sábado, 16 de março de 2013

É se movimentar conforme a "dança das ideias"

É fascinante observar tantas ideias espalhadas por aí, ao alcance de qualquer um que se interesse em se aproximar, manipulá-las e juntá-las, como crianças, buscando o encaixe perfeito para obter uma maior compreensão sobre elas.

É intrigante acompanhar como algumas pessoas articulam ideias de maneira inovadora, só mudando seu foco sobre elas. A alteração da perspectiva, em que se encontravam, faculta-lhes associar e acoplar a elas, novas ideias, transformando o já conhecido em novo design compreensivo.

É instigante, desafiador mesmo, tentar colocar nosso mundo mental e nossa sensibilidade a postos, para se movimentar conforme o novo rítmo, em constante mutação, buscando aprender os passos da "dança das ideias" do mundo contemporâneo.

É decepcionante constatar como, mesmo conscientes de se esforçarem por acompanhar tantas e aceleradas mudanças muitos se permitam embalar pela preguiça ou fadiga mental, pelo tédio ou apatia ansiosos pela premência da necessidade de agir em tantas direções e de forma simultânea, para não serem pisoteados pelos que buscam aprender a dançar sob rítmo tão frenético, até assustador para os limites humanos de então, do presente sempre passado a partir de agora.

A mensagem é sempre se aprimorar mais e mais... mas com sabedoria e serenidade, sem atropelos, domando medos de tropeços. Na era da incerteza e insegurança, um dos maiores aprendizados reside no reconhecer seu potencial de sempre se renovar, a partir de uma célula física ou mental, se reestruturar organicamente e até ressurgir das cinzas de possível caos mental.

Desde que tive contato com as descobertas da "Neurociência", em particular com as constatações da Dra.Jill Bolte Taylor ("A cientista que curou seu próprio cérebro", Ediouro, 2008) - cujas palestras sobre as experiências vividas estão disponíveis no canal Youtube - cada vez mais me alio às informações operacionais passadas pelo diálogo entre nossos dois hemisférios cerebrais.

O conhecimento científico, e o acompanhamento como cientista do que se passou em seu cérebro, a levou a considerar os dois hemisférios cerebrais como duas entidades autônomas, inclusive com lógicas diferenciadas dentro do campo lógico. Taylor pode observar o campo lógico dos valores racionais, transmitidos por uma linguagem de fácil compreensão aprendida pela maioria (hemisfério esquerdo) e do campo lógico dos princípios valorativos, pertencentes a uma razão diferenciada, por uma linguagem lógica apreendida, criativa, intuída por uma sensibilidade mais apurada, como no caso das artes em geral (hemisfério direito).

Sendo assim chamo a atenção pelo que tem ocorrido no social, em diferentes frentes observadas, onde intervenções não se voltam mais só a buscar autoconhecimento através de acontecimentos ocorridos por vezes em passado distante, mas principalmente em buscar soluções alternativas inovadoras (criativas) para problemas que ocorrem no dia a dia, contribuindo para a qualidade de uma "vida boa" (Luc Ferry).

Intervenções clínicas buscam não mais só o modelo médico da leitura e intervenção sobre sinais ou sintomas (razão ou lógica do hemisfério esquerdo), mas a leitura compreensiva da doença, representação significativa, plena de sentido a ser apreendido, caminho escolhido para a manifestação e alívio de uma subjetividade angustiada (razão ou lógica do hemisfério direito). Quando a essência humana se encontra enjaulada e castrada em sua alegria de viver, grita por socorro e liberdade, por ter que conviver com o peso de uma existência repressora e sufocante.

Nossas "mãos" têm tantos dedos para representar novas saídas, novos interesses, novas metas, novos caminhos alternativos. Nossas "cabeças" suportam acolhê-los até simultaneamente, rechaçando o tédio e a apatia, a falta de sentido no viver e estagnação mental e física, perdendo os movimentos necessários para os passos acompanharem o ritmo da dança da vida também. Salvo por limitações orgânicas, que demandam a aliança com medicamentos específicos, a questão recai sobre nossa capacidade de unir as forças de um "saber, querer, fazer, fazer acontecer" a um "querer fazer acontecer de forma contínua", renovando sempre nossas energias internas.

Muitos nascem com um patrimônio genético, com uma curiosidade e uma vontade, de mais e mais aprender, inatas. Outros por aprendizagem aprendem, com esforço, a conquistar esses interesses e diversificá-los. Felizes e livres são aqueles que se aprimoram, para obter a compreensão das linguagens dos níveis diferentes do mundo psíquico do ser humano. Acoplando potencial genético à disciplina na aprendizagem, transitam mais facilmente de um hemisfério cerebral a outro, e se capacitam para seguir, com consciência e disponibilidade interna, o diálogo - no momento ainda assustador, mas integrador -  entre essas duas lógicas, acompanhando a sequência de operações e se permitindo, com flexibilidade e firmeza, gerenciá-las.

Meu interesse atual recai na coleta de dados significativos para poder me aventurar a esboçar um perfil do "humano" ante as transformações atuais. Quando me reporto a humano, coloco o "homem dentro do social", levando em conta a máxima "Sei que sou, que existo, mas só posso tornar-me eu através do outro".

Coincidência? Feliz coincidência e agradável surpresa!
Duas novas aquisições e início de leituras simultâneas ao perceber que, em ambos, poderia obter elementos para me ajudar a começar a delinear o perfil psicológico do homem para o milênio:

"Terapia de solução de problemas: uma abordagem positiva à intervenção clínica" (TSP). Thomas D'Zurilla e Arthur Nezu - São Paulo:Roca, 2010  (ou edição 2011 revisada) Nesse livro os autores vão abordar as técnicas de TSP, em diversas patologias psíquicas, inclusive psiquiátricas como é o caso de quadros esquizofrênicos, e exemplificar intervenções clínicas voltadas a agir sobre problemas também no desempenho social, focando o "uso da criatividade" no enfrentamento.

"O Instinto do Sucesso: transforme seus impulsos primitivos em poderosos aliados na sua carreira e nos negócios". Renato Grinberg - São Paulo: Ed.Gente, 2013. O autor propõe o uso racional e criativo para a administração e desenvolvimento profissional e pessoal. Seu objetivo, segundo ele, é "ensinar a converter ansiedade em planejamento e resultado; a transformar agressividade em motivação, a pensar antes de agir, a se conter e criar estratégias positivas voltadas ao sucesso e não ao fracasso".

No momento, destaco a "dança das ideias" de Grinberg , que parte do princípio de que:
* "É possível direcionar a energia de nossos impulsos inconscientes e usá-la para ter êxito no trabalho e na vida pessoal.".
*"Reações naturais, instintos primitivos, permeiam o mundo corporativo, caso da "crítica" sentida como invasão de território ("instinto de territorialidade"), rechaçada como defesa de imediato sem devida reflexão racional sobre ela, pela atuação impetuosa do "instinto de preservação", sobrevivência do espaço psíquico sentido como ameaçado".
* A ação mobilizada pelo "instinto de altruísmo recíproco" resulta em fracasso pela postura corporativa de quem quer agradar a todos na expectativa errônea de igual reciprocidade.
* O "instinto de reprodução", primitivo desejo de perpetuação agora voltado ao legado, nome, marca...

E por aí vai o rodopio de suas ideias, que impulsionam a quem se  permite se envolver por elas e se entregar a sua condução racional, que se estende pelos recantos do amplo salão imaginário no deslizar da fluência ideacional e associativa.

Quem não passou pelos momentos citados por ele, que se manifeste!

"Todos os dias, vemos nas empresas e no ambiente corporativo profissionais de todos os níveis e setores reagindo segundo seus instintos mais primitivos:
* São executivos que tomam decisões abruptas e impensadas que prejudicam as equipes.
* São empreendedores impetuosos que não planejam racionalmente e conduzem seus negócios à falência.
* São profissionais que se sentem ameaçados por colegas e armam planos e intrigas no ambiente de trabalho, causando danos a todos.
* São gestores que, paralisados pelo medo e pela ansiedade, não conseguem agir para alcançar as metas.
* São funcionários que se desesperam por sentirem uma enorme pressão e acabam deixando que o estresse chegue a um nível insustentável.
* São pessoas agressivas e inconstantes, que tratam seus pares com rispidez, por descontarem neles suas frustrações e seus problemas pessoais.
* São líderes que se sentem acuados e chegam a atrapalhar a carreira de colegas e subordinados por criar disputas descabidas no ambiente de trabalho.
* É você quando, ao participar ou presenciar determinada situação, tem vontade de voar na jugular de um colega (ou chefe) por achar absurda alguma atitude dessa pessoa."

O exposto acima valeu como convite, para que comecem a refletir e se mobilizar conforme a "dança das ideias", e  planejem como se integrar, ao rítmo anunciado pelo milênio, agregando forças?

Aurora Gite



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