domingo, 6 de setembro de 2015

"Como usar o movimento do pêndulo mental?"

Desde que comecei a articular as descobertas do mundo quântico com o psiquismo humano, tornou-se mais fácil constatar a importância do alinhamento bioeletroquímico com o mundo das sensações bioquânticomagnéticas e para onde me direcionavam tal conexão interna.

Qualquer um que direcione sua observação a esses fenômenos que ocorrem em seu mundo interno e sigam atentamente a movimentação da energia que os envolve, qualificando as sensações que o invade, podem acompanhar seu conforto ou desconforto, prazer ou desprazer, sensação interna de satisfação-aconchego-paz-plenitude ou de insatisfação-conflito-irritação-tédio-vazio... e por aí vai. Cada um que tente qualificar e quantificar o patamar que pode lhe indicar o parâmetro de seu "ser livre" e "ser feliz": o "núcleo de dignidade" de seu ser autêntico, de quem é realmente.

Com esse movimento interno revela-se outra grandeza de valores psíquicos além do ego/superego freudianos. Emergem valores internos da profundeza autêntica do ser humano, diferenciados dos valores impostos por outras pessoas ou pela sociedade que o cerca, que mais se aproximariam das descrições junguianas dos fenômenos intuitivos e  energias psíquicas transpessoais decorrentes do que chamou funções transcendentes.

A meu ver, são forças além dos princípios racionais intelectivos que regem as operações egóicas e superegóicas. Constituem-se em forças potenciais imanentes, códigos de valores intrínsecos, que brotam dentro do espontâneo e verdadeiro ser humano por trás das máscaras sociais. Não é tão simples bancar sua expressão na sociedade atual, com suas normas e regras voltadas para as padronizações dos indivíduos, assim mais fáceis de vigilância e controle. O preço, na maioria das vezes, é alto, quando se vai contra maioria não pensante que aprisiona sua sensibilidade, singular e única. Mas torna-se compensador no final, para os que conseguem assumir sua subjetividade e unicidade, e se orgulhar de sua individualidade e sociabilidade, preservando sua forma, autêntica e livre de ser, em seu viver!

Novamente indico o livro "De Pessoa para Pessoa: o Problema do Ser Humano, uma Nova Tendência na Psicologia, de Carl Rogers - Barry Stevens e colaboradores. São Paulo, Pioneira, 1976. Li em 1978. Reli agora em setembro de 2015. Mas, seu original data de 1967. E isto me fascina, pois espelha como só fazemos uma leitura compreensiva do que os outros buscam transmitir em seus livros quando passa a existir em nós uma campo propício para assimilar as ideias do autor; só aí percebemos nosso caminhar evolutivo como ser humano.

Rogers, nesse livro, propõe um "programa educacional" voltado ao ensinar a "aprender a ser livre". Psicoterapeuta, conhecido por sua técnica de "Terapia Centrada no Cliente", buscou em sua proposta sobrepor as lições aprendidas nas relações psicoterapêuticas com o processo ensino-aprendizagem e procurou aplicá-las ao campo da educação. "No clima psicológico especial da relação terapêutica, esses indivíduos atingem uma liberdade interior espontânea, existencial e criadora."(p.76)

Segundo Rogers (1976, p.64)): 'Hoje, existem enormes pressões - culturais e políticas - para o conformismo, a docilidade e a rigidez. Exigem-se a obstinação e a instrução apenas do intelecto para a eficiência científica. Queremos inventividade para desenvolver "máquinas" melhores, mas a criatividade em sentido mais amplo tende a ser suspeita. A emoções pessoais: a livre escolha e a individualidade têm pouco ou nenhum lugar na sala de aula." Questiona como alunos podem se salvar e sobreviver às modelagens dentro de uma cultura civilizada, que não nos deve parecer um problema tão distante dos dias atuais, não é?

