quarta-feira, 28 de março de 2012

Compartilho : Dinâmica de Grupo - I

Dinâmica de Grupo é uma técnica muito utilizada ao se buscar maior integração e melhor cooperação grupal ante uma tarefa comum, bem como em processos seletivos para obter melhor compreensão da adequação do profissional, avaliado num mundo artificial permeado por interações reais, onde se pode inferir características de personalidade.

Técnica usada por profissionais de diversas áreas, torna-se distinta por seu foco específico, pela leitura efetuada dos resultados das observações obtidas, análise e avaliação das consequentes informações cruzadas. Como técnica é vaga, dependendo portanto dos recursos que embasam seu foco, escolhido ante objetivos pré-determinados. Sendo assim, torna-se imprescindível na seleção de estratégias e instrumentos, a clareza da meta a ser atingida, para que o procedimento se mostre adequado à situação e se obtenha eficácia em seus resultados.

Um grupo possui uma estrutura básica de interações, o que possibilita uma leitura e compreensão da dinâmica tanto a nível individual quanto da vida de relação que o permeia. Tal fato possibilita um melhor administrar recursos para diminuir duas ansiedades predominantes, que poderiam desintegrar o grupo: o medo ao ataque e à perda de equilíbrio, decorrentes das cobranças e fiscalizações excessivas entre seus elementos.

O entendimento da dinâmica do grupo também fornece os meios para melhor motivar o envolvimento de seus elementos, propiciando gratificações pessoais e uma responsabilidade compartilhada, indispensáveis para se obter uma boa adesão grupal. Uma participação mais cooperativa do que passiva é obtida ao se dinamizar o querer, responsável pelo compromisso ou adesão interna de cada um. O não envolvimento é observado sob várias forma de resistência à mudança, expressas não só a nível de rebeldias e contestações, mas ante indiferenças, atitudes não cooperativas e posturas e alianças visando a cisão da união grupal, negativas e depreciativas, inclusive com ataques aos vínculos com a equipe ou com os colegas.

Vida em grupo sempre implica em renunciar a interesses pessoais em prol do grupo, em fazer concessões e conviver com frustrações constantes, tolerando o desprazer da não obtenção imediata de satisfações individuais. O grupo que passa a ocupar o lugar do elemento central, se configurando como equipe.

Na interação grupal, não é fácil a contenção de impulsos, ante a vontade de se expressar verbalmente, o ceder espaço e ouvir o colega, respeitando suas posições mesmo diferentes da própria. O saber o momento adequado para escutar o outro e só depois expressar o que sente do que ouviu demanda amadurecimento emocional e aplicação de inteligência emocional, termo mais difundido atualmente. para articular a extensão dessas colocações, evitando comunicações com ruído dissonante. Conservar o próprio silêncio gera desconforto e angústia necessitando gerenciamento e disciplina para manter o controle dos mesmos. Ao coordenador da dinâmica de grupo cabe a habilidade e a firmeza nas intervenções, visando propiciar que todas essas forças atuem dentro de certos limites, evitando a desagregação e fuga de seus elementos. Para exemplificar, imaginem possíveis reações ante alguém ocupando o papel de monopolizador dentro do grupo, não permitindo espaço para os demais se colocarem, ou desqualificando ironicamente o que é colocado pelo outro. Pensem na dificuldade de conseguir integração e inclusão nesse ambiente caótico, onde a configuração de um time não se delineia a contento.

A troca de experiências propicia uma amplitude de percepção (insight), que se estende ao grupo como um todo. O ato de perceber significa o início de um processo de elaboração interna, daí podendo advir motivação para enfrentamento, manejo e solução integradora de conflitos ou sofrimentos, portanto, melhor qualidade interativa grupal e maior produtividade no uso das idéias inovadoras que emergem.

A meta atual não é mais buscar transmitir informações, nem sua aplicação prática seja na empresa ou na vida. Não envolve mais, só o conhecer e saber fazer, nem o querer mobilizando esse processo. Envolve o comprometimento pessoal com o que faz, buscando a excelência interna na expressão do próprio potencial, a garra de evoluir abrindo espaço e o ser reconhecido pelos próprios méritos.

Essa mudança de atitude reverte na necessidade de estratégias dinâmicas voltadas a uma inclusão ética, postura interacional transparente e justa, valorização pessoal independente dos cargos ou papéis sociais ocupados, e avaliação interna de merecimentos justa pelo reconhecimento de que pontos fracos poderão ser transformados em pontes fortes, por quem o quiser.

Aurora Gite

Obs: Valem se inteirar dos estudos de Bion sobre as alianças pessoais, ou tipos de interações, que ocorrem na vida em grupo. Suas teorias sobre a vida grupal e suas análises das qualidades das interações são fascinantes. Acredito que consiga pelo Google.

Lembro muito de uma aluna que transmitiu o ensinamento de seu pai, médico radiologista: "É preciso conhecer bem o que se procura para poder encontrar uma resposta diagnóstica que ... ". Acredito que isso vale para tudo na vida, pois como achar sem saber sobre o que procurar?


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