domingo, 5 de maio de 2019

Engenharia robótica e alienação humanóide

Ante circunstâncias atuais e nossa política capenga, como não recordar de Hannah Arendt?

SEGUNDA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2014

Mais uma vez Hannah Arendt, por que não?

Há algum tempo nosso quadro sociopolítico tem atraído minha atenção, e não é sem espanto que acompanho todo o processo de alienação atual. 

Pessoas preguiçosas em seu 'pensar por si', tendo por referência padrões sociais massificadores, menosprezando o grande desconforto que contamina a si e grande parte dos que estão ao seu redor, se escorando na covardia e não ousando mobilizar a coragem necessária para correr o risco de saindo do lugar de vítimas, enfrentarem e interromperem o 'status quo' desgastante. 

Mudar padrões de submissão vigentes, e se colocar na posição de agente social efetivo de mudanças eficazes, são como quê, as palavras chaves e o processo central da dinâmica, que custa a emergir e encontrar expressão social, visto o vozerio popular, já gritar por socorro para não sucumbir de vez às zonas de conforto da tutela do "poder totalizador" (semelhantes aos das grandes ditaduras, dos regimes fascistas e nazistas- Arendt os descreve bem, inclusive por tê-los vivenciado):

 * o "fenômeno do lulismo", ou da abrangência, a cada dia ganhando mais espaço social, de um "regime totalitário" centralizador dos processos decisórios, controlador do marketing e da difusão de ideias, mais e mais distorcidas, de uma esquerda antes preocupada com o bem coletivo, pois hoje se tornou um movimento partidário que se preocupa mais em unificar diferenças, amordaçar a voz dos discordantes, atropelando a verdadeira política,

* a "robotização humana à mercê das ideologias partidárias", que mais e mais tendem a implodir uma frágil democracia, tentando se equilibrar para fortalecer seu caminhar, visando incluir ampla participação popular nos processos decisórios da nação e resgatar o espaço para que a voz dos cidadãos seja ouvida e respeitada,  

* a "convicção, ou crença, de atuarem com dignidade e posturas éticas partidárias", como é o caso de um dos mensaleiros, que prova viver sem grandes ostentações e demonstra, no seu caso, ausência de desvios de dinheiro visando vantagens pessoais, valia a honra de tudo ter sido feito pelo partido político, 

* ministro do mais alto escalão do judiciário, por perfeccionismo burocrático, com vaidosa pompa e ilustre verborragia na defesa de leis, esvaziadas da verdadeira justiça por não mais condizerem com a realidade social, surdo ao quase maciço clamor público, vota a favor daqueles que comprovadamente lesaram o social; embora atento à certeza de que medidas como embargos, serviriam para manipulações perversas questionáveis de profissionais que, não se omitiam de manobras afrontosas ao próprio Direito e à Justiça, se bem remunerados,

* por aí pode-se discorrer sobre vários fatores que lesam o quadro social com sua impunidade, favoritismo e nepotismo, opressão escravizante pelos altos impostos cobrados dos cidadãos e pouco retorno de benfeitorias sociais, podem ser relacionados evidenciando os motivos da insatisfação popular com um governo, que peca pela má administração do patrimônio público, pela falta de habilidade nas negociações políticas, pela dificuldade de lidar com divergências ideológicas e articular argumentos ideativos sem se utilizar de barganhas e favores ilícitos, por envolverem a falta de transparência e uso indevido do que é público.


Aí me volto a Hannah Arendt (1906-1975), ante minha inquietação e indagações sobre até quando persistirá nossa desumana degradação social, até quando ainda irá ocorrer essa "alienação e descomprometimento social com mudanças", quando emergirá um verdadeiro líder político, que possa resgatar os valores que mantém uma sociedade unida e íntegra moralmente falando? 

As ideias de Arendt ressoam em meus ouvidos: 

* "A Política baseia-se na pluralidade dos homens devendo, portanto, organizar e regular o convívio dos diferentes... Ela surge não no homem, como afirma Aristóteles, mas sim entre os homens."

* "O sentido da Política é a liberdade... A liberdade e a espontaneidade dos diferentes homens são pressupostos necessários para o surgimento de um espaço entre eles, onde só é possível a verdadeira Política...A Política tem uma dignidade própria"

* "A Lei produziu o cidadão, agente de mudanças sociais. Arendt destaca, no entanto, a distância entre a intenção e o discurso, que além da capacidade da retórica, envolve a faculdade de persuasão e o poder de convencimento. O discurso é que faz do homem um ser político. O que os homens fazem, pensam ou experienciam só têm sentido (significado) na medida em que podem ser discutidos entre eles." 


E eu a me perguntar de onde surgiria o líder pacificador no momento atual, que tenha condições, com a força de seus argumentos, de mobilizar a desalienação popular e agregar a coragem de várias mentes pensantes e autônomas, com cacife para bancar suas individualidades e sua vontade de lutar, tendo por armas a credibilidade de exemplos em seu modo de viver, reforçada por argumentos convincentes e irrefutáveis na pontuação de vantagens, em prol da defesa do Regime Democrático de Direito ? 

Aqui associo (coincidência?) as circunstâncias atuais com o movimento da Revolução Francesa e sua eclosão ante o clímax da insatisfação popular... degradação humana, escassez e fome... lançamento de pães, que não mais saciavam a ânsia do povo, que não mais escondiam seu furor ante a falta de reconhecimento a suas necessidades básicas de sobrevivência, que não mais encobriam o desprezo pelo pouco caso e pela opressão humilhante, pela forma como a realeza menosprezava a condição humana, em seus pilares de sustentação: a liberdade, a igualdade e a fraternidade, que vieram a se constituir em lema da Revolução.


E lá vem Hannah Arendt mais uma vez!

"Entre o Passado e o Futuro" , não é um livro fácil de ser lido, mas nos confronta com algumas verdades dentro de perspectivas pouco comuns.

Arendt chama nossa atenção para o erro da "engenharia das relações humanas" e sua forma ineficiente de lidar com a "administração das questões humanas". Combate a maneira de "tratar o homem como um ser inteiramente natural, cujo processo de vida pode ser manipulado da mesma maneira que todos os outros processos (artificiais).

Aponta o perigo do mundo atômico em seu agir na natureza, onde "não são mais as ações humanas, mas o mútuo relacionamento que pode mudar e muda historicamente"; onde "o geral confere sentido e significação ao particular". Para ela, " processos invisíveis engolfaram todas as coisas tangíveis e todas as entidades individuais visíveis, degradando-as a funções de um processo global... levando ao desencanto do mundo ou alienação do homem". Nesse sentido, "o processo (abstrato) é que torna por si só significativo o que carregue, adquirindo um monopólio de universalidade e significação".

Nessa moderna maneira de pensar, "nada é significativo em si e por si mesmo, nem mesmo a história e a natureza tomadas cada uma como um todo". E eis o homem atual entregue a um agonizante desamparo e profundo desespero.

Ao mesmo tempo, nos confronta com a oposição entre a prática e a teoria; entre a vida sensível e perecível, envolta pelo "erro e ilusão dos olhos corpóreos", e a verdade permanente, imutável e supra-sensível, cuja compreensão é guiada pelos "olhos do espírito, ouvidos do coração e luz interior da razão". Esses opostos "somente tem sentido e significação em sua oposição" e não por si sós.

A articulação de ideias de Arendt, em sua análise histórica e perspectiva filosófica e política, me fascina e me enche de esperança em um futuro melhor para a humanidade.

Assim segue a autora, em suas reflexões: "É como se Platão estivesse dizendo a Homero que não é a vida das almas incorpóreas, mas sim a vida dos corpos que tem lugar em um mundo inferior; comparada com o Céu e o Sol, a Terra é como o Hades; imagens e sombras são os objetos dos sentidos corpóreos, não o ambiente das almas incorpóreas. O verdadeiro e real é, não o mundo em que nos movimentamos e vivemos e do qual temos que partir na morte, mas "as ideias vistas e apreendidas pelos olhos da mente". É como se o mundo interior do Hades houvesse ascendido à superfície da Terra."

