sábado, 14 de dezembro de 2013

"Auto-sessão" de psicoterapia on-line, nova modalidade?

Mudanças e mais mudanças... novas formas de viver... novos estilos de vida ... e tudo num ritmo intenso, dentro de uma rapidez alucinante, numa volúpia voraz por transformações internas para acompanhar o que ocorre no mundo nesse milênio.

Lá vinha eu refletindo sobre um aspecto que me é assustador no quadro atual, que é o produto mental padronizado mediante a postura de seres humanos com seu "potencial de inteligência", que, de forma irracional, nos dias de hoje quase que só estimulam suas mentes frente aos "games". O que me afeta profundamente é observar a geração que se cria na internet e na globalização, perder o interesse por manter o nível da comunicação e linguagem escrita e falada, substituindo-as pelo famoso "tô ligado!" e você "tá ligado na minha?". Quero traduzir isso por "estou atento, estou compreendendo...e você está focado em mim, estou despertando o seu interesse?" A certeza que tenho é que mais dia, menos dia, chegaremos a um encaixe, não perfeito, mas possível, nas formas de comunicação inter-geracionais, incluindo a geração que está despontando agora.

O que me fica claro é como se diferenciam os garotos do Vale do Silício e os físicos quânticos, mais distanciando sua "inovadora classe social". Contrapondo a esse fenômeno criativo transformador, é visível o ócio com o vício pelos jogos eletrônicos, cujo torpor terá alto preço a ser pago em futuro próximo. Aqueles atraídos, por horas e horas, pelo fascínio dos "games", não estarão mais no mercado de trabalho. Ou melhor, já estão em desvantagem acentuada, pois estão perdendo as características do perfil dos profissionais do milênio.

O milênio está cada vez mais exigente do empreendedor autodidata em constante aperfeiçoamento e , pela velocidade da necessidade de reciclagem de conhecimentos, se pararmos existe um espaço aberto a ser preenchido pela competência de outros. O mercado não fica a nossa espera, não fica aguardando que um "game over" ocorra, para então obter a atenção do candidato a profissional.

Nesse sentido, visando um diagnóstico desse período da Pós-Modernidade, não posso deixar de indicar, da série "Invenção do Contemporâneo", Cpfl Cultura, a palestra sob o título " O diagnóstico de Zigmunt Bauman para a Pós-Modernidade". Observem a perspicácia desse sociólogo polonês, nascido em 1925  - 88 anos bem vividos não? - e sua análise sobre a sociedade atual paralisada sob o medo, por ter atingido uma liberdade que se vê marcada pela agonia de, ao poder se considerar livre, não saber mais para onde se dirigir. Sintetizando e comentando suas ideias, de forma magistral, a presença mordaz e sábia, a meu ver, do filósofo Luiz Felipe Pondé.

Desperto a curiosidade de vocês, transcrevendo uma metáfora citada e analisada no vídeo, disponível pelo youtube, publicado em 26.11.2011 : "Vivemos como se estivéssemos sobre uma fina casca de gelo, se pararmos ela racha."(Emerson). Bauman retira dessa imagem a ideia para dizer, segundo Pondé, que "atravessamos isolados o deserto no inverno onde a casca do gelo é fina: se andarmos devagar, o chão racha." Vale conferir o paralelo que distingue as características da modernidade da pós-modernidade, como o homem atual se vê, impelido pela força do mercado, como a própria mercadoria de troca.

Para assistirem ao vídeo ou entrem no site cpflcultura/videos e procurem pelos dados acima... ou pesquisem pelo google.com: ponde e bauman/cpfl+youtube  e escolham Invenção do Contemporâneo ano 2011. Vale a pena se inteirar desse diagnóstico sobre o quadro social atual.

Nas ideias de Bauman destaco as que coloca o "ser humano anos-luz de encontrar solução para seus problemas", para a angústia de que parece haver algo de errado com ele ante a dificuldade de acompanhar as transformações que se avolumam em tantos setores ao seu redor, e para lidar com a preocupação com a administração da vida diária vertiginosa, abismal e violenta, que parece distanciar o ser humano da reflexão moral, da compaixão e da solidariedade com o próximo e consigo mesmo.

