sexta-feira, 4 de junho de 2010

Aquilo que parece não ser, nem sempre não é ...

"A Profecia Celestina" de James Redfield... livro que ganhei de presente em 2000 e por tantos anos esquecido em uma prateleira. Não conhecia o autor. O nome não me sugeriu algo científico. Desatenção indesculpável comigo mesmo, pois aprendi muito com essa leitura. Verifiquei que foi escrito sua continuação "A Décima Profecia" em 2009 e já o coloquei na lista de consultas sobre seu conteúdo, para prováveis próximas aquisições.

Não me ative, na época, a uma investigação mais atenta e constatação que abordava a civilização maia e os Templos Celestinos ou Celestiais, localizados no Peru, bem como o encontro com a sabedoria revelada em um manuscrito. Na história o autor realça que não é o entendimento intelectual que traz esse saber, mas "...é a experiência (de cada um) que confirma o manuscrito... quando refletimos, de fato, em como nos sentimos dentro de nós, em como nossas vidas estão indo nesse momento da história, (aí é que) vemos que as idéias do manuscrito fazem sentido, que soam autênticas" (p.12).

Cada vez mais curiosa, procuro informações sobre seu autor. Gosto de acompanhar os autores inserindo-os na época e contexto em que vivem. Redfield, nascido em 1950, atuou como psicólogo durante 15 anos, agora é escritor, professor, roteirista e produtor cinematográfico. Queria saber mais, a meu ver esse leque estava muito solto, para acompanhar suas idéias e possíveis experiências de vida contidas no romance. Quais seriam os seus interesses mais específicos? Novas pesquisas pela internet. "Seus interesses estão voltados para a psicologia interativa, filosofias orientais e ocidentais, ciência, futurismo, ecologia, história e misticismo".

Já tínhamos grandes pontos em comum a meu ver que despertasse minha curiosidade para uma leitura mais atenta do conteúdo que buscava transmitir. Uma frase do autor me chamou a atenção: "Cada um de nós deve intuir o seu destino espiritual". Assim me aventurei com o autor no que chama "Uma Aventura da Nova Era" com tal avidez, e como me era tudo familiar, terminei a leitura em uma semana, anotei, cruzei dados, experienciei dentro de mim o tipo de energia que mobilizava.

Logo no início, em Notas do Autor, Redfield coloca algumas orientações, que tenho como quadros referenciais sob o prisma em que ele busca que sua obra seja compreendida, e sua expectativa sobre a atitude do leitor ao término da leitura:

"Há já meio século, uma nova consciência vem invadindo o mundo humano, um novo conhecimento que só se pode chamar de transcendente, espiritual. Se você se descobre lendo este livro, talvez já sinta o que está acontecendo, já sinta isso dentro de si... A história seguinte é oferecida a essa nova compreensão. Se comover você, se cristalizar alguma coisa que você percebe na vida, passe a outro o que vê - pois acho que nossa consciência do espiritual está se expandindo exatamente dessa forma, não mais pela publicidade e a moda, mas pessoalmente, por um tipo de contágio psicológico positivo entre as pessoas".


Procurei observar dentro de mim não só o processo de associação mental desencadeado por suas idéias, mas aonde conduzia meu sentir e a energia mobilizada pela absorção do que considerei seus pontos básicos. Sabia que idéias surgiriam em meu pensamento. O que precisava era estar atenta a sensibilidade que provocava e captar as mensagens intuídas.

Desde pequena me vi assolada por sensações de inquietação, muita curiosidade com o que existia ao meu redor, coragem e ousadia para mergulhar dentro de mim e me descobrir dentro da realidade que não me foi tão fácil assim, até por minha maneira de ser. Enquanto outras crianças buscavam brincar, mais introspectiva - me orgulho desse meu lado - meu interesse se voltava aos porquês da vida. Por que o ser humano só consegue se ver observando no espelho? Por que as pessoas tanto se diferenciam se entram no trem da vida e descem no mesmo local? O que viria antes: a idéia ou o pensamento? Como tudo é processado dentro da mente? Onde se localiza a memória?

