sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"Casuística e Metodologia" e ... lição de vida?

Dando continuidade à postagem anterior ...

Todos os sujeitos da amostra passam inicialmente por um programa educativo ministrado por uma equipe transdisciplinar, que teria por objetivos:

* Ampliar o campo cognitivos dos pacientes, possibilitando várias informações sobre a patologia em si e o processo doloroso, sobre movimentos e exercícios físicos adequados e inadequados, sobre aspectos nutricionais e interferências emocionais pertinentes ao quadro apresentado
* Dissipar dúvidas, pertinentes à sua área de atuação, minorizando ansiedades emergentes por falta de conhecimentos específicos.
* Formar hábitos mentais voltados para uma vida mais saudável, maior disciplina sobre os padrões emocionais e melhor administração de reação impulsivas.
* Buscar maior conscientização do paciente sobre sua responsabilidade com o tratamento e a necessidade de sua automotivação para uma participação ativa durante o mesmo.
* Procurar maior envolvimento do paciente no compromisso de "querer efetivamente se cuidar" e obter resultados eficazes, eficientes e efetivos.

Posteriormente, os sujeitos serão divididos em três grupos, cada um recebendo intervenções diferenciadas, embora todos tenham como objetivo comum o alívio dos sintomas, a minorização se possíveis interferências emocionais e a melhora de qualidade de vida.

Sendo assim, a hipótese, a ser confirmada ou refutada, é que os pacientes vão apresentar um gradativo quadro de melhora de sua sintomatologia cronificada.

Casuística e Metodologia

Serão avaliados um total de 30 sujeitos, portadores de Síndrome de Fibromialgia. Os pacientes serão encaminhados por Dra. ..., fisiatra responsável pelo Grupo de Fibromialgia da Medicina Física do Instituto de Ortopedia do Hospital ... da Faculdade de Medicina da Universidade de ...

Da amostra serão excluídos os pacientes do sexo masculino, mulheres com idade inferior a 30 anos, analfabetos, portadores de graves distúrbios cognitivos e/ou neurológicos, que apresentem (ou tenham apresentado) algum comprometimento psiquiátrico, que estejam sendo acompanhadas por outra especialidade médica com programas similares, ou que já tenham passado por algum programa educativo semelhante.

Para a classificação das amostras serão consideradas as informações obtidas através dos prontuários médicos. Variáveis demográficas serão coletadas por uma "Ficha de Identificação" previamente elaborada, e pelo questionário padronizado para a obtenção da "Classificação Socioeconômica do Brasil" (ABA/ABIPEME) dos sujeitos selecionados. Demais variáveis serão extraídas dos registros efetuados durante o procedimento.

Os dados serão colhidos no Ambulatório de ............................................

O procedimento constará de dois momentos:

* Em um primeiro momento, todos os sujeitos passarão por um "programa educativo" a ser ministrado por uma equipe interdisciplinar: fisiatra, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo. O psicólogo permanece constante durante todo o programa, já realizando em seu transcorrer uma avaliação diagnóstica psicológica.
Período: 1 encontro
Duração: 03 horas e 30 minutos, assim distribuídos:
- 15 minutos seriam reservados para uma dinâmica psicológica, visando maior integração grupal, onde seriam investigadas as expectativas sobre o programa, buscando dissipar idealizações inatingíveis.
- 30 minutos para o representante da Fisiatria.
- 30 minutos para o Fisioterapeuta.
- 15 minutos de intervalo
- 30 minutos para o representante da Nutrição
- 30 minutos para a Psicologia
- 30 minutos para o encerramento, onde os pacientes dariam um feedback sobre o programa, respondendo inclusive um breve questionário padronizado (a ser elaborado pela equipe), material que poderá servir para melhor categorizar posteriormente a população fibromiálgica, as crenças e expectativas sobre a doença e o tratamento, as dificuldades e limitações para que a adesão se processe adequadamente, possíveis ansiedades decorrentes de vínculos fantasiosos, inclusive com os profissionais da equipe e com a instituição.

* Em um segundo momento:
- subdivisão em três grupos (I, II e III)
Os grupos serão diferenciados pelas técnicas empregadas, selecionadas de acordo com a amplitude dimensional a ser abrangida:
- Grupo I : dimensão comportamental e cognitiva
- Grupo II : dimensão comportamental, cognitiva (intelectual) e afetiva
- Grupo III : dimensão comportamental, intelectual, afetiva e espiritual (transpessoal)
Critério seletivo aleatório por sorteio.

Número de sujeitos por grupo: 10
Atendimento grupal: 1 vez por semana em horários diferenciados
Período de atendimento: 1 hora e 30 minutos
Total das sessões semanais: 10

O controle avaliativo dos grupos será padronizado, consistindo em:
- Autobiografia da dor, por escrito
- Diário semanal, com anotações sobre AVD e situações de dor
- Apresentação de uma figura humana, para anotações dos pontos de dor, antes e depois de cada sessão

A leitura dos dados e as referências bibliográficas que embasaram o Projeto ...

Paro por aqui! Não acredito serem mais pertinentes nessa postagem.

Penso que discorrer sobre o que ocorreu com o Projeto, pode valer como um grande incentivo aos que ainda não desenvolveram a persistência ou "a sábia perseverança" para colocar suas criações no mundo, a coragem para ousar se diferenciar e conviver com a competição invejosa e perversa entre seus "pares", ou transformar o "clima empresarial" e alterar o desânimo ante equipes fechadas - que podem ser associadas aos grupos "bionianos" psicotizantes - sem aberturas ou trocas e sem crescimento pessoal ou coletivo.

O projeto e o protocolo de pesquisa, foram apresentados ao Diretor da mencionada Divisão, merecendo sua avaliação positiva e sendo reconhecido o mérito inovador da abrangência de articulação que os dados e a leitura conclusiva possibilitariam a formação de novos programas terapêuticos interdisciplinares. Avisou que o mesmo seria entregue à equipe da Escola responsável pelas intervenções na patologia mencionada. Protocolei a entrega e ... foi a última vez que vi meu Projeto, sequer soube dele.

Mas não só desvios perversos ocorrem ainda nas instituições e a maioria por parte dos próprios "pares". Represálias vêm da união desses com os da assessoria administrativa, responsáveis pelos trâmites burocráticos.

Se os primeiros conseguem distorcer informações como, por exemplo, avisar de alteração de horários de reuniões de Diretoria, vil atitude vinda a descoberto por se cruzar com o Diretor e dele ouvir "Senti sua falta na reunião!", ou ainda disseminar depreciações caluniosas contra a pessoa física do profissional, unindo, por ignorância, espiritualidade com baixo espiritismo - distante da categoria de ciência e moral filosófica elevado onde atualmente pesquisas colocam esse lado espiritual. São dos próprios pares que se esmeram em humilhar, não apenas desqualificar potenciais profissionais com frases do tipo "Estou mostrando meu projeto, não para que agregue suas ideias, mas para que faça uma revisão do português (?)... Para que providenciarmos uma funcionária administrativa para nós, se você está aqui e pode corrigir e digitar?"

Por outro lado, dentro das funções do quadro burocrático é fácil engavetar projetos, e até não se responsabilizar por seus "sumiços", inutilizando o peso de protocolos de recebimento; como é ainda comum acobertar, e até negar, a procedência de atitudes discriminatórias e condutas que denotam grande injustiça social e falta de legalidade trabalhista.

Qual foi a lição? Vitimização ou coitadismo?
Enfiar mais a faca de traições dos pares, ou se afundar no sofrimento pelas feridas na alma por injustiças humanas?
Chafurdar no mar de lama no qual essas pessoas se encontravam?
Acusar, bater boca, acolher e rebater também com maldades, mergulhar em queixas, contribuir para intoxicar o bem-estar emocional pessoal e da equipe?

Não foi o caminho escolhido, podem crer!
Mais ideias brotavam e novas curiosidades vieram para projetos mais ousados. Assim é a "cabeça" dos pensadores, criadores, inovadores, empreendedores visionários e idealistas, perfis do futuro milênio.
O tempo foi muito bem aproveitado e otimizado, na psicologia clínica projetos de pesquisa engavetados ou desviados e entregues a terceiros, por que não ousar criar projetos inovadores, para a época (10 anos atrás), visando a psicologia organizacional?

Nesse sentido, ao remexer o baú das impressões institucionais, junto com muitos profissionais em posições semelhantes, que optaram por decisões mais enobrecedoras e virtuosas, persiste a  imensa gratidão a todos, "pares" falaciosos ou pertencentes a outras categorias profissionais, que acabam se transformando em variáveis funcionais, que impulsionam os que querem progredir com integridade e evoluir dentro dos valores espirituais. Vale o reconhecimento que são meros funcionários dentro da instituição que, atualmente, não têm nem o mérito de serem seus "porta-vozes" oficiais.

Aurora Gite

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Esboço de Projeto sobre a dor e sua compreensão psicodinâmica

Remexendo baús, encontrei esse esboço, que compartilho por ter tido muito orgulho de ter elaborado esse protocolo de pesquisa, por volta de 2003, mas que conserva ainda seu status de atual. Talvez possa auxiliar, nesse milênio, a alguns profissionais da área de saúde mental a quebrar tabus e preconceitos.

Confiram por si e avaliem a repercussão que poderia ter tido há 10 anos!

Por sua extensão, divulgo em duas partes, sendo que "casuística e metodologia", para os que se interessarem pela linha de trabalho, estarão na próxima postagem.

" Lidar com a dor, aliviá-la ou saná-la, tem sido um desafio constante por parte de muitos profissionais da saúde. Extensa equipe transdisciplinar se agrega ao redor do paciente portador de um quadro doloroso, obrigado a conviver com angústias geradas pelas frustrações e impotência, decorrentes das frequentes limitações em seu agir. Alto investimento pessoal por parte da área médica, do paciente e de seus cuidadores, com pouco retorno e elevado ônus sócio-econômico, inclusive para os órgãos de saúde competentes, tornam-se fatores que justificam a importância e a emergência de programas voltados a minorizar os sintomas dolorosos e buscar a compreensão da psicodinâmica que envolve a manifestação da dor, sua perpetuação ou cronificação.

Os mecanismos biofisiológicos da nocicepção não são difíceis de serem detectados, bem como são facilmente catalogadas algumas estratégias de enfrentamento, ou condutas adotadas pelos pacientes ante a presença da dor. No entanto, o mesmo não ocorre ao se buscar intervir satisfatoriamente buscando alterar essa experiência emocional desprazerosa, na maioria das vezes limitante, que pode vir a se constituir em um vivência emocional cronificada e desproporcional, independente da presença ou não de danos teciduais. A complexidade desses quadros clínicos, transforma-se em grande obstáculo para a obtenção de diagnósticos precoces e consequentes prognósticos mais benéficos, justificando a liberação institucional dos pacientes.

