quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Se promessa é dívida, então... "Saldando dívidas!"

Com as facilidades de poder sanar dúvidas e ir atrás de informações para aumentar conhecimentos específicos de interesse direto de cada um, esse milênio já delineia o perfil autodidata e empreendedor do profissional que deseja se inserir no mercado de trabalho e ter uma participação ativa também na sociedade em que vive. Não é ficar atrás da demanda da empresa e correr para atingir metas colocadas. Não é ficar satisfeito e estático depois de ter curiosidades desfeitas, pois com isso novos ciclos se abrem para terem seus processos de conhecimentos desvendados. O profissional, desse milênio, constrói seus diferenciais a cada momento.

Um saber adquirido já se torna obsoleto e a meta é inovar, inventar, criar e atingir novos saberes, que possam se integrar e agregar valor ao já conhecido. Esse é o perfil de ser humano que facilmente se insere na nova dinâmica (movimento de forças) do mundo do século XXI. Assim equipado internamente, esse profissional de qualquer área, está aberto a entrada de novos elementos na equipe sem que esses lhe representem ameaça de desequilibrar seu "status", por si só sinônimo de "estar ultrapassado". O foco é sempre a conquista do novo, a ousadia para enfrentar as mudanças e se aventurar aos momentos cíclicos constantes de desorganização (ansiedade) e busca de ordem (serenidade).

Sendo assim, continuo a transcrição do meu capítulo sobre "O profissional do século XXI e o impacto das transformações na equipe multidisciplinar de dor", lembrando que as referências bibliográficas das citações se encontram na postagem anterior:

"...A importância do trabalho em equipe não se encontra mais somente na integração de seus elementos e na sua disponibilidade de atuação direcionada a uma meta comum, mas em um contínuo caminhar desses profissionais, envolto em constantes reciclagens, aperfeiçoamentos, pesquisas e novas descobertas, levando sempre em consideração a melhoria de qualidade de vida do paciente com dor, da instituição para a qual trabalhe e de si mesmo como profissional.

Para os pacientes com dor, a valorização das equipes e de suas interrelações consideradas em um âmbito sistêmico, ou seja, permeadas por influências recíprocas e dinâmicas - envolvendo não só os elementos dessa equipe, mas o mundo das relações entre profissionais, os pacientes e seus cuidadores - possibilita a compreensão dessa experiência relacional que, em muito, auxilia no processo de cura, e pode ser propiciadora do alcance de novos patamares evolutivos para melhor compreensão do que ocorre neste aspecto.

Referindo-se a este aspecto interrelacional, talvez haja, neste momento, uma escuta capacitada a ouvir e captar a importância de algumas teorias da década passada. Fish (1988) assim se expressa: "Os físicos têm usado o termo placebo para referir-se a uma substância na qual os pacientes acreditam haver potência para curá-los em suas enfermidades - uma crença que se justifica - mas, quimicamente, não é passível de comprovação. Pedrinhas de açúcares ocasionalmente produzem curas espetaculares de doenças intratáveis." Realça a fé no processo de cura e a necessidade de terapeuta e cliente acreditarem em um ritual de cura, fator facilitador de adesão ao tratamento. Uma cura eficaz pela fé é um processo que tem lugar entre duas pessoas que acreditam. Sua "Terapia por Placebo" também se constitui em um método terapêutico, baseado em princípios da influência social e no acreditar que existem "forças muito mais amplas, que afetam virtualmente todos os aspectos de nossa existência social".

Lemgruber (1984) já abordava o fenômeno de uma experiência emocional corretiva, advinda da vivência relacional. "O como e o porquê ocorrem as curas em Psicoterapia Breve ou Terapia Focal, a possibilidade de se obter bons resultados com poucas sessões de terapia, e a justificativa de que, muitas vezes, é desnecessário um tratamento a longo prazo, devem ser buscados, não na contraposição de um "insight cognitivo" versus "insight psicanalítico", mas na EEC (Experiência Emocional Corretiva)", cuja base reside na aliança terapêutica. Segundo Lemgruber, ao encararmos o ser humano de uma forma globalizada, como uma "gestalt" (configuração total), verificaremos que a mudança de qualquer parte provocará a modificação do todo.

