domingo, 1 de setembro de 2013

Quem tem o poder no mundo virtual?

Confesso que fiquei em dúvida ao dar um título a essa postagem.
A tentação inicial foi "Qual o poder atribuído ao educador no mundo virtual?"
Mas fui vencida por um título mais amplo, que abrange melhor a extensão da temática que quís desenvolver, e que muito me preocupa, no momento: "Quem tem o poder no mundo virtual?"
Várias ramificações surgiram, interessantes para futuras postagens. Não foi tão fácil manter um foco, como vão poder perceber.

Minha preocupação constante, percebendo a instalação de um "Big Brother", que todas essas divulgações de espionagem - traidores da pátria ou heróis futuros com papéis de destaque dentro da 'História da Humanidade" - dão a entender. Nessa luta por compreender "Quem é quem?", sempre tenho observado meu pensar cair na rede das "relações de poder", que a envolve.

Chegaram a pensar nisso?
Quem tem o poder nessa sociedade do conhecimento, ou da informação se preferirem?

Quem detém o poder de conter todo esse cabedal revolucionário das novas descobertas e não só a nível de processamentos e patentes, mas de armazenamento? Quem tem o poder sobre divulgar informações em momentos existenciais sociais, e o que está por trás da forma como isso ocorre? Que interesses outros se escondem por trás das operações realizadas no mundo virtual, acéfalas de lideranças virtuais para assumirem as devidas responsabilidades éticas sobre suas ações?

Ainda sinto grande desconforto, mesmo diante do fascínio com que esse "admirável mundo novo" me envolve, trilhando esse mundo virtual instantâneo, em sua acronia (ausência de tempo) e atonia (ausência de lugar). Mesmo não gostando das perspectivas que se delineiam, a meu ver, para médio e longo prazo, não há como não deixar de reconhecer a necessidade de procurar os referenciais identificatórios atuais para "buscar pertencer" a essa nova sociedade, que emergiu dos "destroços e da violência física e da vulnerabilidade do saber orientador do bem viver" do milênio anterior.

Quem tem o poder sobre o "design" dessa sociedade, que passa a conviver com "coisas que falam" via sensores (concepção animista), que se entrega fiel aos "cuidados medicamentosos via chips implantados no corpo", que assimila rapidamente o modelo de "computação em nuvens" e passa a adotar a "cultura virtual, da globalização e do ciberespaço (espaço aberto)"? Convém aqui abrir um parêntese para um esclarecimento, para quem possa não saber o significado de nuvem dentro do mundo virtual: "A 'nuvem' é um espaço de processamento e armazenamento de dados, que não depende de nenhuma máquina para existir" (Revista Veja, edição 2125, 12.08.09 - edição histórica que deve estar no arquivo digital ou virtual de Veja: acredito valer a pena ler esse artigo).

Quem está com o poder na época atual digital que propicia "cruzamento de informações instantâneas e simultâneas", trazendo análises e avaliações, de atitudes do passado e de intenções para o futuro, para o julgamento real e efetivo no presente, e com as devidas repercussões no aqui e agora vivencial? Até a Justiça está se permitindo retirar a venda de seus olhos, e se fortalecer o suficiente para exigir respeito a leis constitucionais de um bem viver, a cobrar juridicamente um agir transparente e um conviver pacífico dentro dos limites de uma ética de princípios. Como não reconhecer essa transformação de tal porte e não lembrar dos desígnios proféticos de Nostradamus, ou não recordar da depuração do joio dentro do milharal social dos "Homens de Bem"?

As informações estão aí prontas, ao nosso dispor. Ops, desde que haja energia elétrica! Problema ainda do momento em que o social é assolado pelos "apagões governamentais" e descuidos na manutenção e fiscalização em seus sistemas elétricos. Mas penso que graças ao raciocínio das máquinas tecnológicas com suas inteligências artificiais, logo vai estar solucionado; ainda mais com o desemprego do raciocínio humano, usado cada vez mais como serviço terceirizado para manter as máquinas operacionalizando as informações eficazmente.

Lembro do alívio que trouxe, para a população em geral, a distribuição de energia elétrica via "wireless". Bastava então incluir um aparelho através de uma senha de acesso, para poder acionar a Internet de um provedor, uma fonte estacionária a outras usuários móveis. É claro que tudo tem um custo! Sempre me pergunto: Quem detém o poder do corporativismo das operadoras do ramo? Uma nova e reduzida categoria social está se fortalecendo, e isso me assusta pela proximidade com totalitarismos desumanos e acéfalos em sua razão crítica, a quem o coletivo representa oportunidade para planejamento de estratégias para padronizar os meios de comunicação, transformando a diversidade das pessoas em igualdades que "destituem os sujeitos"  em prol da falácia das massas.

Indo mais além: Quem está por trás de todo esse comando tecnológico informatizado que detém o saber, sua seleção distributiva e sua veiculação operacional? Há algum tempo além dos poderes legislativo, judiciário, executivo, observamos claramente a ascensão do poder midiático, elevado à categoria de 4º poder, com sua capacidade de montar e manipular realidades. O mundo virtual não se submete aos simulacros e simulações, regalias de parte de representantes da mídia, que ainda se orgulham de manifestar o lado negro de sua força social, o lado "andróide" do pensar humano.

Quem detém o poder sobre o educar do pensar humano; educar para a contenção e o auto-gerenciamento do homem sobre suas pulsões (forças impulsivas inatas); educar a subjetividade para sua inserção na coletividade, educar a coletividade para o encontro marcado com seus pares na humanidade, cósmica e espiritual, como não?