A Fibromialgia ou Síndrome Dolorosa Muscular (SFM) corresponde a uma dessas entidades clínicas caracterizadas por uma dor muscular intensa, difusa e crônica. Os pontos dolorosos são múltiplos e de fácil apalpação em várias regiões específicas do corpo, sendo necessária a presença de, pelo menos 11, dos 18 pontos pertinentes à síndrome, fatores indicativos do grande desconforto, físico e psíquico, trazidos por esses pacientes.

A etiologia dessa patologia não decorre de inflamação tecidual, mas de disfunção do sistema nervoso central, acarretando o aumento da sensibilidade dolorosa e, portanto, a diminuição da tolerância do paciente à dor. Não há método complementar de radio-imagem ou laboratorial, que possa auxiliar no diagnóstico desses pacientes, sendo o mesmo obtido pelo 'exame clínico', realçada a importância dos 'dados coletados através de auto-relatos'.

Torna-se perceptível à área de saúde mental, a forte presença de interferências emocionais na eclosão e manutenção da dor e na exacerbação de muitos sintomas físicos, que acompanham o quadro, alterando a qualidade de vida dos pacientes e familiares. Ilustrando essa afirmação podemos citar alguns como: distúrbios do sono, parestesias, alterações gastrointestinais, síndrome da bexiga irritável, intolerância ao frio, síndrome dos pés irrequietos, disfunções cognitivas e afetivas.

Um quadro de dor mobiliza comportamentos regredidos, passivos e dependentes, contribuindo para condutas de isolamento e afastamento do convívio familiar e social. O desconforto imposto pela restrição dos movimentos e alterações de postura, bem como a raiva e a impotência a que remetem, tornam-se fatores iatrogênicos para a elevação do desequilíbrio a nível de saúde mental. Muitas vezes culminam com o afastamento do trabalho e todas as consequências que tal fato acarreta para o paciente e para a empresa, inclusive podendo chegar a desgastantes demandas trabalhistas, ocasionando novas descompensações em um campo mais amplo biopsicossocial e econômico. Mais angústias se agregam ao quadro da síndrome dolorosa, ligadas à vida prática e agora aos aspectos internos que envolvem, entre outros, a queda da valorização pessoal e da auto-estima, até pela diminuição da produtividade, a perda da autonomia e do crescimento pessoal, da independência e do controle sobre a própria vida, da vontade genuína de comunicação e participação ativa em grupos, indispensáveis para a integração no social.

Até o presente momento, no tratamento da SFM (Síndrome Dolorosa Muscular), têm sido enfatizadas medidas ligadas à dimensão orgânica e psíquica: uso de fármacos e terapias fisioterápicas, estratégias de enfrentamento ligadas à área cognitivo-comportamental, técnicas acupunturistas comprovadamente eficazes em sua função analgésica... A união da acupuntura à medicina tradicional, inclusive para tratamento de várias disfunções, data de período recente. O mesmo ocorre com programas educativos direcionados a esses respectivos pacientes.

Segundo Yeng, Kasiyama e Teixeira (2001, p.105): "Em geral esta abordagem terapêutica (acima citada) procura abranger todos os fatores referidos pelo doente com fibromialgia: aumento da analgesia central e periférica, melhora do sono, redução dos distúrbios do humor e a melhora da circulação sanguínea em músculos e tecidos periféricos".

Yeng (2003) em sua tese de doutorado, descreve os benefícios advindos dos programas educativos com pacientes portadores de SFM, enfatizando os resultados encorajadores obtidos com a Escola de Fibromialgia, programa desenvolvido no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Amaral (2001, p.61-63), realça que, para a compreensão psicodinâmica da dor, haveria necessidade de se englobar "mais do que técnicas cognitivas e sensitivas". Segundo a mesma, o paciente deveria ser compreendido dentro de sua 'pluridimensionabilidade' física, mental e espiritual, sendo que as técnicas adotadas deveriam abarcar seu agir (condutas adotadas e atitudes internas), seu pensar (a nível de cognição e crenças ou informações preconceituosas disfuncionais), seu sentir (a nível de sua afetividade, ou de seu conteúdo 'ideoafetivo' e suas representações imaginárias), e seu intuir (a nível de sua espiritualidade responsável pela fé, esperança e vontade para poder transcender o momento existencial vivenciado).

Amaral observa que "Questionamentos existenciais, tão comuns em quadros de dor crônica, remetem a intervenções no eixo transcendental, na dimensão espiritual, onde o resgate do sentido da vida e da importância do viver, impelem o profissional a buscar novos instrumentos técnicos, e a trabalhar cada vez mais a qualidade das relações internas e externas desse pacientes."

Muitos autores como Lemgruber (...) relatam a qualidade corretiva advinda do campo vincular relacional, conferindo ao profissional da saúde o papel de agente terapêutico, na interação que denomina de "experiência emocional corretiva".

Portnoi (2001, p.176) refere as vantagens de atendimentos grupais no tratamento da dor crônica, citando a oportunidade de convivência com indivíduos em situação semelhante, a facilitação da produção de referenciais sociais capazes de atenuar sentimentos de isolamento e alienação, a possibilidade de compartilhar temas de interesses comuns... destacando a intervenção terapêutica voltada para os comportamentos que ocorrem no contexto social do grupo, não desprezando o interesse para a instituição, pois este tipo de atendimento representa um recurso mais econômico.

Segundo Tabone (1987) a Psicologia Transpessoal surgiu nos Estados Unidos em 1966, como um desdobramento da Psicologia Humanista. Considera a importância dos estados alterados de consciência, partindo do pressuposto de que a mente é uma espécie de campo que ultrapassa de longe o cérebro encontrando-se integrada a uma mente (fonte de energia) universal.

Pelegrini (apud Tabone, 1987) refere-se à Psicologia Transpessoal ( além da pessoa e da personalidade) como "filha direta do enfoque holístico da realidade, partindo de uma concepção sistêmica da vida e do mundo, baseada na consciência do estado de inter-relação e interdependência essencial de todos os fenômenos: físicos, biológicos, psicológicos, sociais, culturais e espirituais".

Dentro da perspectiva da psicoterapia transpessoal é reconhecido o potencial humano para experimentar uma ampla gama de estados alterados de consciência. "Tem como foco central a consciência, especialmente a auto-reflexiva e a vivência no aqui e agora. Utiliza-se de ensinamentos e práticas da Filosofia Oriental, unindo-os aos recursos próprios das psicoterapias em geral, visando o alívio dos sintomas e as mudanças de comportamento. Busca a integração da ciência ocidental à sabedoria oriental, para desenvolver uma nova ciência e um novo modo de experimentar o viver." (Tabone, 1987, p.106).

O presente trabalho foi estruturado sob esses referenciais. Parte da existência de níveis diferenciados de consciência, que possibilitam o "insight" cognitivo, tão importante quanto o "insight" afetivo. Considera a compreensão de ambos de grande relevância, tanto no que se refere a sua faixa de atuação, como, evolutivamente, para a construção da personalidade e a formação da identidade (senso de individualidade). Destaca, no entanto, que essa passagem de um "não-ser" para um "Ser", que caracteriza a existência humana do "Eu Pessoal", marca o acesso a novo trabalho interno, voltado para a essência humana com seus valores morais autônomos e auto-imperativos, dentro de grandezas éticas, forças (ou energias) específicas do "Self". Nesse sentido, as intervenções psicológicas voltam-se para o lado saudável dos pacientes, para o fortalecimento da força vital, que mobiliza o ser humano para o crescimento e evolução interna, para a "transpessoalidade", para o alcance de experiências místicas ou espirituais, de integração, plenitude e harmonia."


Aurora Gite

* Casuística e Metodologia serão abordadas na próxima postagem.

sábado, 14 de dezembro de 2013

"Auto-sessão" de psicoterapia on-line, nova modalidade?

Mudanças e mais mudanças... novas formas de viver... novos estilos de vida ... e tudo num ritmo intenso, dentro de uma rapidez alucinante, numa volúpia voraz por transformações internas para acompanhar o que ocorre no mundo nesse milênio.

Lá vinha eu refletindo sobre um aspecto que me é assustador no quadro atual, que é o produto mental padronizado mediante a postura de seres humanos com seu "potencial de inteligência", que, de forma irracional, nos dias de hoje quase que só estimulam suas mentes frente aos "games". O que me afeta profundamente é observar a geração que se cria na internet e na globalização, perder o interesse por manter o nível da comunicação e linguagem escrita e falada, substituindo-as pelo famoso "tô ligado!" e você "tá ligado na minha?". Quero traduzir isso por "estou atento, estou compreendendo...e você está focado em mim, estou despertando o seu interesse?" A certeza que tenho é que mais dia, menos dia, chegaremos a um encaixe, não perfeito, mas possível, nas formas de comunicação inter-geracionais, incluindo a geração que está despontando agora.

O que me fica claro é como se diferenciam os garotos do Vale do Silício e os físicos quânticos, mais distanciando sua "inovadora classe social". Contrapondo a esse fenômeno criativo transformador, é visível o ócio com o vício pelos jogos eletrônicos, cujo torpor terá alto preço a ser pago em futuro próximo. Aqueles atraídos, por horas e horas, pelo fascínio dos "games", não estarão mais no mercado de trabalho. Ou melhor, já estão em desvantagem acentuada, pois estão perdendo as características do perfil dos profissionais do milênio.

O milênio está cada vez mais exigente do empreendedor autodidata em constante aperfeiçoamento e , pela velocidade da necessidade de reciclagem de conhecimentos, se pararmos existe um espaço aberto a ser preenchido pela competência de outros. O mercado não fica a nossa espera, não fica aguardando que um "game over" ocorra, para então obter a atenção do candidato a profissional.

Nesse sentido, visando um diagnóstico desse período da Pós-Modernidade, não posso deixar de indicar, da série "Invenção do Contemporâneo", Cpfl Cultura, a palestra sob o título " O diagnóstico de Zigmunt Bauman para a Pós-Modernidade". Observem a perspicácia desse sociólogo polonês, nascido em 1925  - 88 anos bem vividos não? - e sua análise sobre a sociedade atual paralisada sob o medo, por ter atingido uma liberdade que se vê marcada pela agonia de, ao poder se considerar livre, não saber mais para onde se dirigir. Sintetizando e comentando suas ideias, de forma magistral, a presença mordaz e sábia, a meu ver, do filósofo Luiz Felipe Pondé.

Desperto a curiosidade de vocês, transcrevendo uma metáfora citada e analisada no vídeo, disponível pelo youtube, publicado em 26.11.2011 : "Vivemos como se estivéssemos sobre uma fina casca de gelo, se pararmos ela racha."(Emerson). Bauman retira dessa imagem a ideia para dizer, segundo Pondé, que "atravessamos isolados o deserto no inverno onde a casca do gelo é fina: se andarmos devagar, o chão racha." Vale conferir o paralelo que distingue as características da modernidade da pós-modernidade, como o homem atual se vê, impelido pela força do mercado, como a própria mercadoria de troca.

Para assistirem ao vídeo ou entrem no site cpflcultura/videos e procurem pelos dados acima... ou pesquisem pelo google.com: ponde e bauman/cpfl+youtube  e escolham Invenção do Contemporâneo ano 2011. Vale a pena se inteirar desse diagnóstico sobre o quadro social atual.

