domingo, 28 de março de 2010

Uma pausa e um retorno a uma infância tão presente ainda.

Existem jornalistas que se destacam por sua sensibilidade e sabedoria, adquirida por vasta experiência e enorme reflexão sobre vivências. Valeu, Pedro Bial!

Tive a oportunidade de ver em video, pelo Youtube, seu discurso, antes de anunciar a eliminação de um participante do bbb10. No paredão estavam Serginho e Dicesar. É interessante que também no Youtube pode-se apreciar Judy Garland, no filme O Mágico de Oz, cantando "Somewhere over the Rainbow", que lhe inspirou e serviu para o, como disse, "resumo da tradução".

Valeu, Pedro Bial!
Não tenho como não deixar registradas suas palavras, para que não se percam ao vento, visto servir para qualquer um de nós, que carrega no peito a criança que fomos:

"Serginho é Peter Pan.
E Peter Pan é a criança que não cresceu e sabe voar.

Quer aprender? Quer voar?
Pense numa coisa boa,
Pense numa coisa bem boa...
É só pensar em coisa boa que a gente voa.
Pense numa coisa bem linda, que você nem viu ainda,
Num raio de luar... e você vai voar.

Peter Pan, sombra na parede da caverna de Capitão Gancho...
Travessura... espectro... imagem só?
Será? Não é possível!
É ele...Pan... Está lá?...Lá? ... Ele está?
De que lado ele está?

É só pensar em coisa boa que a gente voa...
E se pensar em coisa ruim?
Bom...pode até chegar ao fim.

Dicesar é Dorothy, do Mágico de Oz.
Sapatinhos vermelhos, Dimmy... e brilhantes!
Dicesar tem coração grande, que não murchou,
Apesar de tantas vezes machucado.

Para você Dicesar e para você Serginho,
Eu gostaria de cantar uma canção.
Como eu não canto assim tão bem,
Eu vou dizer um resumo da tradução:

Em algum lugar, acima do arco-íris... lá em cima,
Existe uma terra que eu ouvi falar uma vez, numa canção de ninar.

Em algum lugar acima do arco-íris... o céu é azul,
E os sonhos, que você ousa sonhar, se tornam realidade... verdade!

Vou fazer um pedido a uma estrela
E acordar num lugar além das nuvens,
Onde os problemas se derretem, como balas de limão.

Bem para lá do topo das chaminés...
É lá que você vai me encontrar.
Pássaros azuis voam acima do arco-íris...
Se pássaros azuis voam, contentes, acima do arco-íris,
Por que "eu" não posso voar?

There's no place like home!
Tecla SAP: Não há lugar como a casa da gente!

Serginho, Peter Pan, está em casa, em qualquer lugar, onde estiver mamãe.
E mãe para Serginho é o que não falta por aí...
Não é Fernanda?
Não é Michel?

Dicesar, Dorothy, busca o caminho de casa.
Quer ir para casa, ficar com a mãe;
Segue a estrada de tijolos amarelos...
E ainda quer arrumar coragem para o Leão,
Um coração para o Homem de Lata,
Um cérebro para o Espantalho...

Ai caramba!
Peter Pan ou Dorothy...
Serginho ou Dicesar...
Quem sai?

Sai Serginho! "
( 53% )
Que comovente anúncio de eliminação!

Não pude deixar de buscar o video no Youtube correspondente à canção citada "Somewhere over the rainbow" .

Quantas vezes me vi com as chiquinhas da criança interpretada por Judy Garland, seguindo o mesmo trajeto indicado na música, e elevando o olhar para o céu, buscando minha amiga estrela, para emitir um pedido, ou seguir esperançosa o caminho traçado pelo arco-íris, fascinada pelas cores que traziam paz ao meu coração.

Não tenho pendor musical, mas lá me imaginava cantando... Lembram da música? Então a coloquem mentalmente na letra abaixo.

Este início é em forma de monólogo:

"Um lugar sem problemas...
Acha que existe um lugar assim, Totó?
Deve existir...
Não é um lugar aonde podemos chegar de barco ou de trem.
É longe, bem longe...
Atrás da lua...
Para lá das chuvas...

Agora transporta o sentimento para a música e usa essa forma de manifestação:

"Em algum lugar, acima do arco-íris... lá em cima...
Há um lugar de que ouvi falar... numa cantiga de ninar.
Em algum lugar, acima do arco-íris... o céu é azul,
E os sonhos... que se ousa sonhar...se tornam realidade.

Um dia, farei um pedido às estrelas, e acordar num lugar
Onde as nuvens estão muito atrás de mim,
Onde os problemas derretam, como dropes de limão...

Bem acima do alto das chaminés
É onde vai me achar...

