quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Um pouco mais de Arendt em solidão,vontade e liberdade

SÁBADO, 12 DE SETEMBRO DE 2009


Solidão, vontade e liberdade

Uma das maiores dores do ser humano advém da sensação de desamparo e angústia do ser só.

No entanto, esse é o destino psíquico de todos nós, para iniciarmos a escalada de subida visando o fortalecimento de nosso mundo interior. A vivência com essa fragilidade e mesmo vulnerabilidade é que nos mobiliza para o resgate de nossa potência como ser humano.

A percepção que não somos tão limitados e impotentes, por si só, já nos revigora e transmite sensação impactante de alegria e regozijo indescritível, antes não sentidos. Representa a passagem, já abordada por mim, do "eu existo" para o "eu sou", que tende a alcançar o "quero ser e tornar-me eu". É o movimento que Platão bem representou em seu "Mito da Caverna", sendo esta o símbolo de nossa própria existência em nosso mundo interior, como coloca Hannah Arendt (Entre o Passado e o Futuro, 2007).

Gosto de, saindo dos lugares teóricos comuns de muitos psicoterapeutas, analisar meus pacientes sob o prisma do tipo de governo interno que adotam na interação entre os dois mundos (subjetivo e objetivo) , da qualidade de regência de seus recursos psíquicos e do controle sobre a administração das estratégias que utilizam. Quantos não ficariam surpresos ao perceberem a forma tirana e o governo totalitário que adotam no domínio e fiscalização das próprias forças psíquicas. Muitos se revelam verdadeiros déspotas ante o rigor das exigências e autocobranças.

Já localizei em posts anteriores o papel que desempenha Hannah Arendt e minha admiração por suas articulações. É uma pena que não tenha fugido de, como bem provam os dados históricos referentes a muitos pensadores, ter um maior reconhecimento de sua obra e melhor compreensão de suas idéias, após sua morte. Comprovo muitas de suas hipóteses sobre o ser humano por meio dos dados através de observações advindas da área clínica. Expresso um pouco isso no texto abaixo.

Vou focar nesse post três fenômenos humanos constantes e universais, nomeados como: solidão, vontade e liberdade. Três conceitos difíceis de serem analisados racionalmente, pois englobam outras dimensões do ser humano. E, se concebermos o mundo psíquico dentro de uma totalidade sistêmica semelhante ao corpo humano, inclusive com duas vias circulatórias de energia psíquica, podemos observar suas atuações em ambas. Vamos encontrá-las no mundo dos valores (forças) morais, e no mundo das virtudes (princípios inspiradores voltados ao Bem), expressos pelas ações deles decorrentes.

Acredito ser importante pontuar que a virtude não é racionalizada, não pode ser ensinada ou aprendida, seu entendimento decorre de uma compreensão superior, mas tão vital ao organismo psíquico no que diz respeito à integração das dimensões humanas psíquicas mentais com as espirituais. Sob esse termo, me refiro a dimensões mais elevadas, características do ser humano mais amadurecido psíquicamente, mais sereno e livre em suas ações voltadas a momentos de autoaconchego e plenitude interior.

Ao se reportar ao fenômeno da solidão, Arendt considera o "homem solitário não mais um, e sim dois em um", pois, no momento em ocorre a "interrupção entre mim e meu próximo, tem início o relacionamento entre mim e mim mesmo".

Complicado?
Vamos verificar o que torna essa assertiva mais difícil de ser entendida?
Eis alguns obstáculos:

-A maioria das pessoas não aprendeu a pensar, refletir e analisar a aplicabilidade prática do que lê. Buscam enquadrar o outro para validar teorias, lidas superficialmente sem grandes introspecções, sobre seus significados.

-Para muitos, é mais comodo não se individualizar. O se tornar indivíduo demanda empenho, esforço e responsabilidade pelo bem-estar do ser único que se tornou.
-Para alguns, ainda, falta o hábito de entrar em contato com esse lado psíquico, se permitindo acompanhar a dinâmica de forças atuantes, ou o movimento das idéias que se entrelaçam nesse diálogo interno. Para isto é preciso coragem, determinação e perseverança. São viagens em mundos desconhecidos dentro de nós, a meu ver, de grande fascínio, mesmo as sofridas que nos espelham o que não gostaríamos de ter, mas que podemos, a partir daí, optar por não mais ter.
-Não é fácil o confronto com um "quero e não-quero", "quero e não-posso", "sei-mas-não-quero", como bem coloca Arendt. Existe sempre o subterfúgio do "não sei", "acho que", "tento e não consigo", que a tudo mascara, com as pessoas esquecendo que o "autocontrole corresponde à virtude política onde "quero" e "posso" se afinam", e a "coragem é uma das virtudes políticas cardeais, representando o bem supremo para se tornar um indivíduo".