Continua traçando um "paralelo entre as imagens da Caverna de Platão, em sua parábola, e o Hades de Homero - os sombrios, irreais e insensíveis movimentos das almas no Hades - que correspondem à ignorância e inconsciência dos corpos na Caverna".

Recorda o Mito da Caverna de Platão, onde a cada reviravolta do homem ocorre a perda de sentido e orientação, onde " os olhos ajustados são ofuscados pela luz que ilumina as ideias, necessitando reajustar-se; e os olhos ajustados (posteriormente) à luz do Sol, devem reajustar-se à obscuridade da Caverna".

Relembra esse mito onde em uma primeira reviravolta os habitantes da caverna, presos por grilhões que os obrigavam a ver somente a tela à sua frente, com as sombras e imagens projetadas, quando deles se libertam e se voltam para o fundo da caverna se deparam com um fogo artificial que ilumina as coisas dentro da caverna tais como realmente são. A segunda reviravolta está atrelada à saída de caverna para o céu límpido, onde as ideias aparecem como as verdadeiras e eternas essências das coisas na caverna, iluminadas pelo Sol, a ideia das ideias, que possibilita ao homem ver e às ideias brilhar. A terceira decorre da necessidade de volver à caverna, de deixar o reino das essências eternas e novamente se mover no reinos das coisas perecíveis e homens mortais.

Assim para Hannah Arendt, os homens socializados decidiram jamais deixar a "caverna" dos assuntos humanos quotidianos, se permitindo a atitude de "espanto face ao que é como é".

Eis porque defendo o espaço para que os "unicórnios" (princípios virtuosos éticos) se aproximem e possam se agrupar fortalecendo nossos campos mentais, iluminando a riqueza ética do mundo psíquico dos seres humanos, propiciando interações harmônicas e respeito às diferenças individuais, metas públicas voltadas ao bem estar coletivo, convivências políticas mais serenas, onde reine o bom senso e a diplomacia nas negociações que envolvam questões sociais conflitantes.

Eis porque entrego a vocês como presente uma ampulheta (vide blogs anteriores), outra forma simbólica de representar o tempo na atitude interna da transcendência humana implícita na caverna, sua saída e posterior entrada buscando propiciar que os demais possam se libertar da condição de escravos e, por livre arbítrio, possam vir a constituir - ao abandonar a sua alienação dentro de um mundo fictício, frágil e superficial por ser tão artificial - uma "sociedade realmente humanizada".

Aurora Gite
* (2009 ou 2014...recorram à carruagem do tempo e observem como as ideias de Arendt fazem parte da paisagem que pudemos, e podemos, contemplar através de suas análises sociopolíticas, que envolvem a condição humana)

Nova Instância Psíquica

QUINTA-FEIRA, 30 DE JUNHO DE 2011

Outra instância psíquica? Será?

Outra instância psíquica? Será? Minha intenção com esse título é mobilizar a reflexão do leitor leigo, e também motivá-lo, como ser humano, a investigar em seu psíquico os movimentos que ocorrem ante o que exponho. Minha expectativa quanto aos profissionais, da área psíquica e afins, é que cruzem dados e analisem com os que já possuem, lembrando que o ser humano é um só, e, o que for verdadeiro sobre ele, pode ser observado sob várias perspectivas.


Tudo começou com grande inquietude, revendo teorias ocidentais e orientais, buscando explicações que justificassem experiências de várias pessoas, inclusive minhas. Há muito pouco tempo tais experiências se tornaram objetos de estudo, e assim mesmo com restrições e descréditos preconceituosos. Há muito tempo as pessoas ousaram se expor e colocar a descoberto a experiência por que passaram sem serem taxadas de loucas, ou se considerarem portadoras de algum distúrbio mental.

Por outro lado, sempre me causou estranheza a variedade de teorias e o antagonismo, propagado ferrenhamente por seus defensores, sobre o ser humano. Tais radicalismos produziam, a meu ver, um reducionismo na visão do mundo psíquico do homem, e grande viés na leitura e interpretação dos dados pragmáticos. Fenômenos observados na prática clínica tinham que ser encaixados nas molduras teóricas preexistentes. O recorte sobre o ser humano tinha que se adaptar a esses enquadres conhecidos e avalizados. Os que nele não cabiam, ou eram modelados, ou eram excluídos e desprezados; mais ainda eram desqualificados, por não estarem dentro dos critérios científicos atuais.

Com a globalização, a era digital, novas tecnologias propiciando acompanhar passo a passo o funcionamento cerebral, surpreendentes descobertas sobre o genoma e a clonagem humana... e eis, nesse milênio, paradigmas e mais paradigmas dando cambalhotas e mais cambalhotas sem conseguirem se erguer ante a evidência do novo, que impõe outros modelos teóricos e busca imperiosa de outra conceituação, para se obter compreensões adequadas sobre os fenômenos observados.

Enfatizo o perigo de tentar abarcar a realidade e tentar trocas dialéticas sobre ela, buscando o uso de conceitos comuns. Infelizmente o mundo conceitual se tornou uma Torre de Babel , onde os signos da palavra passam a ser lidos da mesma forma, mas seu simbolismo e representações adquirem tal diferenciação de significados, que poucos se entendem. Também não se dão ao trabalho de estabelecerem os pontos referenciais de onde partem suas idéias, ou as perspectivas onde se colocam para emitirem seus pontos de vista. importante critério para colocar ordem na dialética dos discursos humanos.

Dando continuidade a minhas pesquisas, buscando comprovar minha hipótese de que a energia psíquica está atrelada á biofísica quântica, me deparo com a possibilidade da existência de uma outra instância psíquica, além do id-ego-superego freudianos.

Tal proposição me coloca em posição mais confortável podendo aproximar tantas mentes pensantes de personalidades geniais que se distanciaram, pois ao não se colocarem dentro da perspectiva do outro, não viam com encaixar seus pontos de vista também baseados em evidências clínicas e pessoais. E, ficava eu a refletir, onde está o sujeito psíquico, qual o lugar ocupado pelo ser humano no meio de tanta divergência. Mais ainda, seguindo minha intuição e me permitindo ser livre e pular de perspectiva a perspectiva, observava sob o referencial de cada um e constatava as evidências práticas, ousando testar suas técnicas operacionais na relação terapêutica, comprovando seus efeitos sobre meus pacientes e sobre mim mesma.

Minha proposta é que existe uma instância psíquica, só observada ao se deslocar o investimento das funções superegóicas. Considero a existência no sistema psíquico de duas vias, por onde circulam a energia, como ocorrem nos sistemas circulatório e respiratório. Penso que Piaget teria prazer em renascer para registrar as características da forma operacional contida nessa inteligência.

Para mim, libido (Freud) e energia psíquica (Jung), fazem parte do mesmo processo energético humano, se diferenciando pelas perspectivas sobre o ser psíquico. Pelo processo de individualização partimos do "não-ser psíquico" para a formação da personalidade, de nossa maneira de ser, e construção do nosso "ser e existir como sujeito", a ser transcendido por uma alquimia interior.

Através dessa transformação na qualidade da energia, ela é direcionada a uma "instância espiritual". Nova via de circulação da energia psíquica buscando o encontro do "Ser Psíquico" com sua autenticidade, liberdade e autonomia de ação, que tende a se dirigir ao "Não-Ser Psíquico", que não consiste em sua negação, mas na afirmação de nossa potência energética original.

A compreensão do "Ser" espiritualizado demanda novo aprendizado sobre sua simbologia (linguagem quântica?) e novos recursos interpretativos. Considero o "processo de individuação", enfatizado por Jung, como base para a "espiritualização", onde podem ser observadas novas capacitações humanas e diferentes operações psíquicas funcionais, voltadas a habilidades específicas como intuir, captar sensações e percepções superiores.