Nas ideias de Bauman destaco as que coloca o "ser humano anos-luz de encontrar solução para seus problemas", para a angústia de que parece haver algo de errado com ele ante a dificuldade de acompanhar as transformações que se avolumam em tantos setores ao seu redor, e para lidar com a preocupação com a administração da vida diária vertiginosa, abismal e violenta, que parece distanciar o ser humano da reflexão moral, da compaixão e da solidariedade com o próximo e consigo mesmo.

Nas ideias de Pondé, "como dar conta de você, se você não tem mais tempo?" E como ter tempo se você fala no celular, ou em dois celulares, ao mesmo tempo em que dirige, levando ou trazendo filhos da escola num trânsito infernal, se você tem que se preocupar com o trabalho, pois, se der mole, alguém passa por cima de você, se você tem que estudar além de tudo isso, porque não poder parar de estudar nunca, é reciclagem constante para perdurar como profissional competitivo atuante na função. Além de todas essas frentes com que se preocupar, onde você tem que se manter alerta e vigilante, você tem a "frente em casa", quando você chega cansado e tem que trabalhar a relação - as eternas DRs atuais - ou optar por ficarem como duas múmias, você e sua mulher (ou marido), sentados no sofá e vendo televisão ... E você ainda tem que "trabalhar você mesmo"?

Aí, por acaso, mas não tão por acaso assim, cheguei a esse site! Ao me dispor a ouvir o vídeo de 13.11.2013, logo me veio a ideia de se enquadrar numa alternativa psicoterapêutica pertinente ao momento atual, de crise financeira e de pouca disponibilidade de tempo e  mesmo pessoal, de espaço e boa vontade internas para realizar mudanças efetivas". A proposta do autor me pareceu abranger a possibilidade de uma "auto-sessão" de terapia, a quem quiser assim utilizar o conteúdo que ele se propôs compartilhar".

Coloco algum tópicos, para exemplificar o exposto:

* Entendimento bom é o dinâmico, que impulsiona não só a vontade de mudar, mas direciona para que mudanças reais sejam efetivadas. Uma explicação não serve para mudar nada. É tudo ilusão. Mobiliza mais autocobranças e auto-exigências, tipo "eu tenho que, eu devo, eu preciso". Com isso você se desconsidera, se ignora, se auto-desvaloriza. E uma "energia de valor" é necessária para a "prosperidade profissional".

* Você tem motivações, propostas, razões e um querer interior a serem respeitados. O ser humano não é feliz com 'obrigar a se ignorar'. Se bancar, se assumir, ter posse de si equivalem a sair do papel de ser escravo de suas cobranças e exigências e se colocar como patrão de si mesmo. Organizar seu espaço interno, colocar ordem para que tenha paz, aceitando seus limites e fazendo o melhor que for possível, se optar por fazer algo...

* Você tomar posse de si é respeitar seu "pique", sua condição psicológica. Se achar que é importante para você fazer algo e escolher então fazer, é se engajar no compromisso assumido com você mesmo, sem se largar no meio. Onde ficou sua força para decidir, o que mais valeu para você ao optar? É aprender a não se deixar na mão, não se desconsiderar. É resolver com responsabilidade o que você quer bancar e ser honesto consigo, pois o acerto é com você mesmo, assim como o é, o prazer e a curtição, após ter conquistado o que se propôs realizar.

E por aí vai nesse vídeo de aproximadamente 45 minutos - acredito que o tempo dos demais vídeos à disposição - o que equivale ao horário médio de uma sessão de psicoterapia. Escolhi essa sessão de 13 nov 2013 como exemplo, mas existem várias outras, visando reflexões relevantes para por ordem e ensinar você a se disciplinar com a finalidade de alcançar paz em seu mundo interior. O mundo on-line se tornou boa alternativa nesse sentido. Uma boa reviravolta, e mais eficaz, a quem realmente quer mudar. Experimentei, mas cada um que confira por si mesmo!

E o site, via canal do youtube?

http://youtu.be/sBb8RBCceGQ
ou
www.youtube.com/watch?v=sBb8RBCceGQ

ou youtube/gasparetto/13nov2013

As duas indicações estão também em:  http://twitter.com/ThompsonLM


Aurora Gite

Em tempo:

* Leram o artigo, na revista Psyche, sobre o livro de Birman que analisa as dificuldades terapêuticas da Psicanálise, quando seu projeto não se coaduna mais com os "imperativos sociais" atuais?
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/v11n20/v11n20a13.pdf

** Ops! Não se espantem! Conheço as novas regras sobre o emprego do hífen. No caso, as que envolvem prefixos terminados em vogal e uma palavra começada por "r" ou "s", como auto+sessão. Sendo assim, de acordo com a "reforma ortográfica", dever-se-ia dobrar o "r" ou o "s" e, como no exemplo de ultrassom, eu deveria escrever "autossessão".
    Meu coração "chiou" agoniado e minha mente "reclamou" com raiva! Não me conformei e preferi usar um "neologismo" - palavra nova derivada de outra já existente, segundo o dicionário. Daí ter usado no meu título "auto-sessão". Considerem-na um neologismo, ok?

domingo, 8 de dezembro de 2013

Enfim, "não" sós!

Muitos aspiram e suspiram pela possibilidade de concretizarem seus desejos de "Enfim, sós!".

Eu buscava, incessantemente, poder trocar ideias e compartilhar hipóteses. Agora, acredito que tenha conseguido mais do que isso, que as mesmas não sejam refutadas, mas acolhidas com fortes argumentações, difíceis de serem contestadas a partir das evidências apresentadas, e do novo pensar incluindo a mecânica quântica, que se expande cada vez mais. Essa é a razão de meu contentamento expresso por um "Enfim, não sós!"

Há alguns anos defendo a hipótese de que a energia psíquica faz parte do mundo quântico, sendo Freud o primeiro a registrar seus efeitos. Agora encontro um trabalho que me indica que "não estou tão sozinha" e que minhas conjecturas estão saindo do papel de especulações teóricas. Compartilho a dissertação de mestrado em Psicanálise, Saúde e Sociedade, de Denise de Assis, sob o título "Transmissão psíquica: uma conexão entre a psicanálise e a física".

É fascinante a retrospectiva feita por Assis do momento histórico freudiano, de quando-onde-e como surgiram as ideias de Freud para construir seu "Projeto para uma Psicologia Científica". Computo o papel de Denise de Assis como fundamental na história da Psicanálise, resgatando o início das dúvidas, associações e raciocínio original de Sigmund Freud. Por outro lado, considero assustador como, com o intuito de superproteger a Psicanálise, a maioria de seus seguidores, semelhantes aos fanáticos religiosos, reduziram seu núcleo de atuação à clínica e afastaram a criação do Criador, ao colocarem a figura pública de Freud no pedestal fictício das idealizações pessoais, ou das políticas grupais, visando preservação do poder manipulado patenteado.

Na sua dissertação, Assis nos leva a viajar acompanhando seu painel delineador da evolução histórica do movimento psicanalítico (Freud e as ideias contidas em seu Projeto de uma Psicologia Científica sempre presente em sua obra, neuropsicoses de defesa, pulsões ou forças instintivas), correlacionando com ideias predominantes no momento do surgimento da Teoria Quântica  (Newton, Einstein, Mark Planck, o observador influenciando o observado).

Assis nos convida ainda a conhecer os apontamentos de Freud sobre a Telepatia, citando as influências de Jung e Ferenczi, chegando às ideias freudianas sobre o Ocultismo e suas relações com os sonhos, além de relatar a experiência de Freud por seu contato direto com o Espiritismo. Continuando nas suas interconexões, dedica um espaço para a Física e Telepatia, a Transmissão Psíquica entre Gerações e o Corpo. Dá um fechamento a esse tópico com distinção entre Religião e Espiritualidade, com Transmissão, Psicanálise e Espiritualidade.

Em suas considerações finais localiza a "Psicanálise à Frente de Seu Tempo". Vale conferir como Assis articula todos esses conhecimentos e pareia, cientificamente, os diversos argumentos dos autores citados de ambos os lados: Psicanálise e Física.

Convém não esquecer que o mundo vibracional, que se nos desponta, com suas interconexões relacionais, e sua rede de energia que mantém atuantes os vínculos afetivos (que liga os que são afetados pelo entrelaçamento de partículas - sincronias e afinidades). A concepção atual é de "Universo Holográfico", energeticamente estamos todos unidos.

Aqui estabeleço um parêntese para chamar a atenção para o show em homenagem a mais um ano do falecimento do cantor e compositor Cazuza, onde aparece no centro do palco holograma do cantor em várias movimentações. Como não sentir correr no psíquico o sangue da emoção?

Não há mais espaço, tempo, objeto independentes de nosso psíquico. Categorias conceituais, ou palavras, são fenômenos dentro de nossa cabeça, não estão "lá fora", dependem de nossas escolhas e atribuições de significados ou sentido. O próprio "nada" não é um vazio, mas é um "nada vibrante" permeado de matéria sutil, energia que pode ser abarcada pela sensação interna de luz e calor, espaço-tempo e consciência inferidos pelas sensações intuitivas de aconchego e paz. Não se pode mais negar a realidade de vários estados da mente, e da limitação dos cinco sentidos para abarcar a recepção de tais estímulos e retradução dos impulsos a eles pertinentes. O cérebro recebe sinais, mas não podemos nos recusar a observar a existência de um princípio inteligente que os organiza em hologramas, que chamamos de realidade.

A Teoria Quântica nos remete a um "Universo Paralelo da Realidade" e à necessidade de um novo pensar sobre o que chamamos de "pessoa", de "ego", de "ser", de "eu". Uma partícula só existe em relação a outras partículas subatômicas. Assim também nosso lugar no mundo depende de nossa vida de relação com o que nos cerca.

Coloco ainda a citação de Wolf, colocada por Assis: "Que é a vontade? De que modo, nós humanos, possuímos a capacidade de escolher o que queremos? (Wolf, in Assis, 2011, p.38) .

"Recentes pesquisas (...) relacionam a mecânica quântica com a força de vontade... uma escolha atuando num nível atômico muito pequeno." (idem, p.38)


Passo o site, mas, se não conseguirem entrar direto, chegam através do Google, ou através do Twitter de ThompsonLM :

www.uva.br/mestrado/dissertacoes_psicanalise/transmissao-psiquica-uma-conexão-entre-a-psicanalise-e-a-fisica.pdf


Com o advento da Física Quântica e propagação das revoluções nos paradigmas em várias áreas do conhecimento, com grande influência nas novas intervenções que dizem respeito a saúde do ser humano como um todo (espiritual-bio-psico-social), mais se fortalecia dentro de mim a hipótese de uma ideia ser a partícula ou o elétron do mundo psíquico, e sugestões ou alternativas constituírem as ondas quânticas de probabilidades a espera de serem escolhidas através do olhar de um observador consciente, adquirindo assim a característica de partícula quântica, possibilitando novas imagens psíquicas carregadas de energia. Mais se destacava, para mim,  a necessidade do abandono de teorias reducionistas e a substituição por abordagens ecléticas, particularmente por parte dos profissionais da saúde.

A leitura sobre o humano, após comprovações quânticas envolve a compreensão sobre a intensidade da propagação da energia, sobre o fluxo dos processos ondulatórios, sobre a qualidade das vibrações e das emanações de intenções. A escuta se expande às dinâmicas psíquicas e corporais. Ao abordarem um fenômeno de forma dinâmica, já estão fazendo a leitura do movimento da energia psíquica, buscando uma "compreensão psico-energética".


Agora é ir mais adiante, alargando minha hipótese: "Os processos psíquicos fazem parte da dinâmica quântica, assim como os estados orgásticos e místicos".

Normas e regras estão ligadas a usos e costumes e a uma "moral imposta". Princípios e leis estão ligados a honra e dignidade e a "valores morais autorreferenciados". Acredito que o espaço interno de liberdade e responsabilidade propicie o alcance de novo patamar psíquico, onde o ser humano adquire a "potência de se autorreferendar", dando expressão à sua essência ao abrir espaço e bancar a colocação dessa essência real em sua existência psíquica virtual. 

Continuo respeitando a Teoria das Pulsões e observando a importância dada por Freud à excitação de zonas erógenas e suas consequências nas diversas fases de desenvolvimento psíquico. Agrego, no entanto, que o "orgasmo duplo" advém de uma plena entrega à "auto-excitação, duplicação da energia quântica interior, mobilizada naquele momento específico". Segundo uma paciente o descreveu: " Era como se estivesse numa montanha russa na hora da primeira descida, a cabeça se esvazia de tudo que nos afeta naquele momento. É um relaxamento do pensar. A presença da sensação física predomina. Estava começando a sentir o descontrole prazeroso com a rápida e vertiginosa descida. Foi algo imprevisível, como se engatasse uma outra marcha, 'outra força inesperada e incontrolável' aumentando o impulso e, em muito, a sensação prazerosa. Algo inesquecível! É difícil encontrar palavras para descrever o que ocorreu dentro de mim!"

Observo a mesma via quântica para a energia dos estados alterados de consciência sejam eles através dos prazeres sexuais orgásticos; da plenitude e êxtase das experiências místicas; da surpresa e alegria ante "insights" intuitivos; da sensação de autorrealização e bem-estar presentes nas verdadeiras criações artísticas; da intensa satisfação interna de completude advinda do aconchego, paz e serenidade que cercam o fenômeno amoroso.

Tudo que diz respeito ao ser humano, sai da categoria de hipóteses e inferências por observações soltas, e torna-se argumento significativo e verdadeiro, se puder ser observado e experienciado por outros seres humanos. Agora é aguardar para bradar: "Enfim, não sós!".

Aurora Gite

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Partilha? Partilha do que mesmo?

Lá está ela sentada à minha frente. Uma vez por ano, talvez, marca essa consulta. Acredito mais que seja para me mostrar sua evolução. Ela já me traz tudo tão bem articulado dentro de um centro de referência pessoal bem fortalecido e valorizado. Esse encontro consigo mesmo foi realizado há tantos anos. E foi tão bem alicerçado, que em momentos de crise, por mais que circunstâncias, causadoras de grande angústia a qualquer ser humano, a balançassem internamente, era por curto período. Logo conseguia se equilibrar.

Acredito ser esse o movimento que me demonstra que um paciente, aceitando seu modo de ser e procurando sua inserção no social, sem cobranças externas ou exigências internas, alcançou o mérito de se relacionar satisfatoriamente com o mundo ao redor, levando em consideração os parâmetros internos de sua psique (alma) conseguiu estruturar seu aparelho psíquico. Posso até afirmar que abriu os canais para que sua energia psíquica fluísse harmonicamente, sem ficar estagnada em fixações de fantasmas do passado ou idealizações futuristas.

Eu me surpreendo sempre ao constatar como essa paciente, que chegou até mim envolta em muita fragilidade psíquica resultado da simbiose superprotecionista com que a cercavam, com autorreferenciais tão precários, tão amedrontada e insegura na tomada de decisões, com tanto receio de viver com autonomia e de forma independente, conseguiu as condições internas para todas as transformações que eu observava.

Como deixar de admirar a forma como ela se tornou "sujeito de sua vida". Aprendeu a administrar a fluidez e o funcionamento dessa estranha energia psíquica que nos é vital. Conquistou a liberdade para se responsabilizar pelas tomadas de decisão em seu existir, se apercebendo de sua força interna e do seu amadurecer emocional, fatores que propiciam a lucidez e serenidade para gerir adequadamente as oscilações de nossas pulsões (impulsos instintivos). Buscou com afinco e determinação, e encontrou o ponto de equilíbrio ideal dentro da flexilidade necessária entre erros e acertos. Desenvolveu seus potenciais satisfatoriamente, sabendo se bancar ou cuidar de si, tanto nas sequelas de falhas, derrotas e sensações internas de desamparo, quanto ante vitórias estimuladoras de vaidades narcísicas.

Ops! Esse é nosso grande perigo. Não há como considerar esse desenvolvimento estático. A vida tem um dinamismo próprio que nos obriga a estar abertos a um contínuo movimento e receptivos ao novo que nos chega de forma suave ou impactante, de maneira prazerosa ou nos tirando de nossas zonas de conforto, que são também de nossa morte psíquica pela passividade a que nos remetem.

Penso que essa paciente alcançou essa compreensão de viver sem apressar a vida, de buscar por si "quanta" eternos de tempo que a gratificasse em seu aqui e agora, sem querer trazer o amanhã ou o ontem para o presente de seu existir.

E lá vinha ela pausadamente, mas ininterruptamente, me possibilitando acompanhar parte de seu trajeto.
Trouxe o que mais a motivou e comprovou para ela mesma como havia alterado seu modo de viver, revalorizado aspectos de sua vida e soltando o que não tinha mais função para seu crescimento pessoal, até chegar ao valor único e intransferível, que não tem partilha. Não se partilha amor. Não se partilha felicidade. E segundo ela, nem integridade e nem dignidade. São valores que dependem de conquistas pessoais, sem receitas prontas ou padrões de conduta, assimiláveis ao paladar de todos. Fazem parte do bem maior, único e impartilhável do ser humano.

Conta como o tédio de uma vida rotineira, desprovida de sentido, a mobilizou a maior reflexão sobre seu modo de viver. Percebeu, então, em sua imagem refletida no espelho da vida, representações difusas ao fundo, agentes atuantes e manipuladores da energia dentro dela, e ela como espectadora do que acontecia em sua vida. Ela os sentia como atores contratados por um "Outro Eu" usando diversas máscaras: "Pareciam atuar para nos afastar mais e mais de quem somos em essência - como seres humanos.Os scripts buscavam deturpar a simplicidade e o real sentido de um bem viver. Eu não entendia nada do que ocorria e porque acontecia tudo aquilo. Até que resolvi ficar mais atenta a todo esse movimento dentro de mim.Tentei correlacionar o que me ocorria e o que eu sentia. Não foi fácil, mas..."

Conforme ela foi me descrevendo os detalhes em um linguajar mais figurado, pude acompanhar seus passos, seus pensamentos e possíveis sentimentos, depois comprovados por ela. Sempre houve grande sintonia entre nós duas. Podíamos compartilhar sua alegria sempre que conseguia seus "insights" durante as sessões quando em terapia. Essa partilha ela sempre me facultou e me foi muito gratificante. Valorizou muito meu papel a seu lado. Mesmo distante a partilha de afeto, que nos impulsiona a evoluir como pessoas pode continuar subsistindo e até se torna automotivadora de um crescimento contínuo nos momentos de vivências difíceis em nossos cotidianos. É uma partilha de energia que permeia a similaridade de experiências, é o que considero que vem a se constituir em "experiências emocionais corretivas", que reforçam os vínculos em muitas interações humanas, entre pessoas que se posicionam receptivas a elas. Nem todos estão abertos a esse tipo de partilha. Não se pode desconsiderar o limite imposto por muitas pessoas. Mas com essa paciente, tudo fluía de forma muitaofácil, fonte de grande prazer na nossa interação.

Continuou ela em sua descrição detalhada. Passou a recordar do momento em que forte luz iluminou suas ideias sem lógica ao fundo. No início mais ofuscou sua lucidez, interferindo em algumas ações irracionais, pelas quais pagou alto preço. Depois só a deixou ter uma visão parcial de uma realidade que não era a sua. Era quase como se acordasse e se deparasse com um mundo estranho, permeado de relações que não podia compreender, e não podia abarcar o que tinha feito para tudo aquilo, ou como tinha tido tão grande poder para construir aquela realidade, que lhe causava depressivo impacto.

Com grande desconforto contemplou o reflexo de um mundo superficial e sem sentido, se deparou com a futilidade da aparência ilusória de bens transitórios; com funções e papéis na vida relacional, que denotam poder, embasados em uma ficção prazerosa simbólica da imaginação, que podia se desfazer em um piscar de olhos; com o desejo ambicioso de posse nas interações pessoais; com o aprisionamento vaidoso do reconhecimento por bens fabricados pelo valor social construído e imposto ao dinheiro; com o "status" na sociedade, distorcido pela aquisição constante de patrimônios materiais como valorizadores do ser humano e meta de sua missão de vida; com a fisionomia humana desfigurada pela opressão e pela angústia o "quero mais"ou "preciso querer mais"; com a pressão no peito angustiado e clamando por interrupção de uma vida desbotada, que não lhe pertencia.

Entrou em contato com a desagradável ansiedade, só ante a ideia de eventual e provável partilha e possível perdas. Percebeu como abrir mão desses bens, considerados patrimônio humano se faz presente a cada minuto na vida de muitas pessoas, contaminando todas as ações humanas e, o pior, as desvalorizando. Mais ainda, verificou como estão tão distantes do "capital humano", da integridade e dignidade que possibilitam a manifestação da essência humana de cada um de nós.

Viu a imagem da pequenez do humano que hesita em jogar no lixo do existir o que foi incorporado e assimilado como seu, mas que em nada o engrandece segundo seu referencial próprio, ao contrário, o remete a um infeliz mundo interno desbussolado. Foi nesse momento, segundo ela, que conseguiu tomar a decisão certa no caminho a seguir, em sua vida, dali em diante. Mas isso ocorreu ao dar um "time" em seu viver, refletir sobre como estava se sentindo perante a vida e se questionar sobre o patrimônio pessoal que iria fazer parte de sua herança a ser partilhada.

"Partilha? Partilha do que mesmo?"

E, para mim, partilha de mais um aprendizado de vida!
O que mais ela traria para essa sessão de terapia?

Aurora Gite

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Por que tanta desconsideração?

É impactante a velocidade das mudanças, que se atropelam, em diversas áreas dos usos e costumes cotidianos.

Querem um exemplo?

Claro estava a alteração da dinâmica comportamental dos que viviam num social desumano, se adaptando para conviver, desgostosamente, com pessoas dentro de posições alicerçadas pelo egocentrismo.

