Técnica usada por profissionais de diversas áreas, torna-se distinta por seu foco específico, pela leitura efetuada dos resultados das observações obtidas, análise e avaliação das consequentes informações cruzadas. Como técnica é vaga, dependendo portanto dos recursos que embasam seu foco, escolhido ante objetivos pré-determinados. Sendo assim, torna-se imprescindível na seleção de estratégias e instrumentos, a clareza da meta a ser atingida, para que o procedimento se mostre adequado à situação e se obtenha eficácia em seus resultados.
Um grupo possui uma estrutura básica de interações, o que possibilita uma leitura e compreensão da dinâmica tanto a nível individual quanto da vida de relação que o permeia. Tal fato possibilita um melhor administrar recursos para diminuir duas ansiedades predominantes, que poderiam desintegrar o grupo: o medo ao ataque e à perda de equilíbrio, decorrentes das cobranças e fiscalizações excessivas entre seus elementos.
O entendimento da dinâmica do grupo também fornece os meios para melhor motivar o envolvimento de seus elementos, propiciando gratificações pessoais e uma responsabilidade compartilhada, indispensáveis para se obter uma boa adesão grupal. Uma participação mais cooperativa do que passiva é obtida ao se dinamizar o querer, responsável pelo compromisso ou adesão interna de cada um. O não envolvimento é observado sob várias forma de resistência à mudança, expressas não só a nível de rebeldias e contestações, mas ante indiferenças, atitudes não cooperativas e posturas e alianças visando a cisão da união grupal, negativas e depreciativas, inclusive com ataques aos vínculos com a equipe ou com os colegas.
Vida em grupo sempre implica em renunciar a interesses pessoais em prol do grupo, em fazer concessões e conviver com frustrações constantes, tolerando o desprazer da não obtenção imediata de satisfações individuais. O grupo que passa a ocupar o lugar do elemento central, se configurando como equipe.
Na interação grupal, não é fácil a contenção de impulsos, ante a vontade de se expressar verbalmente, o ceder espaço e ouvir o colega, respeitando suas posições mesmo diferentes da própria. O saber o momento adequado para escutar o outro e só depois expressar o que sente do que ouviu demanda amadurecimento emocional e aplicação de inteligência emocional, termo mais difundido atualmente. para articular a extensão dessas colocações, evitando comunicações com ruído dissonante. Conservar o próprio silêncio gera desconforto e angústia necessitando gerenciamento e disciplina para manter o controle dos mesmos. Ao coordenador da dinâmica de grupo cabe a habilidade e a firmeza nas intervenções, visando propiciar que todas essas forças atuem dentro de certos limites, evitando a desagregação e fuga de seus elementos. Para exemplificar, imaginem possíveis reações ante alguém ocupando o papel de monopolizador dentro do grupo, não permitindo espaço para os demais se colocarem, ou desqualificando ironicamente o que é colocado pelo outro. Pensem na dificuldade de conseguir integração e inclusão nesse ambiente caótico, onde a configuração de um time não se delineia a contento.
A troca de experiências propicia uma amplitude de percepção (insight), que se estende ao grupo como um todo. O ato de perceber significa o início de um processo de elaboração interna, daí podendo advir motivação para enfrentamento, manejo e solução integradora de conflitos ou sofrimentos, portanto, melhor qualidade interativa grupal e maior produtividade no uso das idéias inovadoras que emergem.
A meta atual não é mais buscar transmitir informações, nem sua aplicação prática seja na empresa ou na vida. Não envolve mais, só o conhecer e saber fazer, nem o querer mobilizando esse processo. Envolve o comprometimento pessoal com o que faz, buscando a excelência interna na expressão do próprio potencial, a garra de evoluir abrindo espaço e o ser reconhecido pelos próprios méritos.
Essa mudança de atitude reverte na necessidade de estratégias dinâmicas voltadas a uma inclusão ética, postura interacional transparente e justa, valorização pessoal independente dos cargos ou papéis sociais ocupados, e avaliação interna de merecimentos justa pelo reconhecimento de que pontos fracos poderão ser transformados em pontes fortes, por quem o quiser.
Aurora Gite
Obs: Valem se inteirar dos estudos de Bion sobre as alianças pessoais, ou tipos de interações, que ocorrem na vida em grupo. Suas teorias sobre a vida grupal e suas análises das qualidades das interações são fascinantes. Acredito que consiga pelo Google.
Lembro muito de uma aluna que transmitiu o ensinamento de seu pai, médico radiologista: "É preciso conhecer bem o que se procura para poder encontrar uma resposta diagnóstica que ... ". Acredito que isso vale para tudo na vida, pois como achar sem saber sobre o que procurar?
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