Sempre gostei muito de ler. Gostava de ler Dostoiévski e os grandes pensadores. E me punha a pensar de onde lhes vinham tantas idéias. Nem de longe pensava em nossa capacidade intuitiva e em uma sensibilidade mais apurada. Sinto meu ouvido não ter sido direcionado para uma escuta musical. Não tinha o dom musical, mas admirava a disciplina e o controle sobre o corpo das bailarinas ou ginastas olímpicas. Por outro lado, que sensação de liberdade e plenitude ao apreciar o sol, a lua ou um céu estrelado e me questionar sobre o Universo. Meu peito se enchia da amor ao notar como formiguinhas conseguiam transportar nas costas um enorme folha, de forma ordenada e com rítmo. O mesmo ocorria ao vislumbrar o arco-íris, mesmas sequências de cores surgidas no contato da água com a atmosfera. Que inteligência estaria por trás de tudo isso?

Existem situações que me impressionaram de tal forma, que me recordo não só dos detalhes, mas do som da voz e até do odor ou sabor, se for o caso. Tenho dificuldade ainda em explicar como isso ocorre. Por exemplo, aos 12 anos conseguia estar tão atenta a uma aula de geografia sobre o deslocamento das nuvens, e toda a energia elétrica mobilizada, sendo meu entender imediato com a mesma sensação de familiaridade que me acompanha em alguns momentos de minha vida, ainda hoje. Lembro que nesse dia tirei uma nota 10 extra, pois a professora, surpresa de meu interesse, perguntou se eu era capaz de repetir a aula dada. Não sei como, mas eu tinha gravado tudo e segui toda sequência. Quando dei por mim, todas as colegas batiam palmas. E eu me questionava aonde tinha ficado todo esse conhecimento. Embora o primeiro contato tivesse sido naquele momento as informações me eram tão familiar.

Estas colocações podem parecer estranhas, mas emergiram da proposta do autor sobre reflexões buscando uma amplitude da consciência sobre nosso passado, estabelecendo um elo entre as coincidências que nos ocorreram. Nessa visão panorâmica, nesse alongar nosso "agora" afastando a "ilusão dos acasos" realmente obtemos maior clareza e melhor percepção sobre o propósito de nossa vida e mesmo sobre nossa missão espiritual.

Redfield destaca em nosso caminhar evolutivo espiritual rumo ao encontro de uma sintonia e sincronicidade com uma "consciência cósmica", a importância do treino e conquista de uma amplitude de consciência em seus níveis de compreensão, de uma lucidez perceptiva de que nada ocorre por acaso ( nem mesmo uma idéia em nosso pensamento- se surge deve ser investigado seu porquê), de um despertar da nossa massa crítica para estabelecer uma correlação entre a série de coincidências cotidianas, obtendo inclusive uma visão panorâmica da ligação entre nossas intuições.

As visões contidas no Manuscrito, encontradas cada uma a seu tempo, e assim também compreendidas conforme a evolução de cada um, estão voltadas para o crescimento espiritual humano. Conforme elas iam se desvendando fui me recordando de meu blog de 2008 "Quer receber um presente meu". Observo o mesmo caminhar em espiral, afunilando a energia, como que purificando-a e tornando-a mais leve para essa integração com a energia cósmica.

Achei muito interessante e para mim dentro de um movimento interno novo, a obtenção da consciência do tempo histórico, da "perspectiva do mundo humano dentro de um observar o tempo não na nossa perspetiva de vida, mas de todo o milênio", de forma a transformar nosso agora num agora mais longo. Lembrei muito de Blake e seu "Importância de uma Estrofe": "Ver o mundo num grão de areia, e o céu numa flor silvestre; prender o infinito na palma da mão, e a eternidade numa hora".