Nas ideias de Pondé, "como dar conta de você, se você não tem mais tempo?" E como ter tempo se você fala no celular, ou em dois celulares, ao mesmo tempo em que dirige, levando ou trazendo filhos da escola num trânsito infernal, se você tem que se preocupar com o trabalho, pois, se der mole, alguém passa por cima de você, se você tem que estudar além de tudo isso, porque não poder parar de estudar nunca, é reciclagem constante para perdurar como profissional competitivo atuante na função. Além de todas essas frentes com que se preocupar, onde você tem que se manter alerta e vigilante, você tem a "frente em casa", quando você chega cansado e tem que trabalhar a relação - as eternas DRs atuais - ou optar por ficarem como duas múmias, você e sua mulher (ou marido), sentados no sofá e vendo televisão ... E você ainda tem que "trabalhar você mesmo"?

Aí, por acaso, mas não tão por acaso assim, cheguei a esse site! Ao me dispor a ouvir o vídeo de 13.11.2013, logo me veio a ideia de se enquadrar numa alternativa psicoterapêutica pertinente ao momento atual, de crise financeira e de pouca disponibilidade de tempo e  mesmo pessoal, de espaço e boa vontade internas para realizar mudanças efetivas". A proposta do autor me pareceu abranger a possibilidade de uma "auto-sessão" de terapia, a quem quiser assim utilizar o conteúdo que ele se propôs compartilhar".

Coloco algum tópicos, para exemplificar o exposto:

* Entendimento bom é o dinâmico, que impulsiona não só a vontade de mudar, mas direciona para que mudanças reais sejam efetivadas. Uma explicação não serve para mudar nada. É tudo ilusão. Mobiliza mais autocobranças e auto-exigências, tipo "eu tenho que, eu devo, eu preciso". Com isso você se desconsidera, se ignora, se auto-desvaloriza. E uma "energia de valor" é necessária para a "prosperidade profissional".

* Você tem motivações, propostas, razões e um querer interior a serem respeitados. O ser humano não é feliz com 'obrigar a se ignorar'. Se bancar, se assumir, ter posse de si equivalem a sair do papel de ser escravo de suas cobranças e exigências e se colocar como patrão de si mesmo. Organizar seu espaço interno, colocar ordem para que tenha paz, aceitando seus limites e fazendo o melhor que for possível, se optar por fazer algo...

* Você tomar posse de si é respeitar seu "pique", sua condição psicológica. Se achar que é importante para você fazer algo e escolher então fazer, é se engajar no compromisso assumido com você mesmo, sem se largar no meio. Onde ficou sua força para decidir, o que mais valeu para você ao optar? É aprender a não se deixar na mão, não se desconsiderar. É resolver com responsabilidade o que você quer bancar e ser honesto consigo, pois o acerto é com você mesmo, assim como o é, o prazer e a curtição, após ter conquistado o que se propôs realizar.

E por aí vai nesse vídeo de aproximadamente 45 minutos - acredito que o tempo dos demais vídeos à disposição - o que equivale ao horário médio de uma sessão de psicoterapia. Escolhi essa sessão de 13 nov 2013 como exemplo, mas existem várias outras, visando reflexões relevantes para por ordem e ensinar você a se disciplinar com a finalidade de alcançar paz em seu mundo interior. O mundo on-line se tornou boa alternativa nesse sentido. Uma boa reviravolta, e mais eficaz, a quem realmente quer mudar. Experimentei, mas cada um que confira por si mesmo!

E o site, via canal do youtube?

http://youtu.be/sBb8RBCceGQ
ou
www.youtube.com/watch?v=sBb8RBCceGQ

ou youtube/gasparetto/13nov2013

As duas indicações estão também em:  http://twitter.com/ThompsonLM


Aurora Gite

Em tempo:

* Leram o artigo, na revista Psyche, sobre o livro de Birman que analisa as dificuldades terapêuticas da Psicanálise, quando seu projeto não se coaduna mais com os "imperativos sociais" atuais?
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psyche/v11n20/v11n20a13.pdf

** Ops! Não se espantem! Conheço as novas regras sobre o emprego do hífen. No caso, as que envolvem prefixos terminados em vogal e uma palavra começada por "r" ou "s", como auto+sessão. Sendo assim, de acordo com a "reforma ortográfica", dever-se-ia dobrar o "r" ou o "s" e, como no exemplo de ultrassom, eu deveria escrever "autossessão".
    Meu coração "chiou" agoniado e minha mente "reclamou" com raiva! Não me conformei e preferi usar um "neologismo" - palavra nova derivada de outra já existente, segundo o dicionário. Daí ter usado no meu título "auto-sessão". Considerem-na um neologismo, ok?

Nenhum comentário: