade do homem (desumano)."

"A reflexão acerca da condição humana, segundo Nietzsche, leva à pergunta: Que homem é esse que vemos ao olhar no espelho?"

"Racionalizado historicamente além do que lhe é natural, de acordo com ele, estamos diante desse homem distorcido, amputado em sua plenitude."

O texto aponta o descompromisso de Nietzsche com a deformação racional coerente, em prol da honestidade humana e validação ética da vida, pelo qual esse pensador pagou um caro preço ao expor e bancar suas idéias na época e sociedade em que viveu.

O eterno retorno, validação da ética da vida, consiste - concordo plenamente com isso - no "eu viveria tantas vezes quanto fosse possível a mesma vida, pois ela foi de fato vivida por mim".

Após ler esse texto, relembrei-me das idéias intuídas e pensadas por Nietzsche, surgidas de parto silencioso dentro do turbilhão de sua mente, no isolamento sofrido em sua solidão ermitã e no reconhecimento de sua singularidade que tanto incomodava dentro de uma época, que se voltava a uma religiosidade monetária e adaptação maciça socializante. Como e quanto essa sociedade em seu circuito fechado perdeu, e o ser humano interceptou seu circuito aberto a um "ser individual mais livre" e a um "ser coletivo mais feliz"!

Mas não parei aí! Fui em busca de meus arquivos de CD, para rever "Feitiço do Tempo". Acho que vão se lembrar como Dia da Marmota. Comédia de grande significado a começar pelo nome da cidade, da marmota e do protagonista... todos em busca de resgatar a sombra. E assim vão ocorrendo intermináveis despertares. É um despertar de novo, de novo, de novo, de novo... até que... Quem se interessar que assista!


Aurora Gite
postado em 01 de setembro
às 13:25h

domingo, 8 de agosto de 2010

Automatismo Cibernético X Raça Humana

Não sei quem, entre vocês leitores, teve a oportunidade de visitar a Bienal de Arte e Tecnologia em São Paulo cujo tema é "Autonomia Cibernética". Aqueles que não tiveram essa oportunidade em "g1.com.br/globonews" podem conferir a reportagem em "Espaço Aberto: Ciência e Tecnologia". Vale a pena!

Só não se espantem ao constatarem que o que era ficção ontem já está na categoria de realidade hoje. "Máquinas interativas se autorreprogramam." É isso mesmo. Máquinas já estão reescrevendo seus programas sem a intervenção do homem.

A ciência já comprova o surgimento de uma neo-consciência robótica. Preocupada, lanço um alerta de perigo. Se essas máquinas interagem entre si, dialogam, ganham a habilidade de alterarem suas programações a ponto da raça humana não mais saber como vão reagir, em que lugar estamos nos colocando em futuro próximo?

Lembram da história da criação se tornar superior ao criador? Trouxemos ao mundo a raça robótica que cada vez mais ganha autonomia e nos colocamos em sua dependência. Essa raça vai entrelaçando seus conhecimentos computadorizados e, em ritmo acelerado, vai construindo uma inteligência e poder superior a própria raça humana. Humanóides sem a capacidade de se humanizar. Seus sensores, inclusive, captando uma aproximação humana, podem agredir as pessoas, como podem verificar no site acima citado.

Já não me sentia bem com a ocultação do humano em atendimentos eletrônicos na maioria das instituições, terapias virtuais, cirurgias à distância, comandos automáticos computadorizados em vários meios de transportes terrestres, aquáticos, aéreos. Agora então me sinto lesada em minha privacidade e direito de ir e vir, ante o mau uso e perversa fiscalização instalada por um manipulado "Big Brother" visível nos sistemas de GPS, câmeras espalhadas em diversos locais - inclusive em banheiros escolares femininos, ato que veio a público em reportagem de semanas atrás, tendo como justificativa controle do uso de drogas -, sistemas de telefonia e registros de locais de onde a pessoa possa estar pela consulta a antenas de telefonia celular; instalação de microships, dispositivos intervencionistas que deixam muito atrás George Orwell e seu "1984".

Paramos por aí? Não. Tecnologia e autonomia cibernética estão ficando muito a frente da Justiça e das virtudes, que acoplariam a salvação do "humano" contendo o homem e seu lado sombrio de serem solapados pela frieza robótica.

Os psicoterapeutas que estejam a postos! Só vai dar terapia ante essas novas formas de coexistência. Não há psíquico que aguente ter máquina como chefe. Ou há? Não se esqueçam que são sensores que vão detectar os movimentos humanos, já tendo prévio conhecimento da ação humana pois surgiram das idéias e suas sinapses interativas colocadas nos programas digitais e se insurgiram ao comando computadorizado, criando novas sinapses cibernéticas. "Novos padrões de comportamento nascem das relações entre as máquinas, que dialogam entre si, com aquilo que as cercam, já interpretam e ditam regras". Epa! E nós como ficamos?

