segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

"Retroperspectiva quântica"

Retomo a divulgação dos passos de minha pesquisa, relendo "A Energia Psíquica" (Carl Gustav Jung), " A Janela Visionária" (Amit Goswami), "O Tao (Caminho) da Física" ( Fritjof Capra)... entre outros. Articulo com as ideias de Ken Wilber ("O Espectro da Consciência").

Vivenciei e acompanhei em pacientes em suas jornadas evolutivas os mesmos passos descritos por Goswami como uma "jornada espiritual": encontro com o "eu quântico", para além do ego.

Procuro sempre acolher "os mesmos fenômenos" envolvendo a condição humana, com "leituras compreensivas sob várias perspectivas" (Hannah Arendt).  Minha postura visa compreender a "dinâmica do fenômeno" sob um prisma, para buscar "além" novas análises, deslocando-me conforme a perspectiva ou o foco sobre ele. Considero a "visão eclética não reducionista" importante, ao escolher os instrumentos de intervenção mais eficientes na relação psicoterapêutica. O ser humano e a compreensão de seu sofrimento psíquico estão no centro de minha atenção, não um conjunto teórico fechado onde enquadrá-los.

O "alinhamento interno harmônico de energias" que integrem a existência moral com o estilo de vida, e a essência ou alma com a autenticidade ética inata, gera um nível superior de consciência. Acredito que o alinhamento interior das energias psíquicas estabeleça um "novo circuito subatômico", que gera um salto quântico e novo nível de consciência.

Sigo a hipótese inicial, que direciona minhas pesquisas, qual seja de que "o psiquismo faz parte da dinâmica quântica". Interações psíquicas se constituem de uma rede de operações subatômicas mais saltos quânticos propiciando estados alterados de consciência. Uma leitura quântica abrange a compreensão de relações de forças interpessoais imanentes e sincronias e sintonias externas ( encontro de forças de Spinoza e sincronicidade de Jung), donde redundam "experiências emocionais corretivas" e "insights". Penso que o "fenômeno transferencial em análise", observado por Freud, constitui um dos maiores exemplos de "vínculos do mundo quântico". Acredito que Freud foi o primeiro a detectar, estudar e descrever os mecanismos funcionais quânticos no mundo psíquico... e a operacionalizá-los.

Minha hipótese atual sobre o"fenômeno da morte" é que ocorra, além de toda degeneração do corpo físico, uma interrupção subatômica, um cessar da alquimia da energia e do pulsar eletrobioquímico em magnetocosmoespiritual. Esse, se desprendendo esse sistema da unidade que mantém o "processo de viver", e as conexões neurais deixando de existir no cérebro, assim como finalizando as memórias de vida intra e intercelulares, o "apego às lembranças", como o conhecemos,  "é dos vivos em relação aos mortos".

Penso que com a energia física eletrobioquímica cessando, novo circuito é gerado unicamente pela energia magnetocosmoespiritual , que ganha outra dimensão em contato com o "universo cósmico". Essa dimensão espiritual demanda uma leitura que envolve, a meu ver, "percepções a frequências vibratórias dentro do espectro de consciências mais elevadas" (ondas quânticas?) e novas captações telepáticas sensitivas (sem palavras emitidas - partículas quânticas?) , que envolvem a compreensão intuitiva de dinâmicas de sistemas mais sutis, também já citados e experienciados mediunicamente por Jung. Embora ainda desacreditados, como foram em sua época de vida, acredito que, com os "novos paradigmas unindo ciência e espiritualidade, a divulgação do intercâmbio e da comunicação dentro dessa linguagem energética, adquiram, neste milênio, o comprometimento com a seriedade e autenticidade que as atuais pesquisas científicas demandam.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Encontros Quânticos

Meu embalo veio ao ouvir os acordes e prestar atenção na letra da música de Paul Simon & Art Garfunkel: " Bridge Over Troubled Water" ( "Prelúdio para Sonhar e Amar"):

"É como sinto meu bebê, enchendo de alegria e energia o meu coração.

É como ouço minha filha Andréa me amparando e transmitindo um pouco de sua força. Minha memória guardou o tom de sua voz dizendo: "Mãe não se preocupe. Respeito seu gostar de viver só. Mas quando precisar, terá um espaço lá em casa e eu vou cuidar de você! Não se preocupe com sua velhice!"

É como escuto Andréa, minha amiga - que seria um de meus amparos na velhice e, com certeza, o anjo protetor de Cherrie e de Milady, se sobreviverem a mim (estão com 09 anos). Talvez vivam até completarem seus 12 anos! "E vou cuidar das duas também, se você não puder mais cuidar."

Andréa se despediu ao me comunicar "seu medo da solidão e da escuridão; seu frio ao percorrer o escuro corredor rumo ao desconhecido; seu pedido para que permanecesse por perto, pois ela se distanciava de mim indo por um caminho sem volta do qual tinha medo, muito medo ... e sentia frio, muito frio..." (Sensações ocasionadas pela abrupta interrupção quântica?).

Eu só não abarquei que "ela pressentia sua morte", que estava tão próxima! Não ultrapassaria seus 43 anos. Não escapou de um infarto fulminante como meu pai em seus 63 anos.

Agora só me resta a "sensação da energia quântica" e a "captação dessa sua energia atual", pelo calor, paz, aconchego... que me indicam sua aproximação. É no pensar nela e prestar atenção a esses sinais que a sinto perto de mim!

Esse passou a ser o elo, que me mantém unida à minha amiga Andréa; à minha filha Andréa; ao meu bebê Andréa; ao feto, em meu útero, já em sua "pulsação quântica", que busco agora "sintonizar".  Minha alma em contato com o espírito que foi Andréa!

Como não rever o filme "Amor Além da Vida" (1998), com Robin Williams?
Sinto que, como em uma cena do filme, um pai reconheceu pela lembrança do elo de ternura, "além das aparências", sua filha. O afeto não se perde pela desintegração do físico. É informação, a meu ver, que persiste, compartilhada pela energia contida no mundo subatômico dos "quanta".

Tanto ainda para a ciência descobrir!
Tanto ainda para o ser humano trilhar, até que a inteligência humana abarque essa compreensão!

Acredito que assim será o "reencontro com a energia quântica" que, em vida, chamei de "A n d r é a".

Lúcia Thompson

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Estar bem consigo mesmo: "Receita de um filho!"

Republico a postagem de Felipe, em seus 18 anos (hoje tem 25) apontando o caminho para sua mãe ficar bem consigo mesmo. Tive vontade de reler e compartilhar!

QUINTA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2010

Quer um filho assim de presente de Natal?

Tenho abordado muito que o "estar bem espiritualmente" e "autocentrado" propicia mais recursos mentais para o império da "razão", e maior presteza para discriminá-la de raciocínios lógicos "egóicos". A meu ver, reconhecendo e aceitando os pontos fracos e fortes, se pode optar por superá-los, buscando equilibrar a energia entre essas forças internas. Fraquezas sempre vão existir. No entanto, podem não implicar em vulnerabilidade, se buscar manter um centro de auto-referências transparente e fortalecido.

Na opção pela energia das virtudes ( e o "amor" me parece a maior delas) como fontes psíquicas integradoras, uma boa dica é buscar responder: "Será que eu mereço isso?". O critério do merecimento vale para auto-avaliação reflexiva e coragem para mudanças, tanto quanto para dar um basta a interações desgastantes.

Tudo isso parece "fácil" e "lindo" estando no papel? Quer um exemplo prático? Então leia essa carta, de um filho (18 anos) dirigida a uma mãe, de tal grandiosidade que merece ser compartilhada com todos vocês. Expressão de amor genuíno, acredito que possa "servir de empurrão" para muita gente. Foi transcrita literalmente:


" Mamãe linda,

Acho que um problema que herdei do vovô foi a baixa eloquência para lidar com pessoas muito próximas. O J. e o F. têm trabalhado isso em mim, com ótimos resultados, mas ainda é difícil. Tem algumas coisas que eu quero te falar. A primeira, que é a mais importante, é que eu te amo DEMAIS e não quero que você jamais chegue a sonhar em duvidar disso.

Se eu me afasto de vez em quando é porque não estou muito bem e não quero passar essa energia ruim pra você, afinal você precisa estar 100% positiva pra passar E superar essa fase.
Não tô muito legal porque o meu lado emocional, que sempre sustentou a falta financeira e as brigas em casa, deu uma batida MUITO forte, e está começando a cicatrizar agora. Não adianta insistir que eu não vou compartilhar isso com você; você tem muitas outras coisas em que eu preciso que você foque.

Mas essa minha fase me mostrou como é importante a gente estar sempre com os amigos, mais próximos e parecidos, BEM próximos de nós. Liga mais pra tia V., veja mais ela, marque um filme de vez em quando (mesmo que seja de dia de semana ou, quando estiver sem dinheiro, só um DVD mesmo). Você talvez não perceba, mas ela sempre te faz muito bem. Se abra mais com ela também, não tem ninguém que vai te entender melhor, já passaram por muitas coisas parecidas.

Não deixe a peteca cair. A mãe da minha irmã diz sempre pra ela que é ela a única pessoa que não acredita no próprio potencial, e vejo você com o mesmo problema. Tenha mais certeza do seu próprio talento na hora de falar.

Nunca apele pra sua situação, não é problema de ninguém como sua vida está; as pessoas só se preocupam com sua experiência e capacitação. Vale muito mais citar seus anos de administradora de consultório e ... do que sua vida sofrida de viúva com dois filhos. E isso vale pra QUALQUER lugar. Se correr atrás não tá adiantando, aprenda a voar. Sonhe cada vez mais alto, mas bata as asas para ir subindo atrás dele. Mexa-se mais! Não importa o quanto você esteja fazendo, SEMPRE é possível fazer mais. Tente diferente! Teclar a mesma tecla quebrada não vai resolver, pense em comprar outro teclado, nem que pra isso você tenha que vender, tudo o que der, do quebrado.

NUNCA diga que uma porta está trancada sem girar a maçaneta; é o que você mais tem feito ultimamente e isso me decepciona muitíssimo. Se, mesmo girando, a porta não abrir, empurre um pouco com muita força. Por fim, se ainda estiver fechada, procure nos seus bolsos, muitas vezes a chave está com você mesmo. Depois de ter certeza que aquela porta não vai te levar a lugar nenhum, sente...SÓ pelo tempo necessário para respirar fundo 10 vezes. É o suficiente para repor as energias. Se achar que não, tome um energético e lembre que tem gente te esperando no fim do caminho. Levante e vá em FRENTE. Para trás só haverão portas fechadas; você já testou todas.

Cuida do seu corpo. Você já dorme demais; se obrigue a deitar sempre às 23h e acordar às 6h, você vai ver como rende muito mais seu dia. No começo ( três primeiros dias) vai ser difícil, mas garanto que vale a pena. Faça sexo (nem acredito que tô falando isso pra minha mãe), definitivamente não quero saber quando e nem com quem, mas isso estimula a cabeça a trabalhar melhor e libera hormônios que nos dão ânimo pra tudo. Você é linda e interessantíssima, não tem dificuldades pra achar alguém pra um passatempo.

PARE de procurar alguém para ser sua base! Você só vai achar um amor quando tirar da cabeça que precisa de alguém pra por sua vida em ordem! Você é capaz e "vai ter que" fazer isso SOZINHA! Precisa de um amor pra compartilhar suas felicidades e aliviar as tristezas dele. Isso é que realmente nos faz bem num relacionamento. Se não tem alegrias para dividir, procure quem precisa de um ouvido, e ouça todos seus problemas. Pode parecer estranho, mas quando nos despertamos para ajudar alguém nossos problemas se mostram pequenos, como realmente são perto desse mundo todo.

Ouça seus próprios conselhos! Nem todos são propriamente bons, mas os melhores são os que você menos segue. Quando estiver sozinha, repasse tudo que você disse aos outros e aplique TUDO a você mesma. PARE de citar exemplos e SEJA você o exemplo. Procure cada vez menos dizer "Olhe como fulano está fazendo" e busque cada vez mais poder falar "Olhe como EU estou fazendo".

Quando precisar de dinheiro, ao invés de bater na porta de seu pai, bata na porta de alguma clínica e veja se não há alguma vaga. NÃO, você NÃO pode ter certeza de que a porta está trancada antes de girar a maçaneta, empurrar com força e procurar a chave. Pare de deixar as coisas passarem batidas, tudo, por menor que seja, deve ser levado em conta e analisado com muita cautela, a repercussão pode ser maior do que se espera.

Você definitivamente não precisa e nem vai ter quem te ajude a andar, você já aprendeu a fazer isso sozinha! Não procure bengalas, mas caminhos! Se parecer que não há nenhum, ache um facão e desbrave um. Uma mulher que passou pelo que você passou tem força pra isso. Não evite chorar, é um bem imenso lavar o que nos incomoda. No entanto, busque sorrir mais, veja vídeos engraçados, ouça piadas ou ligue para conversar com alguém cuja voz lhe agrada.