Penso que o processo de espiritualização tem a ver com a canalização da energia psíquica re-catexizada por novos valores: origem do Ser Espiritual Moral, característico da "instância espiritual". Aqui diferencio a moral superegóica da Moral Espiritual.

A primeira, moral superegóica - rédea externa ao "ser" - constituída pelo conjunto de regras e costumes, ditado por fatores externos ao indivíduo, com sua função limitadora do "eu" em sua inserção no social, facilitadora da convivência do indivíduo dentro da comunidade, mas criadora de um "querer", que depende de uma "vontade condicionada" ao livre arbítrio" desse indivíduo, para decidir e optar entre caminhos, que lhe são "oferecidos pelo mundo relacional à sua volta".

A segunda, Moral Espiritual, pertencente ao campo das "Virtudes", que, a meu ver, são valores espirituais advindos de fonte interna - essência do indivíduo - e que se constituem em forças intrínsecas, que o mobilizam a atuar de acordo com esse querer autônomo, essa "Vontade Livre" do espírito (da psique humana), que, por si só, se constitui na "disposição tensional para querer" que motiva o indivíduo a buscar se superar continuamente.

Como estamos diante de uma inteligência que se propaga por vibrações ondulatórias (quânticas?) - sincronias energéticas ou dissonâncias psíquicas - pesquiso, no momento, dados sobre o processo eletrolítico dessa alquimia. A água, por nós ingerida, tem a capacidade de aumentar as sinapses entre os neurônios... quantas hipóteses podemos construir, a partir daí, considerando o bioeletromagnetismo humano?

Aurora Gite

sábado, 27 de abril de 2019

Valem novas reflexões sobre o conteúdo desta postagem de 2008

Consciência, criatividade, salto quântico?

Novos rumos, ventos solares e pássaros quânticos...e minha mente borbulhando de idéias, esperando "trocas"!

E lá vou eu, outra vez, me debruçar na "janela visionária" de meu castelo profissional, observar a natureza, os novos paradigmas envolvendo o ser humano, e contar com a aproximação de um físico quântico, na iluminação desse novo alvorecer. tal a proporção das novas descobertas. Dessa vez, me faço acompanhar por Amit Goswami e seu livro "A Janela Visionária" (Cultrix 2006).

Não posso negar o misto de tesão e ansiedade na retomada desse trilhar. Alguns pacientes surgem em minha memória e minha "consciência", lhes dá a condição de presença viva em meu aqui e agora.

Recordo nosso caminhar juntos. Ao me permitirem a entrada em sua mente, buscando a compreensão do funcionamento de seu mundo psíquico e da dinâmica mobilizadora de suas ações, eles também foram incorporados em meu mundo interno e me facultaram muitas auto-descobertas. E assim se ultrapassa a ponte do mundo físico (material) ao psíquico (energético), num constante ir e vir.

Quantas vivências compartilhadas... transferências e contratransferências... energias se misturando e se separando ante insights que ocorriam... quantas mudanças contínuas e descontínuas.

Para quem não sabe, transferência se refere aqui aos sentimentos que o paciente inconscientemente vincula (transfere) ao terapeuta, mas que, na verdade, se originam de relacionamentos anteriores. Contratransferência é o reverso, ou seja, sentimentos irracionais que o terapeuta tem em relação ao paciente. Esses fenômenos inconscientes também fazem parte de nosso dia-a-dia e são muito comuns na vida de relação, ocasionando grandes distorções na realidade dos envolvidos.

Mas lá estava eu surfando, no encontro terapêutico, entre as ondas de possibilidades e probabilidades, contando com minha intuição e criatividade, para ajudar cada paciente em seu encontro com sua consciência auto-referente.

E lá estava eu buscando, através de uma observação consciente e atenção flutuante, provocar o colapso da onda de possibilidades passadas e futuras, trazendo o paciente para seu aqui e agora, integrando-o ao seu propósito criativo de vida, criatividade que lhe é imanente.

E lá estava eu questionando, tanto o efeito temporário de mudanças contínuas ( de causas e efeitos em espaço e tempo definidos), quanto as interpretações que vinculavam os pacientes à cabeça (ao pensar) de seu terapeuta. Não desconsidero a importância do espaço terapêutico e da qualidade do vínculo estabelecido, mas eu almejava a integração da pluralidade de teorias, para que o homem em si emegisse em sua unidade, e fosse compreendido sob vários pontos de vista.

Lembram do papel atribuído ao observador consciente pela física quântica, que ocasiona o afunilamento do espectro das possibilidades, para sua convergência num ato ou objeto único?
Segundo Goswami, toda escolha a partir das possibilidades, vem da intervenção de nossa "consciência" . Sendo assim, ela é que cria a realidade. E eis minha intuição gritando: "É por aí, vai atrás desse conhecimento!"

E lá estava eu enfatizando a vida relacional como experiência emocional corretiva, buscando saber mais sobre a dinâmica energética da rede inter-relacional.

Faço minhas algumas das indagações de Goswami:
Que força imaterial poderia interagir com a matéria?
Como obter essa interação imaterial?
Empatia e aversão...atração e rejeição...campos de energia e de força? Integração do indivíduo com o cosmo?

Tudo me encaminhava para uma leitura energética dentro de uma visão holística ( integrada) de mundo. O ser humano é bem mais que um sintoma. Seu sintoma é um ato criativo para indicar alguma disfunção. E essa, na maioria das vezes traduz seu sofrimento existencial.

Com avidez fui em busca dos conhecimentos da física quântica. Queria mais que o contato entre intelectos. Já reconhecia que a consciência tem um papel decisivo na configuração da realidade. Mas queria a experiência, queria através de uma vivência pessoal comprovar.

E lá estava eu não atrás do silêncio, mas do diálogo. Não buscava monólogos e atitudes separatistas. Meu coração me integrava na relação (eu-outro se transformando em "uno"). Não me bastava minha capacidade racional ou facilidade no cruzamento de dados. E o diálogo interno no contato com o paciente se aquietou, e se estendeu para a vida pessoal de relação.

A palavra "diálogo" deriva de "dia" ( palavra grega que significa "por meio de") e de "logos" que significa palavra) e vai além da comunicação por meio de palavras, envolve uma troca de sentido entre os que se comunicam, outra dimensão do psíquico humano.

E é aqui que tudo se complica. Querem ver?
Eis um fato que poderia ocorrer no cotidiano de qualquer um.

Lá estava eu numa sala de espera, quando uma mulher se aproximou e começou a se queixar da relação com o marido, onde não havia diálogo, embora muita tentativa da parte dela para que ele ocorresse. E ela continuou, ao me perceber como ouvinte atenta: " Imagine que hoje pela manhã, ele pediu a minha opinião sobre se devia ir ou não no casamento de um parente. Logo retruquei, que agora é que ele queria saber o que eu achava? Por que não me consultou quando o parente ligou há dois dias? E ficou em silêncio, veja só! Nem continuou a conversa. Ele não sustenta um diálogo."

Que diálogo? Existiu uma comunicação, um fluxo de sentido entre eles?
Em que clima transcorreu o contato? Existiu um campo energético entre eles que propiciasse um vínculo aconchegante a uma cumplicidade na comunicação?

Ele chega e se aproxima, de peito aberto a coloca na relação. Ela "pisa na bola, dentro de seu egocentrismo", o exclui da relação. E ainda reclama da atitude defensiva dele e de seu afastamento.

Haja "Física Quântica" para iluminar nossa rede de convivências, ou como muitos a consideram, de conveniências!
Aurora Gite

Lembram de Drumond " Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra". Pois é ao reler esse texto me veio: "E lá vou eu, buscando, surfando, questionando, enfatizando... e no buscar, surfar, questionar, enfatizar ... lá estava eu (Consciência)".