Gostaria de destacar ainda desse site, no que se refere a pesquisas de ponta, a entrevista com o neurocientista Dr. Miguel Nicolelis, sob o título " Cientistas trabalham para fazer ligações diretas do cérebro a artefatos robóticos".

Visando a área da saúde, pesquisas estão aceleradas, inclusive comprovando que o cérebro independe dos limites do corpo, da interpretação corpórea de sinais advindos dos órgãos dos sentidos e das mensagens musculares, para "atuar no mundo" . Já está constatada a força do pensamento e seu controle, inclusive a distância, de vestes robóticas. É interessante o relato de Nicolelis sobre a macaca "Aurora" (podem rever a entrevista no site) . O nome é mera coincidência. Vejam o vídeo da experiência. Vale a pena!

No entanto, ouso pontuar outro perigo ante o despreparo ético de nossa sociedade. Nicolelis fala sobre seu ideal e expõe seu projeto pessoal, já em andamento com algumas parcerias governamentais e alianças com instituições hospitalares. "Ciência como agente transformador do social, catalizador do potencial humano". Formação da geração do novo milênio com acompanhamento gestacional e posterior educação continuada de mães e crianças. Em seu desenvolvimento estariam em contato direto com laboratórios de computação, criações robóticas, com ambientes estimulantes a despertar a curiosidade científica. Para tal coloca a necessidade de treino de professores para esses alunos inquiridores.

Tal projeto me fez retroceder na História e me assustou. Ainda é grande a relativização da ética por grupos que colocam em primeiro plano seus interesses particulares e acima de tudo financeiros, e que poderiam se apropriar do modelo de Nicolelis. E quantos projetos não surgem de boas intenções e acabam se transformando em verdadeiras "bombas atômicas"!

Novas formas de coexistência... novas formas de interação com o cérebro... novos modelos de existir para o ser humano... "enquadramento de nova geração" em "moldes educacionais"...

E eu fico na torcida para que as investigações espiritualistas consigam acelerar suas pesquisas e registrar suas constatações para que ganhem embasamento científico a ação e o poder da "mente", e que ganhe em plenitude sua diferenciação do "cérebro" e nosso grande mas humilde papel dentro da raça humana.

Ops! Tem mais... Em cartaz até dia 15, no Itaú Cultural, a peça " O Nascimento do Robô". O que tem de diferente? Humanos e robôs, ambos como atores, contracenando juntos em uma peça de teatro. E não é ficção científica, mas realidade. Essa notícia apareceu em VEJA.com.
Pode ser conferida em http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/robos-atores-assumem-papeis-pela-primeira-vez

Será que estavam duvidando dessa interação tão próxima?

Aurora Gite
postado às 19:40

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Evolução da Ciência?

Muitos ainda buscam negar as profundas transformações e mudanças de paradigmas advindos com as novas descobertas na área da Física.

Talvez ainda pareça estranho falar na Física Quântica como a ciência das possibilidades. Mais ainda da necessidade de investigarmos o campo das probabilidades dentro das possibilidades, para ampliarmos nossa consciência sobre o que nos ocorre.

Em posts anteriores várias vezes citamos Einstein e realçamos a não existência de respostas absolutas, mas relativas. Tudo depende do referencial. da perspectiva de quem observa, de seu ponto de vista, que por sua vez depende da posição desse observador.

Quantas vezes temos dificuldade de entender a posição do outro, de conviver com diferenças, de querer impor pontos de vista, quando o imperativo estaria no discernir qual seria o referencial do interlocutor em sua exposição oral ou escrita. A ciência não está mais absolutista. E cada vez mais com as desmistificações das criações visando incrementar os poderes institucionais, nos deparamos com a grandiosidade da raça humana, responsável por sua escolhas e qualidade de vida.

Indico para quem procura estar dentro das novas descobertas no campo da ciência e espiritualidade o vídeo da palestra no CPFL Cultura, proferida em 20/10/2008, por Dr. Moacir Costa de Araújo Lima. Bacharel em Física e em Direito, professor universitário da PUC-RS, escritor interessado nas conexões entre ciência e espiritualidade, participou de vários congressos nacionais e internacionais na área de parapsicologia e espiritualismo científico.

Na presente palestra nos presenteia com seu amplo conhecimento, em diversas áreas, reunidos para um "exame dos paradigmas científicos dentro da evolução da ciência, desde o materialismo realista até a Física Quântica". Sua fluência verbal, capacidade de síntese, segurança nas informações emitidas prende nossa atenção ao conteúdo transmitido. Sua desenvoltura oratória e conhecimentos sobre as áreas abordadas, transformam ensinamentos densos em sua complexidade e em seu pioneirismo inovador, em leves e de fácil incorporação por nós ouvintes.

Para quem se interesse pelas novas pesquisas relatadas e pelos resultados atuais a que se tem chegado indicamos o site :
www.cpflcultura.com.br/posts/videos?page=11

Acreditamos que não irão se decepcionar, se estiverem abertos a novos paradigmas.