E, sempre que precisar de um abraço, você tem um filho, que te ama demais, de braços abertos pra te apertar bem forte. e dar uma chacoalhada nessa tua cabeça instável.

F.
05.10.10

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Ensinar, educar, formar para a cidadania? Que "balaio de gatos" atualmente!

E não é motivo de preocupação perceber esse "balaio de gatos", essa confusão cercando o que vem a ser, ou melhor, o que vem a significar, atualmente: ensinar, educar, formar para a cidadania? Ferramentas computacionais agregadas a representações virtuais nos remetem a uma aprendizagem construtivista, demandando a combinar como o indivíduo se percebe, como se organiza, como processa a informação para se obter melhor qualidade de ensino. Luc Ferry, filósofo e educador, propõe a criação de um novo humanismo com foco no amor, na ampla troca dialética interpessoal em vários campos de interação humana, para criação de uma sociedade mais justa e convivências mais pacíficas. (vídeo de 05.08.2012 de palestra do Café Filosófico na TV Cultura cpfl, "Filosofia para um Novo Tempo, disponível no YouTube).

Como fazer a adaptação ao "novo paradigma pedagógico ante a informática educacional, a realidade virtual, a ciência cognitiva e inteligência artificial", aos robôs professores interagindo com a afetividade de alunos, crianças ou adultos de carne e osso, coração e mente esperando ser estimulados a ter um engajamento ativo como ser vivente e motivados a ter interesses e curiosidades despertas pelo que ocorre a seu redor?

Qual virá a ser a principal função do pedagogo, a não ser ensinar a arte de aprender, o gosto e a curiosidade por ampliar campos de conhecimentos e sua aplicabilidade prática. Transmitir informações os robôs, as redes sociais e a internet globalizada já o fazem. Qual será o papel da didática de um professor motivado não só a ensinar mas a aprender em uma relação dialética (de troca) com os alunos, os quais, por vezes, chegam às salas de aula com maior domínio sobre assuntos de seu interesse pesquisados previamente na internet? Como será o engajamento do professor desse milênio, se não construir e "se construir" no processo ensino-aprendizagem que se desenvolve na relação aluno-professor? Não é fácil conviver com a angústia do "não saber". Não é confortável expressar com humildade um "Não sei, mas posso ajudá-lo o orientando em suas buscas!"

Como ajustar o processo de aprendizagem que prima agora pela interatividade e flexibilidade? Parece que as escolas terão que abrir mais espaço nos processos decisórios para os professores e os pais:                 "Quando nos negamos a discutir algo dando a verdade que se apresenta como certa, colocando nossas crenças e decisões pessoais no primeiro plano, estamos matando o direito à livre informação, contraponto da livre expressão.[...] A questão é "como discutir, com que bases argumentar" sem abrir mão do respeito pela opinião do outro e pelo que ele tem a mostrar... tendo sempre em vista que uma escolha racional nem sempre é uma escolha ética por um autêntico querer. Uma escolha moral, embasada em obrigatoriedades e deveres sobre "como deve ser", difere da ética que envolve não mais um questionamento sobre "como devo agir", mas profundas reflexões sobre "que vida eu quero viver, e o que é uma vida que valha a pena ser vivida" (Yves de La Taille, Desenvolvimento Moral, vídeo disponível no Canal YouTube).

Como "acoplar o aluno em seu próprio ritmo interno, nível e estilo mais adequado?" Como "apresentar tópicos educativos de modo atrativo, criativo e integrado" em uma educação auxiliada por computador e uma aprendizagem autorregulada por sistemas tutoriais inteligentes, onde o ambiente de aprendizagem é baseado em simulação (estratégia de ensino)?" E "que padrão ético me permite, ou a outrem, o juízo sobre a viabilidade da vida de alguém?", sobre o que lhe é certo ou errado? (www.eps.ufsc.br/teses...cap.1.html)

E nosso governo se volta, pensando na degradação do ensino que, segundo seus dados estatísticos, não se sustenta até 2022? Mas emitir, apressadamente, por MP (Medida Provisória) não mais por Projetos de Lei, reformas do Ensino Médio, sob a alegação que poderia ter sua aplicação de imediato, enquanto já existiam Projetos de Lei emperrados em 2012/13, pelo agregar de detalhes e mais detalhes, ainda não postos em discussão. Mais uma falha de nosso sistema político? Mais uma postergação e desinteresse  de nossos políticos com o bem estar social, promessa de campanhas eleitorais?

Como refletir nas mudanças propostos, sem pensar em suas repercussões práticas? Aumento de carga horária para 7 horas? Crianças entraria às 8 e sairiam às 16 horas descontando 1 hora de almoço? Medidas visando um ensino de tempo integral no papel, mas teriam condições efetivas para serem concretizadas a contento? Como ficariam os custos com refeições, se hoje até verbas com merendas entram na pauta dos desvios por corruptos?

Atribuição falaciosa de poder de escolha à uma "geração y selfitizada", "narcísica e nada empática" e "superficial, voltada ao mundo das aparências", que "não encontra espaço no mercado volátil, que se renova a cada minuto e, com isso, busca inovações criativas constantes"? Como os alunos, com esse perfil e desinteresse em se aprimorar, irão aplicar os parcos conhecimentos práticos adquiridos na escola atual, ainda mais sem previsão de um retorno financeiro compensador necessário a sua sobrevivência pessoal, quiçá familiar, e que garanta um sobreviver autônomo no futuro? Sem retaguarda financeira, como podem entrar em Programas de Educação Continuada, para suas reciclagens e atualizações, como o mercado demanda?

Que formação pretende dar esse governo ante a retirada da grade curricular de disciplinas como Artes (ou Educação Artística) e Educação Física? Vale ler e reler, "A República" de Platão! Tornar optativas, acredito que por ignorância do que abarcam e das repercussões sobre a formação das personalidades dos alunos, as depreciadas "Filosofia e Sociologia", que ensinam, respectivamente, a pensar, investigar e refletir sobre si mesmo e sobre a vida...  e a conviver com as diferenças do coletivo, se incluindo no social, refutando formas de violência irracionais? Reforçar a obrigatoriedade do Português e da Matemática, com a inclusão aqui do Inglês, sem refletir sobre suas didáticas atuais, sobre as mudanças que formalizam abreviações na nova linguagem e comunicação digitalizada?

Entendo "educação" como "formação de cidadãos", tal qual o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella (vários vídeos sobre essa temática disponíveis em youtube.com). E se tornar um cidadão integral, apto a exercer sua cidadania, envolve apurar sua capacidade de pensar em si dentro do social. Sendo assim. educar envolve o facultar ao aluno se aperfeiçoar seu caráter e ter autodomínio e controle sobre sua índole, inclusive. "Educar é fornecer a alguém os cuidados (e recursos) necessários ao pleno desenvolvimento físico, intelectual e moral". (Dicionário Houaiss). Será que os membros dos Conselhos de Educação partem dessas premissas, ao terem elaborado "de cima para baixo" as alterações que já estão em vigor pela recente MP assinada agora em setembro? Entra em vigor com todos os aspectos da implantação prática ainda soltos no espaço só das ideias.

Não concebo um educar que não seja voltado para contribuir um amadurecimento emocional e um pensar autônomo responsável, um autodomínio e gerenciamento sobre emoções, um senso crítico voltado ao convívio ético e empático com os limites e as necessidades dos demais. Vivemos uma deterioração de valores morais e das referências das tradições familiares, responsáveis por muitos pilares que orientavam prioridades em diversos campos de vivências dos descendentes. Passamos por uma degradação ética da arte de convivência pacífica e respeitosa de hierarquias compreendidas por escalas racionais de entendimento. Enfrentamos uma crise social pela ausência de sabedoria na arte da diplomacia, no argumentar e negociar.

Agressividade direta ou passagem ao ato sem pensar, sem usar a razão para intermediar a explosão de impulsos ("acting out" psicanalítico), é o que temos observado permeando a violência social. Tais reações demonstram a dificuldade, cada vez maior das pessoas lidarem com limites, conterem as angústias decorrentes de frustrações e controlarem impulsos e ações destrutivas. Some-se a esse quadro o imediatismo na busca de autossatisfações sem o aprendizado sobre o uso da inteligência emocional. Intolerâncias com divergentes ganha prioridade no convívio social, argumentações e direitos não são mais escutados, vigora a lei do mais forte ou do mais esperto... interações muito distantes de inclusões pacíficas.

Pontuo o perigo, ante as recentes alterações educacionais nesse período de transição social de início de milênios, com acelerados avanços tecnológicos e mudanças nos perfis de mãos de obras pelo amplo uso de robôs, ou não uso da mão humana como caso da inteligência artificial auxiliando nos cuidados a doentes, assessorando afazeres doméstico, e - o que é pior, a meu ver, "psicotizante" - da inclusão da eletrônica em sua distante, e invisível, monitorização inteligente  na condução de veículos, por exemplo, nos obrigando a conviver com outra realidade como a de um carro se movimentando, sem nenhum condutor!

Como educador, como avaliar o perfil do aluno advindo do ensino autodidata pela internet, inserido na realidade virtual, e alinhar seu educar ao mundo caótico atual, mantendo a própria sanidade mental?

Mais me parece que as recentes medidas encobrem a isenção do governo perdido, ante a confusão de informações e conhecimentos que dificultam montar programas e grades curriculares voltadas ao educar integral de um "indivíduo humanizado". Mais me parece a incapacidade de um governo e sua "cegueira em distinguir ensinar de educar moralmente, além de tecnicamente, um corpo de docentes eficiente e eficaz para fazer frente aos novos paradigmas no ensino, impostos pela cultura emergente das "transformações culturais acachapantes" do milênio. Parece melhor ao governo, no campo da Educação, limitar suas atuações a reforçar recortes pontuais da realidade educacional, mantenedoras do "status quo" , do que se deparar com a eclosão de jovens questionadores por Justiça Social.

Mais me parece a dificuldade reflexiva de um governo que se isenta, ainda, de assumir seus erros nas montagens de programas de aprimoramento e reciclagens contínuas; de bloquear diálogos diplomáticos e soluções que contemplem igualmente os lados envolvidos; de reconhecer financeiramente os méritos de docentes, dentro do famoso critério da "meritocracia". Penso que os docentes deveriam se acautelar com essas novas medidas, que diminuem suas horas/aulas -logo seus salários e espaços de ensino; que mexem com a extensão das licenciaturas e diplomas do magistério, em vez de sanar deficiências no ensino pela revisão de atualizações metodológicas e renovações na didática.

Penso que os pais deveriam se preocupar e ponderar se têm condições, ante as alterações e controle governamentais sobre o que é ensinado a seus filhos, de caminhar junto na formação de personalidade (formação da maneira de ser) dos mesmos. Penso que deveriam se inteirar mais do teor dessas medidas e pensar se estão de acordo com as propostas desse novo ensino. Acredito que deveria haver muita reflexão se, por trás, dessas medidas não haverá a intenção de colocar uma "mordaça e camisa de força" na criatividade espontânea e curiosidade natural individual; no espírito solto, empreendedor e inovador de seus
filhos; no senso crítico e vontade de adquirir uma autonomia não direcionada, que se traduz em movimentos de revolta, muitos a meu ver significando um "SOS", grito de socorro de almas livres ainda, pedindo libertação das amarras que a entrada no processo civilizatório lhes impõe. (vide Freud em seus estudos sobre "O Mal Estar da Civilização"?

Termino me questionando sobre como os educadores, que manipulam teorias educacionais e práticas de ensino e didática, enfrentam seu próprio "SOS" e buscam se libertar de suas amarras internas, suas crenças irracionais, seus desejos mal atendidos. Penso que quanto mais se preocupem em se autoconhecerem e reforcem sua razão, mais serão candidatos a serem bons docentes, enfrentando o mal proveniente de diretrizes padronizadas, a maioria mantenedora de "status quo obsoletos". O foco deveria estar no inovar suas didáticas e estratégias de ensino, buscando fortalecer os recursos dos alunos em estabelecer "e seguir" metas para atingir seus objetivos. Não é fácil, ainda mais na adolescência, alinhar decisões pessoais, tomadas em um existir limitado por restrições e opressões sociais, com suas vontades internas, desejos que emergem do querer genuíno de suas índoles, únicas e individuais, que buscam expressão adequada em um viver cotidiano, que afeta a todos nós.

Lúcia Thompson


domingo, 18 de setembro de 2016

Entre os "pares"? Lugar de inveja,competição,humilhação e muito mais...