O foco atual está nos celulares, na obsessão por "games" e busca da ilusão dos fáceis contatos virtuais, que necessariamente não representam o fiel da realidade dos envolvidos.

No entanto, agora, ultrapassam a expansão do consumo de celulares em seus diversos tipos, e atingem a restrição e decorrente abandono da telefonia fixa. Muitas famílias cancelaram suas antigas linhas de telefone, retiraram os aparelhos dos lugares privilegiados da casa, buscaram a decoração dos espaços vazios e tentam conviver com a estranha sensação, que abrange até a fragmentação e diluição dos meios dos seres humanos se comunicarem uns com os outros.

Há um bom tempo era grande o prazer de se falar ao telefone. Prato cheio para os amigos trocarem suas figurinhas relatando as aventuras do dia. Até namoros, ante a dificuldade das presenças efetivas, se processavam através dessa doce ausência. Cada um em sua casa, sentados confortavelmente, conversavam e trocavam intimidades, por longos e longos períodos, onde o passar das horas nem era sentido, ainda mais se o tom de voz era aconchegante e o conteúdo da conversa era acolhedor, não provocava ruído na comunicação.

Com o celular até essas conversas de peso perderam seu valor. Vale a regra do "vapt-vupt", tudo rápido pois não se pode arcar financeiramente também com o uso contínuo e prolongado. Para alguns passou até então a ter a função de um "orelhão de rua", uso maior ante emergências ou curtos recados, embora a desconsideração abranja até as filas que se formam atrás de alguém, que não sendo perturbado, não está nem aí para o que ocorra com as pessoas ao seu redor, com isso desrespeitando os direitos, que todos têm, de se utilizar desse bem de utilidade pública.

Mas como não é fácil substituir velhos hábitos, conter a frustração de ter que conviver com limites funcionais e, ainda, enfrentar a voracidade de desejos impulsivos, pode se constatar atualmente não só a disputa por celulares de 2 chips ou mais, conforme o mercado já demanda, o se digladiar nas lojas pela aquisição de lançamentos, o "status da marca" adquirido por altos preços, afago à vaidade e pretensão arrogante, por vezes, de quem os compra... mas pode-se facilmente comprovar o uso indiscriminado da posse de vários celulares carregados nas bolsas ou maletas de executivos, ou descarregados nas mesas de trabalho, de restaurante ou em casa ao lado de carregadores de bateria, tantos quantos forem os tipos de celulares.


Como esquecer do olhar de um "Professor Doutor", quando um jovem médico, em supervisão grupal, resolveu atender seu celular durante a sessão!

Com a displicência, desconsideração e desrespeito, comuns hoje em dia, começou a falar no celular, desatento à interrupção da supervisão e ao angustiante silêncio que passou a imperar na sala.

Ao se dar conta da situação, sem se melindrar, o jovem médico pede desculpas ao Professor Doutor, dizendo que poderia fazer o mesmo que ele não se incomodaria, enfatizando que ele poderia atender o celular quando ele tocasse, interromper a supervisão pela qual era responsável, e aliviar sua curiosidade se permitindo saber do que se tratava a ligação.

A atenção de todos recaiu na postura do docente e pasmados ouviram-no dizer: " Não vou me rebaixar e descer a sua posição desrespeitosa. Suba você ao meu nível, adotando uma postura digna e ética...Pode sair e continuar a sua conversa lá fora, se essa for a sua prioridade no momento. Nessa sala estamos em supervisão. Se estiver interessado em se aprimorar, é desligar seu celular e retornar a seu lugar, respeitando os limites que a situação demanda e a postura ética adequada à sua profissão."

O jovem médico permaneceu quieto, não saiu da sala, interrompeu a ligação, desativou o celular e se desculpou mais uma vez. Em nenhum momento se percebeu uma ação voltada a contra-argumentar o que ouvia calado.

Como seria bom, se as pessoas conseguissem "se bancar" e, com firmeza, estabelecessem os limites para uma convivência humana com "dignidade".

Vamos ter que conviver ainda muito tempo com o desconforto, a desconsideração e a agressão da inadequação ostensiva do toque em uníssono, algumas vezes, de celulares: "armas contra a harmonia social".

Toda relação humana implica regras e limites, através de contratos estabelecidos expressamente entre as partes envolvidas, ou implícitos. Acordos implícitos, que deveriam portanto ser observados e considerados consensualmente, podem decorrer dos limites que funções exercidas demandam.

Observando as "interações entre as pessoas", sob a perspectiva de "redes funcionais", fica mais claro perceber a invasão de limites ou a negligência, falta de empatia e mesmo de compaixão rompendo os elos humanos que mantém essa rede.

Cair na malha de pessoas desatentas não machuca tanto, mas cair na rede de pessoas manipuladoras e de má fé ao nos enredar causa muita mágoa!


Tenho procurado relacionar dados de Kreshe (Tecnologia Espacial) com a sincronicidade e a afinidade, fortes vínculos de energia afetiva entre as pessoas. Elos significativos ou vínculos funcionais valorizados dependem de posições espaciais dos envolvidos, da qualidade das energias emitidas e da hierarquização de forças pela forma como afetam os outros e se permitem ser afetados.

Quando os conhecimentos que temos estão aquém das informações que nos chegam, não podemos, por "vaidade ferida" ou "arrogante prepotência na defesa de saberes absolutos", denegri-los ou abandoná-los.

Penso que, viver com garra e determinação seja enfrentar a ignorância e o desconhecido com "volúpia", tesão por grandes prazeres não na dimensão sexual, mas talvez também, e perseverança que representa para mim a humilde coragem para enfrentar os riscos, cair e levantar "sacudindo a poeira" e persistindo na jornada em busca do conhecimento, da sabedoria e da serenidade.

Termino colocando o centro atual de minhas reflexões: "Como não atrelar as implicações dos campos magnéticos e gravitacionais, propostos por Keshe, com o núcleo central de forças e o espectro do caleidoscópio psíquico?"


Aurora Gite

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Como é importante a história de vida nas decisões!

Prestem atenção se uma pessoa se destaca para vocês, dentre muitas. Procurem explicações racionais, mesmo sendo difícil entender o vínculo formado. O pior é que não se pode precisar quando esses encontrões ocorrem, e o que coloca a pessoa, melhor usar "essa pessoa em sua singularidade", na categoria de "especial" para você.

Percebam como essas pessoas - volto a frisar - que se destacam para vocês, se tornam fonte motivadora propiciando um "colorido" às suas ações. Conseguem me explicar como? Sem dúvida, alguma energia vinda dela foi introjetada e se agregou à sua. Agora, tentem neutralizá-la, procurem desvincular essa força estranha, perceptível dentro de você e para você, pois dá vigor e sentido a suas ações.

Se, por ventura, tentam controlar a sensação e disciplinar o pensamento, procurando negar racionalmente o efeito da lembrança, e não se permitirem sentir a influência significativa da representação dela sobre suas decisões de vida, notem como suas vidas voltam a ficar opacas e "cinza", suas ações mais lentas, suas conquistas demandam maior esforço e a força de vontade necessita de maior foco e estimulação.

O pior é que não se pode precisar quando esses encontrões ocorrem, e o que coloca a pessoa, melhor usar "essa pessoa em sua singularidade", na categoria de "especial". O que ocorre na hierarquia afetiva no mundo subjetivo? Por que ela me "afeta" (sensibiliza) e não outra? Grande mistério esse que muito me intriga na extensa rede interpessoal da vida.

Essas inquietações de anos, há muito tempo encontravam ressonância para mim considerando a existência de uma "bioenergia magnética". Para meu espanto e "medo", minhas hipóteses ( já relatadas em postagens anteriores) estão se confirmando. Comecei com especulações intuitivas, buscando que fossem comprovadas, e me adaptando, inclusive, a mudanças de rumos na direção de obter evidências documentadas. Só não tinha ideia da amplitude dos experimentos sobre campos magnéticos e gravitacionais, e sobre a vinculação dos conceitos no mesmo fenômeno humano.

Acredito que muitos paradigmas, em várias áreas de estudo, caem por terra novamente ante as descobertas testadas e comprovadas por M.T. Keshe, engenheiro nuclear, fundador da Fundação Keshe, responsável pelo desenvolvimento de grande gama de pesquisas, pela investigação contínua e comprovação científica das descobertas agrupadas sob o nome de "Tecnologia Espacial".

Penso que ficções ganharam o "status de realidade" e agora, mais do que nunca, cabe a cada um de nós fiscalizar o uso ético dos novos conhecimentos da Física Nuclear sobre o vasto mundo magnético.
Peço a quem tiver condições, que divulgue o vídeo citado abaixo (via canal youtube) a pessoas que possam emitir seu parecer científico e que compartilhem também essas descobertas inovadoras.

"Trato o corpo como uma galáxia... a mesma coisa acontece numa escala menor, nos átomos e moléculas, que compõem a célula do ser humano...mesmas forças magnéticas e energias gravitacionais de atração e repulsão."

Continuo citando Keshe: "Toda ciência vai mudar a partir do que sabemos, e do que nós aprendemos e desenvolvemos, e isso num futuro muito próximo."

Ele mesmo cita na entrevista (vídeo) outro cientista que lhe disse: " Nós dissemos recentemente, que, muito em breve, alguém iria descobrir como a gravidade é feita e que aí todo o jogo muda. E agora essa pessoa está aqui, a explicar como é que o processo é feito...", como se produz energia sem combustão, como os seres humanos - que são formas de energia - são afetados e se vinculam.

Bem agora é com vocês se interessarem em assistir ao vídeo em:

www.youtu.be/l10kuGHxzgl

Aurora Gite


Não sei se vai entrar direto mas copiei de meu twitter. Vamos ver se dá mais certo o acesso:
Entrevista Sr. Keshe - Tecnologia antigravidade e campo gravitacional - ...: via




sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Otimizando recursos em tempo de crises

Como otimizar nossos recursos internos, ainda mais em tempo de crises?
Veja se serve, como resposta, para você!

Considero esse texto impessoal e atemporal.Confere, por favor?

Todos nós temos que constituir e conviver com nosso
Fundo Mental Individual (FMI), auditorias, censuras e correções mentais.
Todos nós temos que identificar nosso capital inicial e superávit primário,
Realizar balanços equilibrados de "perdas" e "ganhos", e sempre investir.

Todos nós pautamos e referendamos negociações e replanejamentos,
Embasamos operações internas em autocontratos instáveis e levianos,
Que podem interferir no comprometimento ético e abalar a confiança na auto liderança;
Ou sérios e confiáveis, que conduzem à transparência e maior adesão à autogestão.

Todos nós temos que despender elevados custos operacionais,
Lutar contra egos inflacionários, pagar altos honorários inter-relacionais,
Muitas vezes, envolvendo "spreads", empréstimos e altas taxas de juros,
Visando a autopreservação, ante adaptações ou correções de erros cometidos.

Todos nós temos que conviver com um mercado social volátil e imprevisível,
Que necessita de constantes trocas e substituição de metas e ideais,
Na busca do encontro interior com o auto-equilíbrio, estabilidade, fidelidade, credibilidade,
Com a segurança de uma autoimagem confiável e a serenidade de uma boa autoestima.

Todos nós temos que, para atender a uma demanda mercadológica existencial,
E visão de futuro voltada para a dignidade pessoal e profissional,
Direcionar nossos investimentos para constante desenvolvimento e aprimoramento,
Focar metas em busca de nossa curva ascendente evolutiva.

Sucesso ou fracasso dependem da eficácia de fazer as coisas acontecerem,
Da apurada reflexão sobre a importação e exportação dos próprios conhecimentos,
Da mobilização estratégica do capital das ideias e emoções, dos valores éticos e políticos:
Questão essencial e emergencial de gerenciamento, empenho e prontidão nas escolhas.

Porém, só a cada um compete tomar as decisões e aproveitar as oportunidades,
Ter a coragem de abrir espaço internamente e ser sujeito de suas ações e aplicações;
Assumir o risco de mudar o ultrapassado, criar e inovar, sonhar e acreditar,
Lutar pela excelência na qualidade e otimização dos próprios recursos internos.

Aurora Gite

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Para melhor se situar no novo milênio

Essa postagem contém mais uma indicação, para aqueles que ousarem se incluir e desejarem se situar melhor no novo milênio.

Compartilho, por seu conteúdo que computo como muito especial, dois vídeos de Dr.Flávio Gikovate, publicados hoje (20.09.2013) em seu canal no YouTube, sob o título de:

" O que é o homem sexualmente livre?"
e
" Amor e sexo na internet"

Vale conferir e refletir sobre como queremos nos autoeducar e educar nossos filhos.


Endereços de acesso, divulgados publicamente:
http://www.youtube.com/flaviogikovate
http://www.facebook.com/FGikovate
http://twitter.com/flavio_gikovate

Aurora Gite


Ops! Vamos ver se dá para entrar direto:
www.youtube.com/flaviogikovate
www.facebook.com/FGikovate
www.twitter.com/flavio_gikovate

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Qualquer semelhança nas dúvidas, é mera coincidência!

Essa é uma "frase chavão" para se evitar processos judiciais. Mas até onde os limites contido em leis expressam realmente a Justiça?

Ninguém mais respeita as regras de combate, seja numa guerra, seja em embates políticos. Acredito que merece atualização o estudo sobre as formas como as pessoas se portam quando têm um poder - "supremacia na tomada de decisões" - nas mãos.

Nesse sentido, os desvios no uso ético desse poder é fácil de ser constatado em todas as relações em que existam pessoas que se colocam, ou são colocadas, em posições superiores às outras. Isso pode ocorrer nos vários graus de interações familiares, como pode acontecer nas relações profissionais, seja entre togados, seja entre líderes e seus subordinados, seja entre fanáticos e seus seguidores nas posições extremistas.

Poucos respeitam, nas sociedades atuais, a autêntica diplomacia, ou seja, a arte da retórica, do diálogo, de combates não violentos baseados em argumentos e evidências, no bom senso e na justiça envolvendo as partes envolvidas. Acordos verbais perderam seu peso para uma maioria. Poucos valorizam a palavra empenhada e sua quebra mediante consensos, amigáveis ou jurídicos, sem o emprego do desrespeito pessoal e a violência degradante da força física irracional.

E a metáfora figurativa da "Torre de Babel" se institui. Os ruídos nas comunicações são tantos que, além de desviarem o fluxo lógico das informações, ocasiona que cada um se feche em seu mundo representativo subjetivo, e não busque mais entender as mensagens, que os demais tentam transmitir. Ou se preocupem em tentar compreender os gritos de socorro, que procuram lhes comunicar. Caímos no famoso "cada um por si". Cada um é responsável pelo que lhe cabe, ainda mais nos casos que envolvem a funcionalidade de decisões profissionais. Seus pares, da raça humana, que procurem se defender contra os "poderosos personificados" ou "representados pela palavra das leis" no social, onde estão inseridos.

Nos últimos anos, tenho procurado entender o que poderia ter acontecido que tanto dificulta uma articulação harmônica entre os poderes da República representados pelo Legislativo, Judiciário e Executivo; porque se misturaram, de tal forma, aos interesses pessoais dos representantes do povo, e se contaminaram pelas diretrizes do poder midiático - bem diferente do poder das autênticas, justas, desconsideradas e repelidas com violência, manifestações populares, que deveriam estar sob a proteção e segurança dos que a atacam em linha de frente, mesmo sabendo que defendem suas próprias causas sociais.

Essa é a parte que exemplifica a torre de Babel atual, em que as pessoas estão mergulhadas. Perderam as referências de suas individualidades éticas e humanas. Suas referências identificatória aparecem padronizadas por uniformes, catalogadas por registros numerais e funções hierarquizadas, que seguem diretrizes superiores sem questionar, muito menos refletir sobre suas validades. Aliás, qualquer crítica ao sistema vigente, ou autocrítica quanto a motivação de seguimento de ordens irracionais, são logo punidas com prisões ou exclusão das corporações - pressão coercitiva nas diversas áreas sociais.

A pergunta que me tenho feito, constantemente, é: "Quem detém todo esse poder? A quem interessa essa deterioração das subjetividades e das organizações sociais articuladas de maneira inteligente e pacifica?"

Junto com ela, outra inquietação me acompanha, nos últimos tempos: "Como conviver com a grande revolta pessoal, implicadas no acato a leis jurídicas obsoletas, contra a organização atual e facilitadoras da impunidade criminal?"

A posição de juízes não é tão neutra, visto seguirem convicções baseadas no conteúdo frio de palavras, já ultrapassadas para o momento atual. Tal fato me lembra o acúmulo de frases, que se sucedem em lápides de sepulturas dentro dos cemitérios, "reino do que já está morto, reverenciado e mantido, por muitas pessoas, nas condições de suas existências em vida". Algumas convicções se tornam tão estáticas e enraizadas que adquirem "status de crenças inabaláveis" dentro de um fanatismo jurídico.

A posição de juízes não é tão neutra, visto suas conclusões dependerem de suas interpretações pessoais sobre o significado de referidas leis. Ao ocorrer uma interpretação pessoal, que atribua significados subjetivos a uma circunstância existencial, estão em jogo também a vida emocional seletiva e as experiências de vida de quem julga. Por mais que queiram garantir controle sobre uma fictícia neutralidade, evidências de imaturidade emocional podem ser verificadas nos repentes gestuais de impulsividade ou violência irônica retórica nos tribunais, que deixam a descoberto o não saber lidar com contrariedades ou frustrações.

Outras perguntas se agregam a minhas dúvidas pessoais:

"Como defender uma Constituição, com seus direitos e deveres democráticos prescritos a defender aos cidadão de uma Nação, se os mesmos não atendem mais as necessidades humanistas da Integridade Ética do Ser Humano e da Dignidade Moral Nacional?"
* A transparência imposta pela informação via Internet é a clareza da possibilidade de se alcançar alterações mais eficazes. Hoje em dia, soluções retrógradas, que paralisam os sistemas sociais, podem ser pareadas ou comparadas a soluções realmente eficientes. A exposição direta das falhas, colocadas publicamente, pelo novo sistema de comunicação da Globalização, apontam, sucessivamente, os erros nos sistemas de organização social atual e o caráter imperioso de mudanças estruturais.

"Qual é o valor dessa Constituição para os novos indivíduos que emergem no quadro social ante tantas, rápidas e simultâneas mudanças, que ocorrem no novo milênio?"
* Entendo "valor", no caso, como "força social".

"Quem manipula esse poder jurídico institucional, hoje enfraquecido pela perda das máscaras da funcionalidade das leis, e seus representantes legais expostos ao seguimento irracional da bíblia das constituições que lhes são impostas, e que devem ser seguidas a risca?"
* Vale lembrar que convicções jurídicas podem implicar em posturas fechadas ao novo, demandado pela característica da sociedade inovadora e empreendedora do milênic, e podem se fixar em crenças subjetivas, no caso, fanatismos legais e obsessões jurídicas.

Em meio a tudo isso, eu procuro a Justiça. "Quem me ajuda a encontrar?"

Aurora Gite




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Perdas desestruturantes da identidade humana (2)

Escrevi o primeiro post sobre "perdas desestruturantes da identidade humana" em janeiro de 2009.

E eis o ser humano se recusando a rever a História da Humanidade, e retirar de suas memórias as circunstâncias efetivas de grande sofrimento e destruições concretas de países e dos psiquismos de quem sobreviveu à calamidade, ocasionada por guerras e ataques à dignidade humana. Sempre se perde á nível de humano, independente de se posicionar como vencedor ou perdedor.

Como lidar com chefes de Estado, que colocar seres humanos como peças em seu tabuleiro de xadrez de tomadas de decisões, já abaixam o relógio na contagem do início do jogo com vidas humanas. A meta do jogo é a conquista do poder... de mais e mais poder. Não gosto da futura perspectiva de uma "Terceira Guerra Mundial". Minha razão se recusa a aceitar essa irracionalidade humana. Meu coração angustiado se comprime ao antecipar as consequências desses fanatismos nas relações de poder, derrubando o humano em cada um de nós.

Verifiquem como é atual essa postagem de 2009:


Perdas desestruturantes da identidade humana

Seus comentários são excelentes. Procuro sempre lê-los.
Penso que teríamos que focar os acontecimentos sob nova perspectiva, a partir de agora.Ante um quadro onde observamos:
  • o império da irracionalidade na busca de poder e exaltação de interesses personalizados,
  • a evidência da quebra da ética e dos compromissos assumidos sob esse prisma,
  • a constatação da não aceitação de acordos visando o bem comum e ações humanitárias,
acredito que nosso foco deveria recair no que temos no "aqui e agora existencial" dessas populações.
Sob uma leitura racional e emocional, análises e interpretações deverão recair nas perdas desestruturantes da identidade do ser humano, e que interferirão diretamente em suas reconstruções logísticas e convivências futuras.

Nesse sentido, vale lembrar que as perdas, na construção do ser humano, englobam os três tipos de lutos:

1- as perdas de entes adultos e idosos significativos, parentes ou não, testemunhos de nossas experiências, pontos de nossa auto-referência, reminiscências de nosso passado e sinalização de nossa passagem por esta vida;

2- as perdas de crianças e adolescentes, representantes de nossos projetos futuristas, sonhos e propósitos que dão sentido a nossa vida;

3-as perdas dos patrimônios materiais e culturais, de nossa tradição histórica, conquistas e aquisições : autorealizações reponsáveis pela valorização de nossa auto-estima.

Como se reestruturar como ser humano, com senso moral virtuoso e justo, ante toda a distorção da própria sensibilidade humana, necessária para suportar todo o flagelo desumano?

Como suplantar todo o ódio, raiva e ressentimento, que tendem a se transformar posteriormente em reações vingativas e intimistas, até como forma de amenizar toda a angústia que geram?

