sábado, 26 de setembro de 2015

O que esperar da nova geração?

Penso que a maior lição que aprendi da vida é que não adianta querermos interferir no "trajeto do destino", pensando no bem alheio, ou próprio. Confesso minha preocupação até aqui pela geração que adentra e se cria no novo milênio, envolta, em sua maior parte, por extensa cerca do arame farpado da "indiferença".

É um erro tentar sobrepor, em nossas análises, recortes estanques de heranças de tradições congeladas em um tempo passado, e circunstâncias emergentes nos tempos atuais, com "presença dinâmica no real". Como não se compadecer ante seres humanos se acotovelando e se comprimindo por espaço em trens e ônibus na busca de refúgios para si e familiares? Como não se assustar ante a visão da perversa conduta de "humanos robotizados": guardas, fiéis cumpridores de ordens, e repórter dando rasteiras também impedindo o ir e vir de pessoas que buscam abrigo em outros países?

Como não se agarrar a lampejos de esperança de que a "dignidade de ser humano" passe a ser enfatizada em decorrência do mundo digital globalizado? Atrocidades passadas em tempo real e distribuídas em vários lugares ao mesmo tempo, obrigando a questionar atuais "sistemas sócio-econômico-políticos". "E a base econômica que vai determinar como vai funcionar a superestrutura (instituições políticas, jurídicas e ideológicas), não o disse Marx (vale rever as ideias de Karl Marx)?

O perigo para a divisão de classes, no sistema capitalista, reside em que os indivíduos da classe dominada tomem consciência do que lhes ocorre. A base econômica mundial, a meu ver, começou a ruir há algum tempo levando consigo toda a gama de conceitos como divisão de classes, ideologia do capital e mais valia, lucros e excedentes acumulados... hoje cada vez mais distantes de concentrarem o bem estar social.

Atualmente, quem duvida da raça emergente: geração autodidata digital, formada por individualistas, em nada egoístas em seus compartilhamentos e defesa de direitos do que consideram pertencentes ao humano em cada um de nós; insurgentes contra exclusões, como o provam suas constantes inclusões no coletivo global?

Raça emergente do mundo digital, que reconhece o poder da meritocracia, a força da distribuição igualitária de oportunidades e a importância, para a evolução do ser humano, do "fazer por tornar a vida digna" de se viver.

Mundos idealizados, embasados por fantasias, muito distam do momento vivencial de cada pessoa. Isto vale para quaisquer interações humanas, sejam até parcerias conjugais e parentais. Muitos ousam mistificar a transparência dos vínculos afetivos, ou procuram se enganar quanto à realidade dos elos que os ligam a determinadas situações e pessoas, pré-demarcadas pelo enquadre em papéis e funções sociais.

Mesclar vivências e fugir das aprendizagens necessárias para a evolução como ser humano, só tende a "mobilizar do destino" repetições de eventos semelhantes, em contraponto ao que se delineia ante uma leitura acertado do que o destino nos reserva.

Ao incorporarmos as "lições do destino", percebemos nossa liberdade para escolhas conscientes, e nossa responsabilidade pela qualidade de "nosso viver o presente". Não é o que a nova geração reflete, ao convocar passeatas, movimentos de rua em prol da justiça e do resgate do orgulho de ser brasileiro, nesse período onde a corrupção devasta qualquer ação patriota em prol da dignidade do Brasil?

Não há culpas sobre desencontros ou erros, ou exigências de perfeição e sucesso. Tudo "é como é", desde que alinhado a quem realmente somos em essência. E se assim não for basta "deletarmos" de nosso convívio "amigos pela internet", nova terminologia cuja compreensão urge de ser alçada pelos componentes das gerações anteriores... ou logo serão ele os "deletados".

O importante é ter como mantra: "Sempre somos, ou nos tornamos, capazes de bem conviver com nosso destino!" Seja ele qual for, será sempre bem vindo com sua imprevisibilidade anônima e suas incertezas angustiantes sobre os caminhos apontados a serem trilhados.

Esse "desapego afetivo" do que é obsoleto, transitório e disfuncional para a realidade em que vivem, a nova geração digital tem aprendido muito bem, penso eu. O que parece a você? Tente traçar um perfil da nova geração, para não se assustar com o impacto, que poderá ainda lhe causar!

Aurora Gite

P.S.: Vale para os dias atuais, para ajudar a refletir sobre "Quanto tempo tenho?" assistir ao filme "O Capital" disponível no youtube
https://www.youtu.be/xL8hXYGg8mA via@YouTube

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