Lá estava eu, sentada há tantas horas (das 9:00h às 14:00h?) após ter me aventurado como profissional da saúde a um concurso público em famosa instituição hospitalar. Aprovada na parte teórica e dinâmica de grupo, após a devida entrevista que também me selecionou, respondendo a uma convocação para me apresentar tal dia... a essa hora, para tomar ciência do setor em que iria trabalhar. Meu primeiro contato com a burocracia hospitalar, com a negligência de pares hierárquicos, com o papel de ministros exercido por chefias administrativas que a tudo comandavam como se fossem primeiros escalões - interferindo até em decisões de meus pares e em funções de diretorias. Na pseudo receptividade de pares, eu era mais uma a evitar que se destacasse e pudesse abalar a posição de conforto e as vantagens pessoais de muitos "colegas". Era mais conveniente deixar tudo como estava, dar continuidade ao "status quo" vigente na organização. Inovar para seu desenvolvimento demanda esforço e criatividade para implantar e manter!

Meus primeiros diagnósticos da organização, começando a conhecer sua logística atual me espantou, mas acima de tudo se destacaram os "desperdícios". Atitudes virtuosas voltada a vontade de autorrealização e alto desempenho foram golpeadas pela primeira marca de ser profissional de nível superior no funcionalismo público: pensar que estava sendo remunerada por todo aquele tempo parado, para que então a pressa em assumir meu cargo e assistir à pacientes necessitados e ir contra essa estrutura montada há anos? Esperava que pudesse exercer meu profissionalismo após minha escala ser efetivada, pois se havia um horário oficial a partir de 7 horas e pacientes chegavam para atendimento às 6 horas, podia entrar antes e atender a demanda da clínica. Ledo engano, logo os pares se insurgiram: entendiam minha intenção, recordavam do juramento profissional, mas não podiam perder as vantagens conseguidas se por acaso ousassem defender minha postura e me apoiassem!

E realmente ocorreu um sucedâneo de decepções, começando pela negação de minha parceira responsável pelo setor de psicologia da Clínica Radioterápica, a primeira onde fui escalada para prestar serviços. Faltavam meses para terminar o curso de Psicodinâmica do Sedes (terças e quintas à tarde), porém tive que desistir observando a reta de chegada, pois minha "parceira" houve por bem, sendo a mais antiga, escolher o horário que me obrigava a assumir às terças, quintas e sextas à tarde, se recusando a qualquer tipo de negociação mesmo que assinalando a temporariedade da decisão. Mas não parou aí! Após 1 semana, mais ou menos, estarrecida ouvi: "Não estou me sentindo bem com sua presença! Quero que peça para ser transferida!". Ante minha recusa e outorgando a ela essa atitude perante nossa chefia, continuei a escutar atônita: "Vou tornar sua vida um inferno por aqui e entre os pares, você vai ver!" E fez isso. Outra lição organizacional: como é fácil se difamar, plantar calúnias, montar alianças para divulgar infâmias; a ponto do desrespeito se estender à sua estagiária - que, por sua vez, terminava seu Curso de Psicanálise - ao passar por mim sussurrar direto impropérios inomináveis denotando seu caráter perverso; da assistente social interromper meus atendimentos retirando os pacientes, que estavam sendo atendidos por mim, para passarem em entrevista com ela, sob a ameaça de não atendê-los em outro horário; envolvendo no conluio o próprio diretor com mentiras de que minha intenção era "passar-lhe a perna". Acabou ela não aguentando, com filho recém  -nascido, a jornada dupla em casa, oficializando seu pedido de demissão. Mas o estrago, a meu redor, estava feito. Ah! A estagiária, citada acima, passou a ficar sob a supervisão de nossa chefia e logo foi "convidada a pedir exclusão do quadro de aprimorandas" da referida instituição. Sua inadequação e seu caráter perverso ficou diagnosticado. Por que não pela minha parceira? Deixo para vocês responderem...

Honrada com o convite de representar a Radioterapia no Plano de Governabilidade em união com FGV. Apresentei projetos logísticos de peso, pois sempre recebia parabéns e, de minha diretoria, frases como "Gostei do Projeto de Psicooncologia que me encaminhou, vou colocar algumas vírgulas e vamos conversar a respeito" (nunca mais vi meu projeto, soube que foi implantado pela Divisão um Projeto de Psicooncologia, cuja coordenação coube a um "par"). Como explicar as inquietudes do médico clínico, diretor interino da Radioterapia, que veio me questionar sobre o porque de minha escolha para representar o setor sendo psicóloga? Represálias vieram em seguida as indagações sobre o porque tínhamos uma sala para atendimento e supervisões de estagiárias, e ele não tinha espaço para suas supervisões... logo o espaço foi retirado e a Divisão de Psicologia houve por bem não mais prestar serviços de psicologia ao setor. Pouco tempo depois ocorre a separação e alteração do organograma das unidades hospitalares, sendo criado o Instituto de Radiologia.

Aí assumi a chefia dos serviços de psicologia na Divisão de Odontologia (fobias - dor crônica - e transtornos vários decorrentes de diversas patologias). Fui indicada pela própria Diretora do setor, que afirmou que eu era a profissional responsável que ela queria. Meu "par", que estava respondendo há mais tempo, não me perdoou. Foi deslocada para outra clínica e junto levou seu saquinho de difamações; cruzava comigo em reuniões clínicas e me virava o rosto... fez seus conchavos e seu compadrio se agregou a seu redor. Buscava intercâmbio para análise de casos clínicos mas se recusavam dizendo não entender minha forma de atuar ( a maioria era psicanalista, havia uma comportamental cognitiva e uma junguiana na equipe de então), não abrindo espaço para ouvir sobre a adequação racional e pertinência de minhas intervenções, ante o feedback das reações positivas dos pacientes.

As situações se repetiram e com a aposentadoria da diretora, a equipe que assumiu logo passou a questionar a sala em que eu estava para expandir suas reuniões, mas ela era dentro da sala de espera, não sendo interessante a exposição dos odontólogos, contato direto com os pacientes em seus queixumes. A estrutura de atendimentos psicológicos, nesta Clínica, foi desmontada ante a intervenção da nova equipe de coordenação de supervisores, que passou a supervisionar os quadros clínicos, lacanianos interferindo diretamente na minha forma de atuar ( era a única que defendia postura eclética nas intervenções aos pacientes e no caso da Divisão Odontológica, reputo como a mais adequada pois as diferentes formas de atendimento são contempladas em intervenções psicológicas de acordo com a demanda dos pacientes, que se beneficiam com variados recursos psicoterapêuticos).

Participei com um "grupo de pares", auxiliando em "seleção de aprimorandos". Nova lição: abaixar a cabeça precisando do salário para acatar ordens autocráticas e antiéticas ao ouvir frases como: "Sou coordenadora, mas no momento só comunico ordens da Diretoria. Temos que propiciar a inclusão da filha da Diretora de Enfermagem! Existem "x" estagiárias (3 ou 4) na frente dela, que passaram na seleção? Essas aprovadas devem ser desprezadas!"

E eu me questionava internamente: "O que eu estou fazendo aqui?".
Procurei sempre não me envolver em confrontos ostensivos afetando a hierarquia organizacional. Abraçava o silêncio e continha a angústia. Não me permitia ser arrastada em ações antiéticas, me agarrando e respeitando meus valores éticos. Isso incomodava os que adotavam posturas antiéticas. O falso poder, para se manter, exige submissões vis!

Alguns pares tentaram se insurgir, mas logo percebemos o que é estar dentro dessa engrenagem de hierarquia centralizadora e ditatorial, e mais adiante, sentimos o que é ser "laranja" ante a inclusão dos ministros (chefias administrativas) que abocanhavam o que por direito cabiam aos psicólogos envolvidos em Programas de Educação Continuada ou Aprimoramento Contínuo. Inclusive Núcleos de Estudos, com verbas à parte, foram deslocadas para casa de uma das diretoras, que resolveu alugá-la para os eventos, cursos e aulas (nepotismo e privilégios da diretoria?). Já estava visível a mordaça colocada entre os "pares" e as fortes represálias aos insurgentes. Eu era uma insurgente, que recusava colocar uma viseira, além da mordaça. Havia um limite para se acatar ordens antiéticas e irracionais, assim pensava eu. Na minha profissão brincar de "faz-de-conta", distorcendo o real, pode transformar a realidade de tal maneira, que as núcleos psicóticos tem suas brechas e afloram intempestiva e agressivamente. É horrível se observar isso entre os pares, profissionais da saúde mental que não percebiam essa dinâmica "psicotizante" atuando: "Estou passando a seu lado, mas você não está me vendo!" - "Meu consultório é aqui perto, vou atender uma paciente lá e já volto, mas para todos estou em minha sala aqui no hospital, ou dando alguma palestra, ok?"

Bem, após 12 anos, lá estava eu, convocada por duas diretoras, onde fui comunicada que continuaria lotada na Divisão de Psicologia, mas devia procurar outro setor dentro do Complexo Hospitalar para exercer minhas funções, pois iria ser disponibilizada, embora fosse um período em que algumas pacientes haviam encaminhado à Ouvidoria elogios a minha atuação profissional. Coerência do "discurso totalitário: não há espaço para questionamentos". A decisão já está tomada em caráter irrevogável, foi o que ouvi com assombro! E mais: "Não quero que se aproxime do Instituto de Psiquiatria, pois estamos realizando Programas Educacionais juntos". Nada a fazer, pois por trás dela, estava um QI (quem indicou) de peso da área clínica do hospital (falecido logo depois dessa reunião) e uma "ministra administrativa" dizendo "Ferro com quem dificultar o esquema interno com muito questionamento!"

Quantos meses fazendo minhas pesquisas nas vastas mesas nos corredores das várias unidades hospitalares, das lanchonetes, das bibliotecas... convivendo com rejeições, com injustiças, com vontade de produzir, com ver o desvio de projetos, com o jorrar de inovações criativas sendo sequencialmente engavetadas e não encaminhadas para que fosse tomada ciência - e eu protocolava, hein! Como conter o desconforto de minhas frustrações em suas variadas áreas e, inclusive, acolher as ansiedades de estagiárias, que haviam sido proibidas de se aproximar de mim, de me dirigir a palavra ou sofreriam represálias, e que me pediam desculpas por terem que acatar as ordens recebidas da psicóloga responsável por seu estágio, sem saber o que fazer... não podiam perder esse ano de investimento em sua vida profissional. Outra lição na vida institucional: aprender a otimizar o tempo e investir em si mesmo, acima de tudo ter muita cautela na vida de relação ("networking").

O elo afetivo quando se é comprometido no que se faz é imenso. Difere muito dos terceirizados que investem temporariamente sem se engajar com a organização. Clínicos que se utilizam da instituição para créditos em suas pesquisas, vão aplicar fora dela o que aprenderam e reverter os títulos alcançados em sua vida profissional pessoal. Na época minha esperança é que esse quadro situacional se reverteria. Na época investia em muita leitura para minhas pesquisas, em elaborar projetos que esperava caíssem nas mãos de pessoas certas. Enviava a muitos, mas tinha conhecimento de que eram engavetados por assessores com receio de que seu espaço fosse questionado e perdessem sua zona de conforto e que sua falsa confiabilidade fosse descoberta.

Assim cheguei ao Instituto de Ortopedia onde um grupo buscava estudar as dimensões de energia e níveis de consciência, a religião, o espiritismo, a mediunidade, a parapsicologia, a telepatia; e já procurava a compreensão de técnicas acupunturistas de grande efeito para aliviar dores agudas e controlar dores crônicas e quadros ansiosos. Extasiada frequentei as reuniões desse grupo em horários extras, nada interferindo na escala oficial. Outro aprendizado: Congressos e Seminários distribuídos entre funcionários administrativos por assessores de executivos, eram instrumento de troca, onde os que se interessavam por assistir e aprender eram os que frequentavam verdadeiramente, mas quem respondia pela frequência era quem recebia o convite e embora ausente agregava pontuação em seu currículo.

Pouco permaneci na área clínica, do Instituto de Ortopedia, ante a perseguição mais sórdida e aviltante, onde o interesse era que avaliasse pacientes e anotasse nos prontuários, onde segundo a diretriz da psicóloga responsável a assistência não era prioridade pois pouco se poderia fazer com o escasso tempo de atendimento - e ela era psicanalista! - Além disso eu, pessoalmente não poderia me dirigir aos médicos diretamente; era tudo por seu intermédio. E mais, eu não poderia mais frequentar as reuniões clínicas dos engajados com dor crônica, as quais em todos os anos anteriores nunca deixei de participar.

