terça-feira, 17 de abril de 2012

Projeto Pedagógico Unificador: parte do Núcleo de Qualidade

Assim surgia mais um projeto, em fevereiro de 2003, em uma Instituição que começava a montar equipes para formatar as diretrizes organizacionais e onde processos seletivos eram feitos aleatoriamente, pois não havia descrição das funções pertinentes aos cargos a serem preenchidos, impossibilitando qualquer alinhamento de perfis de candidatos aos mesmos. Não havia então um planejamento estratégico muito menos focos para verificação de desempenhos e resultados.

"Observando a ausência de projetos pedagógicos estruturados e sistematizados anualmente, venho, por meio desta, apresentar um Programa Pedagógico Unificador, baseado em estratégias pedagógicas voltadas a um "saber fazer acontecer" e uma "gestão de conhecimentos", ou seja, do capital intelectual dentro de sua administração.

Acredito que o mesmo possibilitaria maior amplitude e divulgação da presente gestão, bem como das diretrizes centrais da política organizacional, incluindo a disseminação da visão e missão da ... fortalecendo a criação de um setor voltado à área psicopedagógica, que se tornasse um "centro integrador" entre funcionários das diversas hierarquias e essa Instituição.

Para a implantação desse projeto já conto com a parceria da pedagoga ... , no entanto, por sua amplitude o mesmo demandaria a formação de uma equipe, que poderia se caracterizar como "desenvolvimentista".

Tal projeto prevê:
  • Formação de um cadastro de sites de busca online sobre "Pedagogia", inicialmente visando a construção e o aprimoramento de Projetos Educacionais sempre atualizados e voltados para a educação necessária à comunidade, abrangida pela Instituição.
  • Elaboração de um arquivo sinóptico de textos pré-selecionados pertinentes a seu direcionamento gestacional, visando sistemáticas atualizações.
  • Formação de um banco de dados (via disquete ou CD) dos referidos textos, que ficarão disponíveis à equipe multiprofissional e interdisciplinar, inclusive com caderno de capa dura e páginas numeradas, para o devido registro de retiradas (máximo 3 dias) e assinatura dos responsáveis pelas mesmas.
  • Reunião mensal (ou quinzenal inicialmente) da equipe interprofissional para, ante material previamente encaminhado, esboçar programas-pilotos (a nível de experiência) a serem implantados posteriormente, sempre envolvendo uma demanda atual. Cito como exemplo um "Programa Pedagógico Integrativo", envolvendo temáticas pertinentes a todas as equipes.
  • Implantação de Programas Pedagógicos Integrativos, com encontros que teriam também por objetivo a interação e unificação entre os membros de uma equipe, entre ela e a comunidade, focando sempre a melhoria da qualidade profissional das equipes participantes. Tal programa abrangeria cursos e palestras sistemáticas, agendadas para o ano todo, com convidados internos e externos, que receberão certificados pela participação (feedback).
  • Prévio planejamento de "Programas de Visitas Programadas". Visitas periódicas a instituições afins, com elaboração de relatórios posteriores voltados para futuras exposições grupais às equipes, como obtenção e colocação de indicadores comparativos, a serem considerados, para possíveis melhorias locais.
  • Montagem de pasta com esquemas de aulas, seminários e apresentações inter-equipes. Esses arquivos em transparências, slides, disquetes ou CDs, teriam por objetivo cobrir lacunas mediante apresentações imprevistas.
  • Cadastro das parcerias e alianças estabelecidas com outras instituições educacionais, visando o estabelecimento de uma dinâmica cooperativa pelo intercâmbio constante de informações.
  • Construção futura de um espaço online para futura divulgação de projetos concretizados e em andamento.
A elaboração do presente projeto, teve por base as mudanças educacionais e a nova filosofia gestacional e pedagógica, onde ao "aprender e saber ensinar" foram acrescidas a mobilização e a orientação voltadas a um "saber fazer acontecer" e, acima de tudo, a um "querer fazer acontecer". Uma didática dentro dessa dinâmica tende a abrir espaço na instituição, para que as transformações ocorram, em benefício da mesma e do social onde se insere, ao propiciar a melhoria na qualidade de atendimento dos clientes internos e externos. "

Convém destacar que tudo isso ocorreu há quase 10 anos. Cruzem com a data da inovações tecnológicas, surgimento da nova linguagem digital e do início das aceleradas comunicações globalizadas.


O que ocorreu?
Primeiro passo: Retirada da pedagoga que a convite da "assessora direta"- já nessa função desde a gestão anterior, que indicou o atual diretor para o cargo - passou a ocupar uma mesa em sua sala.

Segundo: Não autorização da assessora, para que uma digitalizadora de planilhas que dividiria seu tempo com CEIEF e com setor da área médica, continuasse a prestar serviços ao CEIEF

Terceiro: colocação de outra psicóloga na sala, durante minhas férias, com a função de uma parceria comigo, porém com instruções específicas da assessora. Essa psicóloga assumiu o computador em que eu trabalhava; virou e encostou a escrivaninha (que eu ocupava) para a parede; trocou a cadeira (onde eu sentava) com a dela; colocou um rádio tocando todo o período em cima da mesa que eu usava para desenvolver meus trabalhos. Quer mais? O disquete da apostila de minhas aulas sumiu (ninguém me avisou para providenciar em tempo a matriz para novas apostilas, mesmo sabendo que as usava em minhas aulas). Sabem o que é improvisar uma aula para aproximadamente 40 alunos, enfermeiros e técnicos em Raio-X? Vale a dica: conservem sempre, como trunfo escondido nas mangas, algumas dinâmicas de grupo.

