domingo, 19 de outubro de 2014

Reengenharia na psique humana?

O mundo está um caos, destruidor de toda organização ordenada? Cada vez mais penso que aí está a oportunidade para partirmos para uma reengenharia na psique humana, novo design mental e emocional mais operacional, inovações logísticas e estratégias mais proativas, voltadas para obter a excelência de qualidade no viver o momento presente, respeitando os limites e o ritmo singular de cada indivíduo, e um cuidar mais eficiente do fluxo de nossa energia mental.

Urge melhorar o investimento da energia psíquica para formatação de novas políticas inteligentes, que administrem, mais satisfatoriamente, também a convivência entre as pessoas, entre as sociedades distintas e os povos tão diferentes na raça e na cultura, para que se quebre cada vez mais o desrespeito expresso pelo combate feroz às diferenças rejeitadas por fanáticos preconceituosos, e a violência gratuita moral e física pelos ataques discriminatórios a indefesos seres humanos, quaisquer que sejam.

Por que enfatizo a arte de observar e investigar a energia psíquica como motor propulsor do "mudar" em direção a um "aumento da potência de agir", que traga "mais alegria interna"?

Por que destaco a importância de nos habilitarmos para melhor observar e investigar nosso querer ou vontade de agir?

Por que coloco, na categoria de arte, nossa faculdade de observar; e no campo do "cuidar por amor " ao se permitir investigar as expressões de potência de nosso autêntico querer, manifestação genuína do que chamamos de alma?

Por que coloco que, ante a velocidade das transformações sociais (culturais e tecnológicas), está na hora de colocarmos um xeque-mate na nossa vontade, se, realmente, nosso intuito é de mudança interna?

Confiram aí minhas ideias, tendo sempre em mente que o caminhar para mudar é único e intransferível:

A difícil arte de observar e investigar a energia psíquica

Notícias correntes em nosso cotidiano: "O mundo está um caos destruidor de toda organização ordenada, seja no social, na política, na economia, na vida de relação". Ninguém se entende para estabelecer uma ordem, não digo institucionalizada, mas no próprio psiquismo, invadido por problemas, conflitos, dilemas.

A cada dilema que se soluciona, novos conflitos surgem, substituem os antigos "camaleônicamente". Não ocorrem mudanças internas efetivas, mas alterações nas aparências dos problemas, que com novo colorido, novo disfarce, persistem imperando dentro do mundo psíquico, influenciando, nossas ações e reações sem que nos demos conta.

Conflitos se sobrepõem na arquitetura barroca montada mentalmente, com seus rococós de truques e artimanhas psicológicas, para nos afastar dos sofrimentos psíquicos que acarretam. Dilemas e indecisões inquietantes, gerados em várias áreas do existir humano, se encaixam dentro da estrutura psíquica que lhes dá suporte momentâneo e lhes serve para alívio transitório das angústias.

Penso que nas defasagens em nossa engenharia logística e sensível reside a falha para se obter soluções efetivas, o ponto fraco que impede qualquer ação efetiva de mudar, se contrapondo às intenções que cada um se impõe de, realmente, se transformar.

O ser humano perdeu muito de sua grandiosidade ao deixar de valorizar sua razão e bom senso ético, e a desconfiar de sua força interna, minorizando a amplitude de suas capacidades de observar e de investigar. Sendo assim, como descobrir, dentro de si, o que necessita ser mudado para um bem viver, com justiça, temperança e serenidade? Como vislumbrar aonde quer chegar para trilhar com sucesso o caminho, visando atingir tal objetivo?

No momento atual é visível a necessidade de uma "reengenharia na psique humana".
 Como primeiro passo, é mister se permitir observar e diagnosticar como os caminhos no psiquismo estão bloqueados, ou melhor esburacados; como os mecanismos preservadores da integração e liberdade de ir e vir do ser psíquico estão desengrenados; como as funções psíquicas estão inoperantes para lidar com as pressões do mundo atual sobre nós, e com nossas auto-exigências e autocobranças cada vez mais agressivas e imediatistas.

Urge o investimento de energia psíquica para formatação de novas políticas inteligentes.
Com os meios e instrumentos psicológicos, que observamos ao nosso dispor, não temos mais recursos para combater os jogos de poder desse início de milênio. Vivenciamos "manipulações indevidas cunhadas por má fé e interesses pessoais", que buscam distorcer nosso imaginar, distanciado do referencial de nossa própria razão. Experienciamos, como "fantoches robotizados ao desarticular nosso pensar por si mesmo", os efeitos dessas articulações perversas. Observamos o maciço incentivo a um auto-iludir, mas não fugimos, na maioria das vezes, dos "tentáculos da mídia globalizada e comunicação via web", embora reconheçamos seu "poder de camuflar realidades".