E eu por dentro: Ah, agora não! Basta! Não tenho mais condições internas para conviver com essas violentações à minha integridade pessoal. Aprendi como funcionários públicos subalternos são tratados como se não fossem concursados, mas empregados pessoais de chefias e não da empresa que os contratou e podem reivindicar a ela. Tentei apelar, mas existe o perigo do aprisionamento a algemas da gratidão, mais do que o respeito a si próprio e aos valores éticos. A cadeia dos funcionários administrativos interceptam o fluxo da entrega de quaisquer demandas, pedidos protocolados, e quaisquer esclarecimentos retorno, se por ventura, houvesse. Toda comunicação, nesse sentido, era controlada e facilmente manipulada por eles. E eu
precisava de mais quase dois anos para alçar voo e iria aguentar... mas para sobreviver psiquicamente e respeitar uma curiosidade inata, precisava me aprimorar como pessoa e "criar projetos" das ideias que jorravam e clamavam por articulações com conhecimentos já existentes, e que pudessem valorizar o setor.

Pedi para fazer parte, como psicologa organizacional (também tinha diploma para tal). Porém havia uma sensação de ameaça nos profissionais assistentes sociais, relações pública, assessorias diretas, pedagogas... todos ao se aproximar logo expressavam seu medo de que fosse ocupar suas funções ou manifestavam desconhecimento das atribuições de uma psicóloga: "Não sei como lidar com você, imagino você 'fazendo cabeças' aqui dentro", frase de uma assessora, a maior perseguidora. Os elogios do diretor ao desengavetar um projeto meu de amplo alcance, aumentou esse clima belicoso ao meu redor. Percebia quando a assessora do atual diretor executivo, a cada passo consultava a ex-diretora do quadro da enfermagem. Ops! Eu era fiel e admirava o atual diretor executivo, um médico cardiologista na função administrativa. Queria implantar Núcleo de Qualidade, responsável por atendimento psicológico aos funcionários internos, por estudos e pesquisas nos vários setores abarcando a etiologia dos afastamentos no trabalho entre outras variáveis, montando programas de educação continuada, elaborando perfis profissionais e realizando processos seletivos (até então eram aleatórios e realizados por enfermeiras ligadas à ex-diretora acima mencionada). Toda essa montagem foi interceptada por essa equipe, que se apropriou desse design logístico. Ao voltar de férias, psicóloga organizacional fora contratada para exercer essas funções junto comigo e nossa... conviver com distorção de caráter para se manter no poder é difícil! A mesa,ocupada por mim, foi virada para a parede; pegou para uso próprio a cadeira que eu usava; passou a dizer que horários de reunião tinham sido alterados ( e eu cruzava com o diretor que dizia ter notado minha ausência); queria que assinasse presença em programas elaborados por nós (recusei e contestei, mas ela havia convidado outras psicólogas de outros institutos sem me avisar); conseguiu que a assessora interviesse para me afastamento do setor e trocou a chave sem me comunicar ( e eu tentando abrir a porta para entrar na sala, onde ainda estavam meus pertences pessoais... podem imaginar? Humilhação parecida senti quando me deu para corrigir um carta que escrevera... eu o fiz e disse que precisávamos de auxiliar administrativo para digitar... e ouvi: "Mas você está aqui para que?" - Acreditam que 'ouvi isso de um de meus pares'!

Novos meses nas grandes mesas de longos corredores... tentei ocupar uma salinha de 2m por 2m, mas logo a assessora interrompeu o aval do diretor, e passaram a guardar tralhas nos local... voltei aos corredores, mas até aí incomodava. Só sossegaram quando retornei à Divisão de Psicologia. Aí eu já precisava de poucos meses ... Fiquei na Biblioteca do Instituto Central e aproveitei o ostracismo imposto para me aprofundar em minhas pesquisas envolvendo a saúde mental no design organizacional.  Eu me orgulhava do jaleco que usava, com meu nome no bolso. Lutei muito por isso. Sabia ser boa profissional, nada havia que desabonasse meu desempenho. Sentia enorme prazer ao andar pela galeria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e contemplar o retrato de vários parentes "Doutores Professores..."! Posteriormente soube que esse patrimônio histórico estava incomodando e existiam projetos para que não mais fosse conservado. Era, a meu ver, um assassinato à memória da Faculdade de Medicina!

Meu último projeto criava um Núcleo de Desenvolvimento abrangendo assistência, ensino e pesquisa. Foi enviado por mim em julho e pelo diretor executivo, com minha aquiescência, para a equipe da Superintendência que havia se unido ao grupo da FGV.
Nunca mais soube dele!
Em novembro saiu no Diário Oficial a criação do Núcleo de Desenvolvimento por eles.
A mim coube a pergunta sobre "Quem montou esse projeto?"
E o orgulho pessoal de verificar "Quanta semelhança!"

 Comentei recentemente:
 "Ser-Ter-Parecer-Aparecer" equivale a "Tornar-se para o Outro". Agora pode iniciar-se novo trilhar interno, de acordo com o "Livre Arbítrio" de cada um de nós, o "Tornar-se para Si" Ao alinhar "Existir e Ser em Essência" - energia espiritual ou quântica a meu ver - pode descortinar-se uma "Etica Superior", subjetiva, força vital interna advinda de "Valores e Virtudes", fenômenos dinâmicos de uma energia endógena. Eta trilha difícil para se manter na conduta, que nos parece reta (certa), para não desviarmos desse "Religar-se à Energia Vital" que nos é inata, seguindo as pistas de nossas Percepções Sensoriais"!

P.S. : Qualquer comparação com o que passam, hoje, muitos brasileiros, sujeitos a empregos públicos, é mera coincidência!
Minha sorte é que minha bagagem profissional e de caráter me ajudaram muito a conservar minha integridade ética pessoal!

Lúcia Thompson

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Revisitando postagens: A Maratona dos Cientistas

Revisitando postagens:

A maratona dos cientistas

Sempre imaginei os cientistas como aqueles desbravadores, muitos dos quais carregando nas costas o peso das novas descobertas, homens valorosos pela fé em seu acreditar e persistência em continuar investindo na busca da confirmação ou refutação de um saber intuído, hipotetizado por eles e, por vezes, ridicularizados pelos demais.

Fileira de formiguinhas, trazendo às costas o material de sobrevivência de sua espécie, obedecendo ao rítmo de cada uma das formigas, enfileiradas à sua frente, sem atropelos competitivos em seu caminhar persistente e sistemático.

Em meus devaneios, era o que ocorreria entre aqueles que se esgrimiam em seus argumentos defendendo ou criticando, na luta pela construção do mundo das idéias, que seriam aglomeradas em teorias científicas e que passariam a ser aplicadas racionalmente na prática em prol da humanidade. Assim, suas descobertas passariam a fazer parte desse "conjunto de conhecimentos sistematizados relativos a um determinado objeto de estudo" que vem receber o nome de ciência.

A ciência, no entanto, para espanto de muitos (inclusive meu), passou a ganhar "status" de algo concreto corporificado, personificado como entidade dotada de poder sobre o homem. Saiu do campo do abstrato, como tantos outros termos ideativos, e tornou-se - como a religião era antigamente - fonte de referência da verdade.

E se expandiu! A meta principal a ser atingida voltou-se para a obtenção e manutenção de poder. Não foi tão diferente do que ocorreu com a religião, agregada a instituições, onde os religiosos passaram a ter que se curvar ante um conjunto de regras a serem seguidas como estilos de vida, e dogmas a serem obedecidos sem questionar, se quiserem pertencer a categoria. Não mais prevalecia o valor das transformações interiores e da adoção de condutas éticas, mas o pagamento de dízimos e a absolvição por repetição de rezas decoradas. Hoje em dia, tem cientista para tudo. O homem passou a englobar, nesse termo, amplas áreas de conhecimentos vários. Um cientista passou a representar prestígio, fama para alguns, poder autárquico para outros.

Um parêntese, ou um lembrete de atenção, se faz mister. Tal foi o poder que o homem lhe atribuiu que tornou-se corriqueira a justificativa "Faço em nome da ciência!". A permissão para seguir adiante nos experimentos surge, não sei bem com que aval, mas sei que muitos experimentos se tornam até contrários ao bem comum da humanidade. Ops, e sei que as pessoas sabem, sabem reconhecer de onde vem a autorização. É só acompanhar o fio da meada e descobrem seu ponto inicial, mas terão que conviver com a dor da impotência e o confronto com a frustração e a raiva por se aquietar e brecar um agir ético; e isso incomoda tanto, que é melhor não insistir em observar a verdade que jaz oculta.

Quando pensava em ciência me vinha a imagem de uma maratona de cientistas, profissionais importantes na corrida em prol de novos saberes, um passando ao outro a tocha da verdade, com galhardia e orgulho, buscando no final o acender da tora que iluminaria as decisões humanas em prol de uma sociedade mais harmônica e feliz. O vislumbre esperançoso era o de contribuir para a expansão de uma sociedade onde o ser humano ganhasse em dignidade e auto-estima, a convivência usufruisse de mais paz, pelo respeito e tolerância ante as diferenças, e a raça humana mais serenidade, pelo "cuidar por amor" que se expandiria como consequência inevitável desse tipo de interação.

Como machuca se cair na real, podendo transitar no meio científico, principalmente sendo profissional da área da saúde mental. Anos passados fazendo parte, inclusive, de equipes institucionais nas áreas de pesquisa, ensino e assistência... Ops, essa ordem não deveria estar invertida?

Também penso assim, mas não é a realidade, que se pode constatar, ou se desejaria ajuizar, ainda. O que se observa são muitos, mas muitos mesmo, profissionais "de passagem" por instituições de renome, que buscam acumular conhecimentos nesse trânsito institucional e burocrático, se destacando em "especialidades", para aplicarem esse saber em seus consultórios particulares e tornarem seus nomes públicos para garantir aumento em suas contas bancárias, por "reconhecimento devido", conforme o ponto de vista que defendem. Justificativas que reportam a uma reflexão sobre a qualidade de seu ensino superior e à qualificação de seu aprendizado envolvendo o "como se tornar um ser humano".

O resultado dessa diretriz de ensino é bem diferente das máquinas registradoras pensantes, que se acumulam por aí. Calculadoras ambulantes, que visam sempre o aumento de lucros materiais, não abarcando a prazerosa gratificação obtida através dos benefícios morais multiplicados pela irradiação ambiental das atitudes virtuosas. Sua visão imediatista não se assemelha ao olhar do empreendedor da nova era. O termo virtude não está cadastrado, em seu lugar vem a mensagem do "não tem registro" nos arquivos mentais. A janela que surge em sua mente, com seu piscar intermitente indica a necessidade da vivência racional no mundo capitalista, distorcido para um frio acúmulo de riquezas materiais e o colocar sob vigilância e controle o perceptivo mundo sentimental, como se pensamento e sentimento não estivessem atrelados simbioticamente, residindo a chave mestra em seu gerenciamento adequado.

O quadro acima dificulta a administração justa e ética das incompatibilidades entre os meios acadêmicos e os profissionais que se quer lançar no mercado. Grades curriculares engessam a curiosidade espontânea, mola propulsora a ser fortalecida em qualquer cientista.

Os alunos, e os verdadeiros mestres, são enjaulados dentro de grades ideológicas poderosas, que delineiam pouco espaço ao saber em si, direcionando suas metas e avaliações a interesses outros, que não o de sanar, ou beneficiar, a demanda do "paciente social".

Na época atual, atribui-se ao ensino a bóia salvadora do quadro social que hoje vivemos. A má remuneração e má formação dos profissionais docentes são citados como principal fator desse estado de anomia e violência. A realidade, no entanto, se incumbe de espelhar outro cenário, bem diferente do idealizado e divulgado, mas isso é para quem se dispõe a ver, a se confrontar com o que é refletido, com o fenômeno real.

O foco, para despoluir o social, recai então no saneamento da ignorância pela formação de profissionais qualificados. Uma reflexão mais apurada vai constatar o desvio da atenção do que se mantém por trás dos brilhos dos diplomas: o juramento sub-liminar de manter o "status quo" do poder institucional vigente e o aprisionamento do atuar ético dentro dos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Uma análise mais acurada vai comprovar que ainda vigora, pela falta de fiscalização e impunidade, o QI (quem indicou) para a aceitação e aprovação dos mestres e dos alunos. O peso das "algemas da gratidão" se faz logo presente, pois a relação simbiótica entre os envolvidos com o "tráfico de influência" é fortalecida e vicia - é uma das maiores drogas da corrupção sociopática.

Projetos de ensino e programas didáticos de maior eficácia ? Ótimo, precisamos de inovações, "desde que" sigam as normas já estabelecidas. Mudanças no mundo demandando novas estruturas, novas estratégias de ensino, nova didática? Serão consideradas, "desde que" não alterem as regras já solidificadas. Ensino que pense na formação do aluno de uma maneira global, não somente cognitiva, em qualquer nível de aprendizado, que busque despertar sua autocrítica e que leve ao despertar interior de uma ética humana e ao cuidar do bem público? Só no papel, aliás é preciso mesmo ter um registro visível do empenho por transparência, verdade, justiça, humanização... Quer termo mais pomposo que esse? Agora peça para descreverem em que consiste uma ação de humanizar! E não se assuste com a resposta que vai ouvir.

