segunda-feira, 13 de maio de 2013

Psicopata Corporativo e Modelo Situacional Eclético de Estilos de Liderança


É difícil entender para onde caminha o social do século 21!

Tantos conceitos são misturados e deturpados que perdemos um eixo referencial para uma análise mais transparente do quadro social. Mudamos tanto os significados e a abrangência dos conceitos, que acabamos deformando, e muito, seus sentidos, contribuindo para uma psicopatia corporativa social.

Tal não foi o meu espanto ao ler dois textos publicados no Portal Carreira & Sucesso (www.catho.com.br), ambos datados de 10/05/2013, sob os títulos de "Características do psicopata corporativo" e  "Liderança situacional e a teoria de Hersey e Blanchard". Realço que, ousei colocar meus questionamentos sobre as assertivas, nas anotações entre parênteses, que aparecem na transcrição de alguns trechos dos artigos citados.

Por força do hábito, como muitas pessoas, tenho mais facilidade para ler textos com formatação científica, que romances e mesmo poesias. Procuro não só em cada parágrafo retirar palavras-chave ou grifar frases que considero importantes para minha compreensão do que o autor busca transmitir. Não posso negar que me encanta observar a coerência da articulação de suas ideias, bem como a clareza e a  congruência no encontro de palavras selecionadas para expressá-las e que bem se encaixam nessa função.

Outro ponto que me cativa de pronto é notar como o autor, com coragem e galhardia (garbo e elegância consigo mesmo. através da generosa e humilde admiração de sua obra), defende o lugar das palavras e a originalidade de suas ideias, compartilhadas com o público leitor.

Posso, ainda, me permitir embalar pela sensibilidade de metáforas poéticas, tanto quanto pela exposição de fatos reais, facilmente comprovados por um leitor, após análise mais acurada do que ocorre à sua volta.

A acuidade analítica do autor, a forma de pontuar e descrever um fenômeno, a sagacidade intelectual de inseri-lo em nossas vivências atuais, a capacidade e visão empreendedora de fazê-lo caminhar no tempo e se projetar a futuro próximo ou distante, despertam meu interesse para uma leitura mais detalhada e uma compreensão mais apurada do que o autor de um artigo, ou de um livro, procura que chegue até quem leia suas obras. Pessoalmente, procuro saber "quem ele é" e "como se insere no social".

Não separo mais o indivíduo fora do coletivo, o micro do macrocosmo que chamamos de "vida", então automaticamente associo quem escreveu ao conteúdo escrito, e suas possíveis repercussões na vida da sociedade, da qual sou pequena parte integrante, não a coloco como conceito abstrato distante, mas assumo meu lugarzinho como "sujeito/cidadão" e procuro imprimir minha "micro-contribuição" em sua configuração.

E, de repente, me deparo com os textos acima, dos quais transcrevo alguns trechos para melhor avaliação até da sensação desagradável que o pareamento do conteúdo dos dois artigos me causou:

* A palavra psicopata não representa necessariamente violência ou outras coisas ruins (quais?)...o psicopata corporativo pode trazer benefícios ao ambiente profissional (para equipes?) já que muitos são extremamente inteligentes e conseguem controlar seus instintos (?).

* Para a psicologia, psicopatia nada mais é que um conjunto distinto de características de personalidade e pode ser comumente encontrada nas pessoas, que apresentam frieza, ausência de medo, são charmosas, persuasivas e narcisistas, e normalmente não são simpáticas (Opa! O difícil é juntar algumas características antagônicas e colocar tudo isso na formatação racional de uma equipe integrada e transpô-la a nível prático dentro do equilíbrio necessário a um sistema organizacional eficiente e eficaz).

* O conceito em estudos médicos refere-se a um transtorno caracterizado por atos antissociais contínuos, e principalmente, por uma inabilidade de seguir normas sociais.(Ops! Como formar times dentro da empresa? Como buscar que limites sejam respeitados para obter um fluxo racional na produção de resultados?)

* Kevin Dutton, da Universidade de Cambridge, Inglaterra, concluiu em pesquisa (?) que os profissionais que mais apresentam características psicopatas são os presidentes de companhia (?), seguidos pelos médicos cirurgiões, ambos profissionais de frieza (?), que assumem riscos e que podem quebrar regras.

Mais um argumento no artigo, justificando o transcrito anteriormente:

" Para Fátima J., professora dos programas de Pósgraduação e MBA da ...,...e..., o apego ao pragmatismo, o foco em resultado, a pressão por metas e velocidade para conquistar mercado são característicos do modelo do trabalho vigente, que favorece ao profissional frio, pouco sensível às questões humanas, cobrador incansável, com alto nível de exigência e autoritário"... "Considero um ato corajoso assumir este rótulo...dentro de nossos padrões culturais e sociais, sendo rotulado...levará a um clima turbulento da equipe e resultados improdutivos" , resumi (?) a especialista. ( Entenderam o encadeamento lógico? Fez sentido?)

Sempre sugeri que pesquisas se voltassem a investigar em diferentes setores da empresa onde recaia: maior incidência de licenças, patologias envolvidas, qualidade das interações entre profissionais e chefias/líderes...A leitura desse painel facilitaria a compreensão dos picos de aumento e queda da produtividade nos setores específicos e na organização como um todo, envolvendo a lealdade e fidelidade dos colaboradores internos e externos/clientes. A liderança intimidadora acima é a menos aconselhável dentro de um modelo participativo e transparente de gestão.

* Já para José Roberto M.,diretor presidente do ... Coaching, o perfil do psicopata dentro de uma empresa pode se destacar positivamente com características como discrição extraordinária, ou seja, é uma pessoa centrada e focada. (Unam discrição com centrada e focada e me traduzam a ideia em termos de atuação prática de um sociopata em grupo: manipula mais? dissimula mais?) ... No momento de crise na empresa, o psicopata trará maiores resultado, pois ele terá a frieza necessária para superar a instabilidade. (Será só especulação teórica, ou observação contínua da atuação de um psicopata na vida prática dentro da organização?)

* Por ser uma pessoa com características totalmente individuais, o sociopata não terá o equilíbrio necessário, ou seja, os resultados da empresa não serão afetados (?), porém, a vida pessoal deste profissional não estará balanceada (?). (Ajudou na compreensão?)

Passo ao artigo "Liderança situacional e a teoria de Hersey e Blanchard" :

* O líder situacional é aquele com "jogo de cintura" (Ops! Diplomacia e capacidade para negociação não são habilidades para um líder?) e que, de acordo com as demandas e o ambiente, consegue adaptar-se rapidamente e contornar os problemas de forma a eliminá-los, seja qual for o seu estilo de liderança (autoritário, democrático ou liberal). Assim a liderança situacional se apresenta melhor em momentos de crise, e neste caso, o trabalho do gestor é fundamental. (Mais confusão? Cada estilo de liderança não comporta um modelo de gestão? A crise vai determinar a escolha do estilo, dentro do ecletismo proposto?)

A partir daí o artigo vai caracterizar os tipos de liderança de acordo com a maturidade profissional...Para os que tem interesse é entrar no site e verificar que ferramenta é essa para "trabalhar com poucos recursos e em curto espaço de tempo... e com equipes otimizadas" Uau!

O que mais me inquieta no século 21 é que estamos equipando máquinas robotizadas com uma inteligência poderosa e estamos diminuindo do ser humano a capacidade de operar sua "razão" , seu QI (coeficiente intelectivo) a nível intelectual cognitivo, emocional, espiritual e social.

Inteligência artificial de um lado e psicopatas corporativos de outro, talvez expliquem em boa parte a perda do humano em nossa sociedade atual.

Por outro lado, pode ser um ponto de partida para o "resgate da potência da Razão" (lógica também intuitiva), que colocará o ser humano no lugar, que lhe cabe, bem acima das duas alternativas acima.


Aurora Gite




Nenhum comentário: