sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Viva Memória de Roda Viva

Vamos desentocar algumas lembranças, novamente, as colocando na "roda viva" de nosso viver? Querem ver o que acontece ante o reativar e "tornar viva uma memória" ?

Vocês pensam que é o passado que influencia o nosso presente?
Ledo engano!
O que foi, foi. Não tem retorno, por mais que tentemos reavivá-lo. Por mais que queiramos mantê-lo vivo em nossa imaginação, já faz parte de um mundo ilusório.

Nosso presente é determinado pelo futuro. Sabia disso?
Estranho?
Pois é o que pretendemos fazer, "de" e "com" as nossas vidas, nossos planos e projetos futuros, que vão nos dar a qualidade da vivência em nosso mundo real.

Vou ilustrar o que afirmo acima trazendo duas estrelas em seu profissionalismo, que podem iluminar o caminho de quem quiser refletir com o transmitido em suas palestras, e que podem servir de referências por suas opções de vida... por coincidência, dois Robertos.

O primeiro é Professor de Ética e Filosofia da Unicamp, Roberto Romano, que em entrevista dada ao vivo, no programa Roda Viva (04/06/2007), assim colocava sua posição no mundo:
"Eu acho que, do ponto de vista pessoal, a minha posição é defender a vida política, a dignidade da vida política acima de tudo, contra esse tipo de ação absolutamente corrosiva dos nossos corruptos que tem seus foros privilegiados... Eu acho que o outro ponto essencial é a liberdade, é a luta pela liberdade do indivíduo e dos grupos... Eu acho que um elemento fundamental no Brasil é você lutar pela liberdade de imprensa. Eu acho que a cada vez que a imprensa traz a consciência pública sobre esses escândalos que existem sincronicamente, me parece que é uma oportunidade de o povo brasileiro deixar de ser menor de idade. Eu acho que isso é um ponto importante."

A íntegra dessa entrevista pode ser lida no site:
www.rodaviva.fapesp.br/materia/114/entrevistados/roberto_romano_2007.htm

Realço alguns tópicos para reflexão, pedindo atenção para a data da entrevista, pois a temática é atual. Expõe seus pontos de vista fazendo uma retrospectiva e análise histórica da formação estrutural do Estado Brasileiro:

* O ponto mais difícil, quando se trata da questão de ética é que "os costumes, justamente porque se transformaram em algo automático e quase natural, são os mais difíceis de serem modificados... Então você tem uma sociedade onde impera o favor, onde impera o compadrio, onde impera a violência face a face, essa sociedade não é tão facilmente modificada... esta ética da política, muitas vezes hedionda, vem em cima dessa base."

* Ao se referir ao combate à corrupção: " Veja, a Constituição de 88 deu um instrumento muito bom para a sociedade que é justamente a autonomia do Ministério Público...Desde então o MP tem cumprido com sua função de uma maneira admirável com algumas exceções gravíssimas... "

* "Mas o problema está na estrutura inteira do Estado brasileiro, que dá ao executivo prerrogativas quase que ainda mantendo as prerrogativas do poder moderador. Então é como se você tivesse um imperador que a cada período é eleito, quase sempre censitariamente, ele é consagrado por milhões de votos..."

* O chefe do Estado representaria um poder neutro, que teria por função "evitar os choques e as diferenças dos três poderes... Aqui, em 1824, ele foi colocado como um poder superior, e continua até hoje essa idéia de que o chefe do Estado tem essa supremacia na estrutura inteira do Estado. Isso é fonte de todas as crises, que no meu ver, se dão no Estado brasileiro".

* Mas quem é o responsável? Quem responde por...? Pontua o perigo da perda de capacidade de representação no Estado. O Governo não é o Estado, mas é visível esta confusão.

*A impunidade, ou melhor "a questão da punibilidade está ligada, no meu entender, ao outro lado, que é (a questão) da responsabilidade. Se nós analisarmos o surgimento do Estado moderno, Estado democrático moderno no século XVII... a idéia era de "accountability", de prestação de contas. Se o rei , ou a pessoa que mantém o cargo público não responde na hora ao povo soberano, perde, não tem manutenção do cargo." A impunidade também está ligada segundo ele a uma questão técnica de direito e a necessidade de reformas, considerando a prevalência do poder executivo como um perigo ao Estado brasileiro... mas os problemas vão além.