O som das palavras e os afetos, que emolduram seus significados, pairando no ar já está de bom tamanho para os "ilusionistas educacionais". Todo esse aparato já serve de palco para ótimas encenações, peças criadas com conteúdos temáticos, que o povo curte apreciar. As pessoas têm até curtido serem enganadas! A mentira corrupta, que enfraquece o peso dos valores éticos, passou a ter efeito semelhante ao ópio e se tornou um vício. A vontade de lutar por ideais mais humanizados cada vez mais enfraquece e cede lugar para a inércia de quem se aposenta da vida, se permitindo ficar no papel de mero expectador, excluído como "agente responsável atuante" no que vai acontecer.

Ao se abrirem as cortinas, o cenário bem construído, os atores bem posicionados, o texto midiático bem definido, os óculos 3D distribuídos ao público, e o mundo virtual da ilusão contamina toda a realidade das pessoas que estão no local e dependem das circunstâncias para viver. Após seu término, o entorpecimento do pensar, manipulação bem camuflada contaminando a platéia, perdura por bom tempo, mesmo à distância de sua causação imediata. Tudo bem planejado e arquitetado!

Sendo assim, nem é preciso esperar a calada da noite, para se colocar em pauta, novamente, MP antes rejeitadas, ou tomar outras medidas políticas impopulares, mas geradoras de aumento de renda aos cofres públicos e , aos de algumas pessoas físicas, em especial. E isso sem encontrar grandes resistências em serem aprovadas nesse momento de torpor.

Ah. a arte de iludir! E como existem "cientistas na arte de iludir"! O fenômeno fascina, a paralisia deprime, a resiliência constrange. Aumentos de impostos e de salários, inclusive na proporção de 200 a 300% poderão ser confrontados, e defendidos como gastos de primeira necessidade, por aqueles "escolhidos democraticamente" para gerir a "coisa pública". E a defesa dos interesses do povo?

Ora o povo (outro termo abstrato, a que cada um atribui a imagem que lhe aprouver), ora o povo... não há de querer ver seus representantes mal vestidos e andando sem ser em carros de primeira linha. O povo não precisa viver de ostentação. Quer um exemplo? É só observar sua identificação virtual com o mundo glamuroso das celebridades. O povo vive através das vidas delas, basta ver a forma como reage ao que ocorre com elas. É criar ídolos que o povo desvia sua atenção para eles, e sossega!

Ora o povo, até a época de novas eleições já esqueceu tudo! Os experimentos científicos dos cientistas da ilusão podem desativar a memória popular. Qual verdadeira lavagem cerebral, ministrando soníferos através de pequenas dosagens de sonhos imprecisos e incertos, de promessas de prazeres duvidosos ou de ameaças, fomentando o medo de represálias, se utilizam desses métodos ilusionistas, com grande potencial de alterar as percepções, semelhante aos fármacos. Aplicados, nas vésperas das eleições, alteram quaisquer circunstâncias desfavoráveis ao poder vigente.

A cegueira que impede a leitura sobre fatos reais, o pouco interesse com o bem estar do povo, o enfraquecimento intencional do poder da livre-expressão popular, a fragilização manipulada da vontade espontânea, o gerenciamento da raiva - que surge pela impotência ante injustiças - devem ser trabalhados e bem disfarçados por um ensino eficiente.

Uma didática eficaz, nesse sentido, visa reforçar esse foco e centralizar a atenção na iluminação psicodélica ofuscante do "palco das ilusões". Os sonhos têm que parecer que se tornaram reais, função da "teatralização midiática". O poder de identificação com o conteúdo da peça, tal como nas novelas, se incumbe de, virtualmente, ocasionar a vivência das circunstâncias, sentidas na imaginação como prazerosas e felizes, e o suportar as reações metabólicas reais, condizentes com esse estado psíquico. Na realidade, porém, essas vivências não se assentam no chão, pedregoso e esburacado, pelo qual os pés do povo transitam, e são lesionados, no mundo real.

O que mais leva esse aglomerado de pessoas, essa multidão; esse grupo de indivíduos que formam uma nação ou vivem numa mesma região; esse conjunto de pessoas da classe menos favorecida, essa plebe - escolha a definição do dicionário com que mais se identifique - o que leva o "povo" da sociedade contemporânea, a optar por estar assim vivendo o momento atual de sua existência ?

Para quem não conhece, indico a leitura do "Mito da Caverna", de Platão. Muitos se enfileiram para adentrar e ocupar seu lugar dentro dela. Deixam-se aprisionar sem resistir... O que os leva a isso?

Aurora Gite

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ver para Crer? Não Ver para Crer? Crer para Ver? Em qual está?

Presentão, adorei!
Ganhei o livro " Os Dez Mandamentos (+um): Aforismos teológicos de um homem sem fé / Luiz Felipe Pondé - São Paulo: Três Estrelas, 2015.

Como costumo fazer, procurei ler os editorais contidos na contra-capa e nas chamadas "orelhas" de um livro. Nelas constam referências ao conteúdo da obra e sobre o autor. Por exemplo, ao lê-las fiquei sabendo que Pondé, além de filósofo e professor da PUC-SP, também exerce esse cargo na FAAP. Acrescento seu papel como comentarista do Jornal da Cultura, jornal televisivo às 21horas na TV Cultura, onde com suas críticas irônicas com humor e sarcasmo sobre os problemas cotidianos - como é de seu estilo - leva boa parte dos espectadores a refletir de forma realista sobre o que ocorre no quadro social.

Noticiários midiáticos atuais e a realidade agressiva e sanguinolenta, que nos mostram o pouco valor dado à vida e às interações humanas, mais nos intoxicam e deprimem. Chega a ser irritante para muitos, inclusive, o uso da deturpação do que ocorre ante os recortes de fatos como fonte para conseguir ibope ao atrair mais pessoas apreciadoras de "espetacularizações emotivas".  Poucos se voltam a discernir as notícias e imagens que aguçam seu lado sadio e sua curiosa cidadania para saber o que acontece no quadro social. É preferível "não ver para crer" e mergulhar em sistemas de crenças, idolatrias e fanatismos irracionais; desde que preservem ideologias, tradições obsoletas e valores disfuncionais, mesmo que reconheçam sua inutilidade como forças integradoras nos dias de hoje.Ver e se reconhecer impotente para lidar com o que lhes causa desconforto, não vale a pena; é melhor "ficar na minha e observar no que vai dar tudo isso!"

Inverti a ordem dos livros à espera de minha leitura e não me arrependi. Tinha lido outras obras de Pondé. Mas essa mereceu que, na primeira página - como faço por hábito - após qualquer leitura, colocasse : "Excelente, merece ser relido e consultado periodicamente!". Acompanhei o trajeto ideativo de um autor que se diz "darwinista descrente" e"ateu pessimista". Como ele mesmo deixa registrado: " Eu mesmo me tornei ateu aos oito anos, sem fazer esforço algum"(...) "O niilismo não me assusta (...) Permaneci imune ao ateísmo bruto" (p.9)"; Como Kafka padeço do pecado do pessimismo" (p.12); "Entre o ateísmo e a fé, tornei-me uma espécie de místico" (p.10); "O intelecto do místico, sua vontade e seu espírito passam a carregar as marcas desse Deus que habita as trevas. A personalidade do místico revela o 'comportamento divino', marcado pelo esquecimento de si mesmo, pela generosidade (receptividade ao outro?) e pela misericórdia (tolerância?), que são os maiores predicados do Eterno." (p.20).

No final da leitura, realmente, eu dava as mãos a um esperançoso vivente, portador de uma grandeza ética imanente e uma força interna como ser humano, que atingira a etapa evolutiva do "Crer para Ver", sob o impacto de observar a importância do Amor e da Esperança como fontes divinas mobilizadoras de nosso lado espiritual, a serem conquistadas -não sem esforço - na difícil jornada evolutiva da alma do ser humano para alinhar as forças de sua existência com as diretrizes inatas de sua essência.

Embora contemplando um vasto conteúdo, articulando a ambiguidade de inúmeros conceitos abstratos, Pondé tem um estilo claro e objetivo, que propicia ao leitor leitura de fácil compreensão e lhe faculta muitos questionamentos, dúvidas e reflexões. Para ele, a espiritualidade é uma "questão urgente", pois ela caminha para o desaparecimento, à medida que a religião vai sendo transformada apenas em um meio de obter felicidade e sucesso. Neste mundo imerso na banalidade e no vazio, é também urgente recuperar a esperança na vida". Para ele, "hoje", como foi a visão de Dostoiévski em sua época sobre o homem moralmente vazio, distante da perfeição e melancólico, o niilismo é "um fato histórico que gera agonia; só quem mente não vê que não existe mais fundamento para nenhum valor e que tudo é permitido. Ao mesmo tempo, o niilismo é um espelho no qual se reflete o ridículo de nossa autossuficiência."(p.44)

O autor intitula de "teologia selvagem" a forma como ousa abordar os Dez Mandamentos e suas consequências práticas, bem como encontra coragem para refletir em cima dos dogmas ritualísticos judaico-cristãos que perduram inquestionáveis, embora muitos sejam irracionais e obsoletos. Muitos conceitos que se voltam ao "religar" do homem com o divino, criados pela imaginação humana, foram transformados em ficções para controle, como forma de manutenção de poder e do "status" religioso. Pondé se permite, assim, seguir livremente a trilha que a originalidade de seus pensamentos criativos e a lógica de suas articulações ideativas inovadoras o conduzem.

Meu interesse pelo dinamismo da energia psíquica (quântica a meu ver) e os mecanismos emotivos afetados em seu trajeto, logo se voltou para as reflexões de Pondé e sobre sua abordagem da dinâmica de vários temas abstratos como: Justiça, misericórdia, culpa, perdão; verdade, mentira, pureza, honestidade, tristeza; castidade, adultério, morte, o medo; divindade, idolatria, egocentrismo, a ingratidão da humanidade; o "pecado da política" e "o coração reto", a "humildade, a cegueira do orgulho, a máscara da vaidade, o homem bíblico", o Bem e o Mal, "o behaviorismo religioso frente às multidões"; a esperança, Deus, Amor, "presença do eterno dentro de si"... "uma eternidade que esmaga a criatura"... e mais, muito mais! Realça que "Uma vida vã é aquela que toma a si mesmo como epicentro das coisas. Sendo assim, a invocação de Deus será necessariamente vã, quando cheia de pedidos e cobranças."(p.45)

Quando me percebi estava seguindo Pondé e facultando a aproximação na realidade atual de pensadores como Nietzsche, Kafka, Espinosa, Kierkegaard (que talvez dissesse para "dar um salto na fé", obtendo outra qualidade de afeto e de ser), Dostoiévski, Tolstói, Camus (Mito de Sísifo e o castigo da mesmice no tédio da repetição), Burke, Schopenhauer (o desespero e o pessimismo da alma humana), Durkeim (a "força do sagrado" das influências do grupo social), Eliade ( "sagrado" é "aquilo que é"), Carpeaux (e sua percepção do divino e do belo), Becker (A Negação da Morte), Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Platão e seu "Banquete", Freud e seu constructo ideativo sobre a felicidade não alcançada ... e mais, muito mais... O "crente" Kant e seu imperativo moral, os iluministas como Montaigne e Voltaire ... realçando que "o ceticismo sempre está acompanhado da valorização das tradições e dos hábitos" e que "aos olhos desses pensadores, não se pode confiar no castelo de ar que a razão constrói"- p.65); a Revolução Francesa, os jacobinos, o "patriarcalismo" (p. 69)... E por aí transita Pondé, ao tecer suas considerações crítico- realísticas sobre os Dez Mandamentos aplicando-os na sociedade atual, inclusive.

Parece miscelânea? Existe uma conexão lógica ideacional entre eles, como não?
Como enquadrar tudo isto nos Dez Mandamentos e ainda propor a criação de +um Mandamento?
Como relacionar com as máximas (aforismos) teológicas de um homem sem fé?
Como desvelar em meio a todas essas considerações a existência de +um Mandamento, quiçá o +importante, pois mobiliza a um viver +pleno e +autossatisfatório, e a um "se aconchegar" em um "prazer imanente, eterno e divino"?
Como não me ver fascinada pelas articulações de Pondé, inclusive sobre o "autêntico Amor", visto que o objeto de meus estudos são os mecanismos psíquicos por trás dos fenômenos quânticos, que, a meu ver, envolvem o mundo subatômico de uma "consciência mais espiritualizada", "afinidade de conexões" imantadas e comandadas por uma "energia não visível mais sutil", atuação observável pelas consequências, que implicam em um "Crer para Ver"?

É conferir e ter a coragem e a ousadia para se embrenhar nessa jornada espiritual. É sentir o tesão (prazer genuíno) no engajamento da própria alma humana voltada para a conquista desse ideal na vida.
É partir do "ver para crer", científico e positivista, passar pelo "não ver para crer" do sistema de crenças, e alcançar o "crer para ver", que, a meu ver, é a marca desse milênio.

