sábado, 7 de maio de 2016

Como explicar a uma criança a dor da morte?

Como explicar a uma criança que, em datas significativas é a "dor da saudade" dos que estão ausentes, que faz o coração sangrar, jorrando afeto? O pensar é frio em sua lógica e busca reprimir a expressão dos afetos.

Como explicar a uma criança que "imagens estanques em fotos", presas a recortes do que foi um momento passado, ao "olhar de ternura", ganham vida dentro de nós? E que não devemos nos envergonhar das autênticas expressões de nossa ternura?

Como explicar a "presença da ausência", que não concretiza vazio nem solidão, nem sofrimento de perda ou não posse, visto persistir a "união de almas"?

Não é a morte que nos arranca a presença física de pessoas significativas, que nos impede de pensar nelas e senti-las em nós. "Em mim você vive, filha!", embora exista sua certidão de óbito com o registro do dia 12.07.2015. "Eta" manhã de domingo impactante, nos obrigando a refletir sobre o "mistério da vida"!

O quanto valeu o "calor de um abraço tão carinhoso", sem ter noção que seria o derradeiro, a ser conservado vivo na "terna lembrança do afeto"!

Quanto vale a certeza de não carregar mágoas ou culpas, decorrentes de interações mal resolvidas! "Tudo zerado a cada instante de vida", conversado e esclarecido!

Como explicar a riqueza contida em diálogos francos e honestos, buscando resolver desavenças e tirar dúvidas, que minam os afetos amorosos e afastam as pessoas?

Por vezes, só pensamos nessas reflexões quando não temos mais por perto as pessoas que amamos, ou quando a presença da morte nos mobiliza à resgates mais imediatos.

Nada como a "serenidade" adquirida, após resgates efetuados à contento, visto obtermos a "calmaria interna e segurança" por ter dado nosso melhor!

Primeiro "Dia das Mães" sem você, Andréa do Amaral Cyrillo Dias. Filha, que sufoco! Não será fácil enfrentar as fantasias, ideias que jorram impetuosas e se chocam no mundo mental, mobilizando as dores de uma existência com sua falta, meu amor... Interações de boa qualidade não merecem viver envoltas nesses fantasmas mentais, menosprezando a realidade da energia espiritual que as envolve.

Só buscando "nossa união de almas!" e evocando a "gratidão" por sua vida ter sido interrompida (infarto fulminante com 43 anos, cercada dos três filhos, inclusive do tão desejado "temporão" de 5 anos); se foi da mesma forma que chegou em meu útero (9 meses antes da manhã de 23.03.1972, dia de seu nascimento).

Agora é nos permitirmos "expressar a dor da perda", aprendermos a "conviver resignadamente com a ausência", manifestarmos em palavras esse sofrimento "sem censuras ou repressões"... "amadurecermos emocionalmente ao lidar com dor da morte" e podermos "nos aventurar a explicá-la de forma realista", como fenômeno que faz parte da vida.

Ops, maior lição vem de procurarmos "bem viver nosso presente, enquanto ainda respiramos vida", o que significa, a meu ver, na "não escolha de morrer em vida, no tédio e estagnação mortal - física, psíquica, espiritual "!


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