terça-feira, 28 de maio de 2013

Como lidar com as constantes descobertas da Física Quântica?


Confesso que estou assustada!
Como lidar com as constantes descobertas da Física Quântica?

Há algum tempo escrevia eu:
Novos rumos, ventos solares e pássaros quânticos...e minha mente borbulhando de idéias, esperando "trocas"!

E lá vou eu, outra vez, me debruçar na "janela visionária" de meu castelo profissional, observar a natureza, os novos paradigmas envolvendo o ser humano, e contar com a aproximação de um físico quântico, na iluminação desse novo alvorecer. tal a proporção das novas descobertas. Dessa vez, me faço acompanhar por Amit Goswami e seu livro "A Janela Visionária" (Cultrix 2006).

Não posso negar o misto de tesão e ansiedade na retomada desse trilhar. Alguns pacientes surgem em minha memória e minha "consciência", lhes dá a condição de presença viva em meu aqui e agora.

Recordo nosso caminhar juntos. Ao me permitirem a entrada em sua mente, buscando a compreensão do funcionamento de seu mundo psíquico e da dinâmica mobilizadora de suas ações, eles também foram incorporados em meu mundo interno e me facultaram muitas auto-descobertas. E assim se ultrapassa a ponte do mundo físico (material) ao psíquico (energético), num constante ir e vir.

Quantas vivências compartilhadas... transferências e contratransferências... energias se misturando e se separando ante insights que ocorriam... quantas mudanças contínuas e descontínuas.

Para quem não sabe, transferência se refere aqui aos sentimentos que o paciente inconscientemente vincula (transfere) ao terapeuta, mas que, na verdade, se originam de relacionamentos anteriores. Contratransferência é o reverso, ou seja, sentimentos irracionais que o terapeuta tem em relação ao paciente. Esses fenômenos inconscientes também fazem parte de nosso dia-a-dia e são muito comuns na vida de relação, ocasionando grandes distorções na realidade dos envolvidos.

Mas lá estava eu "surfando", no encontro terapêutico, entre as ondas de possibilidades e probabilidades, contando com minha intuição e criatividade, para ajudar cada paciente em seu encontro com sua consciência auto-referente.

E lá estava eu "buscando", através de uma observação consciente e atenção flutuante, provocar o colapso da onda de possibilidades passadas e futuras, trazendo o paciente para seu aqui e agora, integrando-o ao seu propósito criativo de vida, criatividade que lhe é imanente.

E lá estava eu "questionando", tanto o efeito temporário de mudanças contínuas ( de causas e efeitos em espaço e tempo definidos), quanto as interpretações que vinculavam os pacientes à cabeça (ao pensar) de seu terapeuta. Não desconsidero a importância do espaço terapêutico e da qualidade do vínculo estabelecido, mas eu almejava a integração da pluralidade de teorias, para que o homem em si emergisse em sua unidade, e fosse compreendido sob vários pontos de vista.

Lembram do papel atribuído ao observador consciente pela física quântica, que ocasiona o afunilamento do espectro das possibilidades, para sua convergência num ato ou objeto único?
Segundo Goswami, toda escolha a partir das possibilidades, vem da intervenção de nossa "consciência" . Sendo assim, ela é que cria a realidade. E eis minha intuição gritando: "É por aí, vai atrás desse conhecimento!"

E lá estava eu "enfatizando" a vida relacional como experiência emocional corretiva, buscando saber mais sobre a dinâmica energética da rede inter-relacional.


Faço minhas algumas das indagações de Goswami:
Que força imaterial poderia interagir com a matéria?
Como obter essa interação imaterial?
Empatia e aversão...atração e rejeição...campos de energia e de força?
Integração do indivíduo com o Cosmos?

Tudo me encaminhava para uma leitura energética dentro de uma visão holística ( integrada) de mundo. O ser humano é bem mais que um sintoma. Seu sintoma é um ato criativo para indicar alguma disfunção. E essa, na maioria das vezes traduz seu "sofrimento existencial".

Com avidez fui em busca dos conhecimentos da física quântica. Queria mais que o contato entre intelectos. Já reconhecia que a consciência tem um papel decisivo na configuração da realidade. Mas queria a experiência, queria através de uma vivência pessoal comprovar por mim mesma.


E lá estava eu não atrás do silêncio, mas do diálogo. Não buscava monólogos e atitudes separatistas. Meu coração me integrava na relação (eu-outro se transformando em "uno"). Não me bastava minha capacidade racional ou facilidade no cruzamento de dados.

O diálogo interno no contato com o paciente se aquietou, e se estendeu para a vida pessoal de relação.

A palavra "diálogo" deriva de "dia" ( palavra grega que significa "por meio de" e de "logos" que significa palavra) e vai além da comunicação por meio de palavras, envolve uma troca de sentido entre os que se comunicam, outra dimensão do psiquismo humano.

E é aqui que tudo se complica. Querem ver?
Eis um fato que poderia ocorrer no cotidiano de qualquer um.

Lá estava eu numa sala de espera, quando uma mulher se aproximou e começou a se queixar da relação com o marido, onde não havia diálogo, embora muita tentativa "da parte dela", para que ele ocorresse. E ela continuou, ao me perceber como ouvinte atenta: " Imagine que hoje pela manhã, ele pediu a minha opinião sobre se devia ir ou não no casamento de um parente. Logo retruquei, que agora é que ele queria saber o que eu achava? Por que não me consultou quando o parente ligou há dois dias? E ele ficou em silêncio, veja só! Nem continuou a conversa. Ele não sustenta um diálogo."

Que diálogo? Fiquei me perguntando.
Existiu uma comunicação, um fluxo de sentido entre eles?
Em que clima transcorreu o contato?
Existiu um campo energético entre eles, que propiciasse um vínculo aconchegante a uma cumplicidade na comunicação?
Ele chega e se aproxima, de peito aberto a coloca na relação. Ela "pisa na bola, dentro de seu egocentrismo", o exclui da relação.
E ainda reclama da atitude defensiva dele e de seu afastamento.

Haja "Física Quântica" para iluminar nossa rede de convivências, ou como muitos a consideram, de conveniências!

"E lá vou eu, buscando, surfando, questionando, enfatizando a procura e o encontro da relação afetiva idealizada no real do cotidiano... e no buscar, surfar, questionar, enfatizar ... lá estava eu (Consciência)".
Tudo ocorreu de forma tão imprevisível! 
Fui tomada de enorme espanto pela minha receptividade.
Não vou negar a estranha impressão e a dúvida se estaria morrendo. Ao perceber que não, surgiu por breve instante sendo logo rechaçada, a curiosidade: "Será que o morrer é assim?".

Recordo que aconteceu de repente, sem que minha volição se manifestasse para interromper a sequência da energia desconhecida que me mobilizava. Desconheço como surgiu dentro de mim e tenho dificuldade ainda para encontrar palavras para descrever essa estranha vivência. A sensação foi de uma mola me elevando, não o meu corpo, mas a minha mente. "Seria assim um salto quântico?" 

O impulso de propulsão não foi voluntário. Uma conexão foi estabelecida. O outro polo é que direcionava esse movimento interno. A percepção do real não desapareceu, mas perdeu o foco. Eu sabia onde estava, mas intuitivamente, não pela via perceptível que nos é conhecida. Tempo e espaço se diluem nesse momento (intervenção do hemisfério direito do cérebro, segundo experiência direta, da neurocientista J.B.Taylor). Fui tomada por uma sensação de prazer intenso, calor e claridade, paz e harmonia, quietude e suavidade, plenitude e infinito - sensações de uma amplitude diferente da que captamos através dos sentidos que nos são conhecidos. Experiência indescritível. Nossa compreensão não abarca com palavras. De repente, a imagem de minhas filhas, precisava voltar (intervenção do hemisfério esquerdo). E o "brusco rompimento suave" da conexão.

O que me restou? As sensações paradoxais de uma perda feliz e de uma saudade alegre, e a constatação de muita força interna ( sensação de um recarregar de pilhas). Anos e anos se passaram, e essas sensações persistem. Só agora estou chegando mais próximo de entender o que ocorreu.
Recentemente, tendo assistido a alguns vídeos pelo YouTube, da série "Além do Cosmos" particularmente os que envolviam o Tempo e o Espaço, ou o Espaço-Tempo Einsteiniano, vejo reforçada minha certeza: a humanidade entrou em "nova era", que se preparem os "físicos quânticos", e que nossa sociedade possa estar aberta a uma nova visão de mundo, a uma "nova forma de pensar nesta coisa que nós chamamos de "pessoa", de "ego", de "ser", de "eu", como pontuam os físicos em seus comentários na série indicada acima. 

Confesso que as teorias especulativas atuais sobre um Universo Holográfico, geradoras de espanto e surpresa até para muitos físicos quânticos que acompanham de perto o mundo subatômico e acreditam que possam vir a ser comprovadas cientificamente em futuro não tão distante, me assustam. 

Posso entendê-las por analogia ao uso e armazenamento de informações em minúsculos "chips", recursos tão difundidos pela tecnologia atual em várias áreas, até com implantações voltadas ao setor da saúde. 

Posso reconhecer, por vivência direta, a existência dentro de nós de uma força antigravitacional ... vivência essa mais ameaçadora ao ser recordada através da memória unida à imaginação, mas muito acolhedora se me atenho à lembrança da experiência real.

Posso até entender racionalmente, pela análise dos dados que chegam e pelo cruzamento das informações científicas de tantos físicos quânticos, mas ainda não as assimilo compreensivamente, como gostaria ... abarcam realmente uma nova forma de pensar.
O que fazer? Cruzar os braços e ficar sob a tutela dos que já digeriram essas informações?

Eu não! Vou "arregaçar as mangas" , partir para a luta "em busca dos novos conhecimentos", e estar aberta a que agucem, mais e mais, minha curiosidade!  Vem comigo?

Aurora Gite