Quarto: A mesma psicóloga passou a me passar informações de horários errados de reuniões de diretoria ( e falava na minha cara, pois ía confirmá-los pessoalmente); com isso, minha ausência era cobrada pelo diretor. Em vergonhoso assédio moral, essa psicóloga passou a desqualificar minha função, a me dar seus esboços de cartas com frases do tipo: "Como você escreve muito bem, pode corrigir o português para eu enviar essa carta?", "Não sei digitar direito como você o faz até sem olhar o teclado, pode digitar esse projeto?". Passei a não fazer parte de projetos comuns, nem era colocada a par. Até que resolvi colocar meu limite, dizendo que o faria mas que iria pedir ao diretor uma funcionária para essas funções específicas, e ouvi "Uai, você está aqui para que?". Não podia ter mais dúvidas da perversa aliança paralela que prevalecia.

Quinto: Não bastasse isso a mesma psicóloga, junto com a assessora, passou a colocar ao diretor que eu estava interferindo em seus projetos. Vou dar um exemplo: montava palestras sem me comunicar e queria que ao chegar no recinto, só permanecesse se assinasse a lista de presença (?) como ouvinte. Minha recusa e saída do recinto a incomodou. E daí vem a famosa "deformação dos fatos".

Sexto: A assessora passava convites de congressos, várias revistas recebidas pelo setor executivo... com um adendo, não fossem repassados a mim! Nem estranhei quando pessoas mudaram a forma de me tratar, e passei a ouvir um seco bom dia. Conviver comigo mesmo outra vez! Vamos lá! Não parei de me atualizar e comparar projetos no mercado que estavam dando certo, verificando possíveis benfeitorias para a Instituição. Ser concursada me deu uma estabilidade interna que ajudou a equilibrar meu emocional. Sentia pena de quem não tivesse recursos internos. Compreendi na prática o que vinha a ser assédio moral. E como doía psiquicamente a dupla rejeição e isolamento, exclusão e injustiça!

Sétimo: A invasão e os ataques iam se agravando: foi trocada a chave da porta da sala, que ocupávamos, com consentimento da assessora. A mesma só foi aberta pela psicóloga para que eu retirasse meus pertences . Apaguei projetos na memória do computador, mas muitos já tinham sido vistoriados e ...

Oitavo: Consegui com o diretor, que não estava ciente de nada disso, um espaço de 2x2 metros, onde cabia uma escrivaninha e 3 cadeiras, sem telefone, sem computador (tentei trazer um de casa, mas não houve permissão da assessora para ligá-lo)... Mas tinha janela, cujo parapeito enchi de violetas, coloquei potes com balinhas... e voltei a atuar clinicamente... atendendo alguns médicos do setor, que iam me pedir orientações específicas também sobre casos clínicos.

Nono: A assessora conseguiu retirar esse espaço 2x2 , para que servisse de depósito para arquivos mortos. Dessa vez foi o diretor que me comunicou a necessidade física do espaço, mas que seria destinado a reuniões com fornecedores. Acabou se transformando no depósito após curto período onde poucas reuniões ocorreram. E o que ocorreu comigo? Fui para cadeiras das mesas de reuniões no próprio corredor agora no setor da Diretoria Clínica e continuei a frequentar as reuniões clínicas... aí meus estudos já se voltavam para as pesquisas que busco divulgar.

Décimo: A perseguição continuou. A psicóloga mencionada, agora ex-parceira, vinha direto (várias vezes saía do corredor paralelo onde ficava a área executiva e vinha para o lado clínico) sob o pretexto de fumar, no terraço próximo ao local onde eu estudava ( forma agora defensiva para preservar meu mundo psíquico ainda integrado) confrontando 4 a 5 livros. Sempre que ela passava, me via anotando o que me interessava. Olhava intrigada. Soube que perguntava sobre o que eu fazia, e que seu veneno ía sendo distilado aos que de mim se acercavam, a muitos contaminando, receosos de perderem seus cargos. Muitos aprimorandos ouviram diretamente que haveriam represálias se continuassem me consultando profissionalmente e teriam seus estágios comprometidos.

Aí já me sentia um "zumbi" e perguntava mais veementemente : "O que eu estou fazendo aqui?' .
Já tinha me dado um basta. Uma certeza interna segurava meu emocional : "Perdiam uma ótima profissional!"
Concursada, ninguém tirava meu salário.
Mas eu começaria a perder meu respeito próprio se não continuasse me superando, se não produzisse projetos, se não percorresse o espaço físico diagnosticando pontos fracos para procurar meios de alterá-los em prol da Instituição, se continuasse sem clinicar para os pacientes externos ou internos da área médica, função que poderia exercer dentro dos Projetos que criara, sem abalar o Setor de Psicologia da Área Clínica. O que eu não tinha conhecimento então era que alianças com a psicóloga responsável por esse setor, já haviam sido estabelecidas, e como ela também se viu ameaçada por mim e pelos projetos apresentados, resolveu investir pesado e, para isso "se sentia em casa", pois os meios empregados lhe eram comuns, seu estilo de chefia também era de uma "autoridade autoritária" em seu Setor.

Muito me ajudou ter sempre em mente que a Instituição era muito mais do que as pessoas que trabalhavam nela, e que - eu acreditava nisso - com seus perfis dificilmente, os profissionais citados, perdurariam muito tempo na Organização, que se delineava.

Nossa, mas que experiência tipo "O Inferno de Dante"!
Puxa, que aprendizado psíquico, que superação interior e que autovalorização ao encontrar a saída do mesmo!

Aurora Gite



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