Enfraquecidos pilares de bom senso social são ainda mais abalados pela autodestruição constante de referenciais seguros e coerentes, pela promoção da cegueira e impossibilidade interna para observar sem grandes ansiedades, e investigar o papel o que nos é relevante e primordial. Poucos conseguem discernir como "motor central para mudar, o sentir um prazer genuíno, alegria interna ante a conquista de inovações dignificantes a si mesmo, como ser humano íntegro".  Poucos conseguem observar o enorme abismo dessa "condição nietzscheniana de superação constante sobre-humana" , que não remete ao tédio de uma preguiça ociosa nem ao prazer irreal fictício do transitório hipnotismo virtual.

A maioria dos seres humanos acorda por breves instantes e toma consciência do que ocorre ao seu redor, mas sem forças, tendo perdido o foco humanitário em suas observações e em seu papel - como parte do todo social e agente ativo das mudanças que devem ocorrer para que o cenário mundial se altere - , cai novamente na "inércia tediosa da sonolência recorrente dos impotentes sem ânimo".

Nesse milênio, a novidade envelhece e é substituída num piscar de olhos. O cochilar dos desesperançados pode ter um custo inesperado quando - e "se acordarem" - aturdidos vão observar que farão parte da classe social dos excluídos do mercado de trabalho e do próprio mundo virtual, que já delineou sua demanda imediata por um novo e diferenciado perfil social.

Que os alarmes gritantes - mais ruidosos com a ampliação acústica, propiciada pelo alarido agressivo da propagação estridente de novas e novas descobertas, contínuos e irreversíveis avanços tecnológicos - chamem a atenção para a necessidade de reajustamentos no mundo psíquico para que nossa razão assuma novamente seu posto de liderança dentro desse espaço interno, sendo reconhecida sua autoridade para gerenciar nosso pensar, bem como sua meritocracia para liderar a contento nossos impulsos e desejos.

O silêncio acomodativo para muitas pessoas dá lugar a uma enxurrada ruidosa de perguntas inquietantes a quaisquer seres humanos, que evitam observar que estão com seu pensar soterrado: ante a fragilidade de seus aparelhos psíquicos, a vulnerabilidade dos seus corpos e a impotência na vontade de agirem para mudar esse quadro dentro de si mesmos.

Pontuo algumas dessas perguntas:
Por que minha estrutura psicológica não está dando conta de gerenciar a angústia que me assola, e meu corpo em suas alterações metabólicas lhe dá suporte?
Qual é o peso de minhas representações mentais, muitas das quais nada mais significam para mim, não se constituem como fontes de satisfação, mas que se aglomeram em imagens que ainda conservo, mesmo sabendo serem gangrenas fatais dentro de um saudável mundo psíquico?
O que me impede de mudar, de me tornar agente ativo das transformações em meu existir, visando meu bem viver, com escolhas e tomadas de decisões responsáveis, únicas e intransferíveis?
Por que é tão difícil fortalecer minha vontade, como a de muitos outros seres humanos, para que coloquem incisivamente um "basta" a si mesmos, interrompendo não só possíveis introjeções do veneno do terrorismo advindo da violência social que se alastra, mas também do auto-terrorismo pela voracidade nefasta da vasta gama de drogadicções, e dos comportamentos reconhecidamente autodestrutivos, que acabam atingindo todos ao redor não só o responsável por sua autodestruição?

Num contraponto a essas questões surgem outras perguntas, que acredito, coloquem em xeque-mate nossa vontade:
Por que estou fazendo isso comigo, sabendo que me autodestruo por causa disto?
Mereço fazer isso comigo, sabendo que começo a ferir minha dignidade de ser humano?
* Já não está na hora de meu psiquismo assumir novamente suas funções e desbaratar posturas vitimizantes acomodadas perante a vida, interrompendo respostas psicossomatizantes?
O que fazer para mudar, já que não está funcionando a contento a ordem disciplinadora, metáfora imperativa: "Levantando a cabeça! Levantando a cabeça! Tá na hora... Tá na hora... Marchando rumo à vida 1...2! Marchando rumo à vida 1...2!"

Por que enfatizo a arte de observar e investigar a energia psíquica como motor propulsor do mudar? 

Reparem como nos desequilibramos ao tentarmos nos virar e olhar para as imagens do passado e suas tradições, muitas obsoletas mas determinantes de nossas ações. Observem como o mesmo ocorre ao buscarmos olhar para as imagens do futuro, prevendo ações, planejando ideais inatingíveis, até contrários ao nosso modo de ser, criando expectativas inalcançáveis.