Em tempo:
As constatações de Jill Bolte Taylor, expressas em seu livro "A cientista que curou seu próprio cérebro", são muito importantes. Novas perspectivas se abrem ante a nova comprovação científica das funções dos dois hemisférios cerebrais.
No entanto, coloco mais um patamar, que acredito advir da desativação das funções do hemisfério esquerdo e predomínio total operacional do hemisfério direito.
A sensação foi de uma mola elevando, não o meu corpo, mas a minha mente (salto quântico?). O impulso de propulsão não foi voluntário. Uma conexão foi estabelecida. O outro polo é que direcionava esse movimento interno. A percepção do real não desapareceu, mas perdeu o foco. Eu sabia onde estava, mas intuitivamente, não pela via perceptível que nos é conhecida. Tempo e espaço se diluem. Fui tomada por uma sensação de prazer intenso, calor e claridade, paz e harmonia, quietude e suavidade, plenitude e infinito - sensações de uma amplitude diferente da que captamos através dos sentidos que nos são conhecidos. Experiência indescritível. Nossa compreensão não abarca com palavras. De repente, a imagem de minhas filhas, precisava voltar (intervenção do hemisfério esquerdo). E o brusco rompimento da conexão.
O que me restou? As sensações paradoxais de uma perda feliz e de uma saudade alegre, e a constatação de muita força interna ( sensação de um recarregar de pilhas). Anos e anos se passaram, e essas sensações persistem.
Por que comigo? Porque estava num momento existencial, que correspondia ao cume da parte superior da ampulheta. Lembram da postagem anterior "Quer receber um presente meu?"
Por que só ocorreu uma vez? O caminho está na postagem acima e a dificuldade de se manter íntegra para o estabelecimento da conexão também. Agora é correlacionar na história quem conseguiu atingir esse estágio.
Após 30 anos, só agora estou chegando mais próximo de entender o que ocorreu. De duas coisas tenho certeza: a humanidade entrou em "nova era", e que se preparem os "físicos quânticos"!

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Salto Quântico equivale ao "insight freudiano"

Minhas reflexões atuais se voltam às ideias de Amit Goswami contidas em seu livro Consciência Quântica (São Paulo: Aleph, 2018), do qual transcrevo o trecho abaixo:

"... dados experimentais mostraram existir uma forma de distinguir experimentalmente o domínio da potencialidade (...do inconsciente freudiano?...) no qual os objetos são ondas de possibilidade, e o domínio da experiência manifestada, no qual os objetos são partículas. O físico francês Alan Aspect e seus colaboradores  criaram um experimento que provou ter esse domínio da potencialidade uma característica única que o define: as comunicações havidas nele não exigem nenhum sinal, nenhuma mediação. As implicações dessa descoberta são espantosas. Se a comunicação pode se dar sem mediação e de forma instantânea nesse domínio, decorre daí que o próprio domínio é uma coisa só. É um contínuo de coisas interconectadas.

Aqui estamos nos comunicando por meio de palavras, escrevi algumas palavras e agora você as lê usando sinais no espaço e no tempo. Mas também poderíamos estar nos comunicando pelo domínio da potencialidade. Se formulo um pensamento, mas não o expresso verbalmente ou por escrito,  esse pensamento pode se espalhar pelo domínio da potencialidade e chegar até você. Instantaneamente. É isso que acontece quando somos inspirados pelas palavras de um escritor ou pelas imagens de um artista que criou um novo pensamento ou sentimento. As palavras ditas ou escritas, ou as imagens, atuam como um gatilho que aciona uma conexão não local que resulta em algo totalmente diferente.

No zen budismo, encontramos alguns enigmas como este: Qual é o som de uma única mão batendo palmas? Tal enigma encerra a ideia de que as coisas nascem da potencialidade. Qualquer pensamento é uma potencialidade com muitos significados antes de se tornar um pensamento manifestado com um único significado. E nessa potencialidade, a onda de possibilidade desse pensamento tem muitas facetas. A conversão da potencialidade em experiência manifestada transforma um pensamento ou objeto polifacetado num pensamento ou objeto monofacetado - converte uma onda em partícula.

Muitos pensam que a consciência existe porque somos seres humanos. Segundo a explicação quântica, no entanto, a consciência já existe no domínio da potencialidade, estejam os seres humanos nele ou não. Com efeito, esse é o ponto central. Lembre-se, porém, de que esse domínio se manifesta. Então vemos que a manifestação da consciência como autopercepção-consciente acontece ao mesmo tempo que pensamentos ou objetos são convertidos de ondas em partículas.

Nesse domínio da potencialidade não existe forma. A forma se manifesta de um modo específico quando uma possibilidade é escolhida e colapsada em experiência concreta - realidade manifestada. Assim, se soubéssemos como manifestar uma forma específica de um modo específico no domínio do espaço-tempo - como uma realidade tridimensional -, seríamos capazes de resolver problemas e de manifestar aquilo que quiséssemos nessa realidade. Mas isso exigiria que pudéssemos sentir ou perceber sensorialmente toda possibilidade correta no domínio da potencialidade.

E às vezes tudo o que temos é um sentimento. Podemos ter uma intuição daquilo que está no domínio da potencialidade e que queremos manifestar, mas o domínio da potencialidade tem muitas possibilidades. Logo, temos a oportunidade de processar todas essas diversas possibilidades e suas combinações simultaneamente - toda uma gestalt -  a fim de obter uma resposta para o problema à nossa frente.

É aí que o zen e a física quântica convergem como abordagem da mente humana. Tanto o pensamento zen quanto o pensamento quântico baseiam-se em permitir dois níveis de pensamento. Em contraste, o pensamento num mundo newtoniano ocorre apenas em um nível. Nesse mundo de um nível, que só existe no espaço e no tempo manifestados, há apenas aquilo que chamamos de pensamento consciente. O pensamento consciente permite-nos analisar  diversas respostas possíveis, mas só podemos levar em conta um aspecto de cada vez, uma faceta de cada vez. Quando permitimos que o processamento dos pensamentos ocorra não só no domínio do espaço-tempo, mas também no domínio da potencialidade, o pensamento convergente consegue processar muitas facetas ao mesmo tempo. O domínio do espaço-tempo é bom para gerar uma série de respostas divergentes; chamamos a isso pensamento divergente . Mas para se chegar a uma solução, é mais eficiente o processamento simultâneo de várias possibilidades no domínio da potencialidade, seguido pela escolha - pensamento convergente.

Bem, o processamento de pensamentos é muito diferente no domínio da potencialidade. No espço-tempo, estamos conscientes; no domínio da potencialidade, estamos inconscientes. Só depois de diversos episódios de processamento inconscientes, é que o pensamento convergente se manifesta na forma de uma solução - um salto quântico." ( páginas74-76).

Acredito que um salto quântico equivale ao "insight freudiano", como já abordei em postagens anteriores, que suscitaram as observações que trouxeram à tona as hipóteses de minhas pesquisas: Freud foi o pioneiro a observar o movimento da energia quântica dentro de nós e o primeiro a manipular as energias desse mundo das partículas subatômicas.


sábado, 20 de abril de 2019

Elos antiéticos de poder na Instituição hospitalar

Não há como enfrentar e quebrar o elo de poder entre falta de transparência, algemas de gratidão e rede antiética de intrigas, dentro de uma instituição, ainda mais sendo hospitalar.

Mais de 10 anos se passaram, mas ainda me recordo com mínimos detalhes de nossa coordenadora do grupo de seleção de supervisoras de aprimorandas, candidatas a se aperfeiçoarem como psicólogas hospitalar, entrar na sala de reunião e "avisar" que a diretora de nossa Divisão de Psicologia lhe comunicara que a candidata "x", por ser filha de uma enfermeira que ocupava alto posto na hierarquia da instituição, "deveria ser incluída na lista das aprovadas". Não esqueço de como incrédulas nos olhamos e tentamos esboçar nosso desconforto. Só ouvimos: "É fato decidido!"