Como não dar as "boas-vindas" ao século 21 e a nova visão de mundo e de homem que surge?
Como não dar as "boas-vindas" à percepção da explosão advinda de uma Ética Superior Imanente à condição humana, que conduz à conquista de valores internos como o respeito às diferenças e o orgulho ante um aprender a crescer com as divergências?
Como não dar as "boas-vindas" à eclosão e reconhecimento de forças naturais advindas de moral endógena, como o cultivo da honradez e dignidade, advindas da Essência Humana, que ocupam um espaço oculto em cada um de nós, e são responsáveis pela "alquimia evolutiva de nossa energia vital"?

Só os poucos que atingiram a percepção dessa grandeza imanente e estado interno que gera, que prezam a conquista da serenidade e plenitude em seu mundo interior, conseguem, ante a preservação da conquista de sua unicidade existencial e solidão essencial, canalizar suas energias vitais - subatômicas ou quânticas e seu poder de "bioeletromagnetização" alterando até o metabolismo "bioeletroquímico" - para que se voltem à conexão e vínculo afetivo natural com outras grandezas psíquicas superiores a nível de estados alterados de consciência, para além do microcosmo espiritual da condição humana conhecida.

Lúcia Thompson


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Lembram do "Ser Livre e Ser Feliz"

Lembram dessa postagem?

Vale conferir em http://auroragite.blogspot.com.br/2013/07/ser-livre-e-ser-feliz.html

É só selecionar esse endereço, copiar, colar na barra superior e clicar na tecla Enter.

Novos paradigmas e próximas mudanças sociais, ou não?

É o ser humano, dentro de cada um de nós, buscando espaço para ser livre e ser feliz, ou não?

É o bem-estar coletivo ganhando prioridade em seus projetos e estilo de vida, ou não?

Nuvens carregadas de violência, não estão sendo carregadas pelo vento da turbulência, deixando antever o eclodir de um lindo e promissor dia de paz e serenidade, ou não?

Confiram e me digam!

Lúcia Thompson

P.S. : Publiquei hoje na rede social Facebook, copio e colo. Vale uma reflexão!
Para quem não conhece o "Tao Te King" de Lao Tse, tradução de Huberto Rohden, destaco "Invencível pela Paz Interior" (p.172):
"O Mestre realmente competente
Convence,
Mas não discute. 
Um verdadeiro soldado
Luta,
Mas não tem raiva.
Um vencedor real
Supera,
Mas não se irrita.
Um autêntico chefe
Coloca cada homem no seu lugar,
Mas não tiraniza ninguém.
Essa atuação nascida de dentro
Conserva a paz verdadeira,
Pratica a arte sublime
De conduzir os homens suavemente.
É uma atuação oriunda do céu.
Semelhante atuação foi desde sempre
Considerada como a mais alta."


Rohden ainda engrandece com seu comentário: "O mundo empírico dos sentidos e o mundo analítico da inteligência não atingem a Realidade, que só pode ser conscientizada pela intuição da razão espiritual."
Li na década de 80, após ter tido contato com o artigo de Luiz Carlos Lisboa, no jornal O Estado de São Paulo, datado de 15.05.1984, terça-feira: "A música do Tao". Guardo seu xerox, até hoje!

domingo, 3 de julho de 2016

O que penso sobre amigos virtuais?

Lembram desta postagem sobre "Considerações sobre o papel das redes sociais" ( 01 de julho de 2013)?

Nela coloco o que penso sobre amigos virtuais e o que entendo por cuidar da relação dentro do mundo virtual.


Vale conferir em http://auroragite.blogspot.com.br/2013/07/consideracoes-sobre-o-papel-das-redes.html

Lúcia Thompson

sábado, 18 de junho de 2016

O amor permeia redes quânticas imprevisíveis

Ás vezes, procuro olhar as circunstâncias ao meu redor sem lhes dar significado e valor, dentro mesmo de uma neutralidade, limitada por um espaço "sem memória e sem desejo", usando a expressão de Bion.

No caso do "Dia dos Namorados" (todo dia 12 do mês de junho no Brasil) atribuo imenso peso a esse dia que se torna especial para quem ama, para os que estão juntos por que se amam, não por hábito ou conveniência. Computo ser uma data a ser comemorada "sine qua non" por toda a vida dos casais. Data a ser lembrada com muito carinho também pelos que já amaram e perderam seus parceiros, pois a força dos mesmos persistem muito além do término de suas vidas físicas.

Interessante como a cultura direciona a personalidade do ser humano. O Dia dos Namorados, singelo em sua simplicidade, passou a ser associado a diversos ramos de consumo: compra de jóias, flores e outros mimos, vestimentas e artigos de luxo, comemorações em restaurantes... Comemorações, muitas vezes, tão superficiais, que nada têm a ver com um namoro: com a troca de olhares, sorrisos furtivos de admiração, suaves toques pele a pele, um já sentindo a vibração emanada do outro. No entanto, muitas dessas formas de contatos e de comemorar, foram caindo para a categoria do "brega!", perdendo seu valor na acomodação tediosa na vida a dois.

A sensação do tédio está intrinsecamente unida ao sufocar da criatividade inovadora, que recicla a rotina, que não permite o desgaste mas mantém o vigor contínuo da relação. A imaginação é poderosa a um casal, até na criação de um clima erótico mais estimulante ao tesão sentido fisicamente. Sabendo diferenciar a realidade da fantasia, a capacidade de imaginar (operação com as energias quânticas, a meu ver) é fonte de enorme poder mental do ser humano. Pode afetar sua bioquímica e sua fisiologia imunológica, seus sistemas orgânicos (bioeletrofísicos) e quânticos (bioeletromagnéticos).

É triste a percepção do lugar vazio pelo definhar do amor, pela ausência da atração amorosa entre duas pessoas que um dia se amaram e sentiram o poder na relação desse elo de ligação; que se reconheceram como especial para o outro. Pessoas que, um dia, se perceberam como fonte de força à alma um do outro,que notaram a importância do amor como estímulo para a explosão de uma autêntica alegria interna, sensação de completude e serena felicidade.

O peito, cheio de amor, tende a se abrir para o mundo. É tanta alegria implodindo o peito de quem está amando, que é imediata a demanda pela expansão, ao redor, da energia que inunda o coração. Eterno momento de êxtase, sem palavras para descrever o encantamento sentido, o enamoramento - mágica imaginativa de um pensar quântico em estados alterados de consciência) - ocorrido. É enorme a vontade de agradar e cuidar do amado, figura interna a ser preservada onde o estar livre e feliz do outro já é fonte de satisfação para o amante.

O fenômeno amoroso me intriga há anos. É estrondosa a confusão ao redor das atribuições, que envolvem o conceito "amor". Como ocorre com todo conceito, quando muitos estão convictos em suas crenças sobre ele, as pessoas o defendem com "unhas e dentes", sem compreenderem sua realidade ou entenderem o que ocorre quando esse vínculo emerge e fornece outra qualidade de envolvimento afetivo à relação vivida. Ops! Matei por amor, por ciúme? Você é meu, me pertence? Você me deve obrigações? Você precisa mudar seu jeito de ser, porque eu exijo, para que me sinta mais confortável? Ops... ops! Sinal vermelho, convite a profundas DRs ( discussões sobre as relações) e a muitas reflexões sobre a qualidade do sentimento que mantém a relação dita amorosa.

"Eu te amo" tornou-se mercadoria de consumo no "toma lá, dá cá" das relações pessoais. A via amorosa ganhou mão dupla em exigências possessivas e expectativas irracionais. A receptividade do amor "por amor" perdeu autenticidade e força interna por si. Como pode o "amor em si" ser uma energia que enche o peito de poucos? Como pode ocorrer tamanha sintonia entre duas pessoas, tornando-as especiais uma para o outra? Que raio (radiação de energia) de "empatia", afinidade e sincronicidade se estabelece que os traços e atitudes de um são impressos e conservados por longo tempo na memória do outro?

Hoje em dia, o outro que me ama deve preencher o perfil de parcerias impostas pelo papel social, abrir "status" para mim. Minha vaidade e ambição por poder deve prevalecer. Trocas de olhar em silêncio, suaves toques de mão na dança voluptuosa dos dedos que se entrelaçam e se afastam sofregamente... que brega! O que dizer então do sentar em um banco de jardim ou frente a uma praia, bem juntinhos só observando o vento balançar os galhos das árvores ou o movimento de marolas, e se fascinar com a eternidade contida em um grão de areia? Ante tudo isto, o encontro amoroso teria que ocorrer entre pessoas especiais mesmo!

Como explicar a sensação de aconchego, serenidade e completude internos, por estar ao lado de alguém, "só ele único em seu valor, só para nós"? Alinhamentos quânticos de almas, onde a grandeza diferenciada demanda outra via compreensiva?

Como descrever a felicidade e alegria, que invadem a alma, não só encontrando presencialmente esse alguém, mas estando com ele dentro de nós, incorporado e retido em nossa memória mesmo estando ausente fisicamente? Que raio é esse pensar involuntário "dia e noite", fonte espontânea de gratificação interna? E a tristeza de contemplar o vazio desse lugar quando o amor acaba, quando o elo de ligação amorosa definha, quando a valorização do outro, de repente, não tem mais sentido... e tudo se apaga, solta-se o amálgama que unia, e o vínculo se quebra internamente?

É preciso ter sempre em mente que o amado não surge, ou entra em nossa vida, porque assim o queremos. O segredo é "estar receptível ao encontro amoroso". Estar receptível não é forçar o encontro, ou buscar freneticamente pelo parceiro. Estar receptivo é estar com o coração livre e aberto, com o medo controlado - medo que um "vínculo amoroso de qualidade" acarreta - ... e aguardar.

Mesmo porque, esse encontro de energias afins, que nos agregam forças, é raro e involuntário. Pessoas que nos transmitem esse tipo de energia são realmente especiais em sua unicidade ímpar. Não surgem em nossa frente por nossa vontade, mas sim por nosso destino.

Indico para que assistam ao filme 'Um Grande Garoto" (Hugh Grant - 2002).

Ao assistir a um filme, logo me faço acompanhar pelas ideias do produtor ao selecionar aquele roteiro naquele momento histórico, e na equipe dou destaque ao papel do diretor e sua sensibilidade. É o diretor que consegue concretizar o projeto,  fazendo os recortes precisos, direcionando os atores para bem personificarem e representarem as ideias abstratas contidas no roteiro. Os atores cujas interpretações me afetam, mexem internamente com minhas emoções, dou destaque especial e acompanho mais atentamente seu desempenho. Não deixa de ser uma "arte assistir a um filme", assim como o é a "arte de ler um livro".

Ter reassistido a esse filme atualmente ainda muito me sensibilizou, como o fez na época de seu lançamento.. Ele bem retrata vários recortes de situações cotidianas, onde o "amor permeia as redes imprevisíveis". Podemos observar o jogo de forças vitais (abordado pelo filósofo Espinosa), que acontece no encontro de pessoas que se interconectam no tecido social. Pessoas que se aproximam e se distanciam espontaneamente, por afinidades e aversões inexplicáveis. Redes imprevisíveis de intenções e manipulações conscientes, que se cruzam na complexa teia das interações e que indicam que o amálgama amoroso vem por outra via.

Redes imprevisíveis de encontros amorosos entre pessoas tão díspares e diferenciadas, e tão amalgamadas em suas vivências afins. Suas experiências pessoais as remetem a alinhar "um sentir tão em sintonia e sincronia" com seus potenciais energéticos inatos e raros. Isso as faz reconhecer no outro, à sua frente, um alguém em quem vale a pena investir afeto, por ser tão especial para si!

Lúcia Thompson

P.S.: Reparem na cena onde o menino (interpretado magistralmente por ...) tem a "visão da mãe" lhe acenando do outro lado da rua, alucina mas quando se atém a imagem some e a realidade predomina.
        Reparem na cena onde o "grande garoto" (Hugh Grant, a meu ver, excelente em seu papel) tem a "visão do pai" concretizada em sua frente dentro do supermercado, enquanto empurrava seu carrinho fazendo compras distraidamente.
         Ainda me produzem grandes reflexões não só sobre o papel materno dentro do menino e paterno após as identificações efetuadas, mas sobre a imaginação e suas operações quânticas, holográficas e atemporais inclusive. O passado teletransportado para o presente, mobilizando reações afetivas atuais.
          Continuo com minha hipótese de que "Freud foi o primeiro a desvendar os mecanismos quânticos dentro do ser humano", ao perceber o movimento de forças inconscientes, além das energias conscientes facilmente notadas, que se articulam em nosso mundo mental.
          É inegável que sem o método psicanalítico e os registros de suas observações, assim como suas especulações e reflexões contínuas, que redundaram na concretização da Teoria Psicanalítica como um todo, teriam se perdido com o tempo.
          Imagino Freud, em seu espírito sagaz e curioso, em meio às descobertas quânticas do milênio. Uau!
         


sexta-feira, 10 de junho de 2016

"Eu me orgulho de você!"

