quarta-feira, 24 de abril de 2019

Salto Quântico equivale ao "insight freudiano"

Minhas reflexões atuais se voltam às ideias de Amit Goswami contidas em seu livro Consciência Quântica (São Paulo: Aleph, 2018), do qual transcrevo o trecho abaixo:

"... dados experimentais mostraram existir uma forma de distinguir experimentalmente o domínio da potencialidade (...do inconsciente freudiano?...) no qual os objetos são ondas de possibilidade, e o domínio da experiência manifestada, no qual os objetos são partículas. O físico francês Alan Aspect e seus colaboradores  criaram um experimento que provou ter esse domínio da potencialidade uma característica única que o define: as comunicações havidas nele não exigem nenhum sinal, nenhuma mediação. As implicações dessa descoberta são espantosas. Se a comunicação pode se dar sem mediação e de forma instantânea nesse domínio, decorre daí que o próprio domínio é uma coisa só. É um contínuo de coisas interconectadas.

Aqui estamos nos comunicando por meio de palavras, escrevi algumas palavras e agora você as lê usando sinais no espaço e no tempo. Mas também poderíamos estar nos comunicando pelo domínio da potencialidade. Se formulo um pensamento, mas não o expresso verbalmente ou por escrito,  esse pensamento pode se espalhar pelo domínio da potencialidade e chegar até você. Instantaneamente. É isso que acontece quando somos inspirados pelas palavras de um escritor ou pelas imagens de um artista que criou um novo pensamento ou sentimento. As palavras ditas ou escritas, ou as imagens, atuam como um gatilho que aciona uma conexão não local que resulta em algo totalmente diferente.

No zen budismo, encontramos alguns enigmas como este: Qual é o som de uma única mão batendo palmas? Tal enigma encerra a ideia de que as coisas nascem da potencialidade. Qualquer pensamento é uma potencialidade com muitos significados antes de se tornar um pensamento manifestado com um único significado. E nessa potencialidade, a onda de possibilidade desse pensamento tem muitas facetas. A conversão da potencialidade em experiência manifestada transforma um pensamento ou objeto polifacetado num pensamento ou objeto monofacetado - converte uma onda em partícula.

Muitos pensam que a consciência existe porque somos seres humanos. Segundo a explicação quântica, no entanto, a consciência já existe no domínio da potencialidade, estejam os seres humanos nele ou não. Com efeito, esse é o ponto central. Lembre-se, porém, de que esse domínio se manifesta. Então vemos que a manifestação da consciência como autopercepção-consciente acontece ao mesmo tempo que pensamentos ou objetos são convertidos de ondas em partículas.

Nesse domínio da potencialidade não existe forma. A forma se manifesta de um modo específico quando uma possibilidade é escolhida e colapsada em experiência concreta - realidade manifestada. Assim, se soubéssemos como manifestar uma forma específica de um modo específico no domínio do espaço-tempo - como uma realidade tridimensional -, seríamos capazes de resolver problemas e de manifestar aquilo que quiséssemos nessa realidade. Mas isso exigiria que pudéssemos sentir ou perceber sensorialmente toda possibilidade correta no domínio da potencialidade.

E às vezes tudo o que temos é um sentimento. Podemos ter uma intuição daquilo que está no domínio da potencialidade e que queremos manifestar, mas o domínio da potencialidade tem muitas possibilidades. Logo, temos a oportunidade de processar todas essas diversas possibilidades e suas combinações simultaneamente - toda uma gestalt -  a fim de obter uma resposta para o problema à nossa frente.

É aí que o zen e a física quântica convergem como abordagem da mente humana. Tanto o pensamento zen quanto o pensamento quântico baseiam-se em permitir dois níveis de pensamento. Em contraste, o pensamento num mundo newtoniano ocorre apenas em um nível. Nesse mundo de um nível, que só existe no espaço e no tempo manifestados, há apenas aquilo que chamamos de pensamento consciente. O pensamento consciente permite-nos analisar  diversas respostas possíveis, mas só podemos levar em conta um aspecto de cada vez, uma faceta de cada vez. Quando permitimos que o processamento dos pensamentos ocorra não só no domínio do espaço-tempo, mas também no domínio da potencialidade, o pensamento convergente consegue processar muitas facetas ao mesmo tempo. O domínio do espaço-tempo é bom para gerar uma série de respostas divergentes; chamamos a isso pensamento divergente . Mas para se chegar a uma solução, é mais eficiente o processamento simultâneo de várias possibilidades no domínio da potencialidade, seguido pela escolha - pensamento convergente.

Bem, o processamento de pensamentos é muito diferente no domínio da potencialidade. No espço-tempo, estamos conscientes; no domínio da potencialidade, estamos inconscientes. Só depois de diversos episódios de processamento inconscientes, é que o pensamento convergente se manifesta na forma de uma solução - um salto quântico." ( páginas74-76).

Acredito que um salto quântico equivale ao "insight freudiano", como já abordei em postagens anteriores, que suscitaram as observações que trouxeram à tona as hipóteses de minhas pesquisas: Freud foi o pioneiro a observar o movimento da energia quântica dentro de nós e o primeiro a manipular as energias desse mundo das partículas subatômicas.


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