domingo, 18 de outubro de 2015

"Alea jacta est"!

Gosto de pensar que verdadeiros cientistas, que amam seu saber, são aqueles que passam, com orgulho, o bastão do conhecimento a quem os sobrepuja na maratona das descobertas. Sabem eles, no entanto, que ante o surgimento de novas hipóteses teóricas e evidências pragmáticas enquadradas no campo das ciências - melhor dizendo, que possam ser observadas por muitos, comprovadas em suas repetições, registradas em sua amplitude de atuação - novamente o bastão poderá estar em suas mãos.

Acredito que o sentimento de posse e a defesa ferrenha e competitiva de ideias e mesmo de pessoas que exerçam papéis e funções ao lado de outras, representem o maior enclausuramento interno do ser humano, responsáveis pela hostilidade, rivalidade e violência nos dias de hoje. A meu ver, a ciência está aquém de apegos, interesses pessoais, vaidades, desejos por glórias e destaque: necessita de humildade e modéstia para sobreviver. A meu ver, a ciência está muito além de interesses mesquinhos e possessivos, que a sufoquem. Descobertas científicas pertencem ao mundo não mais privativo dos que as observaram e teorizaram, mas passam a ser legado público.

Humildade e modéstia do cientista é o que o faz se desapegar das descobertas, e entregar o bastão de seus achados a quem agregue valor a eles. Como diz Amit Goswami autor de muitos livros, dos quais destaco A Janela Visionária, A Física da Alma, Criatividade Quântica): "Não tenho que provar nada a ninguém. Espero que estejam disponíveis à compreensão das experiências por mim relatadas. Respeito divergências". Essas frases foram ditas em entrevistas que ainda podem ser assistidas via Canal Livre/YouTube. Interessante observar as cobranças intelectuais onde implícito está: "Tem que transmitir de forma que se entenda!". Esquecem que cada um tem seu tempo de assimilação para incorporar algo novo, até então desconhecido. Não levam em consideração que o significado das palavras e imagens, quando não representem vivências diretas, depende do grau de evolução interna de cada ser humano, livre e responsável por seu foco seletivo e articulação de saberes, espalhados até então impossibilitando uma leitura compreensiva, que os integre num "todo" holístico, mais universal e não personal.

Para os que se interessem em ter uma noção de como está o caminhar da ciência e o trilhar dos cientistas na nação brasileira, recomendo que assistam a entrevista completa da neurocientista Suzana Herculano-Houzel à Roberto D'Ávila (www.globosatplay.globo.com/globonews/v/4380383/...), onde além de relatar as recentes descobertas sobre o cérebro humano comenta sobre as dificuldades de recursos, não só financeiros mas de equipamentos, com que sua equipe de cientistas se defronta.

Continuo buscando elementos para comprovar minhas hipóteses de que Sigmund Freud foi o primeiro a observar e manipular os efeitos da energia quântica dentro de nós; de que a Psicologia, a psique ou o aparelho psíquico pertencem ao campo da Física Quântica; do bioeletromagnetismo integrado a bioeletroquímica. Pelo Google, procuro dissertações de mestrado e doutorado sobre o "Projeto para uma Psicologia Científica" de Freud. É fascinante nos aprofundarmos sobre várias visões e análises dos que estudaram a perspectiva das ideias freudianas sobre a tentativa da construção de sua Psicologia Científica (1895). De meu lado, já articulo se o que Freud chamou de "fuga de estímulo" não seria o equivalente ao que a Física Quântica descobriu e chamou de "colapso de onda".

O processo do nascer de ideias na mente de um cientista não é fácil. Pelo contrário, é muito sofrido e angustiante até encontrar um elo significativo que amplie sua observação e consolide sua compreensão. Com Freud não foi diferente. Compartilho e convido também a que assistam o documentário sobre Freud; "Análise de uma mente - Freud" em www.youtu.be/-op3s6s-yw4 via@YouTube . Fornece um perfil menos idealizado de Freud e nos possibilita parear suas descobertas com sua personalidade radical e possessiva, sua lógica predominantemente racional... colocando em aberto seu potencial por vezes hostil, agressivo e suas manipulações vingativas direcionadas a seus discípulos divergentes.

Fecho essa postagem citando alguns autores atuais que abordam a espiritualidade nos novos tempos, como Deepak Chopra em "O Futuro de Deus" - São Paulo: Editora Planeta, 2015. Interessante suas colocações sobre a origem de ideias abstratas como a de Deus, e sua abordagem sobre a versão de Deus 1.0 diferenciando da versão de Deus 2.0, do milênio.

Segundo Chopra, na versão 1.0, que predominou até agora, o foco da criação imagística se concentra nas necessidades, que cada um projeta na figura externa de Deus; na versão 2.0 dos novos tempos, ocorre a receptividade interna à presença do divino no humano. A conexão é com o despertar da vivência de Deus em nós. O ser humano do milênio pode abandonar religiões organizadas, mas se manter fiel à Deus e à fé pessoal no poder de sua força autotransformadora.

Penso que o despertar interior da presença do divino advém do contato com o "núcleo de dignidade", onde se concentra a essência de nossos valores éticos subjetivos, e da incorporação dessas forças que levam a uma "vida digna". A presença dos acertos na vida é intuída pela prévia sensação de harmonia, aconchego, paz e serenidade que denota o sucesso na tomada de decisões. Possíveis erros ou fracassos que independem de nossas ações, não devem nos afetar a ponto de abalar a fé e a autoconfiança em nosso bem escolher. É manter a certeza de, naquele momento e circunstâncias, termos feito o melhor que podíamos.

Não cabe ao divino, em nós, adivinhar o futuro!
Mas cabe, a nós, nos desapegarmos, aceitarmos e nos resignarmos, pois ante cada escolha consciente nossa: "Alea jacta est"!

P.S.: "Alea jacta est" (latim) significa em português " O dado está lançado", traduzido também como "A sorte está lançada".

Não é mera coincidência se correlações surgirem com o período de guerras atuais onde israelenses matam irmãos palestinos e vice-versa, em virtude de ideologias passadas de geração a geração e doutrinas institucionalizadas; hostilidades e ideias de vingança acumuladas, que explodem em bombas jogadas contra multidões, ou presas ao corpo em auto-sacrifícios, assassinando a esmo crianças-jovens-mulheres-idosos... Como explicar essas posturas nos dias atuais? Não há ciência humana que dê conta. Não há conceito, em saúde mental, que abarque explicações para tais atitudes.

A única certeza é "Alea jacta est"! e que cada um carregue as consequências de seus atos como "ser humano único" que, em seu íntimo (alma), é portador do divino a quem vira as costas nesses momentos de "loucura consciente, pois sabem o que fazem".

Lúcia Thompson



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