Sempre me questionei muito sobre essa energia psíquica e sua forma de distribuição dentro do ser humano, que, como ocorre dentro de um caleidoscópio, basta ligeira movimentação para que séries de desenhos de funcionamentos psíquicos se delineassem, demandando leituras específicas para seu entendimento.

Para uma melhor compreensão desses fenômenos muito contribuíram tanto a Física Quântica, quanto as propostas de Arendt, sobre a "pluralidade de perspectivas inerentes ao ser humano em sua unicidade" e "articulações que levam as experiências a uma esfera do esplendor que não é a do pensamento conceitual", a observação da imprevisibilidade do efeito da ação humana independente da motivação interna e do princípio causal que rege o mundo exterior.

Parte de um quebra-cabeça era montado dentro de mim, e novas inquietudes surgiam, impulsionando novas indagações e novas buscas investigativas. Sendo o homem soberano para atuar em seu mundo interno, até onde iria essa liberdade? Como atuaria o fenômeno da liberdade tão sonhada e almejada? Vontades genuínas e vontades criadas, como discriminá-las mais prontamente? Como unir, com mais exatidão, a faculdade intuitiva com as capacidades de sentir e pensar, obtendo ações mais coerentes e consistentes, visando melhor qualidade de vida para o ser humano, assim mais autorealizado e autovalorizado? Como possibilitar sua maior integração ao social, ou ao público, preservando sua individualidade?

Hannah Arendt, no livro citado acima, lança a hipótese sobre a possibilidade da liberdade começar onde a política (coisa pública ) termina". Para ela a liberdade, na área da política, é oposta à liberdade no espaço íntimo do sentir-se livre, pois esse espaço pertence ao ser apolítico.. "O homem é livre e aplica a ciência do viver, desde que saiba distinguir entre o mundo estranho, sobre o qual não possui poder, e o eu, do qual ele pode dispor como achar melhor... ser escravo no mundo e ainda assim ser livre."

O fenômeno da liberdade não surge na esfera do pensamento ( das idéias) nem é vivenciado no diálogo consigo mesmo. Resgata as citações de Epicteto: " É na morada interior que o conflito consigo mesmo irrompe e a vontade é vencida, que o homem é senhor absoluto... Livre é aquele que vive (em seu mundo psíquico) como quer... livre dos próprios desejos."

Paradoxal? Nem tanto.
Complexo para se entender? Muito.
Vamos , então, tentar compreender seguindo as associações estabelecidas por ela, e buscando confirmação, observando os movimentos psíquicos que ocorrem dentro de cada um de nós?

Não é fácil para a maioria das pessoas, perceber essa dinâmica interna.
Prefere substituir por movimento, energia, atividade ? Tudo bem.
Lembra do caleidoscópio? Então tente verificar os desenhos, ou imagens mentais, que suas idéias formam ao se associarem.

Muitos, inclusive, não estão nem afim de se aproximar de conceitos abstratos, se prendendo a uma realidade concreta com sua utilidade prática imediata e visível. É tudo questão de perspectiva, de tempo e de escolha.
O encontro com nossa interioridade está marcado, bem como o confronto com o sentido da vida. Em algum momento de sua existência, as pessoas não vão só se questionar sobre os "porquês", mas buscar responder à pergunta: "Para que tudo isso?"

Como essa ação depende de forte vontade interna, eis o fenômeno introduzido neste texto.
Volto a Arendt: "A ação sendo livre, não se encontra nem sob a direção do intelecto, nem debaixo dos ditames da vontade ... Existem motivos e objetivos, mas a ação é livre ao ser capaz de transcendê-los."

