terça-feira, 7 de outubro de 2014

Bons líderes X Excelentes líderes: Quem brilha por si?

Interessante observar durante um processo eleitoral como o poder da mídia, ou as estratégias de "marketing", tanto podem sacralizar pessoas públicas, quanto sacrificar ao denegri-las.

Impactante é perceber o tiro no pé dado por fortes candidatos, em escala descendente, que em vez de apresentarem recortes de seus programas de governo, enaltecendo - confiantes e seguros de si - seus projetos de mudança pensando em benfeitorias socioeconômicas, buscam - expressando sua insegurança e sua necessidade de apoio pela fragilidade emocional - a comparação com os programas daqueles candidatos com 1% de aprovação.

Não se pode desconsiderar a trajetória política dos candidatos, e pareá-la com os requisitos exigidos e delineados pelo perfil da futura função.

Bons líderes, defendendo excelentes causas em prol do ambiente e do coletivo, ou seja, da sociedade e da coisa pública, necessitam de "excelentes equipes para governar uma nação". Dependendo da eficiência dessa integração, poderiam até ter um bom desempenho, assumindo as rédeas fiscalizadoras do cumprimento de diretrizes embasadas pela transparência, honestidade e justiça social.

Bons líderes, que já desempenharam a contento funções executivas, cativam por exibirem, em seu "cartão de visitas" - alçando cargos públicos, em momento nacional difícil interagindo com situação internacional mais complexa ainda - seu espírito empreendedor, proativo, guerreiro e combativo ao ter que contar consigo mesmo para deliberar com firmeza, para com galhardia sozinho fazer escolhas, para bancar com coragem as decisões tomadas, para ter humildade para reconhecer erros e redirecionar caminhos tomados, para com perseverança enfrentar adversários com argumentos convincentes e discursos persuasivos, armas de todo bom político.

Excelentes líderes se destacam pela firmeza de seu caráter, pela dignidade moral de suas ações, pelos atributos éticos ao pensar o coletivo. Sua razão os mobiliza a controlar a vaidade pessoal, sereia tentadora que busca envolver, a todo momento, qualquer figura pública, nublar sua consciência ética autorrealizadora voltada ao interesse coletivo. Sua força racional os impede de mergulhar no oceano da ambição pessoal, de se voltar ao conforto ilusório do estado paradisíaco de torpor dos que se vangloriam, acumulando recursos materiais tomando como referências seus interesses individuais e de grupos selecionados pela excelência no mau uso da máquina pública, visando tal finalidade.

No entanto, é fascinante observar como os portadores de caráter virtuoso e honesto brilham por si. Não precisam atacar as ideias de seus oponentes, desqualificando seus adversários. Bastam apresentar as trajetórias de vida escolhidas e a autoconstrução de suas histórias pessoais, que ofuscam a luz de qualquer competidor, por seu próprio brilho.

Como não recordar, e republicar, a postagem abaixo de 2009?

O que é verdadeiro brilha por si

Essa semana veio-me à lembrança um ensinamento oriental, onde um velho chinês depositava, todo dia, um objeto de sucata, que carregava consigo, num mesmo local de uma mesma praça.

Nos primeiros dias, as pessoas desatentas nem o notaram. Depois algumas pessoas passaram a observá-lo com um misto de curiosidade e desconfiança. Com o tempo começaram a se aproximar para ouvi-lo contar sobre o significado atribuído ao objeto depositado naquele dia. E, pouco a pouco, o grupo foi crescendo ao seu redor se contagiando pelo entusiasmo que irradiava.

O tempo foi passando e o monte foi crescendo, tornando-se um monumento que passou a conter a história de sua vida. Sua construção foi baseada em amor, dedicação e persistência, servindo de ensinamento para muitos, que passaram a estar mais atentos ao que ocorria ao seu redor, seja para se permitir olhar a beleza de uma flor e sentir seu perfume, para estender sua alegria sorrindo ou elogiando alguém numa troca renovadora de energia , perceber o calor do sol em sua pele ou o arrepio ante os pingos da chuva nela se apoiando... passaram a encontrar um significado a cada instante único vivido e repassar essa vivência contagiando outras pessoas.

Após a morte do velho chinês, o monumento foi preservado, sua lembrança eternizada por seus feitos, seu exemplo perdurando como fonte de aprendizagem de um viver, com alegria e humildade, a simplicidade do dia a dia.

O que é verdadeiro brilha por si, não necessita de endeusamentos fictícios ou idealizações radicais; não precisa de dogmas e rituais quaisquer que sejam; não necessita de comparações com outras correntes filosóficas, nem banalizar ou ironizar os que carregam verdades de outra ordem.

A aquisição de se tornar sujeito de sua história, administrador de imprevistos, responsável pelo encontro com seu prazer de viver, e pela autogestão sobre a maneira de buscar mais qualidade para sua vida, lhe possibilita transpor as lutas habituais, superando-se a cada minuto, tornando-se em vida um "educador-modelo anônimo", para muitos "seguidores-desconhecidos aprendizes".

Você conseguiu, um "pequeno espaço" que seja, hoje, para irradiar sua energia e estabelecer contato com a "sua" vida?

Ah, ia esquecendo do mais importante... sem desgastes, reclamações , cobranças, exaustões...mas com a "leveza serena da gratidão por ter bem vivido mais esse dia".

Ainda é tempo de estabelecer uma nova relação contratual com sua vida.
Não é a vida que nos atropela, nós é que a atropelamos!

Aurora Gite


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