quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Você quer receber um presente meu?

Ei você! É você aí mesmo que, surpreso olha para trás e para os lados, procurando se certificar se é com você mesmo.
Quer me permitir dar um presente à sua imaginação? Então abra suas mãos em concha para recebê-lo, depois feche em seguida para que não perca o brilho. Você vai poder usufrui-lo em várias ocasiões de sua vida. Garanto que quando envolto pela escuridão, lhe vai servir de lanterna.

Por que esse espanto? O que é isso? É que esse objeto caiu em desuso, não é? Pois você está segurando uma ampulheta. Relógio de areia? Símbolo do tempo? Nascer e morrer? Está chegando perto agora. É um objeto que pode nos conduzir a uma alquimia interna mesmo,a uma transformação química de forças.

Pense na base da primeira pirâmide como seu potencial natural,sendo invadido por tudo que o cercava, quando se deu por "gente" - não "pessoa" ainda. Lembre, de como foi difícil sobreviver, sem saber nadar no mundo e tendo que articular circunstâncias da vida; de quanta água bebeu ao afundar ante tempestades e trovoadas; do medo ante ondas tão altas e revoltas. E a cada mergulho forçado, turbilhão e conflito.

Pouco a pouco, no entanto, você conseguiu se reequilibrar ganhando a força necessária para atingir o cume dessa pirâmide. Que sensação! Que satisfação perceber que de um estado de "não ser" como indivíduo, conseguiu selecionar e acumular valores próprios, e observar seu "ser único" despontando. Mas e agora? O que fazer com isso?
Tanto trabalho para se "individualizar", para depois se descobrir grandioso sendo um grão de areia, tão pequena partícula na imensidão do mundo? Como fazer para se inserir na vida novamente?

Observe mentalmente o objeto em sua mão. Percebe como é feito de duas pirâmides? E que a segunda está invertida sobre a primeira? Então, mãos à obra, seu trabalho não terminou. Se você partiu do "não ser" e chegou a condição de "ser único", vai ter que conquistar a posição de "Ser". Como? Por que caminho?

Se antes a batalha era pelos valores pessoais e intransferíveis, vencendo desejos e fantasias ilusórias transitórias, agora vai ser pela conquista das virtudes. Virtude é força também sabia? Mais forte e estável que os valores existenciais que você conquistou. Só que, como o sentido de parábolas ou mitos, não é decodificado por muitos. Sua voz não é audível a todos. Os sentidos físicos não a apreendem. Você quer ver? Serenidade é uma virtude; observe o efeito dentro de você. Quer que lhe diga outras? Moderação, coragem, firmeza, prudência, honestidade e lealdade, temperança, equilíbrio, generosidade, decência, simplicidade; ousadia e audácia bem empregadas também o são. Talvez você já possa arrolar algumas agora. Quer tentar?

Se antes, após sobreviver aos "tsunamis" da vida, pode contar com a agilidade de garbosos cavalos, agora vai ter que buscar um "unicórnio". Não sabe nem o que é? Sabe, mas não acredita? Que pena! É um animal mitológico, que tem a forma de um cavalo, geralmente branco, com um único chifre em espiral - talismã de poder soberano. Representa a ascendência espiritual humana. Sua compreensão não cabe à razão lógica. Sua imagem vem associada a pureza e retidão de espírito, honestidade e liberdade, paz e coragem, esperança e amor.
Ele é raro hoje em dia, porque, para que esse encontro ocorra, temos que contar com a sensibilidade intuitiva do coração e a maioria das pessoas dela se afastou.Ele pertence a outra dimensão do ser humano. Ele é o responsável pelo sentido de sua vida. É símbolo do "poder da alma", guardião da riqueza por toda alquimia conseguida.

Não creia nisso só porque digo,não! Experimente em você. Conte com sua imaginação para isso. Ela pode levá-lo para o abismo do tédio, do vazio do nada, abaixo da base inferior da ampulheta, mas também pode levá-lo à plenitude e alegria ao atingir sua base superior.

Agora é se permitir aprender a usar esse presente. Algum dia vai me agradecer e contar como lhe foi útil. Pelo menos, assim espero!
Aurora Gite



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