Experienciem como esse movimento cambaleante, para trás e para frente, conduz a uma "mobilização paralisante" de nossa energia psíquica; e se permitam investigar porque a maioria das pessoas se nega a essa constatação, e se recusa a indagar:
"Não somos e não queremos ser esse ser humano inserido nesse social violento, nessa sociedade desorganizada mas "criada por nós"... e por que não nos questionamos e investigamos porque estamos vivendo assim?".

Meu olhar recaiu sobre a primeira ação, premissa básica para a coleta de informações , que desencadeia todas as demais ações humanas: a capacidade de observar.

O que fazer para aprender a "arte de observar"?
Ops! Penso que como toda arte é um "ato de amor". Envolve uma enorme vontade de querer cuidar, ok?
O que fazer ao querer "cuidar do ato de observar"?

Nosso pensar utiliza informações obtidas por um observar dentro de um prisma enviesado por ações  condicionadas direcionando nossa maneira de ser, decorrentes de: formações inadequadas, educação deturpada em seu intento de educar estando mais voltada a metas e predomínio de interesses pessoais voltados à manutenção do "status quo" social; preconceitos em várias áreas que envolvem a relação humana; transtornos de caráter; tradições mortas, propagandas ideológicas, dogmas religiosos fanáticos, politicagens e ilusionismos mercadológicos. Não há como tudo isso não contaminar a pureza da qualidade das auto-observações!

Quais são os requisitos necessários para o observar e o investigar?
Quais seriam os recursos para impedir a invasão dos pensamentos outros, e das imagens por eles criadas, durante o processo de observar e investigar?
O que fazer para colocar limites em nossa ação de pensar, buscando que aquietem os pensamentos perturbadores da ordem necessária para a conservação do foco, durante o processo de observar e investigar?
O que fazer para aguçar nossa vigilância e impedir o acesso das associações livres. que tendem a surgir assim que iniciamos um processo de pensar. e limitar as imagens ideativas de se intrometer no puro observar?
O que fazer para controlar nosso censor interno, que , por hábito, logo busca racionalizar, explicar, descrever, opinar, analisar, examinar, avaliar, comparar, julgar todo material psíquico?
Quais os passos para a aprendizagem da "arte de observar e investigar a energia psíquica"?

É sempre uma instigante jornada de aventuras acompanhar o movimento de nossa energia psíquica, ainda mais investigar a própria arte de observar.

Confiram com os seus, esse registro de alguns passos de ações percebidas como relevantes, durante o processo consciente de observar:

* Limpar as "lentes de nosso observar", de interferências internas e externas, pois podem contribuir para a perda do foco durante o ato de observar.

* "Cuidar do estado de prontidão, atenção e concentração" é necessário para o alcance do "bom foco" para se observar.

* Ter sempre em mente que para "investigar o movimento da energia dentro de nosso psiquismo, a mobilização de forças e a qualidade das energias envolvidas", é importante que estejamos atentos observando não só "o que nos afeta" (por meio de vínculos afetivos estabelecidos), mas também o "como nos deixamos afetar" pelas informações (superficiais ou profundas, assimiladas por nós, incorporadas e transformadas em conhecimentos, depois arquivadas em nossa memória).

Mais que um mero parêntese:
Investiguem como o "tempo" mobiliza o seu psiquismo. 
Não me refiro ao cronológico, ao tempo instituído, invenção humana, criada pelo homem como medida auxiliar para melhor se organizar em suas vida diária. Assim surgiu mas, pouco a pouco, tornou-se a escravidão dos dias de hoje. 

O próprio homem se algemou a esse tempo mecânico, controlado pela passagem dos ponteiros de um relógio, seja através de horas, minutos e segundos, ou pelo tempo aprisionado ilusoriamente seja através de dias, meses e anos, ou mesmo passado, presente e futuro, que fixa nossas emoções às vivências fantasmáticas desses tempos irreais, e nos transporta do presente do aqui e agora para o mundo imagético virtual de nosso psiquismo.

No entanto, reparem como o "tempo é o movimento dos pensamentos" (J.Krishnamurti, vários livros e inúmeros vídeos disponíveis no canal YouTube)  e como o único tempo real a observar é o agora, o instante presente que condensa em si o passado e o futuro.

Sendo assim: Quando se quer mudar realmente o foco deve ser mudar de atitude no "instante presente" e transformar o "agora do viver".  É desconfiar do truque maquiador de nosso pensar, sedutor em seu sussurro para o "amanhã eu penso","semana que vem faço a dieta", "vou me aprimorar para depois mudar", "vou me tornar digno do amor, para me aproximar"... Conhecem essas armadilhas visando o "não mudar", não é?

