sábado, 6 de julho de 2013

O Sentido do Futuro

Uma das coisas mais difícil de se aprender é soltar nossos sonhos e desapegar de expectativas obsoletas.

Uma das coisas mais belas é acompanhar os sonhos e expectativas das gerações que buscam dar "o sentido de futuro" para suas existências, reconhecendo que não fazem mais parte de nosso "design" e "time" de vida.

Uma das coisas mais dignificantes é se reconhecer o valor do papel desempenhado para que essa geração tenha conseguido se impulsionar e se recolher para assimilar as novas forças advindas da conquista interna da serenidade e sabedoria. No palco da vida não há interrupções entre atos, nem períodos de descanso ou para não se aceitar inversão de papéis e aderência às novas roupagens físicas. O nosso tempo cronológico não equivale em nada ao alternar sucessivo e contínuo do movimento do nosso tempo quântico.

Uma das coisas mais respeitosas é se aliar ao próprio momento de vida e reaprender a se erguer e conviver com o "ser só outra vez", se reequilibrando por si, ao abandonar as muletas das funções que a vida designou. No ciclo da vida as gerações sucessivas também reciclam suas vivências, mas acabam passando por experiências existenciais semelhantes. Pais deixam suas funções e as passam aos filhos, agora pais... que logo passam esses bastões aos próprios filhos, agora netos... e futuros pais.

Uma das coisas, ainda,  que vale a pena "se pensar e concretizar", é ir se reeducando aos poucos para ganhar o diploma de amadurecimento psíquico para, inclusive, acompanhar as próprias mudanças internas e as novas gerações encontrando seu lugar dentro dessa relação, respeitando diferenças sem invasão desrespeitosas ou imposições autoritárias. Cada um no seu espaço, dentro de limites não permeáveis muitas vezes!

Sem soltar as amarras das gerações originárias e caminhar sem a dependência de "muletas", não se caminha junto com a geração vindoura, que logo se distancia pela velocidade das atuais transformações tecnológicas e sociais e pelo acúmulo de informações que se sucedem e logo tornam obsoletos "saberes construídos"... mas deixam espaço livre para novas edificações, se enquadrando no perfil arquitetônico volátil do milênio, sustentado por sólidas estruturas de valores humanos fortalecidos.

Sendo assim, como não lembrar de Khalil Gibran?


Teus Filhos

    Teus filhos não são teus filhos.
São os filhos e as filhas
da ânsia de viver por si mesmo.
Vêm através de ti,
mas não de ti
e embora vivam contigo,
não te pertencem.
Podes outorgar-lhes teu amor,
Mas não teus pensamentos,
porque eles têm seus
próprios pensamentos
.

Podes abrigar seus corpos,
mas não suas almas,
    pois suas almas moram na mansão
    do amanhã, que tu não podes visitar
    nem mesmo em sonhos.
    Podes esforçar-te para ser
    como eles, mas não procures
    fazê-los como tu.

    Porque a vida não anda para trás
    e não se demora com os dias passados.
    Tu és o arco do qual teus filhos
    são arremessados como flechas vivas.
    Que teu encurvamento na mão
    do Arqueiro seja tua alegria.
Khalil Gibran

E o "Sentido do Futuro"?
Acredito que a missão humana no milênio seja que, cada geração, tenha a grandeza interna , e "por amor", encontre seu espaço dentro de uma alegre solidão com a força dos valores imutáveis que carrega dentro de si. Esse movimento não é fácil, mas que se consegue, consegue...! É aprender a conviver consigo mesmo, sem cobranças ou autoexigências, que não encontram sintonia  com a realidade. E "só consigo mesmo", sem buscar "utilidades ou funcionalidades", se aprimorar na "arte de ser livre e feliz", por "amor à liberdade e felicidade, que encontraram seu lugar de expressão no mundo"! 

Aurora Gite

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