quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Por que tanta desconsideração?

É impactante a velocidade das mudanças, que se atropelam, em diversas áreas dos usos e costumes cotidianos.

Querem um exemplo?

Claro estava a alteração da dinâmica comportamental dos que viviam num social desumano, se adaptando para conviver, desgostosamente, com pessoas dentro de posições alicerçadas pelo egocentrismo.

O foco atual está nos celulares, na obsessão por "games" e busca da ilusão dos fáceis contatos virtuais, que necessariamente não representam o fiel da realidade dos envolvidos.

No entanto, agora, ultrapassam a expansão do consumo de celulares em seus diversos tipos, e atingem a restrição e decorrente abandono da telefonia fixa. Muitas famílias cancelaram suas antigas linhas de telefone, retiraram os aparelhos dos lugares privilegiados da casa, buscaram a decoração dos espaços vazios e tentam conviver com a estranha sensação, que abrange até a fragmentação e diluição dos meios dos seres humanos se comunicarem uns com os outros.

Há um bom tempo era grande o prazer de se falar ao telefone. Prato cheio para os amigos trocarem suas figurinhas relatando as aventuras do dia. Até namoros, ante a dificuldade das presenças efetivas, se processavam através dessa doce ausência. Cada um em sua casa, sentados confortavelmente, conversavam e trocavam intimidades, por longos e longos períodos, onde o passar das horas nem era sentido, ainda mais se o tom de voz era aconchegante e o conteúdo da conversa era acolhedor, não provocava ruído na comunicação.

Com o celular até essas conversas de peso perderam seu valor. Vale a regra do "vapt-vupt", tudo rápido pois não se pode arcar financeiramente também com o uso contínuo e prolongado. Para alguns passou até então a ter a função de um "orelhão de rua", uso maior ante emergências ou curtos recados, embora a desconsideração abranja até as filas que se formam atrás de alguém, que não sendo perturbado, não está nem aí para o que ocorra com as pessoas ao seu redor, com isso desrespeitando os direitos, que todos têm, de se utilizar desse bem de utilidade pública.

Mas como não é fácil substituir velhos hábitos, conter a frustração de ter que conviver com limites funcionais e, ainda, enfrentar a voracidade de desejos impulsivos, pode se constatar atualmente não só a disputa por celulares de 2 chips ou mais, conforme o mercado já demanda, o se digladiar nas lojas pela aquisição de lançamentos, o "status da marca" adquirido por altos preços, afago à vaidade e pretensão arrogante, por vezes, de quem os compra... mas pode-se facilmente comprovar o uso indiscriminado da posse de vários celulares carregados nas bolsas ou maletas de executivos, ou descarregados nas mesas de trabalho, de restaurante ou em casa ao lado de carregadores de bateria, tantos quantos forem os tipos de celulares.


Como esquecer do olhar de um "Professor Doutor", quando um jovem médico, em supervisão grupal, resolveu atender seu celular durante a sessão!

Com a displicência, desconsideração e desrespeito, comuns hoje em dia, começou a falar no celular, desatento à interrupção da supervisão e ao angustiante silêncio que passou a imperar na sala.

Ao se dar conta da situação, sem se melindrar, o jovem médico pede desculpas ao Professor Doutor, dizendo que poderia fazer o mesmo que ele não se incomodaria, enfatizando que ele poderia atender o celular quando ele tocasse, interromper a supervisão pela qual era responsável, e aliviar sua curiosidade se permitindo saber do que se tratava a ligação.

A atenção de todos recaiu na postura do docente e pasmados ouviram-no dizer: " Não vou me rebaixar e descer a sua posição desrespeitosa. Suba você ao meu nível, adotando uma postura digna e ética...Pode sair e continuar a sua conversa lá fora, se essa for a sua prioridade no momento. Nessa sala estamos em supervisão. Se estiver interessado em se aprimorar, é desligar seu celular e retornar a seu lugar, respeitando os limites que a situação demanda e a postura ética adequada à sua profissão."

O jovem médico permaneceu quieto, não saiu da sala, interrompeu a ligação, desativou o celular e se desculpou mais uma vez. Em nenhum momento se percebeu uma ação voltada a contra-argumentar o que ouvia calado.

Como seria bom, se as pessoas conseguissem "se bancar" e, com firmeza, estabelecessem os limites para uma convivência humana com "dignidade".

Vamos ter que conviver ainda muito tempo com o desconforto, a desconsideração e a agressão da inadequação ostensiva do toque em uníssono, algumas vezes, de celulares: "armas contra a harmonia social".

Toda relação humana implica regras e limites, através de contratos estabelecidos expressamente entre as partes envolvidas, ou implícitos. Acordos implícitos, que deveriam portanto ser observados e considerados consensualmente, podem decorrer dos limites que funções exercidas demandam.

Observando as "interações entre as pessoas", sob a perspectiva de "redes funcionais", fica mais claro perceber a invasão de limites ou a negligência, falta de empatia e mesmo de compaixão rompendo os elos humanos que mantém essa rede.

Cair na malha de pessoas desatentas não machuca tanto, mas cair na rede de pessoas manipuladoras e de má fé ao nos enredar causa muita mágoa!


Tenho procurado relacionar dados de Kreshe (Tecnologia Espacial) com a sincronicidade e a afinidade, fortes vínculos de energia afetiva entre as pessoas. Elos significativos ou vínculos funcionais valorizados dependem de posições espaciais dos envolvidos, da qualidade das energias emitidas e da hierarquização de forças pela forma como afetam os outros e se permitem ser afetados.

Quando os conhecimentos que temos estão aquém das informações que nos chegam, não podemos, por "vaidade ferida" ou "arrogante prepotência na defesa de saberes absolutos", denegri-los ou abandoná-los.

Penso que, viver com garra e determinação seja enfrentar a ignorância e o desconhecido com "volúpia", tesão por grandes prazeres não na dimensão sexual, mas talvez também, e perseverança que representa para mim a humilde coragem para enfrentar os riscos, cair e levantar "sacudindo a poeira" e persistindo na jornada em busca do conhecimento, da sabedoria e da serenidade.

Termino colocando o centro atual de minhas reflexões: "Como não atrelar as implicações dos campos magnéticos e gravitacionais, propostos por Keshe, com o núcleo central de forças e o espectro do caleidoscópio psíquico?"


Aurora Gite

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