quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ter como rival a ideia da ideia? É ruim, hein!

Parece estranho? Mas o que cada vez mais se observa no cenário contemporâneo é o "culto da ideia da ideia" e as "traições das ideias pelas ideias". Confere você mesmo!

A maior parte das pessoas almeja ser diferente do que é. O pior é que o ponto de referência para o que gostaria de ser está num eixo do ideal, na ideia da ideia de perfeição cobrada pela exigência ilusória do social e delas mesmas.

Do social podemos ainda entender como o "pertencimento" à mesmice de um rebanho humano  mantido sob controle: bando de pessoas dóceis e submissas, escondidas  sob a capa da insegurança, da fraqueza, da inferiorização.

Mas como encontrar explicação para o medo que contamina os relacionamentos atuais, "medo de ser rejeitado pelo outro" ocasionando que se rejeite antes? Atuação da própria imaginação nas traições das ideias pelas ideias? Podemos entender esse medo se a pessoa se colocar internamente sob a ideia tutelar ilusória de estar preso a um auto-juiz, implacável superego, castrador e carrasco. Então, como é o primeiro a se rejeitar como é, como conseguir confiar na lealdade e fidelidade dos que o cercam para aceitá-lo, sendo o que é?

A sociedade atual está sem parâmetros estruturais a serem seguidos e os vínculos sociais, não são mais alicerçados por pilares estáveis, não predominam mais os valores que se constituiam em forças, para que a conquista da transparência nas relações propiciasse a visão futurista de interações reais, menos conflituosas pelo reconhecimento das pulsões ou instintos, que determinam as reações humanas e que necessitam, hoje mais do que nunca, de bom adestramento.

É assustador admitir, mas vivemos o "culto da ideia da ideia" na sociedade contemporânea, enclausurados, a meu ver, na famosa "Torre de Babel". Vixe, não gosto dessa constatação!
É angustiante admitir, mas "não somos livres nas tomadas de decisões": as circunstâncias existenciais definem e determinam a liberdade possível.
É deprimente comprovar que estamos convivendo e aceitando, passivamente, as traições de nosso maior rival "a ideia da ideia", que se instala e se enraiza no "mundo da nossa imaginação".

Há algum tempo classificaríamos como patológico se alguém nos dissesse que ouve vozes internas. Hoje o convite é para que travemos diálogos internos, contendo nossos impulsos através do bom senso da razão. Tudo em prol de uma vida boa.

O problema é que para vivermos uma "boa vida" (pensem na diferença com a inversão dos termos) temos que nos conhecer e conquistar a "boa gestão" das energias que nos constituem e nos influenciam.

Penso que a música "La Question", cantada por Françoise Hardy, em clip produzido por Arimar Camargo, expressa bem o preço a se pagar por se autoconhecer. Enfatizo esse clip em especial, pois quem o produziu foi muito feliz na riqueza da escolha das imagens, que bem representam o que a letra da música nos passa como mensagem. Como as circunstâncias determinam o recorte da interpretação que cada um fará ao ouvir essa música, procuro registrar como me afetou. Ops, procuro documentar os afetos que brotaram dentro de mim e para onde minha imaginação me levou!

Vão encontrar em http://www.you.tube/rO6tUMTcBj4via@youtube
Ou entrem direto pelo Canal Youtube e digitem no espaço para pesquisa:
La Question Françoise Hardy/Arimar+Camargo

Não sabemos quem podemos ser, mas para nos conhecermos mergulhamos em mundos que são como "túneis que nos assustam"
Procurarmos nos entender é como correr atrás do vento: "cada vez mais nos distanciamos" de nós mesmos. Corro atrás da ideia da ideia sobre mim?
Não sabemos porque ficamos mergulhados "em um mar que nos afoga" e "em um ar que nos sufoca": energias das mágoas e das culpas, que nos consomem internamente, que afogam e sufocam a alma.
Nós somos (responsáveis) pelo "sangue de nossas feridas" e "pelo fogo de nossas queimaduras" : autocombustão contínua e constante, nos consumindo pela dor e sofrimento que provocam.
Nós somos nossa "pergunta sem resposta, nosso grito mudo, nosso silêncio": esquecemos que para tornar real a ideia que temos de nós mesmos, temos que dar valor ao nosso existir.

A vida tá ruim? Quer uma receita que não é pronta, que vai se constituindo no processo de existir de cada um, e que vai depender não só de se ir misturando ingredientes, mas da singularidade de quem a faz, além das pitadinhas aromáticas acrescidas conforme o paladar e olfato de quem a executa em seu viver.
Anote aí:
"Puxe a ideia inovadora da ideia criativa.
Aplique essa mistura em seu viver.
Inverta sua postura perante a vida.
Acompanhe o crescimento da massa com atenção, uma ideia é o fermento de outra.
Saboreie - degustando vagarosamente seu sabor."
Ops, tava me esquecendo do nome da receita: "Criatividade no pensar!"
Agora é você memorizar, tirar do papel a ideia escrita e concretizá-la na realidade da vida.

Aurora Gite

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