quarta-feira, 14 de abril de 2010

Revendo a experiência da neurocientista Jill B.Taylor

Aos que se interessam pelas novas constatações científicas, abertos a quebra de antigos paradigmas sobre o funcionamento do cérebro e o mecanismo da mente humana, indico a leitura de "A cientista que curou seu próprio cérebro", Jill Bolte Taylor São Paulo: Ediouro, 2008.

Quem é Jill Bolte Taylor?
"Neuroanatomista por profissão, acostumada a tratar de pacientes acometidos de derrame, ao ser vítima de um pôde observar sua mente se deteriorar segundo a segundo... Em seu livro compartilha a experiência que passou e conta como conseguiu se recuperar sem nenhuma sequela."

Sob seu olhar de neurocientista, eis algumas de suas descrições provindas dessa experiência pessoal:

"Como máquinas de processar informação, nossa habilidade de processar dados sobre o mundo externo começa no nível da percepção sensorial. Embora muitos raramente tenham consciência disso, os receptores sensoriais são projetados para detectar informação em nível energético. Por que tudo a nossa volta - o ar que respiramos, e até as matérias-primas que usamos para construir alguma coisa - é composto por partículas atômicas vibrantes e giratórias, você e eu literalmente nadamos em um mar turbulento de campos eletromagnéticos. Somos parte dele. Somos envolvidos por ele, e, por intermédio de nosso aparato sensorial, experimentamos o que ele é." (p.199)

"... é impossível falar sobre os sintomas resultantes do derrame sem ter uma conversa sobre as diferença inatas entre os dois hemisférios cerebrais direito e esquerdo. Apesar de a estrutura dos dois hemisférios ser relativamente simétrica, eles são totalmente distintos, não só em como processam a informação, mas também no tocante aos tipos de informação que processam." (p.204)

" O lado direito de minha mente é aberto ao fluxo eterno que me faz existir como um ser unificado ao Universo...É minha intuição e minha consciência mais elevada... O lado direito de minha mente é sempre presente e se perde no tempo... Ele entende que somos todos ligados uns aos outros num complexo tecido do cosmos, e marcha com entusiasmo no ritmo do próprio tambor." (p.146/147)

Sobre suas constatações do lado esquerdo espero ter despertado sua curiosidade ou interesse científico para uma leitura direta ante a aquisição do livro.

Cito, no entanto, as considerações abaixo pois conforme foi recuperando suas funções, outras inquietudes e dúvidas surgiram ante como denomina a autora seu "derrame de sabedoria" e seu encontro com o sentido de vida:

"A questão com que me deparava muitas e muitas vezes era: Preciso recuperar o traço de afeto, emoção ou personalidade que era neurologicamente ligado à memória ou habilidade que eu queria recuperar? Por exemplo, seria possível recuperar a percepção do meu eu, sob a qual eu existia como alguém singular, sólido, separado do todo, sem recuperar as células associadas ao meu egoísmo, meu intenso desejo de ser argumentativa, minha necessidade de estar certa, ou o medo da separação e da morte? Poderia valorizar o dinheiro sem me deixar prender pelos elos neurológicos da carência, da ganância ou do egoísmo? Poderia recuperar meu poder pessoal no mundo, fazer o jogo da hierarquia e não perder o sentimento de compaixão ou a percepção da igualdade entre todas as pessoas? Poderia me reengajar com a família sem esbarrar nas questões relacionadas a ser uma irmã caçula? Mais importante: poderia manter meu recém-encontrado senso de conexão com o Universo na presença da individualidade do meu hemisfério esquerdo? ...Que preço a consciência de meu hemisfério direito teria de pagar para que eu pudesse ser considerada normal outra vez?" (p.136)

Vale a pena seguir sua jornada reflexiva, suas estratégias para combater as limitações e sua coragem no enfrentamento dos obstáculos. Jornada interior que "lhe ensinou que é possível alcançar a paz de espírito tão almejada por todos, bastando, para isso, que estejamos atentos às mensagens enviadas por nosso cérebro."(ediouro)

Aos profissionais da área da saúde, a leitura desse pequeno livro com conteúdo tão rico para o novo milênio, é muito importante.
Ops, para os físicos também!

Gleiser, gostaria que me enviasse seus comentários científicos se chegar a lê-lo.

Sentindo falta de contatos para trocas de idéias, fico no aguardo ...

Aurora Gite

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