*Como fazer para exercer o direito como cidadão? "Eu acho que o problema é de ordem técnica, é de ordem jurídica e é de ordem cultural."

*Responde a questão sobre quem vai dar um jeito no Brasil, realçando o erro do "apoliticismo" e o poder dos eleitores, o "poder das urnas". Aponta a necessidade de uma reforma política com a valorização dos partidos e apresentação de programas e propostas para o país..." não tenho respeito por partido que vende voto e que se vende... Poucos têm uma idéia de sociedade, uma idéia de Estado, um projeto para modificar e melhorar o Estado... mas quando chegam ao poder, o programa onde està?... Se o partido tem um programa, se ele tem compromissos, ele tem que responder por essa corrupção, ele tem que responder por tudo isso. E nós temos na Constituição, os elementos que nos conferem esse direito. Isso, me desculpem, isso aí é letra morta. Se os partidos não se responsabilizam, evidentemente, você não vai ter mudança nenhuma."

*A moralização depende da população... O Brasil adoece de realismo político..."

Mais detalhes? É chegar ao site que contém a "memória viva" do programa Roda Viva.
Vale a pena!

E eu pergunto a vocês: " E aí? O que fazemos após ler essas considerações? Vamos catalogá-las como "letra morta", ou vão nos servir para alguma coisa? "

Para Que?
Só "en passant" lembro Arendt e sua diferenciação entre a coisa privada e a pública. A política faz parte da segunda. Envolve a rede de convivência e o bem coletivo. Sendo assim trago o exemplo de Roberto Shinyashiki.

Shinyashiki é médico psiquiatra e doutor em Administração de Empresas, se destacando como consultor empresarial, escritor e conferencista. Participa ativamente de projetos sociais que envolvem a solidariedade mundial. É citado como referência para palestras sobre carreira e sucesso, liderança e equipe, autoconstrução como ser humano feliz e autorealizado. Também busca transformar a realidade e abrir seu espaço na sociedade por seu próprio mérito e esforço.

Seu site: http://shinyashiki.uol.com.br/index.php/artigos

Transcrevo um trecho de seu artigo "O líder desperta o desejo de influência", que acredito conter novas perspectivas sobre esse tema liderança, podendo melhor direcionar programas de desenvolvimento e treinamento dentro de modelos participativos de gestão, que vão envolver a preservação da dignidade e a realização pessoal, o convívio político e diplomático no jogo das negociações, e a integração harmônica das equipes para melhor conviver respeitosamente com as diferenças individuais.

"A energia moral vem da capacidade em despertar respeito e admiração da equipe."
Isso altera a idéia clássica de liderança e do líder ser necessariamente extrovertido e comunicativo ...
Shinyashiki cita três habilidades hoje indispensáveis ao líder, por se constituírem em fatores que originam o "desejo do outro ser influenciado" :
-conhecimento ( as pessoas querem ouvir e seguir quem tem conhecimento),
-experiência ( há sempre a ânsia do novo, mas hoje é importante se cercar de gente que já fez o que você vai fazer),
- resultados ( pessoas que obtêm resultados são sempre uma excelente referência, têm o que dizer, e seus colaboradores desejam ouvi-las, porque querem trilhar um caminho de resultados).

Mais sobre ele?
É visitar o seu site.
Recomendo seu texto "A Grande Obra Prima" (publicado em 16/04/2007), pois talvez lhe ajude a responder o "Para que?".

E se quiser lê-lo, com fundo musical, é digitar:
http://www.comentandocomentado.blogspot.com/
e pesquisar os posts de 03/09/09.

Estou me habituando a dar uma passagem diária por esse blog. Nossa, como trabalham! Mas é visível a autosatisfação da equipe. E isso é incentivador.

Daí vem a pergunta: "E nós, estamos nos autorealizando com o que fazemos, como ser humano?"
Aurora Gite
Postado em 04/09/09, às 20:40 h)

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