Foi meu primeiro contato com gestões autocráticas e totalitárias, que me horrorizavam quando abordadas por Hannah Arendt em seus livros e que me pareciam tão distantes de mim. Percebi como este estilo de gestão podem afastar colaboradores de buscarem se incluir com participações mais ativas , inclusive no que se refere a apresentação e realização de projetos institucionais. Incrédula, já tinha tido conhecimento do mau uso dos mesmos por chefias: ora engavetados, ora apresentados como se fossem das mesmas que recebiam os reconhecimentos diretamente... Prezo muito as ideias que coloco em meus projetos, para permitir que sejam assim vilipendiadas.

Senti não poder concretizar alguns deles, como o Seminário tipo painel, apresentado por um "jogral científico" onde representantes de várias escolas teóricas analisassem o mesmo "case" sob suas perspectivas. Infelizmente das pouco mais de 50 psicólogas lotadas na Divisão, nesta época, e selecionadas por concurso, a maioria era de psicanalistas; havia uma junguiana que defendia a psicologia analítica, outra que fazia uma leitura cognitiva comportamental, e outra cujo foco seguia a psicossomática de Pierre Marty, e eu que me colocava dentro de uma linha eclética, colocando o paciente e o histórico de seus sintomas como meu centro de atenção, e não a teoria freudiana em que deveria enquadrá-lo. Foi muito duro, como profissional, ouvir a recusa de colegas psicólogos - que se denominavam psicanalistas, manifestando sua soberba arrogante - ante meu pedido para discutirmos um caso, alegando não entenderem minha forma de atuar. Excluída de um lado, já na época senti-me acolhida pela Psicologia Fenomenológica após assistir à palestra de Yolanda Cintrão Forghieri, de quem indico o livro "Psicologia Fenomenológica:  fundamentos, método e pesquisas" - no meu livro acalento com carinho sua dedicatória :"À Lúcia Maria para ampliar seus conhecimentos nesta área. Com carinho, Yolanda."

A memória é como uma caixa de Pandora, as recordações vão jorrando e conforme vão emergindo agregam mais e mais associações. Lembro que, inúmeras vezes, exercendo minhas atividades clínicas dentro do Complexo Hospitalar, tive que amadurecer profissionalmente e me apegar ao fato de reconhecer meu valor e assim poder me bancar neste sentido. Sentia pena de afins, que permitiam ser humilhadas e submetidas a regras de pessoas que se encontravam em cargos de hierarquia superior, se outorgando poderes além de suas atribuições. Não raro, meus pares chegavam e me questionavam que ouviam impotentes estas chefias, brandindo seus crachás: " Vai fazer, sem questionar, porque estou mandando!"

De minha parte, só podia agradecer, em momentos de solidão entre meus pares, ter procurado meu autoconhecimento e ter buscado evoluir e amadurecer como profissional, para me bancar. Com isso dentro de mim, brandia a bandeira de meu orgulho por minha difícil jornada preservando meus valores éticos e a transparência em meu caminhar dentro da realidade enfrentada, encarado sem ilusões, que escondiam possíveis frustrações e me impediam de observar a verdade do que ocorria ao meu redor.






domingo, 14 de abril de 2019

Tentativa de assassinar a História outra vez?

Como não rever esta postagem?

SEXTA-FEIRA, 27 DE FEVEREIRO DE 2009

Será mesmo que vamos assassinar a "História"?

Quando inaugurei este blog, fiz questão de colocar inicialmente dois textos meus, que serviram como capítulos de livros, enfatizando a necessidade de alterações nas visões e dimensões de homem e de mundo, e a busca de instrumentos nas áreas da Psicologia e Física, Ética e Direito para um novo equilíbrio global, individual e coletivo.

Entendo que da pluralidade e conectividade de "micro-histórias", obtenhamos o desenho da dinamica existencial que configura a "macro-História".

As micro-histórias dependem da inserção das individualidades na complexidade dos relacionamentos humanos, seus jogos de convivência, suas lutas por espaço e poder, suas tomadas de decisão embasadas em intencionalidades e imprevisibilidades.

E é dessa intríncada rede de relações pessoais que se esboça a História da Humanidade. Suas sinalizações são importantes de serem levadas em consideração ao se observar a "vida em reverso".

Sendo assim procuro aspectos de minha história pessoal que pudessem se encaixar na sociedade que gostaria de ver construída nesse novo milênio.

Nesse sentido, não posso deixar de pontuar que, quase quinze anos, atendendo pacientes dentro da área clínica, a nível hospitalar, me trouxeram grande conhecimento e melhor adestramento no uso de ferramentas para lidar com o lado psicológico do ser humano, sem enquadrá-lo em molduras teóricas, mas procurando uma compreensão de sua dinâmica dentro do contexto histórico em que se envolvia. Porém, três anos antes de me aposentar, a meu pedido, atuei, sempre desempenhando minha função, dentro do campo organizacional, e esse período me possibilitou a aquisição de uma sabedoria ímpar .

A colocação de um grande complexo hospitalar no "divã", a observação e análise da rede de interações estabelecidas, os jogos pelo poder, o mau uso da autoridade conferida pelo cargo ocupado, o contato com o lado perverso do ser humano ao reagir a ameaças de possíveis alterações em seu "status quo", a constatação da enorme fragilidade das lideranças, escravas da burocracia e do fortalecimento pessoal ilusório, falseado por constantes manipulações desumanas e preconceituosas, desnudaram para mim : uma categoria que se esconde atrás da aparência assistencialista, a razão da deficiência na qualidade do ensino dos profissionais da área, e das egoísticas atuações em pesquisas, voltadas mais a interesses pessoais, do que ao bem empresarial e o coletivo.

O fechamento de equipes, enclausuradas em si mesmas, debaixo do "em time que está ganhando não se mexe" ,"mudanças desde que...", " é preciso fazer a cabeça de fulano" . Esse tipo de coordenação impede a flexibilidade necessária para trocas e constantes inovações criativas. Um agregar forças, diretriz de uma política em recursos humanos baseada na inclusão e administração das diferenças, depende de posturas abertas, saudáveis , que não se amedrontem ante qualquer desenvolvimento concorrencial, pois confiam em seu potencial.

A patologia organizacional a nível de suas lideranças diretas e indiretas ( assessores) estava visível. Chefias apresentando projetos como seus, erguendo crachás e dizendo:"Faça porque estou mandando!", desenvolvendo políticas de privilégios ( liberação para congressos) e submissões humilhantes? Coordenações de ensino que guardam sigilo do "sumiço" de matriz de apostilas necessárias as aulas, que desviam para outros docentes material ( datashow) requisitado dentro do prazo, obrigando reestruturações imediatas do plano de aula? Falta de ética ante quebra de sigilo de provas e de banco de dados informatizados? Quem não convive ainda com algo semelhante? Tudo agora é questão de tempo . Esses tipos de profissionais não conseguem sobreviver dentro dos novos modelos participativos de gestão.

Um ponto forte que me chamava a atenção residia no orgulho de muitos colaboradores ( e aqui me incluo) ao percorrer os corredores daquela Faculdade, observando a galeria de quadros de profissionais que construíram sua história, ganhando por isso destaque. Isto constrastava com o desejo de outros, ainda na ativa, de apagar registros bibliotecários e destruir dados significativos, banco de memórias de uma época, esquecendo que uma história institucional se conserva viva, enquanto estiver na lembrança dos que a cultivem e transmitam oralmente de geração a geração.

Não entendia bem, na época, os projetos voltados a esses objetivos. Por que e para que serviam? Buscando maior compreensão, tinha por resposta que tudo fazia parte da evolução tecnológica que envolvia a agilidade da informação e a simplificação da burocracia. Porém na prática tais medidas ainda deixavam muito a desejar, e as perdas históricas eram muito significativas.

Um assassinato imediato de vivências históricas reais, buscando enterrar protagonistas, conservados vivos pela dignidade dos valores defendidos?

Um suicídio, a longo prazo, visto que a história vivenciada por anônimos poderia ensombrecer ainda mais o vazio e espelhar a falta de comprometimento organizacional e social de muitos profissionais atuantes?

