quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Breve interrupção e prazer renovado

Breve interrupção e prazer renovado nesse recomeço.

Eis que retorno agradecendo alguns artigos e sites enviados. Sempre me comprometo com o material que me chega, seja de alunos, de profissionais afins ou da área clínica, de amigos. Os que me possibilitam trocas de experiências, respondo e crescemos juntos na relação.

Fiquei triste ao me deparar com o fechamento de um blog, que me interessou acompanhar, pelos grandes elogios à capacidade perceptiva e intelectual do bloguista. Percebi em dezembro o grande número de comentários, que lhe foram enviados. Gostaria que tivesse tido a coragem de manter o blog e confrontado preconceitos na esgrima das palavras e no escudo das idéias. Mas... cada um sabe das próprias limitações e, nós outros, temos é que conviver com nossos limites e frustrações.

Cada vez mais, buscando montar um painel, ante a enorme crise mundial, deixo-me embalar pela esperança de grandes mudanças individuais e sociais, em prol de melhores qualidades de vida e do bem-estar coletivo. É interessante observarmos as expressões artísticas e socio-políticas, as novas leituras que os diversos meios de comunicação já fazem em cima delas, o foco interpretativo e as análises agregando uma multiplicidade de perspectivas, bem como os juízos avaliativos e a formação de opinião que deles decorrem.

Adquiri em janeiro alguns livros, outros ganhei e me dei de presente em meu aniversário em fevereiro. Fiquei contente ao constatar que a visão de mundo e de homem do século 21, defendida por mim e por tantos outros, há alguns anos, cada vez mais se alastra.

Com a vitória de Barack Obama, quis conhecer um pouco mais sobre o "homem mais poderoso do mundo" e que teria tudo para alterar o cenário violento, monstruoso e perverso, que nos cerca. E eis-me a ler "A Audácia da Esperança"- reflexões sobre a reconquista do sonho americano - buscando acompanhar a estrutura mental de quem o pariu, seus sonhos e expectativas. O autor foi o próprio Obama. Ele o escreveu em 2006. Chegou até nós em 2007. Já clamava por um tipo diferente de política. Continuo confiando em seu potencial para enfrentar as consequencias de posturas irresponsáveis e de instituições -leia-se "grupos de pessoas"- desestruturadas, geradoras de todo o caos econômico e social.

Sempre leio concomitantemente de três a quatro livros. Sendo assim cito também " O Vendedor de Sonhos" (Augusto Cury) que me possibilitou o contato com mais um ser humano que defende e luta por ideais semelhantes aos meus, e que, no entanto, me propiciou contemplar o ponto crucial com grandes chances de acarretar a implosão do capitalismo num futuro próximo: a nova casta de escravos explorados, ou seja, a grande parte dos que exercem posição de liderança. Vale a pena nos permitirmos sermos apresentado a eles, ou vermos nossos reflexos espelhados neles.

Como nada é tão por acaso... agrego a esses "Entre o Passado e o Futuro", de Hannah Arendt. Através de suas reflexões a autora aborda a necessidade de uma revisão de conceitos que envolvem a ação política. Situa o campo da política dentro de um novo prisma funcional: o do diálogo com o outro, no espaço do mundo público, enfatizando a liberdade e a opinião. Sendo assim, enfatiza a maneira de pensar no plural e o ser capaz de pensar no lugar do(s) outro(s). Segundo ela, aí reside a habilidade política. Diferencia o campo da política do campo do pensamento, espaço para o diálogo consigo mesmo, local para o livre arbítrio na busca do acordo consigo mesmo e de respostas a perguntas metafísicas.

Somo a esses "O Mal-estar da pós-modernidade", de Zygmunt Bauman. O autor atribui como marca da pós-modernidade, afirmando ser uma necessidade que acompanha a velocidade das mudanças econômicas, tecnológicas, culturais e do cotidiano - a vontade de liberdade. Mera coincidencia?

Acredito que não, e sugiro que nos adaptemos a essa nova forma de raciocinar (baseada na interconectividade e interdisciplinaridade) cujo aprendizado veio via Internet , que busquemos cruzar todos esses dados que chegam de diferentes cabeças pensantes e de diversas localizações físicas, e que estejamos abertos aos novos conhecimentos que nos chegam para atualizarmos e deletarmos os que não funcionam mais para o século 21.

E agora?

Agora, depois de assistir ao filme "Curioso Caso de Benjamin Button" e focar, como bem coloca o artigo da Revista Veja, a vida em reverso, comecei a ler "Era dos Extremos- o breve século XX - 1914/1991", de Eric Hobsbawam, pois também, como o do autor, "meu tempo de vida coincide com a maior parte da época de que trata este livro ... era das ilusões perdidas". Será?

Que bom se fosse, pois poderíamos afastar a fantasia ilusória paralizante e aproximar a capacidade real de sonhar, entrando na "era de concretizar novos projetos de vida e de alcançar novas conquistas".

Para aqueles já cansados pela idade ou pelas dificuldades da vida, vale a pena resgatar a importancia da frase : "É preciso roubar um pouco da felicidade contida nos sonhos" para ganhar novo dinamismo, e, em vez de morrer a cada minuto, sobreviver, rejuvenescendo um pouco a cada instante de vida bem vivida, lembrando que "ninguém escapa ao tempo, mas o tempo escapa a todos".

Aurora Gite
Postado às 21.30 horas.

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