Observaram como nas ações acima, em todas elas ocorreu o deslocamento e desconsideração de tempo presente?

Uma dica:  para desativar essas armadilhas é experimentar se manter sempre no que é, no "agora do fato", ou fenômeno vivenciado no momento circunstancial real, não virtual.
Podem até chegar a observar que não querem mudar, ou que não lhes é conveniente mudar no agora de seu viver! Porém não se desvalorizem, realçando sua fragilidade ante dificuldades no mudar.

Um aviso: Mudanças em relações afetivas de anos, então, só têm valor de serem concretizadas, se não se conseguir mais preservar a dignidade de um ser humano na vida de relação, pois nesse caso o dilema está na morte do outro, ou no próprio suicídio, buscando preservar uma relação que não existe, e "se existiu " já morreu há algum tempo e está matando a vida de quem se deixa mortificar, sem mudar.

Enfatizo que observar não envolve outras operações de nosso pensar como examinar, analisar, avaliar, comparar, julgar...Estas ações não fazem parte da arte de observar e investigar, que envolve a liberdade de ser e o comprometimento responsável na unicidade do envolvimento pela integração entre o observador e o observado.

Percebam como posturas para análises, explicações, justificativas, descrições nos afastam dos que observamos e nos colocam em posição mais distante, diferenciada, mais como espectador, para poder analisar o que ocorre. Sendo assim é interromper de pronto essa mobilização de energia que busca desviar o foco, ou mesmo a ação de observar.

Investiguem ainda dentro de si mesmos "como" seus conflitos, seus problemas se tornam insolúveis quando existe uma divisão na mente entre nós e os problemas: "Nós somos os problemas!". A distorção inicial é que mantém o conflito: e"Nós não estamos com um problema, nós somos o problema!" Reparem a diferença ao ser permitirem exercer, com honestidade, a arte de observar como se altera a mobilização da energia em seu mundo psíquico. Só observem... e, depois, investiguem as operações que surgiram, sempre mantendo o foco, mesmo que remeta a zonas de desconforto internamente. É ousar e ter coragem mesmo!

No início esse observar e investigar incomoda, é difícil , pois estamos acostumados a ações com metas e finalidades, passíveis de serem controladas e, mentalmente, revertidas ou reforçadas.

Nesse observar consciente proposto, vamos nos permitir estar livres e soltos, mais relaxados vamos aquietando nosso estado mental. No início, nossa mente ainda é bombardeada por pensamentos que surgem impulsivamente, sem se sujeitarem ao controle consciente da razão (associação de ideias, uso da linguagem lógica-racional). Imagens - (recordações da infância como : "Nossa, tô ansiosa de ficar assim... me sinto perdida...  sinto vontade de comer doces... lembro que minha mãe sempre me dava, forma de carinho acho eu...) - podem servir para outro momento nesse processo de autoconhecimento, mas no instante presente, de observar e investigar a mobilização da energia psíquica, devem ser contidas. Qualquer separação colocando o problema no "Não sou eu ...acontece comigo, é meu dilema!" deve logo ser reparada, e a consciência de que "Eu sou o problema!" deve ser resgatada.

Esse é o espaço mental para que soluções outras apareçam na nossa mente, e principalmente para que possamos observar e investigar a manifestação de potência de nossa vontade. Por amor, podemos mobilizar nosso querer profundo para o encontro do silêncio da mente, para a escuta das expressões da intimidade do nosso ser  autêntico (alma ou essência), possibilitar o aconchego e cuidar do acolhimento necessário para conter angústias existenciais (inerentes a todo ser humano na condição de mortal).

Agora é com vocês escolherem a posição em que querem se colocar em seu viver. Herói ou vítima?

(postagem de 24.04.2013)
Aurora Gite


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Espectador passivo, patinando no velho mundo? Eu não!

Continuo fascinada por aqueles que ousam confiar em suas perspectivas inovadoras, buscam forças internas e a transformam em coragem para expor ao mundo suas ideias, quebrando velhos paradigmas e enfrentando o desconforto das incertezas até que novos patamares seguros sejam atingidos. 

"Novas descobertas demandam nova visão de mundo"! (novembro/2010)

Como não deixar o postura de espectador passivo, patinando no agora estranho velho mundo, se desequilibrando ao tentar se manter estático no acelerado dinamismo com que caminham as Ciências Humanas da Comunicação e da Convivência Ética, sempre transcendendo o defasado momento presente?

É inegável, a quem busca a inserção no social, que se delineia, e a inclusão na sociedade em sua nova configuração inter-relacional, a necessidade de constante aprimoramento intelectual, contínua atualização performática para acompanhar os avanços intimidatórios do mundo eletrônico, crescimento evolutivo interno voltado ao alcance da dignidade como ser humano em sua trajetória de vida no novo milênio, com o respeito a si e ao outro, e a aceitação da diferença como riqueza sinalizadora de possíveis convivências gratificantes e potencializadoras. 

Não há mais como negar que todas as transformações ocorridas já nas primeiras luzes do novo milênio, impõem o nascimento de um novo homem, novo modo de ser confiante de seu intuir e da capacidade de seu potencial de ação, responsável por seu pensar por si, fortalecido para bancar seu agir consciente. Não precisa mais ser tutelado, que decidam por ele, ou pensem o que é melhor para ele, tendo que se ajustar a padrões comportamentais massificadores para se considerar pertencente ao grupo social, sem medo da "rejeição maldosa ou da ironia humilhante de alguns outros". É surpreendente como ocorre a mudança de foco e o consequente prazer genuíno pelo "encontro com quem se é realmente".

Já podem ser observados os limites do novo perfil do humano desse milênio se nos dispusermos a notar sua forma de cuidar de seu corpo, com tudo que implica esse cuidado a nível de alimentação saudável e exercícios físicos - excluindo cada vez mais os vícios, compulsões e sedentarismo.

Cada vez mais as pessoas se voltam para buscar a integração de um corpo físico saudável ao bem estar do corpo pensante ou psíquico. Considerando a ampliação de um visão holística de mundo, do encontro de um espaço pacífico e harmônico do ser humano, que almeja um mundo interno sereno administrado por sua razão, aconchegado pela alegria espontânea de sua alma, ao contemplar essa nova gerência sobre si mesmo, com firmeza, retidão de caráter, autovalorização e respeito pela pessoa que se tornou após não hesitar em mudar. 

Lembrete: Mudanças efetivas não ocorrem ante a presença e interferência de velhos paradigmas aprisionadores e crenças redutoras da potência para agir. Ser livre e feliz implica ousar desvendar o desconhecido caminho da vida e, a cada dia, nessa trilha de seu viver, inscrever - como agente responsável por suas decisões embasadas nas emoções com o aval da razão - sua própria história pessoal.

Como não mobilizar a recordação de uma trajetória histórica, "real parâmetro referencial" para se comparar um avanço evolutivo pessoal e profissional?   


"Novas descobertas demandam nova visão de mundo!" :
"Potencial é o mesmo que possibilidades não vistas. Ou você vê que algo é possível, ou não vê. Impossível é apenas outro nome para o que não é visto." ... " Não podemos negar o fato de que as formas de vida estão constantemente evoluindo, passando a níveis mais altos de abstração, imaginação, perspicácia, inspiração." (Chopra,Deepak. "O Efeito Sombra", p.84 e p.82)

Considero importante realçar que um conhecimento científico deve ser compartilhado e que pesquisas devem ser embasadas em amostras representativas. Não devem ser manipuladas em prol de resultados imediatos e interesses pessoais. Nesse sentido, a honestidade dialética é que permite o agregar de forças, visando a evolução da ciência. Caminhamos juntos?

Vou tentar me posicionar, para que possa ser entendido meu trajeto pessoal e formação profissional. O início de meus interesses pelo bioeletromagnetismo teve como marco a busca de entender algumas experiências, ocorridas no final da década de 70, do "segundo milênio". Ainda estranho essa colocação.

Dos ensinamentos dos Vedas e do Budismo, passando por Krishnamurti e pela meditação na yoga, por um vértice; Carl Sagan e Fritz Capra, por outro; Fromm e Rogers, Fritz Perls e Stevens, Maslow e Forghieri, em outro; Laing, Horney, Klein, Adler e Jung, fechando outro vértice de uma pirâmide evolutica. Em seu cume, permitindo a passagem para a parte superior dessa figura geométrica e o amplo vislumbrar de novas perspectivas, coloco a Psicologia Transpessoal com seu corpo teórico que sintetiza algumas dessas visões, integrando conhecimentos de escolas psicológicas ocidentais com elementos das tradições esotéricas. dando espaço para a inclusão da dimensão espiritual do ser humano. Em sua proposta holística da consciência, Wilber considera-a una, e por sua multiplicidade de aspectos, defende a idéia da existência de um espectro da consciência, de maneira análoga às radiações eletromagnéticas e seus diversos comprimentos de ondas.