As experiências devem sempre reforçar o quadro autoreferencial de quem se propõe a ser o construtor de sua própria história de vida. Lembro que mesmo dentro de um ambiente totalmente hostil, preconceituoso e de falsa política inclusiva, consegui sobreviver.

O primeiro contato com uma assessora marcou todo o meu percurso pela área : " Não sei como lidar com você me analisando o tempo todo." A partir daí, toda aliança ou parceria que procurei estabelecer, era interrompida por ela. Gradativamente me foi tirado espaço físico e material de trabalho, minha produção decorria do material que levava de casa. Tive que conviver com constantes distorções de informações, inclusive no que se referia a horários de reuniões com diretores, que ficaram no aguardo de minha presença . Tive que sentir a frieza do ostracismo e a mudança na qualidade de relações decorrentes de maledicências e receio de "enfrentar hierarquias" com o comum "Percebo o que ocorre, mas preciso do emprego, não posso me envolver, nem estar perto ou cumprimentá-la". Não foi fácil permanecer centrada, mesmo para mim que auxilio aos outros nesse sentido.

Consegui manter a cabeça erguida e estar bem comigo mesmo. Produzi a cada mês novo projeto, reforçando meu capital intelectual. Engavetados ou redistribuídos, muitos deturpados e abandonados, ninguém me usurparia esses conhecimentos. O tesão da criação e o processo logístico para a implantação residem "no" e permanecem "com o" autor. Tive o cuidado de reforçar esse lado e quem desenvolvesse meus projetos teria conhecimentos que o tornaria apto ao mérito e a minha admiração como parceira distante.

Hoje, após anos, minha auto-estima valorizada só tem a agradecer. De tempos em tempos, em alguns momentos de fragilidade, resgato essa visão histórica e isso me ajuda a superá-los mais rapidamente. Acredito ter sido a qualidade dessas vivências, que me possibilitou acompanhar as considerações de Eric Hobsbawm em seu livro " Era dos Extremos" , e retirar delas as respostas que buscava naquela época.

Transcrevo trechos dos relatos desse historiador , algumas de suas análises sobre o século XX, repercussões atingindo o século XXI . Também endosso o apelo de muitos :" Não deixem que retirem da História seu eterno papel unificador"! Acreditando que possa estar sendo falseada por alguns, é se aproximar dos historiadores que buscam cercar seus relatos de evidências focando a transparência de fatos verdadeiros sob várias perspectivas.

Algumas citações do autor, acima mencionado valem muitas reflexões, pois sinalizam o grande perigo do século XXI:

" No fim deste século XX, pode-se ver como pode ser um mundo em que o passado - inclusive o passado no presente - perdeu seu papel... Não sabemos aonde tudo nos leva, ou mesmo aonde deve nos levar... Para onde vai a humanidade? "

"Olhando para trás, vemos a estrada que nos trouxe até aqui. Mas o que nos moldará o futuro?"... Ante a "regressão aos padrões do barbarismo, este século nos ensinou que os seres humanos podem aprender a viver nas condições mais brutalizadas e teoricamente intoleráveis."

" A memória histórica já não está tão viva". É a lacuna entre gerações e o abismo entre seus valores dificultando a vida de relação.

"A destruição do passado - ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas - é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso, os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio. Por esse mesmo motivo, porém, eles tem de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores".

Ao abordar a diferença qualitativa no mundo, o autor cita três transformações históricas, que contribuíram para a realidade atual :

1- Quando o século XX começou, a Europa deixava de ser o centro de poder, riqueza, intelecto e "civilização ocidental" e o mundo deixava de ser "eurocêntrico" - ocorrendo grandes mudanças na configuração econômica, intelectual e cultural da época.

2- A construção de uma "aldeia global" , e a aceleração das comunicações e transportes - mobilizando a grande "tensão entre o processo de globalização cada vez mais acelerado e a incapacidade conjunta das instituições públicas e do comportamento coletivo dos seres humanos de se acomodarem a ele".

3- Segundo ele, talvez o mais perturbador: " a desintegração de velhos padrões de relacionamento social humano e, com ela, a quebra dos elos entre gerações, quer dizer entre passado e presente".

O historiador destaca "o predomínio dos valores de um individualismo associal absoluto, a erosão das sociedades e religiões tradicionais, a destruição ou autodestruição das sociedades do socialismo real". Registra a formação da sociedade atual "por um conjunto de indivíduos egocentrados sem outra conexão entre si, em busca apenas da própria satisfação ( o lucro, o prazer, ou seja lá o que for) que estava sempre implícita na teoria capitalista".

O modo de produção capitalista e as relações dele decorrentes podem ter sido responsável por ter moldado esse tipo de indivíduo, porém o ser humano está muito além desses padrões de massa. É encontrar força e coragem para se bancar, se assumir no que tem de melhor, não assassinar também a sua história de vida.

Ela é que lhe serve de parâmetro, auto-referência para acertos e desejo de aprendizagem com erros; élan para novas tomadas de decisão que lhe propiciem efetivo bem-estar, e motivação para sair da cegueira das reais necessidades ante o ofuscar das satisfações criadas. Essas são tão tênues que, com o tempo, se desfazem ante o desmoronamento do cenário de atuação de personagens fictícios, que vivem atrás de máscaras, atuando em histórias criada por outros. Seres humanos reais ousam vivenciar com prazer e auto-admiração suas verdades históricas.

Assim retorno a pergunta de Eric Hobsbawm: "Mas o que moldará o futuro?" e endosso a sua resposta, a esperança de "um mundo melhor, mais justo e mais viável". Entendo mundo melhor como aquele com mais qualidade de vida, visando bem-estar individual e coletivo.

E por que não lutar pela construção de sociedades com essa história, em vez de procurar assassinar a "História"?

Aurora Gite

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Importância do alinhamento existencial

Em 2015 já publicava minhas hipóteses de que a dinâmica psíquica corresponde à energia quântica dentro do ser humano, que a Psicologia está vinculada ao mundo das partículas subatômicas e à Física Quântica, que, a meu ver, Freud foi o primeiro a observar a movimentação quântica, pioneiro a registrar e manipular seus efeitos dentro do que chamou de aparelho psíquico.

Por meu lado, pude observar em meus pacientes e em vivências pessoais, a existência de outra instância psíquica, além das detectadas por Freud, já vislumbrada por Jung ao conceituar a função transcendente, que passei a chamar de "núcleo de dignidade" dentro da psique do ser humano. Este núcleo corresponde, segundo penso, a instância ligada a princípios éticos vinculados à essência humana, só atingido pelo ser humano  após seu alinhamento existencial com os valores morais/éticos que lhe são inatos.

Encontrei no livro "A Janela Visionária: um Guia para a Iluminação por um Físico Quântico", de autoria Dr. Amit Goswami, a descrição desse trajeto que denominou de jornada espiritual. "Goswami revela brilhantemente como a nova ciência comprova aquilo que os místicos sempre souberam, que é a consciência, e não a matéria, a base fundamental do ser."

Observei ser uma condição psíquica além do alcance do processo de individuação junguiana. Para meu espanto, no entanto, vivenciei - além de observar em alguns pacientes -, a existência de outro campo gravitacional que tem a propriedade de imantação do que chamamos mente, a levando a outro estado de consciência. Esses processos psíquicos são detalhados por Ken Wilber em seu livro "O Espectro da Consciência". Para ele, que compara a consciência ao espectro eletromagnético, "a consciência é una e se manifesta por uma multiplicidade de aspectos, de níveis ou de faixas, que correspondem aos diferentes comprimentos de ondas eletromagnéticas". Wilber, com sua visão holística, se interessou pela formação de uma Psicologia Integrativa, mas não se pode esquecer que foi um dos principais teorizadores da Psicologia Transpessoal.