Tá linda, minha neta, eu me orgulho de você! Agora é se descobrir internamente e "apertar os parafusinhos" de suas escolhas, aquelas feitas por seu autêntico querer (vontade), para que não se soltem, quando caminhar em direção a suas metas, obrigando a que você se perca das escolhas.

Ao se desalinhar de suas escolhas vai ficar perdida dentro de si mesma, procurando, "em vão", encontrar um rumo. Essa posição traz consigo um sofrimento psíquico (angústia) atroz (muito cruel) e problemas existenciais da ordem de "Quem sou eu? Onde estou, ou que lugar ocupo nesse mundo? De onde vim e para onde vou?"

No momento, me parece que a pergunta que não quer calar dentro de você é: "Qual é a minha vocação, ou melhor, qual é a profissão que mais combina com a minha maneira de ser ( meu perfil, minha personalidade)?

E um "bom começo para focar nesta difícil jornada de autodescobertas" é cruzar seus pontos fortes e fracos com as características pessoais e sociais, que quaisquer profissões atuais demandam. Pincelo algumas dessas características e desempenhos buscados:
* Criatividade e Inovação Contínua;
* Estimular um Querer Fazer Acontecer, Ter Intenção e Concretizar Projetos;
* Articular "sempre": ter raciocínio afiado, flexível e lógico, para agregar peças novas aos problemas e chegar a conclusões e soluções;
* Refletir Produzir Inovar, para em seguida abrir um espaço no mundo de trabalho, desenvolvendo sua capacidade de Liderança, Resiliência ( habilidade para se recobrar ante imprevistos e se adaptar a mudanças) e de Cooperação;
* Buscar expandir seu "Espaço de Socialização" ("networking" se refere às "redes de contatos, corrente de conexões, nas relações no trabalho") e lutar pelo "Exercício da Cidadania" pelo poder dos argumentos apresentados e posturas éticas adotadas ("esgrima pelas palavras e pela força do poder de convencimento"), não pela violência física e assédio moral, ou  por atitudes competitivas desonestas, desumanas e antiéticas;
* Desenvolver a "Disciplina Interna", através do reforço à persistência, esforço e determinação para continuar na luta por atingir metas, automotivação e busca de aprimoramento contínuo para conquistar seus diferenciais, só seus... nada a ver com padronizações impostas pelo social, que menosprezam a meritocracia, ou seja, o destaque do esforço pessoal e o reconhecimento da autovalorização.

Nesse milênio, com as informações disponíveis a um "clique na internet", prevalece o autodidatismo, que vai ditar os limites de um auto-ensino e de um autoaprendizado contínuo e constante, pela vida à fora. Conforme o interesse e a curiosidade de cada indivíduo, a conquista educacional se constrói. Perdeu sentido o saber enciclopédico, o acúmulo de informações à esmo (sem fundamento), e mesmo o assimilar conhecimento sem aplicações práticas. "Para que serve isto em seu viver? Não sei!"

Não é se amoldar a um cargo funcional, ou ao perfil de um papel social, violentando quem você é. "Não tô curtindo fazer isso, mas tô aprisionado às expectativas dos outros! Não tô gostando de estar exercendo um papel de parceiro social, que nada tem a ver comigo, com quem sou realmente!"

É se soltar da posição passiva de subalterno submisso, acatador de ordens sem questionar e fazer valer seu juízo crítico e seu bom senso. Também não é se aventurar adoidado à riscos, dando "tiros no pé" ao enfrentar desafios, sem a ponderação necessária.

Não é fácil tolerar, ante situações adversas e contrárias à sua vontade, a "lenta passagem do tempo amadurecendo ideias e tomadas de decisões". É preciso ter sempre em foco que, uma vida que lhe é fútil, não prazerosa, tediosa, sem sonhos para um futuro, sem empreendedorismo no presente; ao se forçar a viver, "morre-se em vida", a cada minuto assim vivenciado.

Torço por você, minha neta! Sua tarefa não é fácil, ainda mais no ambiente de integração interacional desfavorável do social em que vivemos, que nos gera "incerteza e insegurança, sensação de vulnerabilidade, desconforto e desconfiança dos que nos cercam, e do novo mundo tecnológico, com avanço de robôs ocupando nossos postos de trabalho. O que vislumbramos é constatamos é um mercado atual, que nos circunda e não nos integra mais em seu mercado de trabalho. "O que fazer? Perceber o novo mercado que se apresenta ao novo mundo do milênio. Procurar se integrar, agregar força, inovar e criar um diferencial, que seja reconhecido, motivo de orgulho para cada um, e valorizado em um social mais abrangente!" 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

"Jornadas para além do espaço e do tempo"

O assustador e encantador é a capacidade de alguns pensadores se aventurarem a descrever com presteza e agudeza o que acontecerá em uma época futura. Não há como deixar de indicar as ousadas articulações do físico Fritjov Capra em seu livro "O Ponto de Mutação", sem esquecer de mencionar as ideias desafiadoras de sua obra anterior "O Tao da Física (Tao=Caminho):
" Em O Tao da Física, Fritjov Capra desafiou a sabedoria convencional ao demonstrar os surpreendentes paralelos existentes entre as mais antigas tradições místicas e as descobertas da Física do século XX. Agora, em O Ponto de Mutação, ele mostra como a revolução da Física Moderna prenuncia uma revolução iminente em todas as ciências e uma transformação da nossa visão de mundo e dos nossos valores."

Espantoso é que "O Ponto de Mutação" (São Paulo: Editora Cultrix, 1995) traz como data de seu original ("copyright") o ano de "1982", portanto, nos foi oferecido há 34 anos, e nos confronta com aguda crítica ao pensamento cartesiano e necessidade de mudança para um paradigma holístico. Capra propõe a abertura de terapeutas para a adoção de posturas ecléticas, abraçando técnicas e recursos de várias teorias de acordo com a demanda dos pacientes/clientes. Defende a substituição de rígidas e obsoletas estruturas conceituais por compreensões mais abrangentes abarcando sistemas, mais de acordo com a realidade que desponta, sofrega por novas perspectivas inclusivas de vários saberes em conexão interdependente para o futuro.

Pontuo que, em suas considerações, não deixa de citar as implicações filosóficas da ciência moderna:
"Essa nova visão inclui novos conceitos de espaço, de tempo e de matéria, desenvolvidos pela Física subatômica; a visão de sistemas emergentes de vida, de mente, de consciência e de evolução. a correspondente abordagem holística da Saúde e da Medicina. a integração entre as abordagens ocidental e oriental da Psicologia e da Psicoterapia; uma nova estrutura conceitual para a Economia e a Tecnologia; e uma perspectiva ecológica e feminista."

Fascinante o painel montado por Capra no capítulo 11 (p.351 a 379), que intitulou "Jornadas para além do espaço e do tempo", onde descreve o conjunto de ideias de muitos estudiosos da mente humana, enfatizando o registro de suas teorias sobre a psique, a formação de suas escolas e o relato minucioso de suas estratégias terapêuticas. A mim se destacou que aborda a origem das ideias e as críticas que foram surgindo com o passar do tempo e novas descobertas tecnológicas abrindo horizontes para novas perspectivas, leituras e interpretações sobre os fenômenos observados.

Vai da Psicanálise de Freud  a Jung, citando Reich, Otto Rank, Adler e Horney em sua preocupação com aspectos socio-culturais (p.177).  Vai de Maslow a Rogers com a criação além do behaviorismo e da psicanálise, da corrente humanista considerada a "terceira força", passa por Perls e a psicologia gestáltica, rumo à psicologia transpessoal. Vai dos pesquisadores dos fenômenos extrassensoriais e transcendentais até à gama de estudiosos inovadores em suas buscas de compreensões de estados alterados de consciência, autorrealizações e autotranscendências, os relacionando às perspectivas de Ken Wilber, sua psicologia do espectro e seus 4 níveis terapêuticos do ego, biossocial, existencial e transpessoal ou nível do Espírito.

Interessante como retorna a Jung ao afirmar que "parece que a abordagem de Jung estava no rumo correto". Transcreve a frase do próprio Jung: "Mais cedo ou mais tarde, a física nuclear e a psicologia do inconsciente se aproximarão cada vez mais, já que ambas, independentemente uma da outra e a partir de direções opostas, avançam para território transcendente... Psique e matéria existem no mesmo mundo, e cada uma compartilha da outra, pois do contrário qualquer ação recíproca seria impossível. Portanto, se a pesquisa pudesse avançar o suficiente, chegaríamos a um acordo final entre os conceitos físicos e psicológicos. Nossas tentativas atuais podem ser arrojadas, mas acredito que estejam no rumo certo". (Jung, 1951a, p.261).

Capra foca no sucesso dos "praticantes de psicoterapias experimentais, que estejam familiarizados com o novo paradigma que está agora emergindo da física moderna (subatômica), da biologia sistêmica e da psicologia transpessoal, a fim de que possam oferecer aos seus pacientes não só poderosas estimulações de experiências, mas também uma correspondente expansão cognitiva". Estimulante sua descrição sobre os atributos essenciais de um bom terapeuta (p.378), lembrando que "O Ponto de Mutação" foi escrito em 1982 e que, nessa época, já abordava a importância, no processo experimental e na "jornada curativa", da relação interpessoal terapeuta-paciente.

Sem dúvida na montagem do perfil do profissional de saúde mental, Fritjof Capra, sobrepôs as qualidades necessárias para atender a nova visão de mundo e de realidade, cruzando ao quadro das redes conceituais da novas ciências:
"Na concepção sistêmica de saúde, toda enfermidade é, em essência, um fenômeno mental, e, em muitos casos, o processo de adoecer é invertido do modo mais eficaz através de uma abordagem que integra terapias físicas e psicológicas. A estrutura conceitual subjacente a tal abordagem incluirá não só a nova biologia sistêmica, mas também uma nova psicologia sistêmica, uma ciência da experiência e do comportamento humanos que percebe o organismo como um sistema dinâmico que envolve padrões fisiológicos e psicológicos interdependentes e está inserida nos mais amplos sistemas interagentes de dimensões físicas, sociais e culturais." (...)

"Ao se aventurarem a fundo nos domínios existenciais e transpessoais da consciência humana, os psicoterapeutas terão que estar preparados para enfrentar experiências às vezes tão incomuns, que desafiam qualquer tentativa de explicação racional. Experiências de natureza tão extraordinária são relativamente raras, mas até as formas mais brandas de experiência existencial e transpessoal, apresentarão sérios desafios às estruturas conceituais convencionais dos psicoterapeutas e de seus pacientes, sendo que a resistência intelectual (barreira cognitiva) às experiências emergentes tenderá a impedir o processo curativo." (Capra, p.379).

E eu encerro com algumas considerações quânticas, ao afirmar que por trás do sintoma existe uma ideia central e que se facilitarmos a expressão, quer seja pela fala ou outra representação, a liberação da energia afetiva investida em épocas remotas, ocorre a jornada para além do espaço e do tempo com a presentificação de conflitos ou traumas, para o momento atual dos pacientes. Ao ampliarem sua consciência, ante "insights compreensivos" e assimilação das informações, dão um "salto quântico", passam a outro nível dimensional. Sendo assim alterações bioeletromagnéticas, a nível de operações quânticas (subatômicas) vão gerar neurotransmissores que, por sua vez, vão alterar o funcionamento bioquímico e diversos sistemas orgânicos das pessoas, como o sistema imunológico.

"A verdade do paciente, assim o é para ele; é essa e não outra, embora não seja a Verdade Última.
Essa verdade não sendo atingida por "insights" ( compreensões durante o processo terapêutico) será imposta por si mesmo através de experiências impactantes como divórcios, desempregos, doenças etc. Sempre se é obrigado a "questionar" a visão de realidade, e "rever" toda a visão de mundo que se tem. Sempre se é impelido a "mudar  estilos  de vida", na busca de harmonia interior e bem estar no viver. Sempre é necessário providenciar o "alinhamento atômico"; o  átomo dentro de nós vibra constantemente, não pára!"
(Helio Couto)

Para quem tiver interesse em melhor entender mecânica quântica e seu campo de aplicação prática, indico o vídeo com a palestra (ou aula?) de Helio Couto no YouTube, publicado por Eduardo Nessho, em 01 de junho de 2014 :
"Ondas de IN-Formação".
https://www.youtube.com/watch?v=4jPMUggM4uM

E não se surpreendam ao perceberem como evoluíram, ou como estão aprisionados nas crenças, no espaço e no tempo da ciência embasada na Física Clássica.

Lucia Thompson


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Alinhando vivências com descobertas do milênio

"Meus clientes costumam cair em transe profundo...Creio que isso acontece porque os sons penetram seu corpo no nível celular, provocando mudanças no DNA...O som fundamental de uma pessoa, produzido por sua própria voz, é a mais poderosa ferramenta de cura para harmonizar e regenerar o corpo no nível celular... O campo energético das células mudava a cada nota da cantora até a emissão da nota fá, pois nesse ponto as células se harmonizaram perfeitamente com sua voz, produzindo uma forma de vibrante cor magenta e azul-celeste". (Joy Gardner, p.64 e p.25) .

Constata Gardner a mudança radical que ocorre ante a nova maneira de perceber o universo; a união de leituras da Física, da Metafísica e da Psicologia Transpessoal voltado ao "sentir o campo eletromagnético" que envolve o enfermo e sua doença como um todo; o método de Alinhamento Vibracional na busca do equilíbrio e harmonização de suas energias; o sistema de Diagnose pelos Chakras, para "correlacionar o impulso sentido em cada chakra com a compreensão de suas funções"; a importância da adequada ativação do campo energético dos chakras na obtenção da liberação de bloqueios energéticos; a Cura Vibracional pelo uso racional e intuitivo de instrumentos vibratórios como o som, a luz e as cores, o aroma, as pedras como os cristais...; a adoção de posturas ecléticas e abertas ao desconhecido mundo das vibrações até agora, para a captação dos campos vibratórios, para a linguagem das intensidades das energias, das ondas e frequências que equivalem às amplitudes, velocidades e intensidades das percepções.  

Ante a cosmovisão advinda com as descobertas do mundo subatômico, essa cientista nos confronta com a necessidade de abertura ao estudo científico dos fenômenos ditos paranormais, pois surgem "novas maneiras de explicar e compreender a realidade na qual vivemos". Ao paradigma newtoniano mecanicista se superpõe o paradigma holístico ou holográfico, pelo qual tudo que existe está integrado em extrema conexão e em relação dialética de trocas se inter-influenciando continuamente, percepção de estados alterados de consciência, compreensão sobre a existência de mundos paralelos onde atuam diferentes níveis de energia desde as mais concretas, mais visíveis e passíveis de medição comportamental, até as mais sutis, invisíveis a olho nu, registradas no diário das impressões dos sensitivos.

"Chakra (sânscrito) significa roda ou vórtice, centro não-físico de energia turbilhonante... convertem energias altamente sutis em estruturas celulares do corpo físico, canalizando energia de determinada forma e frequência para o nível energético imediatamente inferior. Essa energia inferior e mais concreta passa então por mudanças hormonais, fisiológicas e, por fim, celulares no nível físico."(p.29)

Joy Gardner em seu livro "Cura Vibracional através dos Chakras" (SP: Cultrix, 2007) manifesta sua inquietude: "Como poderão a luz, a cor e o som afetar as emoções e mesmo alterar a estrutura do corpo?" (p.72). Sabemos que nosso corpo é constituído de carne sólida, sangue e ossos, e que hormônios, substâncias químicas e drogas -farmacêuticas ou não - podem afetar bem estar físico e emocional..."O ambiente eletromagnético normal é necessário para a execução dos processos fisiológicos e a vivência de experiências emocionais normais...  e que experimentos monitorados (como os) da cientista Valerie Hunt (e Barbara Ann Brennan, estudos sobre bioenergia, a imposição de mãos e passagem de energia) explicam até que ponto o eletromagnetismo afeta o corpo humano."(p.73)

Esclarece ainda a autora: "O eletromagnetismo é definido como a física da eletricidade e do magnetismo. A energia elétrica flui por nosso corpo e é por ele produzida. Campos magnéticos operam dentro e ao redor do corpo... O eletromagnetismo de nosso planeta vem decrescendo regularmente e hoje está mais baixo do que nunca. Por isso, não surpreende que as pessoas se vejam às voltas com uma carga impressionante de ansiedade, depressão e incapacidade de aprendizado." (p.73 e p.75)

Atualmente articulo o conjunto de ideias e vivências de Brennan (Mãos de Luz: um guia para a cura através do Campo de Energia Humana, 2006; Luz Emergente: a Jornada da Cura Pessoal, 1993) com a descrição da prática clínica de Gardner (Cura Vibracional através dos Chakras: com Luz, Som, Cristais e Aromaterapia, 2006). Tarefa meio hercúlea, por distanciar-se muito de minha linha de atuação como terapeuta. Para mim estava claro que a função da doença como oportunidade de resgate do paciente de sua harmonia interior. Já me utilizava da leitura da representação psíquica da escolha do órgão acometido e da significação subjetiva da disfuncionalidade fisiológica na somatização para, facilitando ao paciente dar voz à sua doença, propiciar que estabelecesse um diálogo com o que lhe faltava em sua existência e que era expresso por sua disfunção (técnica gestáltica?).

Pessoalmente, a linguagem metafísica sempre me foi de fácil compreensão. Embora nunca tivesse me vinculado a nenhuma conjuntura que não me permitisse exercer minha liberdade, e que buscasse me encapsular dentro de dogmas e rituais específicos, me outorgava o direito de refletir sobre o conteúdo do que pregavam e verificar sua aplicação prática em meu campo vivencial, principalmente espiritual.

Desde pequena algumas vivências me assustavam. Algumas deixo registradas. Era uma criança muito medrosa e os chamados "adultos" a meu redor contribuíam para que assim me sentisse: adultos, por ignorância ou maldade mesmo, colocam medos irracionais nas crianças, sem sequer refletirem sobre o mal que estariam ocasionando na formação de sua personalidade. Lembro de uma tia-avó, muito apegada afetivamente à minha mãe, que ante sinal de rebeldia de minha parte, sempre dizia que viria puxar meus pés quando morresse. Foram-se anos de adolescência para elaborar e conseguir dormir sem cobertas presas fortemente embaixo do colchão. Que castigo, desconsiderando que minha mãe não era estável emocionalmente e que, por vezes, não me deixava entrar em seu apartamento, porque tinha me aproximado da namorada de meu irmão de quem ela não gostava; seu lema não tem a mesma opinião que eu, ou não age como eu espero ... então está contra mim: rejeição de amor direta e de constante rememorar atemporal ... convivência materna atroz para crianças e adultos mesmo!

Cedo me via envolta com vivência inexplicáveis. Como entender que conseguisse repetir uma aula inteira de Geografia, explicando a formação dos ventos e as pressões atmosféricas; ou de solucionar problemas de Geometria, sem nunca ter conhecimento prévio da matéria? Colegas ficaram surpresos e vieram me questionar depois. As devidas professoras, no final de minhas exposições, abriram seus diários e, em caráter de exceção, me deram uma nota 10. Dentro de mim eu sabia que não conseguiria repetir, mesmo tendo estado atenta e concentrada enquanto explicavam a primeira vez.

Depois em algumas circunstâncias passei por idêntica experiência. Adulta, meu interesse se voltou para a Doutrina Espírita e para cursar como aprendiz e depois dentro da formação mediúnica. As temáticas me eram de fácil compreensão, mas como explicar que só de ler o capítulo "Apocalipse" referente à aula da noite, tendo faltado o professor, e sendo perguntado quem poderia explicar aos colegas, o fiz de forma impecável tanto que o coordenador aplaudiu e disse que o professor não fez falta. Hoje, não lembro do conteúdo e como articulei minha exposição. Na época o tema me era muito familiar.

Como explicar que em uma palestra sobre Parapsicologia, ministrada em conhecida igreja por um renomado padre estudioso do assunto, fui escolhida com mais 4, para participar de uma sessão de hipnose. Fomos colocados atrás de 5 mesinhas e com as mãos em cima delas. Deveríamos manter os olhos fechados, ouvindo a voz pausada do padre. Lembro que me envolvi de tal forma, que ao ter por mim novamente, escutei o barulho de uma mesa batendo no chão de madeira, e pensei que alguém tinha entrado em transe hipnótico. Tal não foi a minha surpresa, que sem meu total conhecimento, era "eu", ou uma parte de mim. Mas onde minha consciência estivera? Como meu corpo seguira ordens e agira, sem que eu tivesse conhecimento do que me acontecia?

Isso sem comentar o pavor quando deitada na cama, de olhos fechados e relaxada, percebo que meu corpo flutua e posso "ver" (visão interior?) meu corpo sobre a cama. E quando, ao escovar os dentes, percebo num piscar de olhos uma luz advinda de meu interior na altura do que chamam terceiro olho, em distância de 3 cm aproximadamente para dentro de mim ( localização da pineal?); lembro de piscar os olhos e em cada fechada o clarão estava lá. E que pavor imenso, quando deitada via um clarão azulado em cima de minha cabeça... abria os olhos e nada via... fechava e ele estava lá. O mesmo ocorria com a sensação visual de vultos não só em meu quarto, como perto de meus pacientes ( uma perdera o marido dias após intuía a presença da mãe, outra tivera a notícia da doença incurável do filho e eu intuía a presença do marido) e eu abria e fechava os olhos e as névoas dos vultos ali se mantinham . O pior é que meu medo me fez rechaçar tais vivências.

Por volta de 1976, passando por momentos de perdas afetivas, tinha certeza de atuar dentro de meus padrões éticos, sob critérios subjetivos de uma Ética interior e não de regras morais impostas. Isolada e sofrida, me posicionava no chão em um canto no silêncio de meu quarto, quando senti como um imã, a força de uma mola impulsionando minha mente (salto quântico?). Logo me veio que ou estava morrendo, ou estava enlouquecendo. Minha consciência atingiu um patamar superior onde me senti aconchegada pela luz (amarelada?), pelo calor do ambiente e sensação de plenitude e serenidade... pelo eloquente silêncio expandindo afeto amoroso...não precisava de palavras, a comunicação ocorria por outra linguagem. A sensação de felicidade era imensa. Aí me assustei, estava acordada vivenciando esse estado alterado de consciência novamente... meu Deus estava acordada e viva... era uma experiência interior e veio o medo. Precisava retornar, pois minhas filhas dependiam de mim. E, de repente, ocorre um rompimento da força de atração, sem nenhum impacto acontece o retorno de minha mente para onde "eu", ou parte de mim, estava e me vi e senti no mesmo local do quarto, sendo acompanhada da serena sensação de plenitude e felicidade. Essa energia nunca mais me abandonou.

Como colocar tudo isto em aberto em sessões de terapia ou em trocas inexistentes com colegas na maioria psicanalíticos, mesmo em interações com pessoas espiritualistas, se eu mesma estava mergulhada em profundos medos, sem cair na ridicularização e humilhação de tacanhos cientistas, particularmente que analisam os mecanismos psíquicos e os recursos mentais visando a manutenção da saúde mental?

Tinha certeza de que a ciência "até agora", repelia veementemente quaisquer experiências de estudiosos desses mundos paralelos, desses estados alterados de consciência, dos fenômenos paranormais de clarividência, clariaudiência, cinestesia e tantos outros, que nem nomeados ainda foram. Pessoalmente, retorno de onde parei, ao ler "A Memória das Células" e "Medicina Vibracional" e refletir sobre a nova ciência que despontava. A retomada da leitura dos livros de Brennan e agora do livro de Gardner me possibilitam esclarecimentos imprescindíveis para essa jornada espiritual, encontro pessoal de cada um consigo mesmo, alinhamento (vibracional?) de sua existência com sua essência, só perceptível a cada um, que é realmente singular em sua unicidade como ser humano. Hoje considero esses reconhecimentos, empáticos e intuitivos interacionais, culminando no alinhamento e fortalecimento da integridade do patrimônio energético, a missão "intransferível" do ser humano em seu viver.

Há meses perdi minha filha caçula. A morte nunca me apavorou, como ocorre a quem está envolto em grandes apegos, ou a situações que necessitam de imediatas solturas de possíveis culpas e resgates reparadores afetivos. Nossa relação era intensa, assim como nossas trocas sobre aprendizados. Também ela se interessava pela ciência espírita e pela linguagem bioenergética, pela transmissão de energia e, em alguns casos pela cura, através dos passes. Procurava ela, ainda em vida, compreender a linguagem do mundo vibracional, até que seu viver foi interrompido, em seus 43 anos, por um infarto fulminante. Sei que demos, uma a outra, nos últimos anos em especial, do nosso melhor. Procuro perder o medo de possíveis intercâmbios entre nossos mundos tão próximos e de energias tão diferentes, após sua morte física. Busco apreender, cada vez mais, o mistério e a compreensão da comunicação vibracional. Se vale a serenidade,  sensação de plenitude e felicidade, que ainda marcam minha alma depois de tantos e tantos anos... Sei que a energia de minha filha, ante o abandono da constituição física, estará bem ... Sei que nossas energias se identificarão, em um espaço pleno e atemporal, pela qualidade interacional intensa de nossas vibrações.