O contato com filósofos e pensadores ocorreu bem antes; dei a mão para Plotino e Platão, Aristóleles e Kant, Schopenhauer e Nietzsche...Sempre os considerei como alimento para minha alma. Em cada um encontrava elementos que me possibilitavam maior autoconhecimento e melhor compreensão do que ocorria com meus pacientes - e, com isso, meios mais efetivos de ajudá-los terapêuticamente.

Vou me permitir fazer um parêntese. Olhando para trás, deixando a mente vagar por recordações longínquas, desde criança minhas inquietudes se voltavam aos "Por que o ser humano não consegue se enxergar, e só vê sua imagem refletida num espelho?"; "Por que ficamos presos no globo pela força da gravidade e se pensarmos no planeta Terra estamos soltos no espaço?"; "Por que nossa mente é povoada de pensamentos e idéias? O que surge antes?" Por aí se vê que minhas interações prazerosas não foram tão fáceis, e trocas de idéias que pudessem aplacar minhas curiosidades e angústias foram raras.

Cada vez mais me distanciava da Psicanálise Freudiana ou de como foi usada por muitos psicanalistas tradicionais, e mais me aproximava da liberdade terapêutica de adotar várias perspectivas, bem como de interações dialéticas socráticas substituindo o divã, a falta de visão e o silêncio das técnicas analíticas. Não gosto de me sentir "engessada" em regras e julgamentos preconceituosos, tendo que me obrigar a segui-los para ser aceita por grupos ou pessoas. Continuo hoje questionando o saber fechado, baseado em interpretações subjetivas e a complexidade de conceitos, que dificultam a leitura psíquica e compreensão de relatos casuísticos, em momentos de discussão interdisciplinar. Aliás, relendo Freud, tenho dúvidas sobre muitas posturas que lhe foram atribuídas por seus seguidores mais fanáticos. Adotei uma postura mais eclética a nível teórico e instrumental, onde o paciente não era engessado em molduras teóricas e como terapeuta, senti-me mais livre ante o uso dessa instrumentação técnica mais diversificada.

Após essas premissas procurando uma frequência comunicativa mais alinhada e afinada, vamos lá, deixar registradas as considerações abaixo.

Continuo minhas pesquisas sobre a relação entre as vias de canalizações de energias sexuais orgásticas e energias psíquicas mais sutis, extrafísicas. Foco, atualmente, o sistema endócrino e os novos estudos sobre a glândula pineal, as descobertas sobre a melatonina e as pesquisas sobre as interações entre elas. Nesse campo experimental vale se inteirar da evolução em Radiologia Médica e na área da Imagiologia, graças a alta tecnologia desenvolvida pela Física. Não vou ser repetitiva sobre o papel desempenhado pelas descobertas da Física Quântica no descortinar desse novo mundo.

Gosto de imaginar o paciente em terapia trilhando os patamares de uma pirâmide. Na base inferior suas angústias, seus conflitos, sua patologias... ou como diz Chopra, sua sombra que necessita ser ultrapassada para alcançar a plenitude da liberdade integradora. Também constato, como ele, que nosso lado sombrio defende as riquezas do inconsciente, e que a plenitude e a cura estão intimamente ligadas. Ainda, podemos apreender muitas técnicas de cura, de uma observação atenta sobre os sistemas do corpo físico e seu funcionamento integrado. O difícil é integrar um self dividido. Desafio que me impulsiona a buscar estímulo na famosa frase: "Mãos à obra!". A observação e comprovação de bom prognóstico, e mesmo cura, em pacientes, que conservam dentro de si a esperança e fortalecem sua fé intuitiva, é um grande incentivo.

Como propiciar o "contato consciente" com a espontaneidade de sua essência e potencial criativo, a não ser por uma reavaliação do que serve ou não dos valores "incorporados sem pensar" familiares e culturais? Como conquistar sua autovalorização pessoal? É um árduo caminho que tem como primeiro passo o seu libertar do que não pertence a sua personalidade; depois o conviver com o desamparo e o vazio internos e com a dor do parto por ele mesmo induzido; a seguir entrar em contato com o seu nascer como pessoa, com a livre expressão de sua potencialidade e da responsabilidade de tornar-se indivíduo e cidadão participativo do social onde está inserido. É fácil se perceber como é importante uma aliança terapêutica baseada em relação de aceitação incondicional, de confiabilidade e fidelidade, que possa vir a se constituir em experiência emocional corretiva.

Volto a imagem da pirâmide e a observação de um novo patamar de canalização de energias internas. A manutenção do ser humano no caminho das virtudes - qualidades morais que lhe são inerentes e que podem se constituir em campo de forças integradoras no mundo psíquico -impulsiona a uma convivência interativa interna e externa, dentro de uma honestidade ética dialética, que culmina num evoluir e se autorrealizar espiritualmente.