Essas são as hipóteses iniciais de minha pesquisa, que estão me direcionando a aprimorar leituras energéticas das frequências vibracionais, retirando da prateleira livros como "As Ideias de Jung" de Anthony Storr, lido em 1976. Vale articular as ideias de Jung ,Wilber, Goswami, com as de Viktor E. Frankl, autor da Logosofia do qual indico o livro " A Presença Ignorada de Deus". Segundo Frankl, "a análise existencial descobriu, dentro da espiritualidade inconsciente do ser humano, algo como uma religiosidade inconsciente no sentido de um relacionamento inconsciente com Deus, de uma relação com o transcendente que, pelo visto, é imanente no ser humano, embora, muitas vezes, permaneça latente".

Estamos imersos em campos eletromagnéticos e acredito que, internamente, tenhamos sistemas, que interagem com os mesmos a nível vibracional. Penso que, desintegrado o "sistema biopsicoeletroquímico" no instante da morte,  e liberada a "energia do estado biopsicoespiritual" ocorre a conexão com a "memória subatômica e a energia cósmica da vida do Universo". Acredito que, ante a dualidade do modelo quântico de "ser partícula-onda", que a morte, desintegração física de partículas, é a passagem ao estado quântico de ondas, com ascensão da alma ao "mundo cósmico onde impera a energia vibracional".

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Física, Psicologia, Direito e Ética sobem no milênio? 1ª parte

SEXTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2008


Física, Psicologia, Direito,Ética sobem no século 21

Primeira parte:

Aceleradas descobertas no campo biotecnológico, biogenético e biomolecular possibilitaram a quebra de paradigmas obsoletos , realçando a necessidade de uma série de investigações, inferências e reflexões, que reportem a novos conjuntos teóricos, para dar conta dos recentes fenômenos observados.

A nova era que se inicia, com tantas e aceleradas transformações, ao mesmo tempo que fascina, também amedronta. O quadro social, abrangendo aspectos políticos, econômicos e culturais nos confronta com catastróficas previsões, inclusive anunciadoras, segundo as profecias de Nostradamus, de um fim de mundo. Sob uma perspectiva arrojada, poderíamos compreender essa mudança de século como tendo sido fim de um ciclo realmente, com novas formas de viver e conviver. Para evidenciar tal fato aí estão as novas formas de comunicação e diferentes interações, propiciadas pela linguagem computadorizada globalizada e relações impessoais online ou inter-clonadas, que demandam reprogramações cerebrais e grandes mudanças culturais . É um "admirável mundo novo" que se delineia, só espero que se distancie do descrito por Huxley.

Descobertas avançadas em Genética Molecular e Física Quântica, além das realizadas na área de diagnóstico por imagens têm possibilitado observar o funcionamento mental sob outro prisma e reconhecer novas formas de interação mental .

O desconhecimento sobre a energia mobilizadora do dinamismo psíquico, as várias construções teóricas complexas em suas conceituações e excludentes das demais teorias, trazem como consequência o descrédito sobre a inclusão da Psicologia no campo científico. Há anos defendo a busca de uma linguagem psicológica mais integrativa e uma visão mais vitalista, considerando a força do biomagnetismo humano. Uma observação atenta do campo vincular relacional e de sua qualidade servindo mesmo como experiência emocional corretiva para os envolvidos, nos direciona para uma leitura energética do ser humano. Não se pode mais negar a memória e comunicação inter e intracelular, nem a atuação de leis universais como a de atração e reação. Nesse sentido, urge melhor consideração sobre o mistério da consciência em seu espectro diferenciado que nos coloca em vários campos dimensionais da matéria visível à invisível, não tão oculta agora.

Gleiser (A Dança do Universo,1997) nos confronta com possíveis consequências do poder do eletromagnetismo e do fenômeno da reversibilidade do tempo, com a geração da matéria e anti-matéria sob altas energias: " Devido a essas flutuações de energia do vácuo quântico, vários fenômenos muito interessantes tornam-se possíveis... sabemos pela relatividade espacial que energia e matéria podem ser convertidas em partículas de matéria... Essas partículas que surgem como flutuações do vácuo são conhecidas como partículas virtuais..." O autor diferencia o vácuo ou "Nada quântico" do "Nada Metafísico", representante do vazio absoluto, que abordo proximamente, visto não podermos mais deixar de considerar a dimensão espiritual do homem, sua faculdade intuitiva, sua fé terapêutica, daí advindo.

É inegável o poder de forças eletromagnéticas, despertadas pela estimulação da faculdade de imaginar , na qual participariam várias operações mentais e alterações bioquímicas. Reagrupamentos energéticos seriam gerados pelo aumento de sinapses neuronais e por possíveis transformações ocasionadas pela concentração conectiva (associação de idéias e imagens em ação). A união de afetos e estados alterados de consciência em diferentes graus de condensações de matéria, e sua valiosa força catártica e terapêutica, demandam para melhor eficácia uma leitura interdisciplinar Psicologia e Física Contemporânea.

Ante as novas descobertas é preciso questionar paradigmas ultrapassados "sem estigmas", não cabendo mais a compreensão do ser humano através de ajustes e enquadramentos a corpos teóricos já existentes. É importante, ainda, realçar que entre os atributos de um "cientista" estão sua liberdade de criar e a flexibilidade para investigar e pensar sobre o fenômeno humano, se utilizando de dados colhidos na realidade vivencial de seu aqui e agora , pois, embora seu mundo de significados possa estar deslocado dinamicamente na dimensão tempo-espacial, a forma de interferência no presente deve adquirir maior peso e deve ser o foco da atenção e atuações.

I"Psicologias: uma Introdução ao Estudo de Psicologia" livro de Ana Mercês Bahia Bock & Outros, Editora Saraiva, sua "15ª edição". Ao ler apreciei não só o conteúdo do que lia, mas a forma e o estilo da escrita. Fácil leitura e compreensão reflexiva pelos parágrafos curtos, frase com princípio-meio-fim que nos permitem melhor compreensão lógica sem muita reflexão rebuscada no momento da leitura. Gostei da separação dos tópicos, e da distribuição temática em painéis biopsicossociais atuais, sem direcionar o leitor direto para a Psicanálise, embora a inclua em suas articulações. Vale conferir! Convite aos docentes, que buscam aprimorar sua didática...

Física, Psicologia, Direito e Ética sobem no milênio?

SEXTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2008


Física, Psicologia, Direito,Ética sobem no século 21

Primeira parte:

Aceleradas descobertas no campo biotecnológico, biogenético e biomolecular possibilitaram a quebra de paradigmas obsoletos , realçando a necessidade de uma série de investigações, inferências e reflexões, que reportem a novos conjuntos teóricos, para dar conta dos recentes fenômenos observados.

A nova era que se inicia, com tantas e aceleradas transformações, ao mesmo tempo que fascina, também amedronta. O quadro social, abrangendo aspectos políticos, econômicos e culturais nos confronta com catastróficas previsões, inclusive anunciadoras, segundo as profecias de Nostradamus, de um fim de mundo. Sob uma perspectiva arrojada, poderíamos compreender essa mudança de século como tendo sido fim de um ciclo realmente, com novas formas de viver e conviver. Para evidenciar tal fato aí estão as novas formas de comunicação e diferentes interações, propiciadas pela linguagem computadorizada globalizada e relações impessoais online ou inter-clonadas, que demandam reprogramações cerebrais e grandes mudanças culturais . É um "admirável mundo novo" que se delineia, só espero que se distancie do descrito por Huxley.

Descobertas avançadas em Genética Molecular e Física Quântica, além das realizadas na área de diagnóstico por imagens têm possibilitado observar o funcionamento mental sob outro prisma e reconhecer novas formas de interação mental .

O desconhecimento sobre a energia mobilizadora do dinamismo psíquico, as várias construções teóricas complexas em suas conceituações e excludentes das demais teorias, trazem como consequência o descrédito sobre a inclusão da Psicologia no campo científico. Há anos defendo a busca de uma linguagem psicológica mais integrativa e uma visão mais vitalista, considerando a força do biomagnetismo humano. Uma observação atenta do campo vincular relacional e de sua qualidade servindo mesmo como experiência emocional corretiva para os envolvidos, nos direciona para uma leitura energética do ser humano. Não se pode mais negar a memória e comunicação inter e intracelular, nem a atuação de leis universais como a de atração e reação. Nesse sentido, urge melhor consideração sobre o mistério da consciência em seu espectro diferenciado que nos coloca em vários campos dimensionais da matéria visível à invisível, não tão oculta agora.

