segunda-feira, 3 de junho de 2013

Calor Humano's Blog?


Não errou, não! Esse é o nome do blog, cujo site é www.calorhumano.com.br

Nesses dias frios, tudo que eu precisava era de calor humano.
Não digo que não fiz como no "Cântico dos Cânticos": batia de porta em porta... procurando... Procurando... meu aconchego!
E não é que me deparei com um blog acolhedor!
Logo pensei em divulgar, como o faço agora.

Terapeutas focados no alcance do bem estar dos pacientes, adotando posturas abertas ao uso de técnicas voltadas a um ecletismo humanista e à busca da integração efetiva dos indivíduos, resgatados em sua singularidade, para atuarem no campo social, vão logo identificar porque me interessei em querer saber mais sobre o autor do blog, após ler o conto que me remeteu ao mundo das "carícias" e ao método psicológico criado por Eric Berne: Análise Transacional.

A Análise Transacional estuda e analisa as trocas de estímulos e respostas, as "transações" entre indivíduos em suas "fomes e interesses". A "AT" é um estudo psicodinâmico. Berne foca em sua análise, principalmente, os estados de ego, as transações, a posição existencial e o roteiro de vida. Para ele, o ser humano tem necessidade de "carícias", como tem de alimento: "Carícias são estímulos sociais dirigidos de ser vivo a outro".

Pelo método de Berne, criado em 1958, "nem o caráter, nem a personalidade devem coibir a autonomia possível e a criatividade do ser humano". Vale se inteirar da leitura proposta por Berne, que sofreu a influência de Claude Steiner, autor do conto que abordo,  e perceber os jogos de poder interpessoal, os scripts de vida, a necessária alfabetização emocional: um aprender a sentir, que í o que ambos propõem.

Já ouviram falar da estória do "saquinho de carinhos quentes" que recebemos ao nascer, e como ele pode ser transformado facilmente em "saco de carinhos frios"? Coloco logo abaixo, para que avaliem por vocês mesmos. Aliás posso afiançar que, adaptado, o conto "Uma História de Amor" (de Claude Steiner) daria uma bela dinâmica grupal.

Surpresa constatei que o blog foi criado por um terapeuta natural, com "formação em naturopatia". Curiosa lá fui eu verificar pelo Youtube, o vídeo de uma entrevista dada por Arnaldo Vieira de Carvalho em 30.04.2013 a um Programa intitulado "Ponto de Vida", onde ele aborda não só sua posição existencial, mas o roteiro de vida, que o conduziu para ela. Quem se interessar por assistir, vai ter que dar desconto para os intervalos. Para mim compensou  a decepção com as interrupções inadequadas, pelo conteúdo que pude apreender no "Quem é Quem?" que eu buscava.

E eu, me questionando, de onde surgiu esse rapaz? Eis o profissional do século 21... que traz seu exemplo pessoal de como mudar um padrão de vida e se posicionar firme no caminho escolhido, como ele mesmo diz, mesmo sendo a "ovelha negra" dentro de uma tradição familiar de médicos de renome... uau! ... E tudo começou com a genética das "enxaquecas familiares", que também já começara a atingi-lo, até que... É procurar ouvi-lo diretamente!

Ainda na entrevista acima, Carvalho pontua a necessidade dos profissionais se empenharem na múltipla-formação... e por aí vai!
Como colocou em aberto seu site, ajudo a divulgá-lo: www.arnaldovcarvalho.com

Entrei pelo "blog calor humano", buscando esse conto específico.
http://www.calorhumano.wordpress.com/2010/03/24/uma-historia-de-amor-claude-steiner
Caiu numa página do blog... Imagine se iria desistir...
Procurei pela homepage do blog, cliquei no setor "contos" e ...

Fiquei encantada com tantas temáticas. A meu ver, a maioria desse material esta à espera para ser transformada em ótimas dinâmicas sensibilizadoras do "calor humano" no mundo empresarial, ou em projetos educacionais.

Parece que Carvalho está reativando suas postagens recentemente.

Aliás continuando em minha leitura da sincronicidade das circunstâncias que nos cercam, não acredito que ter encontrado o blog de Carvalho foi tão por acaso assim. Ainda hoje, justo quando divulgava, via tweet - www.twitter.com/thompsonlm - uma notícia sobre o uso de pílulas e tatuagens "em vez de" senhas eletrônicas por nós memorizadas. Alertava sobre o perigo de nosso corpo estar passando a substituir um "token", mais um passo rumo a descaracterizar o humano que há em nós e outorgar esse poder a inteligências artificiais com controles à distância e no anonimato.