Rogers  procurou ampliar a qualidade da relação terapeuta-cliente para a de professor-aluno. No livro descreve os elementos fundamentais para uma boa intervenção (congruência e autenticidade do terapeuta ser o que é, empatia com o cliente sem misturar seus problemas com os seus, aceitação incondicional e confiança na capacidade humana para se autodesenvolver) visando a liberação das camadas sociais que o revestiram, a integração do mundo interno do cliente verdadeiro e o acoplamento com seu potencial de ser livre e feliz. Uma aprendizagem voltada ao ensino para ser livre, o sucesso do processo visa, segundo ele, liberar a "iniciativa responsável, a criatividade e a liberdade interior". O maior obstáculo reside na "cultura contemporânea que, quase nunca, deseja que as pessoas sejam livres, apesar de muitas afirmações ideológicas em contrário."(p.77) Ops, tá descrevendo a sociedade do início do milênio em que vivemos?

Já nessa época, Rogers defendia uma "dinâmica voltada para uma educação moderna", onde o núcleo essencial do processo ensino-aprendizagem seria o "aprender a ser livre". O trabalho a ser realizado seria voltado ao ensino centralizado no aluno, com finalidades específicas voltadas a essa meta: "... nos interessamos pelo desenvolvimento da pessoa que tenha iniciativa, originalidade e responsabilidade." (p.76). Não é o espírito empreendedor, pró-ativo e inovador, que esse milênio demanda?

Uma forma de educar cujos objetivos foram por ele assim delineados, conforme transcrevo abaixo da página 66, do livro acima citado: " O objetivo... é ajudar os estudantes para que:
* se tornem indivíduos capazes de ter ações espontâneas e sejam responsáveis por essas ações;
* sejam capazes de escolha inteligente e auto-orientação;
* sejam capazes de aprendizagem crítica, de avaliar as contribuições dadas por outros;
* que adquiram conhecimentos importantes para a solução de problemas;
* que, o que é ainda mais importante, sejam capazes de adaptação flexível e inteligente a novas situações problemáticas;
* que interiorizem uma forma adaptativa de enfrentar os problemas, empregando livre e criativamente toda a experiência adequada;
* que sejam capazes de cooperar efetivamente com outros nessas diferentes atividades;
* que trabalhem, não para a aprovação de outros, mas em função de suas intenções socializadas."

Agora vou acionar o pêndulo do tempo e indicar a entrevista do neurocientista Miguel Nicolelis (54 anos) para Roberto D'Ávila (Globo News), nesse mês de setembro de 2015. Disponível no Canal Youtube. Vale assistir! Quem não se recorda do chute efetuado por um exoesqueleto acoplado a um paraplégico, que utilizou a interface computacional cérebro-máquina, o poder da mente, para ativar censores que controlavam seus movimentos dos membros inferiores.

Nicolelis nos tranquiliza, no entanto, afirmando que não há porque ter receio do mundo robotizado, cujo aprimoramento avança velozmente, como tudo nesse mundo da conectividade globalizada e interatividade em tempo real: "Estamos além da capacidade dos robôs... somos organismos, produtos aleatórios com linguagem mental; não somos organismos reduzidos a planos de construção. a um algoritmo computacional... O cérebro está sempre mudando rapidamente e se adaptando ao que nós oferecemos a ele... Nossas pesquisas se voltam a descobrir como os neurônios conversam entre si por sinais eletroquímicos e, entrando em atividades ou interações entre si, geram comandos."

Continuo com as palavras de Nicolelis, autor de vários livros: " Sou muito otimista em meus 54 anos. O que me emociona é presenciar a superação do ser humano, seu uso do cérebro para o Bem (não mais para a destruição); é ver seu desejo ou ato de crescer ...

Para mim, " a Ciência é mais uma manifestação artística do cérebro humano e os cientistas são mentes criativas, que se recusaram a pensar como a maioria."

"Como defino, hoje, o que é ser um neurocientista?
É ser criança; é ser criança para o resto da vida.
É ter a liberdade de criar.
É aceitar o desafio de se comprometer a criar com liberdade de agir." (Miguel Nicolelis)

Agora volto ao início desta postagem que resolvi intitular " Como usar o movimento do pêndulo mental", esperando que a agitação subatômica (quântica), advinda desse movimento interno, possa ressoar muitas reflexões sob novos prismas, e contribuir para muitas ações inovadoras voltadas para o "criar com liberdade de agir"

Aurora Gite

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