Como perdoar e superar todas essas vivências violentas, mescladas em ambos os lados por impotência e culpa, dos que sofreram e foram submetidos e dos que agrediram e humilharam?

Ambos os lados terão que se confrontar com a gélida barreira de autoproteção, porta de aço da sólida indiferença, instalada internamente para aprisionar o lado mais íntimo e afetuoso de cada um, postura necessária à sobrevivência física ante o dilema "eu ou ele".

E quanto a sobrevivência psíquica?

Ambos os lados são constituídos por pais, filhos e maridos, que viram projetadas suas próprias vidas, derrocadas suas esperanças, ao serem espelhadas as mortes de familiares e a sua própria morte, ante cada tiro dado ou agressão efetuada.

Zumbis e robôs, aceitando e dando ordens aviltantes, sem autonomia humana defensiva, sem direito a senso crítico questionador, que já pagaram e pagarão alto preço a partir de agora ante a intransigência que se observa.

Quem irá lhes propiciar posterior equilíbrio emocional, harmonia consigo mesmo; motivação para respeitar as leis e normas discriminadoras políticas, economicas e sociais; disposição para a construção de convivências pacíficas humanitárias num mundo tão ameaçador e persecutório, sem a segurança de lideranças confiáveis visando o bem-estar da raça humana?

Qual será a visão de mundo e de homem, que está sendo construída, e qual prevalecerá nesse século 21?
Isso é responsabilidade de cada um de nós, mesmo distantes.

Com pesar, Aurora Gite.

 
A mudança da cor da fonte tem sua intenção, pois vermelho é a cor do sangue que se esvai das vidas humanas de jovens combatentes, que nem sabem bem pelo que lutam, nas situações de guerras de tal porte.
 
Um pequeno lembrete: "Ante simulacros e simulações governamentais, que mesclam a dignidade e a postura ética das tomadas de decisão nas várias sociedades atuais,  é preciso pensar por si: recolher evidências, analisar sob várias perspectivas, refletir sobre eventos reais, buscando sempre preservar os aspectos evolutivos da Raça Humana". 
 
Isso vale para quem está nos campos de batalha, mas principalmente para os que têm responsabilidade - por pertencer à raça humana - de procurar se fazer ouvir dentro desse social, batalhando por estabelecer um limite racional e transformar a deterioração ética do grupo governante, em posturas transparentes e justas visando não só ao bem-estar coletivo, mas a harmonia pacífica de seus pares na Humanidade.
 
Aurora Gite

domingo, 1 de setembro de 2013

Quem tem o poder no mundo virtual?

Confesso que fiquei em dúvida ao dar um título a essa postagem.
A tentação inicial foi "Qual o poder atribuído ao educador no mundo virtual?"
Mas fui vencida por um título mais amplo, que abrange melhor a extensão da temática que quís desenvolver, e que muito me preocupa, no momento: "Quem tem o poder no mundo virtual?"
Várias ramificações surgiram, interessantes para futuras postagens. Não foi tão fácil manter um foco, como vão poder perceber.

Minha preocupação constante, percebendo a instalação de um "Big Brother", que todas essas divulgações de espionagem - traidores da pátria ou heróis futuros com papéis de destaque dentro da 'História da Humanidade" - dão a entender. Nessa luta por compreender "Quem é quem?", sempre tenho observado meu pensar cair na rede das "relações de poder", que a envolve.

Chegaram a pensar nisso?
Quem tem o poder nessa sociedade do conhecimento, ou da informação se preferirem?

Quem detém o poder de conter todo esse cabedal revolucionário das novas descobertas e não só a nível de processamentos e patentes, mas de armazenamento? Quem tem o poder sobre divulgar informações em momentos existenciais sociais, e o que está por trás da forma como isso ocorre? Que interesses outros se escondem por trás das operações realizadas no mundo virtual, acéfalas de lideranças virtuais para assumirem as devidas responsabilidades éticas sobre suas ações?

Ainda sinto grande desconforto, mesmo diante do fascínio com que esse "admirável mundo novo" me envolve, trilhando esse mundo virtual instantâneo, em sua acronia (ausência de tempo) e atonia (ausência de lugar). Mesmo não gostando das perspectivas que se delineiam, a meu ver, para médio e longo prazo, não há como não deixar de reconhecer a necessidade de procurar os referenciais identificatórios atuais para "buscar pertencer" a essa nova sociedade, que emergiu dos "destroços e da violência física e da vulnerabilidade do saber orientador do bem viver" do milênio anterior.

Quem tem o poder sobre o "design" dessa sociedade, que passa a conviver com "coisas que falam" via sensores (concepção animista), que se entrega fiel aos "cuidados medicamentosos via chips implantados no corpo", que assimila rapidamente o modelo de "computação em nuvens" e passa a adotar a "cultura virtual, da globalização e do ciberespaço (espaço aberto)"? Convém aqui abrir um parêntese para um esclarecimento, para quem possa não saber o significado de nuvem dentro do mundo virtual: "A 'nuvem' é um espaço de processamento e armazenamento de dados, que não depende de nenhuma máquina para existir" (Revista Veja, edição 2125, 12.08.09 - edição histórica que deve estar no arquivo digital ou virtual de Veja: acredito valer a pena ler esse artigo).

Quem está com o poder na época atual digital que propicia "cruzamento de informações instantâneas e simultâneas", trazendo análises e avaliações, de atitudes do passado e de intenções para o futuro, para o julgamento real e efetivo no presente, e com as devidas repercussões no aqui e agora vivencial? Até a Justiça está se permitindo retirar a venda de seus olhos, e se fortalecer o suficiente para exigir respeito a leis constitucionais de um bem viver, a cobrar juridicamente um agir transparente e um conviver pacífico dentro dos limites de uma ética de princípios. Como não reconhecer essa transformação de tal porte e não lembrar dos desígnios proféticos de Nostradamus, ou não recordar da depuração do joio dentro do milharal social dos "Homens de Bem"?

As informações estão aí prontas, ao nosso dispor. Ops, desde que haja energia elétrica! Problema ainda do momento em que o social é assolado pelos "apagões governamentais" e descuidos na manutenção e fiscalização em seus sistemas elétricos. Mas penso que graças ao raciocínio das máquinas tecnológicas com suas inteligências artificiais, logo vai estar solucionado; ainda mais com o desemprego do raciocínio humano, usado cada vez mais como serviço terceirizado para manter as máquinas operacionalizando as informações eficazmente.

Lembro do alívio que trouxe, para a população em geral, a distribuição de energia elétrica via "wireless". Bastava então incluir um aparelho através de uma senha de acesso, para poder acionar a Internet de um provedor, uma fonte estacionária a outras usuários móveis. É claro que tudo tem um custo! Sempre me pergunto: Quem detém o poder do corporativismo das operadoras do ramo? Uma nova e reduzida categoria social está se fortalecendo, e isso me assusta pela proximidade com totalitarismos desumanos e acéfalos em sua razão crítica, a quem o coletivo representa oportunidade para planejamento de estratégias para padronizar os meios de comunicação, transformando a diversidade das pessoas em igualdades que "destituem os sujeitos"  em prol da falácia das massas.

Indo mais além: Quem está por trás de todo esse comando tecnológico informatizado que detém o saber, sua seleção distributiva e sua veiculação operacional? Há algum tempo além dos poderes legislativo, judiciário, executivo, observamos claramente a ascensão do poder midiático, elevado à categoria de 4º poder, com sua capacidade de montar e manipular realidades. O mundo virtual não se submete aos simulacros e simulações, regalias de parte de representantes da mídia, que ainda se orgulham de manifestar o lado negro de sua força social, o lado "andróide" do pensar humano.

Quem detém o poder sobre o educar do pensar humano; educar para a contenção e o auto-gerenciamento do homem sobre suas pulsões (forças impulsivas inatas); educar a subjetividade para sua inserção na coletividade, educar a coletividade para o encontro marcado com seus pares na humanidade, cósmica e espiritual, como não?

Os preguiçosos, físicos e mentais, devem se sentir realizados, pois é só apertar um botão e ligar seus computadores, em vários tamanhos e tipos com seus acoplamentos a celulares, e logo observam uma tela que ao ligar já atordoa, a quem a contempla, pelo número de informações que surgem, acúmulo de saberes diversificados, buscando um espaço de maior proeminência entre anúncios, que se acotovelam e se sobrepõem mesmo uns em cima dos outros, num piscar infernal à visão de qualquer um, que tende a se concentrar, e se esforçar a focar sua atenção para informações que, realmente, lhe interessem.

Esse é um dos motivos centrais da minha preocupação sobre a educação da "geração y". O que vai restar no campo psíquico, cognitivo e afetivo, após a passagem da euforia das novidades dos jogos online, das salas de bate-papo e da ilusória distorção maníaca de conceitos e atribuições, visto amigos de anos de convívio, serem facilmente substituídos por "grandes amigos virtuais de convivío recente e esporádico, dentro de uma convivência passível de simulacros e simulações"? Vivemos na perversa época virtual do "me engana que eu gosto", e do incentivo de paranóias circunstanciais, medos inventados e assimilados como verdadeiros sem que nossa razão esboce qualquer contestação lógica para combatê-las. Sendo assim, evidências concretas, que estimulem um "sadio pensar e afetar psíquicamente", são manipuladas até o descrédito e desconfianças nas percepções reais. Onde vai se posicionar uma geração formatada para sentir esse medo irracional e, sobretudo, para não ter visão moral crítica, ou ao menos ponderar racionalmente e refletir sobre a validade para si do que lhe é imposto pelo social épico a que pertence?

O papel do novo educador chegava até mim de forma muito confusa, até alguns meses atrás. Agora vai-se clareando de uma forma positiva, por incrível que pareça. A meu ver, a formatação didática virtual e o manejo dos novos recursos e conhecimentos, está bombardeando currículos ineficientes e didáticas obsoletas, que mais visavam a manutenção do "status quo" de instituições, do poder governamental vigente e da meta oculta de uma produção de máquinas não pensantes, que se adaptassem à engrenagem do social pré-estabelecido. Nesse tipo de educar a ênfase recaia no acúmulo de informações, jorradas sem observância de sua prática para os alunos, que, desinteressados de matérias obsoletas, desistiam do prazer de aprender, do tesão da descoberta e da volúpia da construção do conhecimento.

No meio de tudo isso, surge um novo perfil de educador, que agrega a instrução, ou passagem de conhecimentos, que "somem algo para a formação integral do aluno". Com a Internet e a globalização surge a possibilidade de livre acesso às pessoas ao poder conhecer e se apropriar das informações fora das salas de aula e do âmbito familiar e social. O botão a ser acionado pelo educador é o de facilitar a conexão do aluno com um querer verdadeiro, que estimula sua vontade de aprender e sentir o tesão das conquistas autorrealizadoras - forças internas de mais valia ao criar novos conhecimentos e inovar, ou colocar sua produtividade no social, com um "know-how" imbatível por ser de seu patrimônio exclusivo e intransferível.