Ainda duas observações:
1- o número da "page" varia sendo inserido novos videos; é só verificar na página seguinte.
2- para consultar a lista de todos os vídeos clicar em "discussões e reflexões" na página inicial do CPFL (ops! trocando as letras da sigla não vai entrar mesmo)

Aurora Gite
postado em 21/06/2010
às 13:40h

domingo, 20 de junho de 2010

Um instante de silêncio

Tocam os sinos ante a partida de José Saramago, escritor português, prêmio Nobel de Literatura em 1998. Só? Respondo essa pergunta no transcorrer desse post.

Tocam os sinos como obrigação de um ritual de despedida aos mortos. Hoje esse célebre toque a finados nos remetem ao texto de Saramago lido na cerimônia de encerramento do Forum Social Mundial de 2002, intitulado "Este Mundo da Injustiça Globalizada" e suas colocações que os "Toques a finados, pela Justiça, porque a Justiça está morta".

Como ocorre, com registro longitudinal na História, muitas idéias e contestações de grandes Homens, passam a ganhar amplitude e reconhecimento após sua morte. "Saramago, talvez sua voz agora se faça escutar com a vibração positiva e otimista que o embalou em seus ideais pacifistas e fraternos!"

Segundo suas palavras no Forum:

"Não estou em erro, não sou incapaz de somar dois a dois, então entre tantas outras discussões, necessárias e indiscutíveis, é urgente um debate mundial sobre a democracia e as causas de sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder econômico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos. Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana. E assim é que estamos vivendo."

Destacava a necessidade da implantação no mundo de uma Justiça companheira dos homens:

"Uma Justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste."

"Uma Justiça que é companheira dos homens, que é condição de felicidade de espírito e até, por mais surpreendente que possa parecer-nos, condição do próprio alimento do corpo... Nova Justiça, distributiva e comutativa... Justiça protetora da liberdade e do direito."

Segundo ele, existe o código consignado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, porém nele raramente se fala, quando não se silencia, e cuja retidão de princípios e clareza de objetivos, contrastam com as realidades brutais do mundo atual, que investem violentamente "contra a dignidade racional e sensível que imaginávamos ser a suprema aspiração dos seres humanos".

Procura nos tirar da "cegueira branca", idéia central de seu livro e filme "Ensaio sobre a Cegueira", de 1995, onde diferente da cegueira das trevas e da escuridão visual, somos cegos que vendo, não enxergamos o que nos cerca, interna e externamente. "É preciso cegarem-se todos, para que enxerguemos a essência de cada um."

"Se podes olhar vê. Se podes ver, repara." E lança questões para reflexões: "Será que respeitamos os valores mais básicos da sociedade?"

Continua a nos recordar que a "Democracia, invenção dos atenienses ingênuos, como governo do povo, pelo povo e para o povo."

E nos confronta com nossa realidade atual: " Podemos votar por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e, normalmente por via partidária, escolher nossos representantes no governo... A possibilidade de ação democrática acaba por aí... Não nos apercebemos que governos eleitos por nós vão se tornando meros comissários políticos do poder econômico, com a objetiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas nos açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os de certas conhecidas minorias eternamente descontentes."

O que fazer? "Não tenho mais nada que dizer. Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio (para ouvir o sino tocar). Ouçamo-lo por favor" . Acordar, ver, reparar, analisar e refletir como cidadão participante e engajado nesse mundo, não como cegos visitantes que necessitam ser guiados e dirigidos por grupos que tomam posse dos governos como se fossem bens particulares.

Saramago tinha consciência do poder da Internet para divulgar idéias. Criou um blog em setembro de 2008, intitulado "O Caderno". Segundo suas palavras, "um espaço pessoal na página infinita da Internet". O site do blog é "caderno.josesaramago.org" .

Teve preocupação que suas idéias estivessem presentes, e que seus livros persistissem vivos após sua morte, daí a criação da Fundação Saramago. Tinha como certo que criações humanas não são meras articulações textuais mas "apelos à reflexão sobre presente e o futuro", daí a importância que busquem sempre a preservação dos valores humanos.

Existem vários vídeos no YouTube, que possibilitam acompanhar suas idéias, através de entrevistas dadas a vários setores midiáticos, e espero que possam esclarecer que atrás do enquadramento de pessimista e ateu comunista, depredador dos bons costumes, Saramago era um otimista esperançoso, confiante na capacidade do ser humano de lutar por comunidades e sociedades mais justas, livre dos domínios ideológicos políticos, econômicos ou religiosos.

Acreditamos que aos leitores mais sensíveis, que buscam entrar no pensamento do autor, atrás da concretude da palavra, que se embrenham na procura do significado simbólico e do sentido do contexto situacional, vai se destacar a pureza do estado de espírito desse Homem, magistral escritor e persistente lutador por uma humanidade mais livre e feliz.

Aurora Gite
postado domigo 20/06/2010
às 13:30 horas