As dimensões físicas do agir, pensar e sentir não mais comportam essa qualidade energética.
Ao se chegar a uma compreensão holística de seu papel no mundo dos paradoxos, a serem aceitos e ultrapassados, surge uma unicidade compreensiva que dá um significado diferente ao momento vivido em plenitude, sentido e não julgado, apreendido por uma sabedoria intuitiva, que se une ao bom senso racional e à razão pura kantiana. Vale conferir as correlacões entre esse estado e as descobertas científicas citadas por Eduardo Augusto Lourenço em seu livro "O Ser Consciencial: na busca do auto-conhecimento"(2009).

Essa nova dimensão do ser humano é atingida por um caminhar solitário nesse deserto de desapegos, único e pessoal. Consiste em experiência individual difícil de abarcar por relatos pois ainda é indescritível em palavras. Atualmente, muitas pessoas ousam relatar experiências semelhantes e, ante a proximidade dos conhecimentos advindos através da Física Quântica, algumas hipóteses já podem ser traçadas.

Algumas idéias já coloquei em blogs anteriores. Defendo que a Psicologia é grandeza física do campo do biomagnetismo, e que as interações da energia psíquica fazem parte do mundo das partículas subatômicas, demandando de leitura da Nova Física para adquirir status de ciência, como ambicionava Freud ( aliás deixou esse anseio em seus registros escritos).

Atuais experiências já constatam transmutações de energias captadas por ondas vibratórias (pensamentos) em mensagens fisicoquímicas, unindo eletricidade, magnetismo e neuroquímica. Dica para quem tenha interesse: buscar no Google e se inteirar das pesquisas de Vollrath e Semm; Philip Lansky e seus fármacos; neurocientistas do Instituto de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo; estudos em Radiônica; Aguilera, físico-espiritualista... e por aí vai. É montarem seu próprio quebracabeça com a configuração de peças de seu interesse pessoal.

No meu caso, me interessei pelo estado de relaxamento que permitia um campo mental mais aberto e receptivo a ocorrência de um "processo de imantação", semelhante a uma mola (salto quântico?), onde a consciência humana não se desconecta da atividade corporal, mas se vê puxada por uma força, num "religar" que lhe permite atingir um campo com outras grandezas. Sensações de paz e amor/aconchego; luz e calor; ausência de palavras e um silêncio interior comunicativo/um pensar sem palavras; plenitude contemplativa e estado de êxtase/orgasmo espiritual (não físico) único e duradouro. A experiência não se apaga com o passar dos anos.

Confiram os avanços das pesquisas relacionadas ao nosso DNA: descobertas de Fritz-Albert Popp e de Burr; de Gregg Braden; de Vladimir Poponin... entre outras.

Cabem muitas reflexões ao se adotar postura aberta e receptiva a essas novas informações, resignação ante a queda de paradigmas obsoletos e aceitação dos novos conhecimentos advindos da era tecnológica e digital do Terceiro Milênio. Acredito que as profecias de Nostradamus não estavam tão erradas em suas incisivas afirmações de "fim de mundo", linguagem simbólica para expressar transformações, da grandiosidade que estão sendo presenciadas, cuja compreensão não mais cabe dentro da visão de homem e de mundo que predominou até agora.

Ante todas as informações que chegam a uma velocidade assustadora, só se pode entoar o pedido de: "serenidade e paz interior para aceitar o que não pode ser mudado... e sabedoria e coragem para alterar o que tem que ser mudado".

Uma das maiores angústias a enfrentar ante esse mundo desconhecido é a sensação de estranheza que advém. Um dos maiores obstáculos a ser enfrentado é lutar para "se manter inserido no mundo novo como cidadão participativo" e não espectador passivo, patinando no velho que, na realidade, não existe mais, a não ser na memória de cada um.

(Postagem de 16 de novembro de 2010)
Aurora Gite

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Bons líderes X Excelentes líderes: Quem brilha por si?

Interessante observar durante um processo eleitoral como o poder da mídia, ou as estratégias de "marketing", tanto podem sacralizar pessoas públicas, quanto sacrificar ao denegri-las.

Impactante é perceber o tiro no pé dado por fortes candidatos, em escala descendente, que em vez de apresentarem recortes de seus programas de governo, enaltecendo - confiantes e seguros de si - seus projetos de mudança pensando em benfeitorias socioeconômicas, buscam - expressando sua insegurança e sua necessidade de apoio pela fragilidade emocional - a comparação com os programas daqueles candidatos com 1% de aprovação.

Não se pode desconsiderar a trajetória política dos candidatos, e pareá-la com os requisitos exigidos e delineados pelo perfil da futura função.

