quarta-feira, 10 de abril de 2013

Já se perguntou: "Como isso afeta a minha vida?"

Acredito que não dê mais para nos mantermos distantes das descobertas que alteram nossa visão não só de homem, de cidadão mas de ser humano.

Quantos e quantos anos voltados ao homem-cidadão responsável pelo coletivo, com suas pequenas e limitadas ações contribuindo para o bem-estar social! Quanta batalha voltada para o resgate de sua dignidade e hombridade em sua integração pacífica e solidária em uma sociedade exclusivista e com interesses mais capitalistas, com interesses pessoais e fachadas fictícias de humanismo, encobrindo transparências reveladoras da frieza de logísticas tecnológicas predominando sobre a real implantação de uma justiça social nas ações ditas humanitárias.

Acredito que esse milênio, farto de aceleradas transformações, conte com mais uma mudança de paradigmas  sobre o ser humano, em sua complexidade quântica-fisiológica corporal e, agora, quebrando modelos referenciais psíquico-físicos.

Tenho colocado no twitter ThompsonLM (ou thompsonlm) o passo a passo de minhas pesquisas científicas, sempre buscando postura não centralizadora, mas livre e desapegada, para passar a tocha com o chip de novos designs de informações, buscando agregar mais conhecimentos aos que tenham voltados seus estudos para a área de saúde mental, particularmente.

Divulgo vários vídeos do canal Youtube que reputo importantes para quem acompanha o cruzamento de minhas ideias, destaco alguns como:

* Jill Taylor/ o potencial do cérebro ( vídeo de entrevista concedida a Jorge Pontual, no programa Milênio, com duração de 23':14" )

Cientista, neuroanatomista, que tendo tido um acidente vascular cerebral (AVC) aos 37 anos, descreve o que ocorreu em seu cérebro durante a perda das funções de seu hemisfério esquerdo, sua experiência de 8 anos e completa recuperação, sua observação e constatação de que possuímos dois sistemas operacionais distintos, com linguagens específicas que envolvem nosso hemisfério direito e nosso hemisfério esquerdo.

Acredito que a revelação dessas interações possam ampliar o campo de nossas compreensões não só dos circuitos cerebrais do hemisfério esquerdo voltados às nossas operações lógicas do pensamento, à formação de nossa individualidade, à identificação com o nosso "senso de eu", ao reconhecimento de nossos conflitos psíquicos e do caos interno deles decorrente.

"Ao perder o uso dos centros de linguagem que ficam no hemisfério esquerdo, perdi a capacidade de entender e criar sons e, ao mesmo tempo, perdi o núcleo egóico e todos os detalhes que me definiam com indivíduo. Também perdi a noção do corpo, a parte do cérebro que define onde começo e onde termino. (Percebi) que somente conseguimos definir os limites do próprio corpo por causa das células localizadas no hemisfério esquerdo. (Perdi) a linguagem e mesmo meu monólogo interior foi completamente silenciado...(sendo remetida ao uso das funções do hemisfério direito de meu cérebro)"

Para minha surpresa, seu contato como médica especialista e cientista voltada a estudos e pesquisa na área da neuroanatomia funcional do cérebro humano, com interesse redobrado - como ela mesma divulga em seu livro e no vídeo - por ter um irmão portador de esquizofrenia, possibilitaram uma descrição funcional mais detalhada do que ocorre no hemisfério direito. Penso que desconhecida para muitos profissionais da área e terapeutas afins.

Segundo Taylor é do hemisfério direito que vem nossa aproximação com o sistema cósmico (organizado do universo), através de uma sensação de expansão de nossa energia, de amplitude inexplicável pelo "derrame de lucidez que ocorre", de tranquilidade e serenidade, uma profunda paz interior através da profundidade da vivência apenas no tempo presente.

- "Minha mente não processava lembranças do passado, perspectivas do futuro ou coisas importantes do mundo exterior... Não reconhecia os limites do corpo no espaço, me senti enorme e expansiva... A partir da ausência de meu monólogo interno, que me conecta ao mundo exterior, eu penetrei no momento presente... repleto de propriocepções e informações sensoriais..."

- " É tudo questão de escolha consciente...A qualquer momento, podemos dar um passo à direita (consciência pura e reveladora, estado de 'nirvana') ou um passo à esquerda (estado de um 'ser humano funcional'). Eu busco um cérebro equilibrado e defendo o uso dos dois lados do cérebro... Creio que, quanto mais longamente pudermos escolher o mergulho no circuito profundo e pacífico dos nossos hemisférios direitos, maior será a paz que projetaremos no mundo e mais pacífico será nosso planeta".