E aí, o que é o fenômeno da vontade? O que é a vontade para você?
É uma faculdade humana, onde existe o livre arbítrio, "existe uma liberdade de escolha que arbitra e decide"? É um sentimento que incita alguém a atingir o fim proposto por esta faculdade?

"Para Nietzsche era o impulso fundamental inerente a todos os seres vivos, que se manifesta na aspiração sempre crescente de maior poder de dominação." Para Schopenhauer é o princípio norteador da vida humana. Para ele, "a vontade corresponde à Coisa-em si, ela é o substrato último de toda realidade."
Arendt chama a atenção para outra perspectiva de escolha voluntária, quando impera uma necessidade, estando em jogo a própria vida. Toda vontade, segundo ela, implica em uma vontade de poder que, como nesse caso, se transforma em vontade de opressão, que nos coloca sob o jugo de outrem, de um governo maior que somos obrigados a acatar e nos adequar para sobreviver.
Nosso foco não recai sobre a vontade direcionada por essa exigência, mas sobre a liberdade da vontade, e nesse momento nosso objetivo é uni-la a uma Ética Superior, mais além do bem e do mal, e bem mais além da moral , com seus costumes temporários e suas regras para uma boa convivência. Citando Schopenhauer, a compreensão da Vontade faz aparecer todos os entes desde seu caráter único, o que leva, necessariamente a um sentimento de fraternidade e a uma prática de caridade e compaixão. E assim se expressa ainda: " A máscara do pensamento dissimula a vontade... A suprema felicidade somente pode ser conseguida pela anulação da vontade (querer mundano)". Como diferenciar o que é criado por nosso pensamento do que é a expressão de nossa alma, de nosso ser autêntico e verdadeiro, que habita bem lá dentro de nós?

Refletindo sobre nossas vivências, podemos verificar que "A ação da vontade, sobre nós, tem um prazo de validade, e seu vigor se exaure". No entanto, existe uma área em nosso mundo interno, onde a ação brota de um "princípio inspirador", expresso no ato realizador, que não perde seu vigor nem sua validade, que não se prende a nenhuma pessoa ou grupo em especial. Onde "ser livre" e "agir" são uma mesma coisa. O querer, o tesão sentido, o grau de satisfação alcançado, pertencem a outra dimensão humana. A sensação de leveza e de alegria são de outras grandezas, não nomeadas, e indescritíveis.

Que espaço é esse?
Esse é o nosso espaço interior destinado às virtudes. Você pode ler a palavra e analisar sob o aspecto formal ( letras, sílabas, sons, etc), com também pode verificar seu significado em um dicionário (força moral, valor; disposição firme e constante voltada para o bem), mas pode ir pelo caminho da obtenção de conhecimento por uma autoinvestigação. É estar aberto ao novo. É estar flexível a prováveis mudanças de convicções. É soltar o peso dos preconceitos acumulados, das crenças e conceitos disfuncionais ao seu bem-estar. É se libertar. É sentir-se livre. Como?

Eis uma dica: Já percebeu a leveza que vem ao pensar na frase sem julgamentos prévios: "Fazer o melhor que puder e ser o melhor"? Sinta o conteúdo da mensagem! Verifique se não percebe que "a perfeição está no próprio desempenho e se torna independente da ação", e que "a presença da liberdade é vivenciada em completa solidão". Reconheça dentro de você o espaço onde o homem aproxima sua vontade do conhecimento ético intuitivo , onde ele "sabe" o que é certo e se impede com prazer de fazer o contrário, onde ocorre uma alegre e serena renúncia interna por amor... por amor a si mesmo, como ser humano valorizado e vitorioso na conquista de sua dignidade pessoal.

Lembra de dois posts : "Otimizando recursos em tempo de crises" (outubro/2008) e "Você quer receber um presente meu?" (novembro/2008) ? Fica meu convite para revisitá-los.
Aurora Gite

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Como não se entregar aos sonhos e confiar no material onírico ?

Levanto e me dirijo direto a digitar as impressões desse sonho que é tão revelador, quanto inquietante. Muitos dados, para nosso autoconhecimento, chegam através do material onírico, que ainda é tão desprezado por todos nós!


No sonho estou em uma sala de aula. Aula de Filosofia e sobre Nietzsche, para alunos adolescentes. Uau! Não vejo representantes femininas, penso ser sala masculina, mas isso não se torna o foco de minha atenção.