Bons líderes, defendendo excelentes causas em prol do ambiente e do coletivo, ou seja, da sociedade e da coisa pública, necessitam de "excelentes equipes para governar uma nação". Dependendo da eficiência dessa integração, poderiam até ter um bom desempenho, assumindo as rédeas fiscalizadoras do cumprimento de diretrizes embasadas pela transparência, honestidade e justiça social.

Bons líderes, que já desempenharam a contento funções executivas, cativam por exibirem, em seu "cartão de visitas" - alçando cargos públicos, em momento nacional difícil interagindo com situação internacional mais complexa ainda - seu espírito empreendedor, proativo, guerreiro e combativo ao ter que contar consigo mesmo para deliberar com firmeza, para com galhardia sozinho fazer escolhas, para bancar com coragem as decisões tomadas, para ter humildade para reconhecer erros e redirecionar caminhos tomados, para com perseverança enfrentar adversários com argumentos convincentes e discursos persuasivos, armas de todo bom político.

Excelentes líderes se destacam pela firmeza de seu caráter, pela dignidade moral de suas ações, pelos atributos éticos ao pensar o coletivo. Sua razão os mobiliza a controlar a vaidade pessoal, sereia tentadora que busca envolver, a todo momento, qualquer figura pública, nublar sua consciência ética autorrealizadora voltada ao interesse coletivo. Sua força racional os impede de mergulhar no oceano da ambição pessoal, de se voltar ao conforto ilusório do estado paradisíaco de torpor dos que se vangloriam, acumulando recursos materiais tomando como referências seus interesses individuais e de grupos selecionados pela excelência no mau uso da máquina pública, visando tal finalidade.

No entanto, é fascinante observar como os portadores de caráter virtuoso e honesto brilham por si. Não precisam atacar as ideias de seus oponentes, desqualificando seus adversários. Bastam apresentar as trajetórias de vida escolhidas e a autoconstrução de suas histórias pessoais, que ofuscam a luz de qualquer competidor, por seu próprio brilho.

Como não recordar, e republicar, a postagem abaixo de 2009?

O que é verdadeiro brilha por si

Essa semana veio-me à lembrança um ensinamento oriental, onde um velho chinês depositava, todo dia, um objeto de sucata, que carregava consigo, num mesmo local de uma mesma praça.

Nos primeiros dias, as pessoas desatentas nem o notaram. Depois algumas pessoas passaram a observá-lo com um misto de curiosidade e desconfiança. Com o tempo começaram a se aproximar para ouvi-lo contar sobre o significado atribuído ao objeto depositado naquele dia. E, pouco a pouco, o grupo foi crescendo ao seu redor se contagiando pelo entusiasmo que irradiava.

O tempo foi passando e o monte foi crescendo, tornando-se um monumento que passou a conter a história de sua vida. Sua construção foi baseada em amor, dedicação e persistência, servindo de ensinamento para muitos, que passaram a estar mais atentos ao que ocorria ao seu redor, seja para se permitir olhar a beleza de uma flor e sentir seu perfume, para estender sua alegria sorrindo ou elogiando alguém numa troca renovadora de energia , perceber o calor do sol em sua pele ou o arrepio ante os pingos da chuva nela se apoiando... passaram a encontrar um significado a cada instante único vivido e repassar essa vivência contagiando outras pessoas.

Após a morte do velho chinês, o monumento foi preservado, sua lembrança eternizada por seus feitos, seu exemplo perdurando como fonte de aprendizagem de um viver, com alegria e humildade, a simplicidade do dia a dia.

O que é verdadeiro brilha por si, não necessita de endeusamentos fictícios ou idealizações radicais; não precisa de dogmas e rituais quaisquer que sejam; não necessita de comparações com outras correntes filosóficas, nem banalizar ou ironizar os que carregam verdades de outra ordem.

A aquisição de se tornar sujeito de sua história, administrador de imprevistos, responsável pelo encontro com seu prazer de viver, e pela autogestão sobre a maneira de buscar mais qualidade para sua vida, lhe possibilita transpor as lutas habituais, superando-se a cada minuto, tornando-se em vida um "educador-modelo anônimo", para muitos "seguidores-desconhecidos aprendizes".

Você conseguiu, um "pequeno espaço" que seja, hoje, para irradiar sua energia e estabelecer contato com a "sua" vida?

Ah, ia esquecendo do mais importante... sem desgastes, reclamações , cobranças, exaustões...mas com a "leveza serena da gratidão por ter bem vivido mais esse dia".

Ainda é tempo de estabelecer uma nova relação contratual com sua vida.
Não é a vida que nos atropela, nós é que a atropelamos!

Aurora Gite