O ponto central do educador é encontrar brechas para conseguir que o aluno tenha essa amplitude de percepção advinda de "sentir a força do poder adquirido" com o "prazer de aprender a aprender"e depois desse processo a "querer transformar o apreender em resultados inovadores". O trabalho contínuo do educador dentro do mundo virtual  se volta a mobilizar a curiosidade espontânea dos alunos, propiciando que se tornem "eternos autodidatas" - característica imprescindível ao perfil pró ativo e empreendedor, que demanda a força de trabalho atual.

Emerge no ensino virtual um "educador-professor-empresário". Assim sendo, não só busca, em sua função de ensinar, o trabalho em cima do pensar, refletir, raciocinar, analisar, questionar, expor as próprias ideias, conviver com os riscos da exposição e possíveis frustrações por fracassos circunstanciais, mas ir +além voltando-se ao dialogar, criar, inovar. Busca como empresário de vídeo-aulas, recurso atual que ganha espaço no mundo financeiro do professor que passa a ter, como material de consumo, seu marketing pessoal promocional, conter as sensações das gratificações aparentes, que atingem todas as celebridades, sabendo ser capaz de manter a posição de humildade e dignidade aberta a trocas engrandecedoras na relação dialética entre mestre e aprendiz

Aurora Gite

Algumas indicações, pertinentes a vários aspectos do tema abordado:
* Palestra "Espaço,Tempo e Mundo Virtual" www.cpflcultura.com.br  - onde Marilena Chauí aborda a questão da contração do tempo e do espaço do espetáculo na cultura virtual.

** Visita ao site www.biologiatotal.com.br do professor Paulo Jubilut - vale conferir como chegou onde se encontra com uma nova didática promissora para o milênio virtual, e sua vídeo aula pelo Canal Youtube: "Fazer Cursinho ou Estudar Sozinho?" onde vão encontrar muitas referências para traçar o perfil do aluno virtual e do novo professor para lhe fazer frente.

*** Rever a entrevista de Roberto Shinyashiki (médico-psiquiatra e empresário palestrista)- abordando as competências para "vender ideias" e "convencer!" - Procurem em Rádio CBN-Mundo Corporativo, Programa de Entrevistas de Milton Jung . O blog de Milton Jung é www.miltonjung.blogspot.com.br



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Quem vai me censurar? Eu vou!

Recebi esse texto por e-mail. Seu autor preferiu conservar o anonimato.

Sempre me preocupei por este tema, talvez por já ter conhecido meu pai com seus cabelos brancos, por conviver com a vergonha infantil quando amigos riam me dizendo "Olhe lá, seu avô está te chamando!";  por ter convivido, desde sempre, com o medo da perda de seu amor e o susto constante com a eterna ameaça de morte iminente, rompimento dos vínculos afetivos e quebra da estrutura familiar.

Não foi fácil ter a infância envolta pelas limitações da velhice. O cotidiano ficava todo contaminado por raiva e culpa, por ter sido obrigada a acompanhar suas transgressões alimentares e as repercussões imediatas de seu organismo as rejeitando.

Por outro lado, embora o lazer familiar fosse muito restrito, nas poucas vezes que nossas saídas de casa, não se limitavam a visitar parcos parentes, podia expandir meu enorme carinho por quem, bonachão que era, espalhava aconchego ao redor,  e isso ocorria nas poucas vezes em que íamos ao cinema.

Ops, um parêntese! Isso ocorria quando o vício do jogo não o dominava e, como sereia sedutora o fascinava e mobilizava reações irresponsáveis, o afastando de casa, inclusive, por longos e longos dias.

Mas lembro, como se fosse hoje, de meu contentamento, quando segurando sua mão, lá íamos nós para a primeira fila dos cinemas, sem nos atermos muito a suas limitações visuais além do daltonismo congênito e ao incômodo para mim e para meu pescoço de estar ali, toda torta buscando ver as cenas do filme, mas em sua companhia, já que minha mãe e meu irmão sentavam muitas fileiras atrás.

Bem já deu para perceber que as cicatrizes e a miopia não eram boas parceiras em uma mesa de jogos com profissionais, mas a tentação do vício sempre ganhava das perdas financeiras, que tanto e graves transtornos familiares ocasionavam. Isso sem falar das intermináveis auto-recriminações e cobranças depressivas por responsabilidades não assumidas , culpas e raivas futuras pela vontade ter fraquejado, novamente penalizando toda família ante tal postura.

Ter passado a infância sob esse clima me fez questionar desde pequena porque nos currículos escolares na disciplina de Ética e Cidadania não eram abertas questões a um "saber envelhecer", a uma "educação para a velhice". Por que não existiam dinâmicas de grupo envolvendo a temática "O que é a velhice para você?" que envolvessem reflexões e não só juvenis. Era uma forma mais saudável de inclusão social. De alguma forma, assumi o compromisso comigo mesmo de me tornar autodidata na aprendizagem de saber bem envelhecer, "curtindo" essa época quando chegasse.

Transcrevo o texto, que me suscitou tantas recordações, unindo história de vida é fácil entender porque me afetou tanto:

"Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo...

Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou pela compra de algo bobo que eu não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parecia tão "avant garde" no meu pátio. Eu tenho direito de ser desarrumado, de ser extravagante. Eu vi amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.

Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogando no computador até as quatro horas da madrugada, dormindo até meio-dia? Ou se dançar ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70? Ou se eu, ao mesmo tempo, desejar chorar por um amor perdido...? Eu vou?

Eu vou andar na praia em um short excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros nos seus "jet set". Eles, também, vão envelhecer.

Eu sei que eu sou, às vezes, esquecido.Mas há mais algumas coisas na vida, que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos, meu coração foi quebrado. Como não pode quebrar seu coração, quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração, que nunca sofreu, é imaculado e estéril, e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.

Eu sou tão abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Eu ganhei o direito de estar errado!

Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velho. A velhice me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer). E que nossa amizade nunca se separe, porque vem direto do coração!"

Sem dúvida, vou me recordar desse texto no futuro, ao me perguntar ante minhas tomadas de decisões: "Quem vai me censurar?", tendo alegria no coração ao responder: "Eu vou!"

Aurora Gite


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ter como rival a ideia da ideia? É ruim, hein!

Parece estranho? Mas o que cada vez mais se observa no cenário contemporâneo é o "culto da ideia da ideia" e as "traições das ideias pelas ideias". Confere você mesmo!

A maior parte das pessoas almeja ser diferente do que é. O pior é que o ponto de referência para o que gostaria de ser está num eixo do ideal, na ideia da ideia de perfeição cobrada pela exigência ilusória do social e delas mesmas.

Do social podemos ainda entender como o "pertencimento" à mesmice de um rebanho humano  mantido sob controle: bando de pessoas dóceis e submissas, escondidas  sob a capa da insegurança, da fraqueza, da inferiorização.

Mas como encontrar explicação para o medo que contamina os relacionamentos atuais, "medo de ser rejeitado pelo outro" ocasionando que se rejeite antes? Atuação da própria imaginação nas traições das ideias pelas ideias? Podemos entender esse medo se a pessoa se colocar internamente sob a ideia tutelar ilusória de estar preso a um auto-juiz, implacável superego, castrador e carrasco. Então, como é o primeiro a se rejeitar como é, como conseguir confiar na lealdade e fidelidade dos que o cercam para aceitá-lo, sendo o que é?

A sociedade atual está sem parâmetros estruturais a serem seguidos e os vínculos sociais, não são mais alicerçados por pilares estáveis, não predominam mais os valores que se constituiam em forças, para que a conquista da transparência nas relações propiciasse a visão futurista de interações reais, menos conflituosas pelo reconhecimento das pulsões ou instintos, que determinam as reações humanas e que necessitam, hoje mais do que nunca, de bom adestramento.

É assustador admitir, mas vivemos o "culto da ideia da ideia" na sociedade contemporânea, enclausurados, a meu ver, na famosa "Torre de Babel". Vixe, não gosto dessa constatação!
É angustiante admitir, mas "não somos livres nas tomadas de decisões": as circunstâncias existenciais definem e determinam a liberdade possível.
É deprimente comprovar que estamos convivendo e aceitando, passivamente, as traições de nosso maior rival "a ideia da ideia", que se instala e se enraiza no "mundo da nossa imaginação".

Há algum tempo classificaríamos como patológico se alguém nos dissesse que ouve vozes internas. Hoje o convite é para que travemos diálogos internos, contendo nossos impulsos através do bom senso da razão. Tudo em prol de uma vida boa.

O problema é que para vivermos uma "boa vida" (pensem na diferença com a inversão dos termos) temos que nos conhecer e conquistar a "boa gestão" das energias que nos constituem e nos influenciam.

Penso que a música "La Question", cantada por Françoise Hardy, em clip produzido por Arimar Camargo, expressa bem o preço a se pagar por se autoconhecer. Enfatizo esse clip em especial, pois quem o produziu foi muito feliz na riqueza da escolha das imagens, que bem representam o que a letra da música nos passa como mensagem. Como as circunstâncias determinam o recorte da interpretação que cada um fará ao ouvir essa música, procuro registrar como me afetou. Ops, procuro documentar os afetos que brotaram dentro de mim e para onde minha imaginação me levou!

Vão encontrar em http://www.you.tube/rO6tUMTcBj4via@youtube
Ou entrem direto pelo Canal Youtube e digitem no espaço para pesquisa:
La Question Françoise Hardy/Arimar+Camargo

Não sabemos quem podemos ser, mas para nos conhecermos mergulhamos em mundos que são como "túneis que nos assustam"
Procurarmos nos entender é como correr atrás do vento: "cada vez mais nos distanciamos" de nós mesmos. Corro atrás da ideia da ideia sobre mim?
Não sabemos porque ficamos mergulhados "em um mar que nos afoga" e "em um ar que nos sufoca": energias das mágoas e das culpas, que nos consomem internamente, que afogam e sufocam a alma.
Nós somos (responsáveis) pelo "sangue de nossas feridas" e "pelo fogo de nossas queimaduras" : autocombustão contínua e constante, nos consumindo pela dor e sofrimento que provocam.
Nós somos nossa "pergunta sem resposta, nosso grito mudo, nosso silêncio": esquecemos que para tornar real a ideia que temos de nós mesmos, temos que dar valor ao nosso existir.

A vida tá ruim? Quer uma receita que não é pronta, que vai se constituindo no processo de existir de cada um, e que vai depender não só de se ir misturando ingredientes, mas da singularidade de quem a faz, além das pitadinhas aromáticas acrescidas conforme o paladar e olfato de quem a executa em seu viver.
Anote aí:
"Puxe a ideia inovadora da ideia criativa.
Aplique essa mistura em seu viver.
Inverta sua postura perante a vida.
Acompanhe o crescimento da massa com atenção, uma ideia é o fermento de outra.
Saboreie - degustando vagarosamente seu sabor."
Ops, tava me esquecendo do nome da receita: "Criatividade no pensar!"
Agora é você memorizar, tirar do papel a ideia escrita e concretizá-la na realidade da vida.

Aurora Gite