É o início da aula. Recordo que minhas aulas de Psicologia sempre se caracterizaram por estarem atreladas à prática: Psicologia Aplicada. Sempre me indaguei sobre o que valia jogar para os alunos uma série de informações e uma lista de conceitos, bem argumentados dentro de teorias alicerçadas pela história de seu autor e época em que surgiram, se o conteúdo programático se fecha ao redor da obrigatoriedade de arquivar enxertos temporários na memória, para obter capital intelectual adequado, para o encerramento do curso com êxito no critério avaliativo, logo passível de ser deletado pela falta de serventia prática.

Não era o que almejava para meus alunos, nem o que ambicionava para a disciplina em questão. Lutava para que não reduzissem seu âmbito de atuação e sua credibilidade, muito menos que a submetessem ao jugo implacável do poder prepotente centralizador de grupos psicanalíticos, que se mostravam autoritários até em sua dificuldade de aceitar digressões teóricas aceitáveis sob outras perspectivas. Se o foco estava no homem, prefiro nomear no "ser humano", haveria de existir pontos convergentes, mais que excludentes e hostis, a categorias profissionais que o têm como meta de estudo.

Ainda hoje, a maioria dos psicólogos adota postura reducionista e abafa o brilho de estudos avançados sobre a psique ou a alma - se preferirem o espírito - desmerecendo os poucos pares, que buscam com atitudes mais ecléticas, ampliar não só o campo de atuação - utilizando técnicas instrumentais de várias linhas teóricas pertinentes à sua meta psicoterapêutica - como reduzir o descrédito, que ainda paira sobre a área médica e por leigos, pela ignorância sobre a própria compreensão do que vem a ser e o que abarca a "Psicologia".

E isso, sem menosprezar o que Freud chamou de "Psicologia Profunda"! Ao contrário, buscando investigar as primeiras intenções freudianas voltadas à criação de "Psicologia Científica" que, talvez, ganhe espaço novamente. Nesse momento tantas descobertas tecnológicas e tantos conhecimentos sucedâneos sobre o funcionamento cérebro/mente-corpo/espírito, chegam até nós através dos aparelhos imagéticos, cujo aperfeiçoamento se encontra em superação contínua. Cada vez mais é desvelada a dinâmica do mundo mental ou psíquico. Esses aparelhos captam as imagens funcionais da energia eletromagnética no exato momento em que está atuando em nosso mundo interior.

Por que esses preâmbulos? Como conter as confabulações que intermedeiam os cenários oníricos? Convém lembrar que todos são carregados de significações para quem sonha, só e unicamente.

Em uma das cenas de meu sonho estou passeando com uma de minhas cachorras, uma "cocker spaniel inglês" dourada, morta há anos. Com ela a meu lado, adentrei a uma instituição e procurei, inutilmente, a Divisão de Psicologia. Entrei em um setor sem divisórias aparentes, mas que tinha várias áreas distintas de atuação, e fui lendo as placas sobre as grandes mesas: Sociologia, Filosofia, Psicologia, Pedagogia... Logo pensei: "Oba, será que até que enfim os representantes dessas áreas estarão vinculados oficialmente à diretoria do setor da instituição onde fisicamente prestam serviços e não a centrais distantes da operacionalidade local e demandas específicas do setor? Será que meu projeto, elaborado quando da participação direta, por indicação de dois diretores, no 'Plano de Governabilidade', matriz das alterações estruturais administrativas e operacionais que estavam por vir a unir-se às missões assistenciais e de pesquisa, foi aprovado e colocado em prática? Será essa a resposta a meu sofrido silêncio ante a humilhante inquisição de um jovem diretor, que, em sua arrogância invejosa, vociferou sobre 'quem era eu para representar seu setor em um evento de tal porte'? O importante é que fiz um bom trabalho, me destacando, como sempre, em grupo sendo colocada no lugar de líder, pela prontidão de uma sagacidade perceptiva, capacidade de síntese interpretativa e enorme dedicação a apresentar um resultado que prime pela excelência pessoal, máximo de empenho a ser dado naquele momento".

Enfim, no sonho, sai desse espaço, rumo ao parque florido, acompanhando minha cachorra, presa à coleira, que alvoroçada ia direcionando o caminho para respirar o ar puro da natureza e contemplar o colorido das flores. Ela ou eu?