*J.Krisnamurti  - série de vídeos com suas palestras no canal Youtube e vários (mais de 47) livros publicados

Destaco entre outros em meu twitter (thompsonlm)  o vídeo 6 da palestra proferida em maio de 1976 (enfatizo a data)  "O observador é a coisa Observada?"  (duração de 56':41'') . Essa palestra faz parte da série de 7 diálogos sob o título "A Transformação do Homem" e contou com a participação do físico David Bohm e do psiquiatra David Schainberg.

Observem a aproximação com a maiêutica socrática - excluindo o ironismo usado por Sócrates para desmontar saberes montados e enraizados - do estilo de Krishnamurti de lidar com temáticas envolvendo revolução psicológica, meditação, conhecimento, liberdade, relações humanas, a natureza da mente, a origem do pensamento, a realização de mudanças positivas na sociedade global, entre outros...

Final da década de 70 já tinha me aproximado do conteúdo dos livros de J.Krishnamurti, tendo participado por 2 anos de um de seus núcleos de estudo aqui em São Paulo. Parece que, talvez agora, a escuta desse filósofo, escritor e educador indiano, ganhe outra dimensão. Ainda mais se cruzarmos suas colocações com as descobertas de Taylor.

Krisnamurti logo coloca que suas conversas estão voltadas a um trabalho investigativo com a platéia que o ouve, na busca de descobrir o que é e quem dá origem ao pensamento, o tempo como movimento, o ato de escutar, a arte de estar atento, a arte da concentração ... Procura sempre excluir o conhecimento existente, as variáveis que envolvem os condicionamentos até das tradições, do passado; desmontar o processo de criação de imagens, principalmente as que sejam autorreferenciais (com elas não há condição para a existência de relações serenas). Sua busca pela verdade volta-se para a compreensão do movimento da energia psíquica do ser humano (vitalidade, força, vigor, sem outras conotações da ciência)... caminho fascinante, acessível a todos nós, que não demanda, ou melhor afasta categoricamente, grandes elaborações intelectuais.

"Estamos lidando com fatos. Fatos são os que já aconteceram e o que estão acontecendo agora. Estes são fatos. O que está acontecendo amanhã 'não é' um fato... Estamos viajando juntos: vocês e o orador, não para o futuro, mas no presente... investigando juntos...fazendo um exame profundo dos fatos (vivência de Taylor no hemisfério esquerdo), não sob um ponto de vista particular... Isto não é uma teoria, não é um conceito filosófico especulativo, está contido no agora... em nossa relação com a vida diária, com os relacionamentos estabelecidos no dia a dia... Estamos observando, explorando e examinando (o movimento da energia e o que ocorre internamente), não estamos analisando acúmulo de informações".

"O presente como apontamos, contém todo o tempo (vivência de Taylor no hemisfério direito). O presente não é só o passado com todas as memórias, todos os incidentes, gravados no cérebro e guardados, mas o passado que existe 'agora' também... E o futuro é o que existe agora... Então o que a pessoa é agora, ela será amanhã, em milhares de amanhãs...se não houver uma radical, fundamental revolução psicológica, não evolução, mas revolução, mutação, mudança profunda, amanhã será exatamente o que somos hoje".

Taylor e Krishnamurti apontam para a importância das operacionalizações racionais e linguísticas do hemisfério esquerdo e  para a passagem para o hemisfério direito para alcançar um "pensar sem pensamento", momento receptivo à harmonia com a serenidade da ordem cósmica universal, onde 'nós somos o mundo e o mundo está em cada um nós'.


Acredito ser válida a observação do contraste gritante com a atual robotização da neurociência, daí indicar breve entrevista de Miguel Nicolelis, dada a 1 ano atrás - mas com dados relevantes para o momento atual - a Antonio Abujamra, no Programa Provocações da TV Cultura.


Aqui já ficam muitos dados para reflexões e constatações pragmáticas, que espero possibilitem pesquisadores a acender suas tochas éticas de cientistas em sua busca da verdade, para o ser humano resgatar sua dignidade, instrumentando-o para impedir o avanço dos robôs 'humanóides' funcionais e da tecnologia voltada ao aprimoramento da 'inteligência artificial', como tem acontecido.

Ah! Se puderem, me deem "feedback". Seria legal e prazeroso para mim saber que caminhamos juntos, ok?

Aurora Gite

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