Continua o autor, expressando o segredo da existência humana, contido no manuscrito: "Sendo o Universo energia, irradiada por vibrações, pode-se observar padrões de energia e perceber campos energéticos".

Procurando acompanhar as idéias que surgiam em meu pensamento, recordei-me de quando acompanhei algumas pesquisas e experiências sobre bioenergia. Uma das mais simples, que qualquer um pode fazer, consistia em estando as mãos separadas em concha, uma na frente da outra,ir aproximando-as lentamente até sentir o campo magnético existente entre elas.

Outra pode ser observada focalizando adequadamente os olhos em alguém, tendo concentração mental e postura de meditação (relaxamento e quietude mental) é possível ter uma visão do campo de energia do outro. Lembram do filme "Patch Adams-O Amor é Contagioso" no início quando Patch quís ser e um dos pacientes lhe estende a mão com os dedos abertos e pede que lhe diga quantos dedos vê? Distancie um pouco seus dedos e obtenha um foco onde vai poder observar o campo energético que os cerca.

Partindo do pressuposto de que nossos pensamentos são energia, a qualidade das idéias que permitimos penetrar no nosso campo mental vai interferir na características dessa energia. Sendo assim, segundo uma das visões, ao nos conscientizarmos da interferência de nossas expectativas e desejos incontroláveis, dos "dramas de controle" aprendidos na infância, de como energias vitais nos são sugadas nas relações onde as lutas pelo poder imperam, é proposta uma nova ética interpessoal, consciente e coerente com o caráter evolutivo espiritual, que vai transformar a sociedade.

Essa cultura emergente vai estar voltada para a busca de uma sintonia vibratória mais ampla. O reconhecimento de que as pessoas não cruzam em nosso caminho por acaso, ou de que as idéias não surgem em nossa mente aleatoriamente, mas que sempre há uma mensagem a ser descoberta, nos permite vislumbra a grandiosidade dos encontros humanos mesmo os mais turbulentos.

O encontro com essas sincronias de coincidências, e o desenvolvimento consciente para sua percepção em curto espaço de tempo, vai possibilitar maior acuidade e rapidez intuitiva no que se refere ao que nos dá sentido à vida e ao nosso propósito ou missão espiritual. Isso nos remete a uma consciência cósmica, à percepção da energia amor, à apreciação da beleza aqui incluo liberdade, verdade (transparência) e justiça.

A expansão da percepção de que o "Universo reage sutilmente à energia mental que projetamos nele", vai nos mobilizar, nesse milênio, a ter maior atenção com a qualidade da energia que emitimos e absorvemos. Na nova era, de posse desses conhecimentos aumenta nossa responsabilidade de estarmos alertas para expressar o nosso lado bom, pensando sempre no campo energético que criamos ao redor e, se necessário, nos afastarmos daqueles que não nos possibilitem evoluir. O importante é não nos permitirmos engrossar o campo energético de violência e involução dos que buscam regredir seu nível consciente e espalhar a destruição ao redor de si.

Nós como seres humanos conscientes de nosso poder energético e capacidade de interferir diretamente no equilíbrio do planeta como um todo, cidadãos mundiais, temos o direito e dever de esclarecendo as coincidências de nosso passado, nos voltarmos objetivamente à missão de restaurar, nesse milênio, a segurança espiritual perdida, para o êxito do resgate da evolução e grandiosidade da raça humana.

Finalizo com as palavras dos editores (Ed.Objetiva - 77ª edição): "Você vai perceber como as previsões reveladas neste livro podem ser associadas aos fatos mais importantes do nosso século, e também aos nossos relacionamentos mais íntimos". Eu também me permiti embalar nas associações que propicia e que me valeram alguns encontros com o passado e devidos acertos de contas.

Aurora Gite
04.06.10
postado às 23.05 horas

Ressalva: James Redfield além de "A Décima Visão", já escreveu "O Segredo de Shambala: Em Busca da Décima Primeira Visão" e o filme sobre "A Profecia Celestina" já existe em DVD.











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