Retorno ao sonho e à cena da sala de aula. Noto o grande alvoroço dos alunos e meu espanto, ante quem entra na sala, concentrando as atenções: Silvio de Abreu, figura pública por suas novelas de sucesso. Ele chega até mim, me enlaça a cintura, e diz para dançarmos, que queria conhecer o que eu tinha para encantá-lo. Agradeço envaidecida afirmando que meu foco continuava sendo o mesmo, que não pretendia mudar. Elogio seu poder criativo, afirmando que, para mim, seus personagens ganham vida própria em seus enredos, como na vida real, e isso é fascinante de observar. Ainda mais sob a perspectiva psicológica, acompanhando as articulações das ideias criativas de suas tramas.

De repente, me vejo citando Hannah Arendt. Coloco o quanto devo à leitura dos livros dessa pensadora, cuja obra voltou-se à compreensão da condição humana e à ênfase na importância do leitor-pensador se colocar dentro de uma pluralidade de perspectivas para melhor análise histórica da existência humana. Desse período já se delineou dentro de mim o fato de estar atenta para obter uma percepção que abarcasse uma visão abrangente: localização lá de cima, que possibilite a contemplação do todo, e foco na velocidade dos voos da imaginação e da intuição, semelhante à destreza e agudeza do olhar e bater asas das águias, que permitem traçar novos rumos, acompanhando o ritmo acelerado das mudanças dos nossos tempos.

Como nos sonhos nada surpreende, Silvio de Abreu vai para o meio dos alunos e sente em um carteira entre eles, disposto a ouvir sobre Nietzsche. Alguns alunos já vão exercendo sua liderança e fechando grupinhos em conversas paralelas. Observo tal fato e começo, por estratégia didática, a introduzir Nietzsche e para mobilizar suas inclusões espontâneas, como participantes interessados e ativos, a estabelecer algumas semelhanças entre seus contextos.

Cito a dificuldade de Nietzsche em ser compreendido em sua época, em ter suas ideias sobre "superação humana" assimiladas como tentava expressá-las, em ser excluído do social como moralmente insano, em acabar se isolando não só por questões de limitações físicas, mas por prever que suas ideias seriam reconhecidas pelas gerações vindouras... e por aí fui, tendo êxito ao motivar o interesse dos alunos. Nietzsche foi um personagem cativante, se estivermos disponíveis e abertos também a compreender sua condição humana e histórica.

Lembro ainda que cheguei a diferenciar a real religiosidade da geração nietzscheniana dos "super-homens" - em sua busca por transcender as vivências diárias em prol de "constante autossuperação" - da enorme distorção de suas frases como a sobre "a morte de Deus". O Deus a que Nietzsche se reportava era o inventado por seletos grupos, porta-vozes das instituições religiosas, que buscavam manter - através da religião manipulada por mitos ameaçadores e cobranças de dízimos para eterna salvação - seu poder sobre a massa de adeptos, amordaçando seu senso crítico pelo temor de represálias divinas, impedindo assim sua liberdade e seu pensar autônomo e criativo.

Acordei nesse ponto, não sem antes me orgulhar de ter reconhecido minha posição interna ativa de "estar no mundo", de observar meu ser pensante tal qual "uma filósofa em suas eternas inquietudes e reflexões críticas, caminhando por vias inquiridoras e investigativas", sempre tendo por meta a melhor compreensão do "existir" e da condição humana "livre, pacífica e autorrealizada de ser em essência".

Aurora Gite

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Façam suas apostas!

Ainda não acredito, ou não quero acreditar!

É fácil amordaçar a imprensa midiática e dificultar a divulgação de notícias que não agradem à máquina do Governo. Procuro, no entanto, ainda lendo o livro de Tuma Júnior (Assassinato de Reputações: Um Crime de Estado) manter viva minha impressão de indignação como cidadã, e mobilizar minha vontade, como indivíduo que se respeita como tal, para divulgar o apelo pela busca de meios legais pacíficos, para lutar por mudanças em nosso quadro político de graves injustiças sociais - que em nada contemplam verdadeiras ideologias esquerdistas em prol de sociedades melhores através do bem-estar coletivo.

Uma das minhas fontes, nesse sentido, quando o desânimo toma conta de mim pela impotência observada, reside em ouvir Reinaldo Azevedo comentando o livro de Romeu Tuma Júnior, pela Radio Jovem Pan. Encontram no twitter desse jornalista (por volta de 9 de dezembro de 2013, dias antes de seu lançamento ao público ) comentários sobre a situação em Brasília ante a pré-divulgação do conteúdo bombástico do livro. Acredito que possa ser ouvido também entrando pelo site www.jovempan.uol.com.br/opinião-jovem-... Ou ainda pesquisando em www.google.com.br/reinaldoazevedo .

Impossível que, ante o "baú dos probatórios" (termo indicador de algo que contém provas), exposto por Tuma Júnior, não existam meios legais para bloquear os trâmites de ações ilegais governistas.
Minha inquietação se volta a indagar sobre soluções!

 "Como inibir o uso de "vias fictícias legais", que mascaram sistemas ilegais formalizados oficialmente pelo governo petista atual atuando dentro do Poder Executivo?"

Quem será o primeiro cidadão, lutando pela "dignidade do Brasil", a se utilizar do farto material: testemunhos e documentos, nomes e datas?
Qual será o digno e honrado representante do Judiciário, que não se deixou envolver por essas falcatruas, que partirá em busca da "Justiça Social"?

Vocês apostam em quem?

Quem será o primeiro a adotar medidas jurídicas cabíveis, ante "tantas evidências realmente bombásticas", que abalam, sem dúvida, as bases estruturais do governo petista, e colocam abaixo qualquer intenção de manutenção de ídolos carismáticos, usados como carros-chefes da dissonância ideológica?

Mentiras desmascaradas, bem como a descoberta, e constatação das autorias dos assassinatos de reputações, por articulações de mentes doentias, perversas em suas manipulações e distorções de fatos reais, não têm mais condições de serem jogadas para baixo do tapete, visto já terem aberto brechas em nossa cegueira social.

O relato e a descrição detalhada, do que ocorre realmente ocorre nos bastidores do governo petista atual, nos obriga a refletir sobre o alto preço a pagar ao nos permitirmos "ser aliciados nos tentáculos das ofertas dos representantes governistas" e abaixarmos nossas defesas morais racionais por incautos (imprudentes) interesses materiais, ou ...

Ou nos permitirmos "cair na sedução das sereias", que distribuem favores e benesses, e  logo perceber o peso das "algemas da gratidão" na cruel e atemporal cobrança moral do "toma lá-dá cá".

Por quanto tempo, ainda, estaremos, como membros do povo brasileiro, vulneráveis nas mãos dos "maquiavélicos inescrupulosos" e "irresponsáveis corruptos", embora constituindo o grupo daqueles que, como Tuma Júnior afirma, preferiram não abdicar do "comando moral de sua própria consciência interna, para lhes indicar:
* o que é certo ou errado;
* o que é ser moralmente digno;
* o que é ser justo, sendo livre de chantagens politiqueiras ou não;
* o que é ter orgulho de pertencer a minorias rejeitadas, que conservam sua auto-estima;
* o que é sentir a amplitude de sua autorrealização profissional e valor (força) pessoal
* e o enorme prazer vital por ser humanista convicto, protegendo e defendendo uma verdadeira justiça social, no cotidiano da sociedade.

Só peço que se aproximem, constatem a veracidade dos fatos, e façam suas apostas!

Não quero passar para a História do Brasil, no lugar que estão me destinando, impotente e impassível, acatando tudo que me é imposto, com medo de quaisquer tipos de represálias que aviltem minha autonomia nas tomadas de decisão, amordacem minha liberdade de expressão e transfiram minha responsabilidade sobre o meu próprio "querer" para pequenos grupos, que comandam a massa pasteurizada, após doutrinada.

"Eu sou capaz de decidir o regime de governo que acredito que me fará mais feliz e trará maior qualidade de vida à sociedade em que vivo!
E se tiver que seguir por outra direção, também sou capaz de me apoiar em minha razão, para aquietar o emocional frustrado, levantar, sacudir a poeira, dar a volta por cima, vislumbrar e buscar concretizar novos sonhos para o progresso de meu Brasil!"

Agora, façam suas apostas!