Em algum lugar, acima do arco-íris, os pássaros azuis voam.
Os pássaros azuis voam acima do arco-íris...
Por que, então, eu não posso?
Se os felizes passarinhos azuir voam, além do arco-íris,
Por que eu não posso? "

Aí baixava meu olhar e ficava contemplando uma fileira de formiguinhas, cada uma carregando um pedaço de folha nas costas, contribuindo para o sustento e proteção do grupo... De repente, maravilhada, voltava minha visão para os respingos de chuva em meio aos raios de sol, ou raios de sol em meio aos respingos de chuva, com o arco-íris já se formando... Levantava correndo para pisar na terra, que já ía se tranformando em barro, me permitindo fazer parte da Natureza... E me punha a pensar... por que não eu?

Como posso retornar a esse tempo e tornar tudo tão presente ainda?
Eis a Física Quântica caminhando para possibilitar a resposta a essa inquietude.

Aurora Gite
28 março
16:05

sexta-feira, 26 de março de 2010

Sabedoria Prática

Como os caminhos de nossas vidas podem ser vislumbrados sob a perspectiva da história pessoal de cada um, não posso deixar de retomar a lembrança de uma garota que, em seus 12 anos, saía da biblioteca do Colégio Dante Alighieri carregando dois livros como se fossem dois tesouros. Já nessa idade meus interesses se voltavam para "Conhece-te a si mesmo" sobre Sócrates e suas idéias, e "A Memória" que buscava entender o mecanismo desse fenômeno humano.

Na busca e defesa de uma "sabedoria prática", não resisti a um retorno a Aristóteles, aluno de Platão, em seu empenho no aprimoramento da "habilidade de agir de maneira acertada".

Os escritos aristotélicos abarcam vários ramos de conhecimentos de sua época, excetuando os matemáticos: lógica, retórica, ética, política, física, metafísica, psicologia, economia, meteorologia... lembrando que "toda Astronomia se funda em Aristóteles". Seus interesses se voltavam aos diversos campos básicos de uma investigação da realidade existente.

Discordava de Platão, seu mestre, em suas teorias sobre a existência de dois mundos: um concreto, mutável, apreendido pelos sentidos; e outro abstrato, mundo das idéias, acessível pelo intelecto, "imutável e independente do tempo e do espaço material". Desacreditava das formas ideais platônicas, defendendo a existência de um único mundo... esse em que vivemos.

Como abordo muito a metafísica, ciência que se ocupa com a realidade além das realidades físicas de apreensão imediata sensorial, acho interessante a colocação de esse termo não é aristotélico, mas o que é englobado sob esse conceito, era chamado por Aristóteles de "Filosofia Primeira".

Suas reflexões o remetem ao fato de não deixarmos de ser "nós mesmos", independente das constantes mutações humanas sequenciais: infância, adolescência, idade adulta e velhice. Distingue algo que dá identidade ao ser, sua essência, sem a qual ele não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo, das características acidentais, que podem lhe ser inerentes ou não, mas que não o descaracterizam se lhe faltarem.

Foi o criador do pensamento lógico. Sob essa forma de raciocínio buscou explicações sobre questões como: "O que é o Ser?" e "O que significa existir?". Para ele, um Ser em potência, só pode tornar-se um Ser em ato, mediante um movimento. Um ato seria "a realização da potência e essa realização pode ocorrer através da Ação (gerada pela potência ativa) e Perfeição (gerada pela potência passiva)". Portanto, "ato e potência têm a ver com o movimento e matéria e forma com a ausência de movimento".

Um "ato puro" é identificado por Aristóteles como sendo o "Bem", visto que é sempre igual a si mesmo, não é nada em potência e nem é a realização de potência alguma, não é antecedente de nada.

Para Aristóteles, Psicologia é a "teoria da alma", que tem por base dois conceitos psykhé (alma) e noús (intelecto). Segundo ele, a alma é a "forma primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo"; o intelecto em sua atividade vai além do corpo. O organismo, em seu desenvolvimento e evolução, recebe a forma que lhe possibilitará "perfeição maior", fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é a alma".

No sistema aristotélico, a "Ética" , em sua preocupação com a felicidade individual dos homens é a ciência das condutas, cabendo a "Política" a preocupação com a felicidade coletiva da "pólis". Como para ele a Política tem por tarefa investigar e descobrir "quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva... ela é um desdobramento natural da Ética, assim como o Direito.

Lembram dos meus primeiros blogs de 2008, quando pontuava que Psicologia, Física, Direito e Ética se destacariam no novo milênio? Essas relações já eram defendidas por esses pensadores antigos. Pena que a capacidade de escuta para seus ensinamentos só tivessem ocorrido após tantos anos de civilização aparente. Talvez esse seja um indício de que estejamos fazendo uma revisão civilizacional, em prol de melhor bem-estar coletivo e de seres humanos mais felizes.

Voltando à realidade atual, ainda trago alguns ensinamentos aristotélicos como: A "virtude" ocorre no "justo ou meio termo", estado ideal a ser alcançado, e o "vício" na sua falta ou no excesso, estado a ser combatido pelo ser humano. A "moral" mostra como as disposições naturais, particulares de cada um e constitutivos de seu "caráter", devem ser modificadas para que se ajustem à "razão". Ressalva Aristóteles que "a auto-indulgência e autoconfiança exagerados criam conflitos e prejudicam nosso caráter".