Confiram o conto do post de Carvalho:

"Neste conto, Claude Steiner, com muita sabedoria e ternura, sintetiza muitas idéias sobre carícia.
Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antonio e Mara, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo.
Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam os Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar uma doença nas costas que as faziam murchar e morrer.
Era fácil receber carinhos quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão no saquinho surgia um carinho do tamanho da mão da criança. Ao vir à luz o carinho se expandia e se transformava em um grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então misturava-se com a pele e a pessoa sentia-se toda bem.
As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-lo, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinho, na maior parte do tempo.
Um dia uma bruxa má ficou brava porque as pessoas, sendo felizes, não compravam as poções e ungüentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã ela chegou perto de Antonio enquanto Maria brincava com a filha e cochichou ao seu ouvido: ”Olha Antonio, veja os carinhos que Maria está dando a Lúcia. Se ela continuar assim vai consumir todos os carinhos e não sobrará nenhum para você”.
Antonio ficou admirado e perguntou: “Quer dizer que não é para sempre que existe Carinho Quente na sacola?”
E a bruxa respondeu: “Eles podem se acabar e você não ganhará mais”. Dizendo isso a bruxa foi embora montada na sua vassoura, gargalhando muito.
Antonio ficou preocupado e começou a reparar cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então passou a queixar-se a Maria, de quem gostava muito, e Antonio também parou de dar carinho aos outros, reservando só para ela.
As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos ficaram cada vez mais mesquinhos.
As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quentes e acarinhados e alguns chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes. Cada vez mais gente ia a bruxa para conseguir ungüentos e poções. Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem porquê se isso ocorresse, deixariam de comprar poções e ungüentos: inventou um novo plano. Todos ganhavam saquinhos que eram muito parecidos com o saquinho de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os espinhos frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.
Daí para frente, sempre alguém dizia: “Eu quero um Carinho Quente”, aqueles que tinham medo de perder o suprimento respondiam: “Não posso lhe dar um Carinho Quente, mas se você quiser, posso lhe dar um Espinho Frio”.
A situação ficou muito complicada porque, desde a vinda da bruxa havia menos Carinhos Quentes para se achar e estes se tornaram valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para consegui-los.
Antes da bruxa chegar as pessoas costumavam se reunir em grupo de três, quatro, cinco sem se preocuparem com quem dava carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a se juntar aos pares, e a reservar todos os seus carinhos exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um carinho quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As pessoas que não conseguiam encontrar parceiros generosos precisavam trabalhar muito para conseguir dinheiro para comprá-los.
Outras pessoas se tornavam simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter que retribuí-los. Então passavam a vendê-los aos que precisavam deles para sobreviver. Outras pessoas, ainda , pegavam os espinhos frios, que eram ilimitados e de graça, cobriam-nos com cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes.
Eram na verdade carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas se juntavam e trocavam entre si, livremente, os seus Carinhos de Plástico. Sentiam-se bem num primeiro momento, mas logo depois sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.
A situação, portanto, ficou muito grave.
Não fazia muito tempo, uma mulher muito especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar da bruxa e não se preocupava que os Carinhos Quentes acabassem. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos. As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque essa mulher dava às crianças a ideia de que não deviam se preocupar com que os Carinhos Quentes acabassem, e a chamavam de Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade.
Os adultos ficaram muito preocupados e decidiram impor uma lei para proteger as crianças do desperdício dos seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças, porém, apesar da lei, continuavam a trocar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou alguém os pedia. Como existiam muitas crianças, parecia que elas prosseguiam o seu caminho.
Ainda não sabemos dizer o que acontecerá. As forças da lei e da ordem dos adultos forçarão as crianças a parar com sua imprudência? Os adultos se juntarão à Pessoa Especial e às crianças e entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários? Lembrar-se-ão dos dias que os Carinhos Quentes eram inesgotáveis porque eram distribuídos livremente?
Em que lado você está?
O que você pensa disto?"
Texto retirado de : Shinyashiki, Roberto. A carícia essencial, Uma Estória de carinhos, S.Paulo, Ed.Gente, 1988.
A

Concluo esse post, pedindo atenção especial ao conteúdo desse conto!
Vale para refletirmos:

* como nossas leis foram e são adulteradas com a contribuição de nosso irresponsável silêncio e nossa cômoda aquiescência passiva;

* como nos remetemos ao saudosismo de um passado onde eram respeitadas, trocando a vivência prática pelo existir dentro da "bolha da fantasia ilusória" do cuidem de mim que "a vida é bela" , sem despertarmos para a necessidade de que conquistemos nosso espaço existencial, cada um de nós por si e dentro do coletivo, para alcançar o "status de vida boa";

* como idealizamos e sonhamos com uma época em que existam três Poderes, que administrem e protejam nosso social por serem consistentes em seus sistemas operacionais integrados, esquecendo de melhor escolher, através de nossos votos depositados nas urnas, verdadeiros representantes que sejam porta-vozes de nossas reais aspirações e não defensores dos próprios interesses ao serem eleitos - aliás precisamos saber os projetos dos partidos e dos candidatos antes de se elegerem, para podermos acompanhar suas atuações, ou talvez não votarmos novamente em quem não estiver à altura de nos representar no governo;

* como buscamos, esperançosos, que a Justiça em sua transparência constitucional e cobranças legítimas e legais, fortaleça medidas e atuações democráticas, para que possamos sair do caos da impunidade, que nos levou e nos mantém no "estado de anomia" atual, onde nossa sociedade foi aprisionada e continua ignorando seu "status deletado".

Aurora Gite





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