Aurora Gite


domingo, 5 de janeiro de 2014

"Assassinato de Reputações: Um Crime de Estado"

A chamada através da Revista Veja (11/12/13) já mobilizou meu interesse para ler o livro "Assassinato de Reputações: Um Crime de Estado" de autoria de Romeu Tuma Junior (Topbooks: 557 pág.,2013).

Esgotado em algumas livrarias, recebi minha encomenda ontem pela manhã. Mergulhei em seu conteúdo, desvendando o que ocorre nos bastidores do Lulismo e do PT: fábrica de dossiês e cruéis difamações.

Convém realçar que o PT de bons tempos para cá se enquadra na categoria do Partido do Governo, não mais Partido Representativo da Esquerda Brasileira. Nesse sentido, faço um parêntese, para indicar o vídeo, publicado em 29/12/2013, do recente programa Painel-GloboNews:
*  http://youtu.be/lwEUKB_E60k via @ youtube
ou pelo site:
* www.g1.globo.com/globo-news/glo...
ou pelo twitter:
ThompsonLM (thompsonlm)

Sob o comando do jornalista William Waack, o programa acima mencionado contou com convidados como Luiz Felipe Pondé (filósofo, professor PUC e FAAP-SP, colunista do jornal Folha de S.Paulo), Reinaldo Azevedo (jornalista) e Bolívar Lamounier (cientista político). É difícil comentar a excelência do debate e a elevada qualidade das intervenções de todos os participantes. Vale assistir e tirar suas próprias conclusões sobre o quanto podem agregar à vida de cada um, principalmente ao cidadão dentro de cada indivíduo.

Dentre os temas abordados voltados a questionar o padrão da política brasileira atual, estão:
* Afinal, o que é Direita, o que é Esquerda?
* O que são vertentes ideológicas na política brasileira, ou no momento atual só existe uma?
* Por que o PT se autoatribui o rótulo de "Esquerda", se não mais se enquadram no perfil desse regime?
* O debate político se concentrou ao redor de uma guerra cultural, da discussão sobre valores morais, impondo o PT o codinome de "Monopolistas da Virtude" lutando por "Justiça Social" que afrontam a realidade dos fatos, mas por que vozes de Partidos da Direita Brasileira não se fazem ouvir apontando a tal hipocrisia falaciosa?
* Parece que no momento atual não se há como falar em "Direita" e "Esquerda", as ações de suas representações não condizem mais com esses conceitos, sendo assim por que não se desviar o centro das discussões para partidos que são a favor e os que são contra o Liberalismo, a liberdade do indivíduo - que deve ser inserido na coletividade gerida pelo Estado - e sua autonomia - que deve ser aprisionada dentro do bem social?

Espero ter despertado a curiosidade para que se mobilizem a assistir ao vídeo desse programa, com intervenções ultra-oportunas do mediador William Waack.

Em um dia já li um terço do livro de Tuma, em suas 557 páginas.
Confesso minha surpresa ante a coragem da exposição dos fatos históricos e o minucioso detalhamento dando "nomes aos bois". Minha avidez na leitura, também decorre deles corresponderem a uma época de vida das gerações que conviveram com a Política da década de 70 até agora, e não conseguiam compreender o que ocorria em nossa sociedade. Não contavam com os dados agora trazidos para preencher as lacunas que dificultavam qualquer interpretação mais ousada, baseada na lógica da razão.

Incrédula e enojada, diante do rei e seu séquito "nus", expostos por Tuma com testemunhos e argumentos de peso, leio sofrega e impacientemente.

Com o coração nas mãos, cabeça funcionando a mil para assimilar e articular boa parte da pluralidade de informações, otimizando o tempo de leitura e contendo a voracidade do "quero saber mais como cidadã!"

Mais que um convite para que se seja lido e compartilhado, reconheço que meu apelo se tornou uma imposição pelo bem das gerações futuras, inclusive:
"Não deixem de ler, se inteirar da História do Brasil que por omissão estamos ajudando a construir, e de divulgar o que ocorre nos bastidores da nossa sociedade e nas nossas fuças!"

Quero a dignidade de meu país de volta!

O que fazer?
Rever as falácias, ou grandes mentiras, do Governo para manipular a opinião pública, e pensar muito bem em quem votar, já nesse ano de 2014!

Aurora Gite