domingo, 26 de maio de 2013

Será que o tempo parou ou o pessimismo se expandiu pela entidade espaço-tempo de nosso psíquico?


"O tempo leva muitas coisas, mas tem coisas que só o tempo traz" como a coragem, a temperança, a serenidade... sábias virtudes tão bem descritas e analisadas por Bobbio, que também discorre sobre as forças internas - energias de nosso mundo psíquico - mobilizadas por elas, em seu livro
 "Elogio da Serenidade e outros escritos morais"/ Norberto Bobbio - São Paulo: Editora UNESP, 2002.

Bobbio considera a serenidade como a mais nobre das virtudes:

 " O homem sereno não é nem submisso nem concessivo, porque a concessividade é a disposição daquele que aceitou a lógica da disputa, a regra de um jogo no qual, ao término, há um que vence e um que perde .[...]O sereno não guarda rancor, não é vingativo, não sente aversão por ninguém. Não continua a remoer as ofensas recebidas, a alimentar o ódio, a reabrir as feridas. Para ficar em paz consigo mesmo, deve estar antes de tudo em paz com os outros. [Tranquilo] jamais é ele quem abre fogo; e se os outros o abrem, não se deixa por ele queimar, mesmo quando não consegue apagá-lo. Atravessa o fogo sem se queimar, a tempestade dos sentimentos sem se alterar, mantendo os próprios critérios, a própria compostura, a própria disponibilidade." (Bobbio, p.41)

Acredito que reflexões sob a perspectiva desse pensador sejam de grande valia para os dias de hoje.


Revendo o post abaixo fiquei me perguntando:
"Será que o tempo parou, pois seu conteúdo continua valendo para o momento social presente, ou será que o pessimismo é que se expandiu ocasionando que tantas pessoas tenham desistido de lutar para conquistar sua serenidade?"

QUARTA-FEIRA, 9 DE DEZEMBRO DE 2009


O mundo atual justifica o pessimismo?

No mundo atual, a violência sádica e a falta de amor, a corrupção e devida impunidade, a descrença no ser humano robotizado ante uma mídia, que busca maior envolvimento da sociedade com seus enfoques apelativos, refletem uma realidade que parece não ceder lugar para o otimismo e a esperança de um mundo melhor.

Muitas vezes sou considerada idealista ao refutar tais assertivas e defender que o mundo atual não justifica o pessimismo. Ele é uma representação abstrata. O real somos nós. Ele é feito por todos nós, seres humanos...e pensantes. Nós é que lhe outorgamos o "status" de poder, de autoridade independente, nós lhe atribuímos erroneamente o comando de nossas existências, nós é que aceitamos nos subjugar e abrimos mão de nosso direito de viver com esperança e de lutar para concretizar nossos ideais.

Cada vez que desativo o autocontrole, abandono a liderança sobre meu agir, pensar, sentir e principalmente "intuir", deixo-me envolver pela realidade que me é imposta, minha visão torna-se imperfeita e meu julgamento distorcido.

No entanto, ao entrar em sintonia comigo mesmo, buscando equilíbrio e paz interior, passo a considerar, com maior atenção e vigilância, meu papel na sociedade.

Sinto a flexibilidade e leveza do "ser livre" , e o peso da enorme responsabilidade advinda dessa autonomia.

Culpas e autocríticas cedem lugar a aceitações modestas e resignações humildes de minhas imperfeições, reconhecendo que através delas é que posso fortalecer minha estima e coragem para estar no mundo, como agente de mudanças; e para me posicionar como meu melhor amigo, principalmente na frente das adversidades.

Minha liberdade de escolha me permite atuar dentro da sociedade, predominantemente espalhando amor, gratidão, união, credibilidade, confiabilidade, lealdade; ou incrementando a discórdia, a ira, a inveja, a rivalidade, a competição insana; ou ainda cruzando os braços, e passivamente contribuir para a manutenção do caos mundial e da psicopatia social, com a frieza paralisante da indiferença com o sofrimento de outro ser humano, que já se alastra aceleradamente...Ganhou até o status de normal! O espanto agora recai sobre quem ajuda alguém, quem devolve uma carteira cheia de dinheiro a seu dono, quem consegue separar brigas - grotescas pela ferocidade - entre adolescentes escolares, quem delata agressões de parentes e empregados a octogenárias, e por aí vai.

E aí , vai vestir o manto pesado do pessimismo, ou vamos lá, lutar por nossos sonhos?
Mas, primeiro, cabe a cada um de nós controlar nosso agir, comandar nossas atitudes e pensamentos e, talvez o mais difícil, tolerar nossos afetos.

Aurora Gite

P.S.
Em resposta: pesquiso, no momento, a intuição. Essa faculdade de intuir está presente em todos nós, mas só é ativada, e considerada com seriedade, por poucos. Pequena parcela de pessoas se dispõe a escutá-la de forma científica. Ter fé é intuir algo. Ter esperança também. Aqui é onde me incluo.

Hoje - 2013 - continuo defendendo o estreito vínculo da Psicologia com a Física Quântica.Tenho cruzado a operacionalização do caleidoscópio de nosso psiquismo com as leis que regem o mundo quântico. Qualquer pessoa pode constatar a real existência do espaço psíquico e verificar que as energias, que nele atuam, podem ser facilmente observadas em sua mobilização de forças em nosso psiquismo, que servem como referência para a compreensão de nossas reações subjetivas ou comportamentais.

Atualmente penso numa "ideia como um elétron do mundo psíquico", e uma "sugestão, ou um leque de ideias alternativas, como uma onda quântica de probabilidades". Atribuo eventos psíquicos como a sincronia telepática - ou mesmo o apego e a atração/aversão dos vínculos afetivos - a esses fenômenos quânticos, que ocorrem dentro do espaço subjetivo de cada um de nós.

A meu ver, no mundo psíquico pode-se observar a "entidade espaço-tempo einsteiniana". As perspectivas passado-presente-futuro aí se manifestam entrelaçadas, acumuladas no aqui e agora de nosso existir. Eventos ocorridos na infância passam a interferir em nossa realidade, como se estivessem acontecendo no momento presente. Expectativas sobre um futuro distante podem gerar medo e paralisar ações em nosso agora existencial, chegando, inclusive, a ser responsáveis pelo fenômeno do pânico, com graves transformações químicas em nosso metabolismo.

Cada vez mais acredito que a alteração no "tecido espaço-tempo subjetivo", por ideias de maior peso valorativo por sua "carga afetiva", gere o efeito gravitacional atraindo as demais ideias em nosso pensar e sentir - premissas a novas interações energéticas que determinam nosso agir. Penso que passem a formar "buracos nucleares ideativos" que constituem o que correntes teóricas psicológicas chamam de "complexos" psíquicos.

Realço o caminho percorrido por vários cientistas. Alguns têm suas ideias consideradas bizarras para o momento histórico em que vivem. Muitas dessas ideias são rechaçadas e sua credibilidade de pensador posta à prova. Gosto de citar Peter Higgs, físico inglês: "Me disseram que eu estava falando bobagem, que eu não poderia estar certo. Claro que ninguém entendia o que eu estava falando." Como ele estava convencido de que tinha feito uma grande descoberta, enfrentou as rejeições iniciais à sua ideia sem se abalar, insistiu e aprimorou sua teoria. Hoje a "ideia pioneira de Higgs, chamada de Campo de Higgs, é crucial para nosso entendimento do espaço", segundo observação do físico Brian Greene.

Indico, a quem se interesse, a série em vídeos intitulada "Além do Cosmos" (National Geographic), particularmente sobre o "Espaço" e o "Tempo", ainda disponível no canal do Youtube.

Encerro essa postagem com a frase de William James:
" Uma ideia nova primeiro é considerada ridícula, depois é desprezada e considerada sem importância, até que finalmente transforma-se naquilo que todo mundo sabe." 

Aurora Gite


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