Gleiser (A Dança do Universo,1997) nos confronta com possíveis consequências do poder do eletromagnetismo e do fenômeno da reversibilidade do tempo, com a geração da matéria e anti-matéria sob altas energias: " Devido a essas flutuações de energia do vácuo quântico, vários fenômenos muito interessantes tornam-se possíveis... sabemos pela relatividade espacial que energia e matéria podem ser convertidas em partículas de matéria... Essas partículas que surgem como flutuações do vácuo são conhecidas como partículas virtuais..." O autor diferencia o vácuo ou "Nada quântico" do "Nada Metafísico", representante do vazio absoluto, que abordo proximamente, visto não podermos mais deixar de considerar a dimensão espiritual do homem, sua faculdade intuitiva, sua fé terapêutica, daí advindo.

É inegável o poder de forças eletromagnéticas, despertadas pela estimulação da faculdade de imaginar , na qual participariam várias operações mentais e alterações bioquímicas. Reagrupamentos energéticos seriam gerados pelo aumento de sinapses neuronais e por possíveis transformações ocasionadas pela concentração conectiva (associação de idéias e imagens em ação). A união de afetos e estados alterados de consciência em diferentes graus de condensações de matéria, e sua valiosa força catártica e terapêutica, demandam para melhor eficácia uma leitura interdisciplinar Psicologia e Física Contemporânea.

Ante as novas descobertas é preciso questionar paradigmas ultrapassados "sem estigmas", não cabendo mais a compreensão do ser humano através de ajustes e enquadramentos a corpos teóricos já existentes. É importante, ainda, realçar que entre os atributos de um "cientista" estão sua liberdade de criar e a flexibilidade para investigar e pensar sobre o fenômeno humano, se utilizando de dados colhidos na realidade vivencial de seu aqui e agora , pois, embora seu mundo de significados possa estar deslocado dinamicamente na dimensão tempo-espacial, a forma de interferência no presente deve adquirir maior peso e deve ser o foco da atenção e atuações.

Psicologia, Física, Direito e Ética sobem no milênio?

DOMINGO, 19 DE OUTUBRO DE 2008

Física, Psicologia, Direito,Ética sobem no século 21

Segunda parte:

Inicio trazendo para reflexão o artigo de Adauto Novaes publicado pelo Jornal Valor Econômico no Suplemento Fim de Semana ( 29, 30 e 31 de agosto de 2008), intitulado "Entre Dois Mundos". O artigo tem por base a análise da condição humana no mundo atual, objeto de discussão, segundo o autor por conceituados pensadores da atualidade, no ciclo de conferências intitulado Mutações- A Condição Humana,realizado em setembro/outubro de 2007 no Rio de Janeiro.

Cito algumas afirmações do autor que corroboram as minhas em textos anteriores. "Um manto de incerteza cobre o presente e o futuro da condição humana - um vazio de compreensão da relação entre o mundo, estabelecido pela ciência, e o mundo da experiência, vivida pelo homem." Sendo assim, "falar da condição humana consiste em tentar entender o estado da relação desses dois mundos". Como essa interação ganhou novas configurações por avanços nas áreas da biotecnologia, tecnociência, hiper computação e neurociência, com grandes consequências antropológicas e metafísicas, a pergunta crucial que Novaes coloca é : Qual será o lugar do homem dentro dessa "nova configuração de mundo estruturada em uma cosmologia relativista e uma microfísica quântica, que delineia uma "matéria dessubstancializada" ...e uma realidade fundamentalmente incerta "?

Existem em nosso imaginário registros do velho mundo e de nossas formas de interação com outros "seres humanos", que enfatizavam nosso lugar como sujeitos, agentes ativos na criação de nossa história de vida. Agora além de não acompanharmos a velocidade das mudanças para elaborarmos as devidas alterações internas, como lidar com as angústias provocadas pelo fato das interações ocorrerem com " novos seres criados em laboratórios, os "cyborgs", os "híbridos biotrônicos", a inteligência artificial equiparada à dos humanos, aos transmundanos"(que se multiplicam)? Como atuar "em um tempo homogêneo e vazio, no qual se passa sempre a mesma coisa - gestos incapazes de criar a experiência de relações dotadas de sentido"( investidas energeticamente de afeto)?

Novaes cita Hannah Arendt, e seu livro "A Crise da Cultura", ao abordar a cisão entre passado e futuro e o "intervalo no tempo que é inteiramente determinado por coisas que não existem ainda. Na história, esses intervalos mostraram, mais uma vez, que podem ocultar o momento da verdade (não apenas o histórico, mas o momento indeterminado, ou o vazio de pensamento), momento da passagem para o mundo de um novo pensamento". Aí questiona o autor: "Como lidar com nossa condição atual feita no vazio do pensamento, em (meio a) uma enorme ausência de paradigmas?"

Acrescento, de minha parte, que Arendt em seu outro livro "A Promessa da Política", mostra sua preocupação com as "implicações da pluralidade humana", com a capacidade do homem se situar, ou se auto-referenciar, ante as várias perspectivas sobre um mesmo evento. Sendo assim, segundo ela, deve ser considerado, na compreensão da condição humana, o agregar aos vários pontos-de-vista internos, ou seja, " à multiplicidade de significados e verdades estritamente relativas", aquelas vivências associativas, que emergem com o "re-experimentar os significados dos acontecimentos passados". Tal fato aumenta a complexidade humana e demanda uma visão e análises mais amplas envolvendo o mundo interno subjetivo e intencional.
Voltando a Novaes, o autor considera que "nesse momento de incerteza se procura resposta às questões: O que é humano? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? O homem busca o seu lugar na grande cadeia do ser e na ordem do mundo... ou seja, no momento de grandes mutações, quando mundo e ser enfrentam a incerteza e o vazio, o trabalho do pensamento tende a começar a interrogar o homem, sua existência e destino". 

A meu ver, é essa "experiência de sair de si para entrar em si",que indica ter o homem dado um novo passo na evolução da espécie humana. Consegue o resgate de sua potência natural, pela "re-introjeção do poder outorgado às máquinas" para pensar e falar por ele. Sempre, e incluo aqui as omissões, temos o poder e a liberdade de efetuar escolhas, que, se bem decididas, nos levam a uma serenidade interior e harmonia interna, mais sincronizada quanto mais envolta numa auto-liderança ética. 

Abordando os aspectos éticos, recordo Norberto Bobbio que, em seu livro "Elogio da Serenidade", aponta a diferenciação entre a "Ética dos Resultados" e a "Ética dos Princípios, ou das Virtudes". Observando o fenômeno da Virtude, acredito ser importante seguir as sensações internas. Vale uma reflexão sobre esse movimento interior e o bem-estar que acarreta.

Ante a percepção da capacidade humana de bem direcionar e ter auto-controle sobre esse campo bioenergético, e de usar de forma mais eficiente seu QI (inteligência) espiritual em prol da melhor qualidade de vida individual e coletiva , deixo-me embalar pela esperança de que , em meio a tanta destruição, já esteja se delineando uma sociedade de "seres humanos", corajosos e ousados, serenos e humanistas, que se permitam também "ver com os olhos do coração", se distanciando do mundo robotizado que procura fechar seu cerco ao redor de nós.

Aurora Gite

2 COMENTÁRIOS:

Ordisi Raluz disse...
Quando se dá uma tacada de Golf constata-se que os milímetros que separam o sucesso do fracasso, o elogio do palavrão, o bom do ruim e o gozo da dor, estavam na nossa mão apenas uns segundos antes.

Ventos solares e pássaros quânticos aparecem como do nada e definem os fatos reais, mesmo que deles não tenhamos ciência.

Abraço.