Hermann (1999), psicanalista, fundador da Teoria dos Campos, enfatiza a importância do campo transferencial na relação paciente-terapeuta, buscando resgatar o verdadeiro método psicanalítico interpretativo do que ocorre nesse jogo de interação. Realça o fato de que uma teoria nunca se sobrepõe ao que vem do paciente. Ela não deve informar como olhar algo, mas o conjunto de ideias, ou modelos referenciais, que a constituem devem surgir da "observação de fenômenos". Coloca a importância de se olhar o paciente como é, buscando a compreensão de seu sintoma ou explicação de sua patologia, postura bem diferente daquela do profissional que busca inserir o paciente em alguma moldura teórica pré-estabelecida... o que já torna questionável a utilização (prática) da própria Psicanálise.

Outro fato importante a ser apontado, através das colocações acima, é a união em torno do "homem", independente das escolas seguidas, e a busca de integração ao redor do "fenômeno observado" sob vários pontos de vista. Acrescentando-se a isso, a junção interdisciplinar e o aspecto corretivo da própria vivência relacional, não há como não reconhecer o mérito dessas equipes prontas a cruzar a passagem do século.

No atendimento direto ao paciente com dor, existem três vértices, em saúde mental, que deveriam ser observados sempre, a meu ver: o agir, o pensar e o sentir. Considerando-se que a dor é universal e que esse sofrimento físico e psíquico ocorre nos indivíduos, independentemente de suas características biopsicossociais, acredito que o importante, a ser relevado, é o propiciar ao paciente se manifestar, expressar sua dor e mudar sua relação com as próprias experiências, ou seja, re-significar sua vida, desfazendo sua linguagem interna do adoecer.

Nesse sentido, a nível psicológico, haverá momentos psicodiagnósticos e terapêuticos onde se torna mister uma "leitura no eixo temporal", que envolve predominantemente aspectos passados, presentes e futuros da vida do paciente, com a devida utilização de técnicas psicológicas e estratégias de determinadas linhas teóricas. Nesse eixo encontram-se  em um extremo, a Psicanálise, voltada para o passado, e no outro, por exemplo, as Terapias da Consciência, voltadas para o futuro.

Em outros contextos, a demanda inicial pode reportar uma "leitura no eixo espacial", necessitando o psicólogo de novas instrumentações para possibilitar que seu paciente possa aliviar ou bloquear situações ambientais, que estejam interferindo em sua vida e em seu quadro de dor. Neste sentido, o exemplo vem com Melanie Klein, pois, embora a terapia kleiniana situe o paciente no aqui e agora da sessão, ela enfatiza espaço e posições específicas de funcionamento mental. Também a Terapia Comportamental Cognitiva faz parte desse eixo, buscando, primordialmente, a quebra de crenças que circundam o espaço dos comportamentos disfuncionais.

Questionamentos existenciais, tão comuns em quadros de dor crônica, remetem o profissional a uma "leitura no eixo transcendental", que nos remete à dimensão espiritual, onde o resgate é do sentido da vida e da importância do viver, que mobiliza o profissional a buscar novos instrumentos técnicos e trabalhar, cada vez mais em sua profundidade, a qualidade das relações internas e externas a nível de equilibrar e alinhar as energias física, psíquica e metafísica. Terapias Fenomenológicas-Existenciais, Logoterapia ou Análise Existencial, Psicologia Analítica (Jung), aqui se enquadrariam, bem como algumas Terapias Alternativas, sem base científica, pelo menos até agora, embora apresentando efeitos positivos bem visíveis na condição psicológica dos pacientes.

Finalizando, todos os esforços de uma equipe multidisciplinar de dor e os recursos empregados por seus membros, dentro de suas respectivas áreas, deveriam visar a integração do ser humano, seu comprometimento com seu processo do adoecer e seu engajamento no tratamento e nas mudanças visando melhor prognóstico e qualidade de vida no mundo relacional. Só ao paciente cabe se prevenir e lidar com o "mal físico passageiro" de forma que não se repita, ou escolher a qualidade da convivência com a "enfermidade crônica" de maneira que ela contribua para enriquecer sua vida, descobrindo seu sentido naquele específico momento existencial de seu viver."

Acrescento agora:
Aos elementos das equipes, enquanto agentes de saúde, cabem o aprendizado de olhar as situações de atendimento sob várias perspectivas, abarcando amplo conhecimento do que as cerca, e se ater ao nível realista ao desempenhar suas funções, cuidando com atenção redobrada para se afastar do binômio idealização-ilusão de onipotência, se abstendo de se engajar em expectativas de "messias, salvador supremo, senhor soberano de um saber, que resolve tudo e em curto espaço de tempo", pois tais posturas só conduzem, como resultado final, a deixar pacientes e equipes desestruturados emocionalmente, frustrados, desapontados, ressentidos, hostis a qualquer tipo de intervenção benéfica a minorizar seu quadro clínico."

E onde estou em minhas pesquisas?
Revendo as biografias do pai da Psicanálise, procurando me inteirar de como surgiram suas ideias. Já registro que Freud sempre buscou integrar suas ideias e suas descobertas em estrutura conceitual, coerente e sistemática, respeitando os critérios da ciência da época; em sua prática clínica não era tão frio e distante. Descreveu e nomeou as forças em pares (ativas e reativas), cuja atuação observou através de seus efeitos nas condições psicológicas dos pacientes. E, uau!, " a natureza intrínseca das forças (psíquicas) não foi investigada"; partiu da observação das forças voltadas à vida (inovação e criação, crescimento e evolução) e à morte (repetição, inação, autodestruição); dos impulsos e defesas; libido e pulsões de morte, Eros e Tânatos...

Continuo buscando me aprofundar nas ideias de pensadores sobre a energia psíquica e sua dinâmica em nossa mente. Agora meu foco está em Merleau-Ponty, fenomenólogo existencialista e em sua  obra "O Visível e o Invisível", na importância que dava à intencionalidade e à facticidade na rede de experiências significativas dos seres humanos. Não sem procurar sua articulação com Espinosa e sua teoria sobre o jogo de forças energéticas na natureza, que ocorre nos encontros entre os seres humanos, dando, inclusive, sentido a seu viver.

Ah! Não fico sem cruzar esses dados com as informações e conhecimentos práticos de Deepak Chopra, médico ayurvedico e terapeuta quântico, que podem ser encontrados em vários vídeos no Canal YouTube. "Ayur" significa "ciência" e "veda" significa "vida", portanto "ayurveda" significa "ciência da vida". Consiste na "Medicina da Cura", futura medicina do milênio, penso eu.

O terapeuta ayurvédico tem o foco na "prevenção de doenças" e no "equilíbrio geral do organismo". Entre suas intervenções estão, entre outras, as práticas energéticas voltadas ao alinhamento da respiração e da meditação, yoga, homeopatia, acupuntura, fitoterapia, terapia floral, massoterapia, reik (não confundir com Reich, dissidente do grupo de seguidores de Freud, que desenvolveu a Teoria das Couraças de Caráter...vale conhecer suas ideias!).

Segundo dados coletados na enciclopédia livre Wikipedia, "Ayurveda é o nome dado ao conhecimento médico desenvolvido na Índia há cerca de 7 mil anos, o que faz dela um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade. Ayurveda significa, em sânscrito, Ciência (veda) da vida (ayur); Continua a ser a medicina oficial na Índia e tem-se difundido por todo o mundo como uma técnica eficaz de medicina tradicional. No Brasil é praticada principalmente por psicólogos e fisioterapeutas, mas está também sendo inserida no sistema público de saúde.

A medicina ayurvédica é conhecida como a mãe da medicina, pois seus princípios e estudos foram a base para, posteriormente, o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, árabe, romana e grega. Houve um intercâmbio de informações com o Japão (Budismo), que tinha a mesma necessidade dos indianos: criar uma medicina barata para atender às suas populações muito pobres e gigantescas; por essa razão existe muito da medicina japonesa nos conceitos de ayurvédica. As duas desenvolveram técnicas muitos eficientes e de baixo custo para o tratamento.

A doença, para a Ayurveda, é muito mais que a manifestação de sintomas desagradáveis ou perigosos à manutenção da vida. A Ayurveda, como ciência integral, considera que a doença inicia-se muito antes de chegar à fase em que ela finalmente pode ser percebida. Assim, pequenos desequilíbrios tendem a aumentar com o passar do tempo, se não forem corrigidos, originando a enfermidade muito antes de podermos percebê-la."

Indico este vídeo de Deepak Chopra "Tu Energia Interior" (Colección Mente Sana #3) completo.
Nesse vídeo encontrei boa parte do conjunto de ideias, que buscava para agregar à minha pesquisa.

Aurora Gite






Nenhum comentário: