segunda-feira, 18 de maio de 2009

Um contraponto quântico

Ontem tive a oportunidade de assistir a outro documentário sobre "Universos Paralelos" e levei um susto quando, ao final, alguns físicos teceram esses comentários:

"Ao final desta longa busca, a ciência descobriu que o Universo, que buscava explicar, talvez não seja tão especial. Não é nada mais do que um infinito número de membranas, apenas um de muitos universos, que compõem o multi-universo."

"A Física está preparada para o último vôo da imaginação: criar seu próprio universo sem qualquer mistério ou qualquer dúvida...criar um universo em seu laboratório... Na verdade é muito seguro criar um universo em seu porão...um universo exclusivo e isolado, crescendo a proporções cósmicas sem desalojar qualquer território que nós atualmente temos direito."


A essas afirmações contraponho algumas citações de Danah Zohar, cientista - física e filósofa - retiradas de seu livro "O Ser Quântico", Editora BestSeller, 2008, embora "copyright" datado de 1990 ( já comentei dele em posts anteriores) :

" A cosmovisão quântica transcende a dicotomia entre mente e corpo, entre interior e exterior, revelando-nos que as unidades básicas constitutivas da mente (bósons-campos de energia- unidades constituintes da consciência - fótons, grávitons) e as unidades básicas contitutivas da matéria (férmions - por exemplo elétrons e prótons) brotam de um substrato quântico comum, o vácuo ( - agora visto com uma "sopa" borbulhante de partículas virtuais - antipartículas, o vácuo quântico não é vazio, contém em si todas as potencialidades, mas só pode realizar tais potencialidades através das flutuações em seu interior, excitações que conduzem ao nascimento de partículas e seus relacionamentos. Em nós, tais excitações dão origem aos pensamentos), e ( essas unidades) estão empenhadas num diálogo mutuamente criativo, cujas raízes remontam ao próprio cerne da criação da realidade. Em outros termos, a mente é relacionamento e a matéria é aquilo que é relacionado. Nenhuma delas, sozinha, poderia evoluir ou expressar algo. Juntas, elas nos darão os seres humanos e o mundo." ( Um observador por si só não interfere em nada, mas um observador consciente sim, e isto nos remete à importância do papel da consciência)

"O diálogo criativo entre "mente" e "matéria" é a base física de toda a criatividade do Universo e é também a base física da criatividade humana. O ser quântico não experimenta dicotomia entre exterior e interior porque os dois, o mundo interior da mente (de idéias, valores, noções de bondade, verdade e beleza etc) e o mundo exterior da matéria (dos fatos) dão origem um ao outro.

A visão de mundo quântica transcende a dicotomia entre indivíduo e relacionamento revelando-nos que os indivíduos "são o que são" sempre dentro de um contexto. Eu sou meus relacionamentos - meus relacionamentos com os subseres dentro de meu próprio ser, meu passado e meu futuro, meus relacionamentos com os outros e meus relacionamentos com o mundo em geral.

Eu sou eu, singularmente eu, porque sou um padrão totalmente único de relacionamento e, no entanto, não posso separar este eu que sou daqueles relacionamentos. Para o ser quântico, nem individualidade nem relacionamento são primários, pois ambos brotam simultaneamente e com igual "peso" do substrato quântico. No caso de pessoas enquanto indivíduos e seus relacionamentos, esse substrato é um condensado de Bose-Einstein no cérebro; no caso de partículas individuais e seus relacionamentos, esse substrato é um condensado de Bose-Einstein no vácuo quântico."

"Analogamente, a cosmovisão quântica transcende a dicotomia entre a cultura humana e a natureza e, na realidade, impõe a lei natural à cultura.

A física da consciência que dá origem ao mundo da cultura - arte, idéias, valores, éticas e mesmo religiões - é a mesma física que nos dá o mundo natural. Em ambos os casos é uma física impelida pela necessidade de manter e aumentar a coerência ordenada numa franca reação ao ambiente. O ser quântico, pela própria mecânica de sua consciência é um ser natural - um ser livre e reativo - e seu mundo, em última análise, refletirá o mundo da natureza. Quando isso não ocorrer, esse mundo fracassará."

Aí me ponho a pensar:

O homem não está separado do Universo.

Sua evolução depende da integração de todos os conhecimentos que lhe estão chegando aceleradamente, e da conquista de uma coerência sintônica entre seu agir, pensar, sentir e intuir, para alcançar outros estados de consciência.

A saída de sua alienação está ligada a sua reintegração no Universo como ser pessoal, ser social e ser espiritual, estabelecendo a ligação cósmica entre "elétrons e prótons" e "fótons, grávitons"

E já existem grupos buscando equações para "aprisionar o universo em seus porões"...

Que bom que a expansão de nossa consciência quântica, nos possibilita melhor discernimento e seleção do que é funcional para a coerência harmônica da nova humanidade que está sendo formada.

Eis porque afirmei em post anterior que, neste milênio, a Psicologia, entendida como ciência que estuda a relação do homem consigo mesmo, e com o mundo que o cerca, teria um lugar de destaque.

Aurora Gite

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