quinta-feira, 15 de abril de 2010

Novas evidências científicas

Reforçando a veracidade de alguns relatos de experiências transcendentais como a da neuroanatomista Jill Bolte Taylor, citada no post anterior, indico:

"A Religião do Cérebro": as novas descobertas da neurociência a respeito da fé humana/ Raul Marino Júnior - São Paulo: Editora Gente, 2005.


Raul Marino Jr. é "professor titular da neurocirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Hospital das Clínicas de São Paulo, professor adjunto de neurologia e de psiquiatria da Universidade de São Paulo, diretor do Instituto Neurológico de São Paulo (Inesp) e Visiting Scientist, em neurofisiologia, do National Institutes of Health (NIH), Bethesda, Estados Unidos".


Cito considerações do autor como cartão de visita, convite para a leitura de seu livro:

"Possuímos hoje razoável evidência científica de que existem áreas no cérebro humano responsáveis pela geração de uma consciência espiritual ou religiosa, ali instalada pela própria natureza ou por seu Criador.

As escolas psicanalíticas têm nos mantido por quase um século na crença de que os fenômenos psíquicos se processam no "vácuo", sem necessidade de um substrato cerebral, e o ateísmo considera até hoje as manifestações do sagrado no cérebro humano como tabu, e o pior deles: o tabu científico.

Hoje, um dos princípios fundamentais da neurociência do comportamento é que todas as nossas experiências são geradas pela atividade cerebral, a qual é determinada por microestruturas cerebrais e seus padrões de atividade eletromagnética e química dentro e entre as estruturas do cérebro. Assim, as estruturas decretam as funções e as microestruturas, as microfunções, permitindo-nos afirmar que todas as nossas experiências emergem da atividade cerebral : da autoconsciência e da sensação do eu aos sentimentos de amor, às emoções, à afetividade e, até mesmo à sensação da presença de uma divindade." (p.89)

Uma série de técnicas empregadas, bem como resultados de exames imagenológicos e sua alta tecnologia em imagens funcionais, são relatadas pelo autor. Sua análise da correlação dos dados observados já implica na construção de novo paradigma sobre o funcionamento cerebral, mental e espiritual.

Não vou comentar a relação estabelecida pelo autor entre consciência e eventos quânticos, mas vou acrescentar uma pitada a mais para aguçar a curiosidade sobre o conteúdo deste livro:

" Os processos místicos ou espirituais valem-se das mesmas estruturas neurais que o processo sexual, mas isso não significa que sejam o mesmo tipo de experiência. Do ponto de vista neurológico, ambas são bem diferentes... os processos mais elevados do pensamento envolvidos no coito - os êxtases do sexo - são resultado de sensações físicas ou tácteis. As experiências transcendentais, por outro lado, dependem de estruturas mais elevadas da cognição, sobretudo os lobos frontais, o lobo temporal direito e outras áreas de associação. A neurobiologia das experiências espirituais parece, assim, ter se originado a partir do mesmo mecanismo responsável pela experiência de voluptuosidade, que, a nosso ver, não diminui o significado da espiritualidade, uma das funções cerebrais mais sublimes e sofisticadas... "(p39)

E aqui fico eu... novas associações e novos dados para compreensões de experiências...

As imagens estão muito nítidas na minha memória: domingo... palestra... telefone toca na sala sem ninguém da equipe que organizou para atendê-lo...depois de algum tempo, para que o orador não fosse interrompido, eu me levanto, atendo e faço sinal ao assessor do evento para vir atender...e ... Isso ocorreu em 1980!

O tema da palestra envolvia amor e sexualidade... respondendo a pergunta de um dos participantes, o orador aborda o fenômeno do orgasmo duplo e coloca sua limitação para responder, pois mesmo entre suas pacientes não tinha tido nenhum relato a respeito, e que agradeceria se alguém da platéia, que tivesse passado pela experiência, pudesse descrever a
sensação. E eu lá... olhando para os lados... inquieta na cadeira... deixaria a oportunidade passar ou me exporia... e resolvi me aquietar.

Como gostaria de ter colocado que a sensação foi semelhante a - se puder exemplificar por imagem - forte emoção, reação sentida no término de um trajeto numa montanha russa, onde sem se completar o trajeto, o carrinho engata nova subida. O acúmulo de energia não descarregada e a surpresa contribuem para nova sensação ( indescritível ainda para mim) . Uma ressalva importante: no caso envolvendo enorme satisfação, ou como diz o autor do livro o estado de "êxtase sexual".


Agora preciso juntar, a essa vivência única, as novas informações e pensar a experiência sob a perspectiva científica que me chega.


Aurora Gite

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