terça-feira, 21 de abril de 2009

Acolhendo, dentro de mim, um impacto.

Tento sobreviver ao forte aperto no coração ante o impacto do término da leitura do livro "O menino do pijama listrado: uma fábula" de John Boyne - São Paulo, Companhia das Letras,2007.
Por esse livro o autor ganhou alguns prêmios. Chegou a ser transformado em filme em 2008.

Gosto quando um autor consegue me envolver em sua temática e me embala em sua linguagem fácil e fluente. Ao mergulhar na leitura, procuro acompanhar o processo mental criativo do autor nas vivências dos personagens e na rede das tramas, e toda movimentação que ocorre dentro de mim mesma. Até a capa me chama a atenção e essa foi muito feliz, pela graduação de cor e pela textura da capa, a inicial áspera em contraponto com sua extensão final tão macia.

Vou transcrever uma citação retirada do que chamam de "orelha" do livro, pois a sigo rigorosamente:

"É muito difícil descrever a história de O menino do pijama listrado. Normalmente, o texto de orelha traz alguma dica sobre o livro, alguma informação, mas nesse caso acreditamos que isso poderia prejudicar sua leitura, e talvez seja melhor realizá-la sem que você saiba nada sobre a trama".


Como tenho que soltar toda essa energia represada, por isso desconfortável, e já é noite para que saia a caminhar, vou colocar as últimas palavras do autor ao encerrar sua obra , como meio substituto encontrado para equilibrá-la mais prazerosamente:

" E assim termina a história de Bruno e sua família. Claro que tudo isso aconteceu há muito tempo e nada parecido poderia acontecer de novo. Não na nossa época." Eis a chamada do autor, para parearmos com os acontecimentos atuais. Só tem a ver, se associarmos situações parecidas em contextos semelhantes!

E para me aliviar mais ainda, deixo registrado este trecho:

"... mas por fim olhou para Maria e percebeu, pela primeira vez, que nunca a havia considerado inteiramente como pessoa, com uma vida e uma história próprias. Afinal, ela jamais fizera outra coisa ( até onde ele sabia) além de ser a criada da família. Ele nem sequer conseguia se lembrar se já a havia visto trajando outras roupas que não o uniforme de empregada. Mas ao pensar no assunto, como fazia agora, era obrigado a admitir que deveria haver mais na vida dela, além de servir a ele e à sua família. Ela devia ter pensamentos na cabeça, assim como ele. Devia haver coisas das quais ela sentia falta, amigos que gostaria de rever, assim como ele. E devia ter chorado toda noite até dormir, como teriam feito meninos bem menores e menos corajosos do que ele. Bruno notou que ela era até bonita, o que provocou nele uma sensação engraçada."

É assim que tento olhar os autores ao ler seus livros. Procuro vê-los como pessoas, com vida e história próprias, com pensamentos na cabeça e com roupagens sociais e vivências semelhantes as minhas. Sendo assim, só tenho a agradecer aos autores que me causam, através de sua manipulação das palavras, um tipo peculiar de impressão e, por isso, me provocam uma gama de sensações. Tal é o tesão e o êxtase, pela relação estabelecida, que mesmo que tenha terminado, suas idéias ainda permanecem, por um tempo, vivas dentro de mim.

Aurora Gite

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