Já Sócrates colocava que a "única ciência é a ciência da prática" dirigida, no entanto, aos valores universais, não aos particulares, sugere "a utilidade como motivo e estímulo da virtude. Essa adquire-se com sabedoria e se identifica mesmo com ela. Para ele, o "único meio de alcançar a felicidade, ou semelhança com Deus, fim supremo do homem, é a prática da virtude".

Ainda, segundo considerações de Rosana Madjarof, em seu texto sobre esse tema, publicado na internet, "Sócrates reconhece também, acima das leis mutáveis e escritas, a existência de uma lei natural -independente do arbítrio humano, universal, fonte primordial de todo direito positivo, expressão da vontade divina, promulgada pela voz interna da consciência".

Filosofia como disciplina obrigatória? Que alívio para as novas gerações!
Filosofia para manter "status quo" e direcionar reflexões nesse sentido, buscando domar a massa agressiva, sedenta de liberdade e poder decisório? Que perigo!

Aurora Gite
26 de março de 2010
21:15

Em tempo:
Indico "Criação Imperfeita - Cosmo, Vida e o Código Oculto da Natureza", livro de Marcelo Gleiser, Editora Record e sua entrevista do Programa do Jô, datada de 24 de março passado, que pode ser resgatada em http://video.globo.com

segunda-feira, 22 de março de 2010

"Rascunhos Compartilhados"

Agradeço muito o envio do e-mail que me possibilitou conhecer o espaço criado por Carlos Nepomuceno, realçado pela estética seletiva das imagens e frases colocadas, bem como por uma escrita refinada, muitas vezes poética, em suas assertivas e reflexões.

Não sei qual de suas funções priorizo: jornalista, professor, pesquisador, ou simples ser humano, filósofo em seu trilhar pela vida?

Fiquei envolvida por sua postura corajosa quixotesca, por sua atitude sábia de empreendedor ativo na busca da verdade e expansão de seu ideal de transformação de uma realidade desgastante e desumana.

Sua análise crítica da nova sociedade que desponta desde o surgimento da internet, segundo Nepomuceno, fenômeno histórico e sistêmico, me deu novo ânimo para retomar meus blogs.

É interessante sua perspectiva sobre as redes sociais que emergem nesse milênio, embasadas na tecnologia e ideologia dos blogs, na massificação midiática e alta velocidade para incorporação das informações. As pessoas em sua unicidade e liberdade de ação tem que dispor de capacitações como criatividade e ousadia, destreza e sagacidade para buscar a eficiente e eficaz aplicação dos ensinamentos nos universos individuais e coletivos, para que resultem em conhecimentos efetivos para os processos evolutivos de si mesmo como indivíduo e da sociedade em que vive.

Aprecio muito as pessoas que ousam colocar suas idéias inovadoras, que adotam posição humanista buscando o bem-estar coletivo, não desanimando por anos e persistindo na luta para se fazer escutar, ver reconhecido seu mérito, ser compreendido em suas interpretações sobre a nova civilização, que emerge aceleradamente, e a necessidade da adoção de uma nova postura para a harmonia interna do ser humano do milênio.

De acordo com Nepomuceno: " Hoje o mundo está vivendo uma grande revisão civilizacional".
Agrego que tudo depende da administração interna de cada um, para se motivar na busca desses amplos conhecimentos distribuídos gratuitamente.

Acredito também que minorize a , denominada por ele, "crise invisível na latência interna de cada pessoa, que não tinha meios nem canais para se expressar", e que se aprisionava em seu mundo interno, evitando a dor da discriminação e rejeição, pela exposição da unicidade e diferença da massa.

Nada é conseguido sem se bancar na conquista de uma autoestima positiva e ter coragem para confrontos saudáveis, pilares estruturantes da construção de uma casa interna resistente aos tsunâmis da vida, que nos fazem dar cambalhotas. É afundar, submergir e sobreviver. Uma praia segura para o desamparo atual parece estar no uso que será feito dos blogs.

Vale a pena visitar esse blog: "Nepôsts-Rascunhos Compartilhados". Patentes e roubos de idéias para que, se será o uso delas que comandará o milênio?

Computo como magistral as considerações de Nepomuceno sobre os blogs, ferramentas da "pré-ciência", bem como suas colocações sobre a mudança do "fazer científico":

"*Os blogs são o espaço adequado para a publicação das intuições dos cientistas...

* Lê quem quer e quem precisa!!!

* Espaço privilegiado para produção de "insights"... e toda ciência começa do insight.

* É um retorno a um neo-iluminismo, da produção individual, mesmo que repleta de coletividade.

* Quem quer chegar à verdade, não para de pensar, de refletir e nada melhor que uma página em branco, olhos e pessoas para compartilhar suas idéias.

* Este é, sempre foi e deve ser o espírito da ciência: a procura da verdade.

* O resto é visão turva... e cortinas do passado."


Vamos nos engajar nessa revisão civilizacional?
Aurora Gite
22/03/10
19:00