Os preguiçosos, físicos e mentais, devem se sentir realizados, pois é só apertar um botão e ligar seus computadores, em vários tamanhos e tipos com seus acoplamentos a celulares, e logo observam uma tela que ao ligar já atordoa, a quem a contempla, pelo número de informações que surgem, acúmulo de saberes diversificados, buscando um espaço de maior proeminência entre anúncios, que se acotovelam e se sobrepõem mesmo uns em cima dos outros, num piscar infernal à visão de qualquer um, que tende a se concentrar, e se esforçar a focar sua atenção para informações que, realmente, lhe interessem.

Esse é um dos motivos centrais da minha preocupação sobre a educação da "geração y". O que vai restar no campo psíquico, cognitivo e afetivo, após a passagem da euforia das novidades dos jogos online, das salas de bate-papo e da ilusória distorção maníaca de conceitos e atribuições, visto amigos de anos de convívio, serem facilmente substituídos por "grandes amigos virtuais de convivío recente e esporádico, dentro de uma convivência passível de simulacros e simulações"? Vivemos na perversa época virtual do "me engana que eu gosto", e do incentivo de paranóias circunstanciais, medos inventados e assimilados como verdadeiros sem que nossa razão esboce qualquer contestação lógica para combatê-las. Sendo assim, evidências concretas, que estimulem um "sadio pensar e afetar psíquicamente", são manipuladas até o descrédito e desconfianças nas percepções reais. Onde vai se posicionar uma geração formatada para sentir esse medo irracional e, sobretudo, para não ter visão moral crítica, ou ao menos ponderar racionalmente e refletir sobre a validade para si do que lhe é imposto pelo social épico a que pertence?

O papel do novo educador chegava até mim de forma muito confusa, até alguns meses atrás. Agora vai-se clareando de uma forma positiva, por incrível que pareça. A meu ver, a formatação didática virtual e o manejo dos novos recursos e conhecimentos, está bombardeando currículos ineficientes e didáticas obsoletas, que mais visavam a manutenção do "status quo" de instituições, do poder governamental vigente e da meta oculta de uma produção de máquinas não pensantes, que se adaptassem à engrenagem do social pré-estabelecido. Nesse tipo de educar a ênfase recaia no acúmulo de informações, jorradas sem observância de sua prática para os alunos, que, desinteressados de matérias obsoletas, desistiam do prazer de aprender, do tesão da descoberta e da volúpia da construção do conhecimento.

No meio de tudo isso, surge um novo perfil de educador, que agrega a instrução, ou passagem de conhecimentos, que "somem algo para a formação integral do aluno". Com a Internet e a globalização surge a possibilidade de livre acesso às pessoas ao poder conhecer e se apropriar das informações fora das salas de aula e do âmbito familiar e social. O botão a ser acionado pelo educador é o de facilitar a conexão do aluno com um querer verdadeiro, que estimula sua vontade de aprender e sentir o tesão das conquistas autorrealizadoras - forças internas de mais valia ao criar novos conhecimentos e inovar, ou colocar sua produtividade no social, com um "know-how" imbatível por ser de seu patrimônio exclusivo e intransferível.

O ponto central do educador é encontrar brechas para conseguir que o aluno tenha essa amplitude de percepção advinda de "sentir a força do poder adquirido" com o "prazer de aprender a aprender"e depois desse processo a "querer transformar o apreender em resultados inovadores". O trabalho contínuo do educador dentro do mundo virtual  se volta a mobilizar a curiosidade espontânea dos alunos, propiciando que se tornem "eternos autodidatas" - característica imprescindível ao perfil pró ativo e empreendedor, que demanda a força de trabalho atual.

Emerge no ensino virtual um "educador-professor-empresário". Assim sendo, não só busca, em sua função de ensinar, o trabalho em cima do pensar, refletir, raciocinar, analisar, questionar, expor as próprias ideias, conviver com os riscos da exposição e possíveis frustrações por fracassos circunstanciais, mas ir +além voltando-se ao dialogar, criar, inovar. Busca como empresário de vídeo-aulas, recurso atual que ganha espaço no mundo financeiro do professor que passa a ter, como material de consumo, seu marketing pessoal promocional, conter as sensações das gratificações aparentes, que atingem todas as celebridades, sabendo ser capaz de manter a posição de humildade e dignidade aberta a trocas engrandecedoras na relação dialética entre mestre e aprendiz

Aurora Gite

Algumas indicações, pertinentes a vários aspectos do tema abordado:
* Palestra "Espaço,Tempo e Mundo Virtual" www.cpflcultura.com.br  - onde Marilena Chauí aborda a questão da contração do tempo e do espaço do espetáculo na cultura virtual.

** Visita ao site www.biologiatotal.com.br do professor Paulo Jubilut - vale conferir como chegou onde se encontra com uma nova didática promissora para o milênio virtual, e sua vídeo aula pelo Canal Youtube: "Fazer Cursinho ou Estudar Sozinho?" onde vão encontrar muitas referências para traçar o perfil do aluno virtual e do novo professor para lhe fazer frente.

*** Rever a entrevista de Roberto Shinyashiki (médico-psiquiatra e empresário palestrista)- abordando as competências para "vender ideias" e "convencer!" - Procurem em Rádio CBN-Mundo Corporativo, Programa de Entrevistas de Milton Jung . O blog de Milton Jung é www.miltonjung.blogspot.com.br



Nenhum comentário: